Representantes da China e dos Estados Unidos retomaram nesta terça-feira (30), em Pequim, as conversas para frear a produção de componentes usados no fentanil, droga causadora de uma epidemia que deixa 100 mil mortos de overdose a cada ano nos Estados Unidos.
Washington espera que a China coopere no ataque às empresas fabricantes dos precursores químicos do fentanil e no corte do financiamento para sua comercialização.
O opioide sintético, várias vezes mais potente do que a heroína, causou uma epidemia de dependência nos Estados Unidos, com 100.000 mortes anuais por overdose até se tornar a principal causa de mortes entre pessoas com idades entre 18 e 49 anos, segundo as autoridades norte-americanas.
A delegação americana em Pequim é liderada pela conselheira adjunta de Segurança Interna, Jen Daskal, e inclui altos funcionários dos departamentos de Estado, Tesouro, Interior e Justiça.
Classificando as reuniões como “um bom começo”, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que "resta muito a fazer. O objetivo aqui é criar ações concretas que levem a uma redução dos precursores químicos que matam tantos americanos.”
Após ser recebida pelo ministro chinês da Segurança Pública, Wang Xiaohong, Jen Daskal ressaltou que "as drogas sintéticas estão matando muitos milhares de pessoas", segundo um vídeo do encontro.
"Vim de Washington com uma delegação de alto nível que representa a abordagem de todo o governo dos Estados Unidos para enfrentar o desafio global que as drogas ilícitas representam", acrescentou.
"O presidente (Joe) Biden enviou uma delegação tão importante para enfatizar a importância dessa questão para o povo americano", afirmou Daskal.
Wang observou, por sua vez, que a criação de um grupo de trabalho antinarcóticos China-Estados Unidos representa um "importante entendimento comum" alcançado pelos presidentes Xi Jinping e Biden em sua reunião de novembro passado em San Francisco.
- 'Profundo' e 'pragmático' -
"Nossa cooperação mostra mais uma vez que a relação China-Estados Unidos se beneficia da cooperação e perde com a confrontação", acrescentou Wang, avaliando que as conversas tidas ao longo do dia foram "profundas" e "pragmáticas".
Wang disse esperar que, nas reuniões futuras, as duas partes "levem em consideração as preocupações mútuas para melhorar e ampliar a cooperação, com o objetivo de proporcionar mais energia positiva para relações estáveis, sólidas e sustentáveis entre China e Estados Unidos".
Os Estados Unidos afirmaram que vão "fornecer uma plataforma para facilitar a coordenação destinada a atacar a produção ilegal, o financiamento e a distribuição de drogas ilícitas".
Durante reunião com Biden em novembro passado, Xi Jinping prometeu acabar com este comércio.
"Durante anos, a cooperação bilateral antinarcóticos entre os Estados Unidos e a República Popular da China esteve suspensa, o que impediu avanços", disse um funcionário de alto escalão do governo americano na semana passada.
"Mas isso mudou na reunião de 15 de novembro" entre Xi e Biden, acrescentou o funcionário, que falou com os jornalistas sob condição de anonimato.
Desde a cúpula, a China fechou uma empresa, bloqueou pagamentos internacionais e voltou a compartilhar informações sobre embarques e tráfico, acrescentou a mesma fonte.