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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recorreu ao Twitter para fazer um apelo à sensatez no debate político nacional. O tucano lembrou a polêmica recente na qual se envolveu o presidente Jair Bolsonaro (PSL) a respeito do nazismo e citou também a campanha feita pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em defesa da liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como sinais de abandono da razoabilidade na política brasileira.

"O presidente confunde os autoritarismos: chama os nazis de comunistas! O PT confunde Justiça com arbítrio, quer Lula livre, em vez do razoável, esperar os recursos preso em casa", escreveu FHC, que em seguida indagou "onde anda a sensatez?", argumentando então que a democracia se torna difícil sem ela.

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O tuíte de FHC diz respeito aos debates que envolvem o chanceler Ernesto Araújo e o presidente Bolsonaro, que declararam que o nazismo foi um movimento situado à esquerda no espectro político-ideológico. As afirmações repercutiram nas redes sociais e levaram a críticas de opositores e especialistas no tema.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criticou nesta terça-feira, 2, a ideia de transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém e afirmou que prefere uma "solução intermediária" para o assunto. Ele criticou ainda a política externa do governo Jair Bolsonaro.

"Eu fico com o general vice-presidente (Hamilton Mourão). Eu apoio uma solução intermediária. Porque a primeira não dá certo", afirmou FHC, durante palestra sobre a economia latino-americana na fundação que leva seu nome.

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Para o ex-presidente, o Brasil não tem "meios" para resolver a questão do Oriente Médio. "Quando não se tem meios, não tem de se submeter a balão", disse. "Para quê acender uma lamparina num lugar que está sendo iluminado com guerras muito profundas?".

Ao defender o multilateralismo e a tradição de busca por soluções pacíficas, FHC também ressaltou que o "problema da Venezuela não pode ser facilmente resolvido de fora".

O ex-presidente criticou ainda o que chamou de alinhamento incondicional do Brasil aos Estados Unidos no campo externo. "Acabamos de fazer uma opção incondicional que não nos pediam. Opção incondicional aos Estados Unidos. Que é isso, meu Deus?! Um país não faz opção incondicional a outro", disse.

Ao comentar sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China, FHC disse que o Brasil tem de "ter prudência e tirar vantagem do que for possível de ambos os lados".

FHC arrancou ainda risadas da plateia ao se colocar contra a construção do muro entre Estados Unidos e México, como planeja o presidente americano, Donald Trump.

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu a palavra a certa altura da palestra e questionou se o tucano repetiria a Trump a frase "Tear down this wall!" (derrube aquele muro, em português), dita por Ronald Reagan a Mikail Gorbachev em 1987.

"Desde que você não me inclua na derrubada, tudo bem", brincou FHC.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) brincou em palestra com o economista uruguaio Enrique Iglesias que está "preparado para colocar os pijamas". "Não vou falar muito, contrariamente ao meu costume", disse, no início do evento, que é realizado na Fundação FHC.

Ao fazer uma introdução à palestra de Iglesias, que foi presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) entre 1988 e 2005, FHC disse que o colega tem muito mais conhecimento que ele em relação à economia. "Eu sei que não posso nada", brincou, arrancando risos da plateia.

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Na sua fala, FHC destacou as mudanças econômicas e sociais dos últimos anos, com destaque para a integração da Europa, a perda de poder da Rússia e o afastamento dos Estados Unidos da China, que se aproximaram na década de 1980.

"É o começo de outro momento, não digo se pior ou melhor. Mas outro momento", disse o ex-presidente.

De sapatênis marrom e meia verde-abacate, Fernando Henrique Cardoso recebeu O Estado de S. Paulo na segunda-feira passada, no centro de São Paulo, para falar do tema de seu mais recente livro: a juventude. Contou entusiasmado que tem ido caminhar na Avenida Paulista aos domingos, quando a via é fechada para os carros, e disse que tem procurado se adaptar ao modo de pensar das redes sociais, nas quais procura sempre se manter presente. "Eu tenho 87 anos. Quando nasci, a vida era diferente. E daí? Bom não é o passado, é o futuro", disse o sociólogo e presidente do Brasil por dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002).

FHC queria deixar a política partidária de lado na conversa e se concentrar apenas no lançamento de Legado para a Juventude Brasileira, uma coautoria com a educadora Daniela de Rogatis. Porém, ao abordar as redes sociais, acabou analisando o uso do Twitter pelo presidente Jair Bolsonaro: "É muito difícil pensar 'tuitonicamente', você pode, no máximo, emitir um sinal". Para o ex-presidente, a democracia exige raciocínio e a rede social é operada por impulso.

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Questionado diretamente sobre o comportamento de Bolsonaro e de seus filhos (Flávio, Eduardo e Carlos) nas rede sociais, FHC se disse preocupado com o envolvimento da família no "jogo do poder" porque "leva o sentimento demasiado longe" e disparou: "Eu acho perigoso. É abusivo, polariza (...) Nós estamos assistindo ao renascimento de uma família imperial de origem plebeia. É curioso isso. Geralmente, na República, as famílias não têm esse peso". Segundo ele, "Bolsonaro está indo mal por conta própria". Leia a entrevista:

Como surgiu a ideia deste seu mais recente livro?

 

A ideia foi da Daniela de Rogatis, de fazer um livro que resumisse um pouco o que eu tento passar para as novas gerações. É uma coautoria. Também foram acrescentadas aulas que eu dei, uma coisa é falar, outra é escrever.

Qual é o legado que se pode deixar para a juventude brasileira neste momento?

 

Procuro transmitir um sentimento de amor ao País, respeito ao povo e valorar a democracia. Fui ministro da Fazenda, conheço um pouco de economia, acho que o crescimento econômico é importante, mas a mensagem principal está nos valores e na crença de se ter organizações abertas em que todos possam participar. Tenho em minha fundação atividades com os jovens. Uma é essa, que se deve basicamente a Dani Rogatis, que tem como alvo jovens de famílias empresariais. Há um outro grupo de pessoas, estudantes de curso secundário, escolas públicas e privadas, escolas profissionalizantes. Eles me perguntam qualquer coisa e eu só não gosto de responder a questões de política partidária, não é o meu objeto fazer pregação. O curioso é que as perguntas dos dois grupos, que são diferentes quanto à renda, não são muito diferentes.

O senhor se atualiza com esses encontros?

 

Claro, é bom manter contato com as gerações mais jovens, participar das inquietações deles também. Eu tenho 87 anos. Quando nasci a vida era diferente. E daí? Bom não é o passado, é o futuro. Sem desprezar o que já aconteceu.

O livro expressa uma grande preocupação com a ausência de líderes de peso. Por quê?

 

A sociedade contemporânea, paradoxalmente, na medida em que as estruturas e os partidos deixaram de ser tão significativos, porque o contato direto é mais fácil, requer referências. Essas referências só existem quando existem pessoas que as simbolizam. Isso significa que pode estar faltando rumo, alguém para dizer para onde nós vamos. O (Nelson) Mandela na África era isso. Certa vez fui com ele a uma reunião em uma área quase florestal da África do Sul. Quando ele chegou, mesmo sem falar, ele transmitia uma emoção. O que ele estava dizendo não era tão surpreendente. Ele era surpreendente, ele transmitia, ele significa. O mundo precisa disso, de pessoas que apontem rumos mesmo sem falar. Aqui no Brasil, infelizmente, tem muita gente falando e muito pouca gente simbolizando qualquer coisa. Eu posso não estar de acordo com o Lula, mas ele simbolizou em certo momento. Eu vi, em greves, ele simbolizava, por exemplo.

E na transição de seus mandatos para o dele ambos simbolizaram alguma coisa, não?

 

Bastante. Eu vou publicar o último volume dos meus Diários da Presidência e você verá como trabalhamos com muito afinco para ter uma transição civilizada. Sabe por quê? Pelo meu amor à democracia. É preciso entender que na democracia mudam os ventos, mas certas regras permanecem e precisam ser valorizadas. No caso do Lula é visível. Ele vinha contra mim, contra o PSDB, mas ele ganhou a eleição. Eu digo a mesma coisa com relação ao Jair Bolsonaro. Ele ganhou a eleição e eu não torço para que ele vá mal. Ele está indo mal por conta própria.

De que maneira o senhor acha que essa comunicação via redes sociais impacta a política?

Primeiro, é difícil o Twitter. Você dizer alguma coisa naquele pouco espaço disponível não é fácil. Em geral as pessoas não dizem quase nada, apenas manifestam o que estão fazendo. Isso passou a ser o modo com que as pessoas acham que pensam. É muito difícil pensar "tuitonicamente". Você pode, no máximo, emitir um sinal. Nós estamos vivendo uma transformação de uma sociedade na qual as elites eram reflexivas para uma sociedade na qual todos são impulsivos. Isso tem efeito. É bom? É mau? Eu não quero julgar. Como a democracia vai se ajeitar com isso é a grande questão. A democracia requer reflexão, escolhas. O Twitter leva mais ao impulso do que a uma escolha racional, e democracia necessita de algo um pouco racional.

Como o senhor vê a maneira como o presidente Bolsonaro e os filhos dele, que são jovens, usam as redes sociais?

 

Eu acho perigoso. É abusivo, polariza. O Twitter facilita isso, o nós contra eles. Isso para a democracia não é bom. Os líderes de várias tendências não deveriam entrar nesse choque direto. Nós estamos assistindo ao renascimento de uma família imperial de origem plebeia. É curioso isso. Geralmente, na República, as famílias não têm esse peso. Quando têm, é complicado, porque a instituição política não é a instituição familiar, são coisas diferentes. Quando você tem a instituição familiar assumindo parcelas do jogo de poder, você leva o sentimento demasiado longe. O jogo de poder requer um equilíbrio estratégico, de objetivos e meios para se chegar lá. Quando a pura emoção domina é um perigo, porque você leva ao nós e eles: está do meu lado ou está contra mim?

 

A preocupação do senhor com a radicalização tem sido grande.

 

Radicalizar no sentido de ir à raiz da questão, não como oposição. O que é central para um sujeito que não seja do Centrão fisiológico? Para mim, são duas coisas basicamente, a crença na democracia e o sentimento de que é preciso maior igualdade social, isso é o miolo do que é radicalmente centro. Nesse livro, isso reaparece, porque faz parte de treinar a pensar no Brasil. Eu tenho uma preocupação com a concentração de renda e poder, me preocupa também que a diferença entre Nordeste e São Paulo seja muito grande. Você não deve deixar que uma nação se divida. A função do Estado é ter maneira de induzir o crescimento e equalizar as oportunidades. Está muito desigual o Brasil.

O senhor diria que este livro é mais pessimista ou otimista?

 

A despeito de tudo, é mensagem de otimismo. Eu não posso ser pessimista. Vim para São Paulo em 1940, vi esta cidade crescer e continua crescendo. Tem 18 milhões de habitantes e todos os dias de manhã tem pão, ônibus, luz elétrica. Ainda é precário? Pode até ser, mas o Brasil mudou para melhor, não foi para pior. Para a classe média alta, talvez a vida seja mais dura. Mas quem pertencia a essa classe há 50 anos? Um grupo pequeno. De vez em quando eu vou passear a pé na Avenida Paulista aos domingos, quando ela está fechada para carros. Você vê o pessoal usufruindo a cidade, não tem briga, é só você não ter medo dos outros. Estão desfrutando a vida. Isso não havia. É uma experiência interessante. É gente que mora na periferia e vem para a Paulista, para a Augusta, para o Minhocão aos domingos usufruir democraticamente da cidade.

O conceito de democracia está em risco no Brasil?

 

Isso me preocupa. A juventude atual é mais bem-nascida do que a anterior. Desfruta de algumas coisas como se elas fossem dadas. Não sei se isso vai gerar solidariedade. Com quem as pessoas se preocupam na Europa? Com os de fora, com os imigrantes. Aqui, não. São os de dentro que não têm. É preciso despertar nos jovens desse grupo a consciência disso, sem fazer demagogia.

Por que a juventude chegou a um momento de descrédito com os partidos e as instituições?

 

A forma de organização da produção e da vida na sociedade, com a ligação direta na internet, mudou as coisas. Os partidos não se adaptaram. Os candidatos, alguns, sim. As instituições ficaram aquém das pessoas no mundo todo e isso criou a ilusão de que você pode ter a democracia direta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defendeu eleições livres como o "caminho para o futuro democrático na Venezuela". Pelo Twitter, o tucano informou que conversou com o presidente interino na Venezuela, Juan Guaidó, que está no Brasil nesta quinta-feira (28), para uma série de reuniões, inclusive com o presidente da República, Jair Bolsonaro.

FHC criticou a possibilidade de uma intervenção militar ocorrer no país vizinho. Para o ex-presidente, "intervenções militares não conduzem à democracia" e o melhor caminho a trilhar seria por países estrangeiros seria o da "pressão internacional".

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O tucano ainda defendeu que a crise na Venezuela seja superada domesticamente. "A luta é do povo venezuelano, só ele pode escolher seu destino político", concluiu.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) está abusando da desorganização desde seu início, há um mês e meio. "Início de governo é desordenado. O atual está abusando", escreveu o tucano em sua conta no Twitter.

Segundo FHC, a interferência da família do presidente Bolsonaro no governo é um fator de desestabilização que afeta o País como um todo. Para o ex-presidente, "familiares" estão pondo "lenha na fogueira" ao invés de se ocuparem em debelar as dificuldades. "Problemas sempre há, de sobra. O presidente, a família, os amigos e aliados que os atenuem, sem soprar nas brasas", tuitou o tucano.

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A publicação de FHC surge no contexto de uma crise que envolve o presidente Jair Bolsonaro, um dos seus filhos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Pelo Twitter, Carlos desmentiu declarações do ministro e ainda publicou um áudio do pai - compartilhado depois pelo próprio presidente - no qual o chefe do Executivo dispensa um diálogo com Bebianno.

As atitudes dos Bolsonaro têm gerado instabilidade no governo e críticas de parlamentares, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que julgam o imbróglio como prejudicial a andamento da reforma da Previdência, que deve ser levada ao Congresso na próxima semana.

Em seu tuíte, Fernando Henrique também alertou para a possibilidade da crise se espalhar para além do núcleo do governo. "O fogo depois atinge a todos, afeta o país. É tudo a evitar", concluiu o ex-presidente.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse em palestra na noite desta segunda-feira (17) que votou nulo para presidente no segundo turno deste ano. "Eu não votei nele (Jair Bolsonaro, presidente eleito), e também não votei no PT", disse o tucano.

A palestra de FHC marcou o encerramento do programa de formação de jovens "Legado para Juventude", iniciativa foi idealizada por ele e pela educadora Daniela de Rogatis. No evento, ele também lançou o livro "Legado Para a Juventude Brasileira - Reflexões sobre um Brasil do qual se orgulhar".

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O ex-presidente e a educadora começaram a idealizar o projeto em 2013, no auge das manifestações de junho. A iniciativa é voltada à preparação de jovens lideranças empresariais e ao aprofundamento do debate sobre a transição geracional em diversos setores da sociedade brasileira.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou na noite desta segunda-feira, 17, que o governo do presidente Jair Bolsonaro, que toma posse no dia 1º de janeiro, representa o "fim de um ciclo" iniciado na Constituinte de 1988, que tinha como pensamento majoritário o monopólio do Estado.

"Acho que o novo governo vai terminar um ciclo. Esse ciclo já estava morrendo. Precisa morrer. Não sei se ele (Bolsonaro) será capaz de criar outro ciclo. Tenho uma interrogação", afirmou.

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FHC disse ainda que quer ver primeiro o governo Bolsonaro para depois julgar. "Sou contra opiniões precipitadas. Quero ver primeiro para depois julgar. Minha torcida é a favor do Brasil", afirmou.

As declarações de FHC foram feitas em uma palestra fechada no encerramento do programa "Legado para Juventude", sobre a formação de jovens, idealizado por ele e pela educadora Daniela De Rogatis, no Unibes Cultural. Na ocasião ele também lançou o livro "Legado para Juventude Brasileira".

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) prestou depoimento na Justiça Federal de São Paulo na tarde desta quinta-feira, 6, no processo em que o seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é acusado de corrupção por, segundo o Ministério Público Federal, ter recebido propina para a editar a Medida Provisória 471. A MP, investigada na Operação Zelotes, foi aprovada em 2009 e tinha como finalidade prorrogar incentivos fiscais de montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Fernando Henrique Cardoso foi arrolado como testemunha pela defesa do lobista do setor automobilístico Mauro Marcondes Machado, réu no processo, porque a MP editada em 2009, no governo Lula, alterou duas leis de 1997 que estabeleciam incentivos fiscais para o desenvolvimento regional quando o tucano ocupava a presidência. Nos 20 minutos em que falou por videoconferência ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, o tucano afirmou que, quando se é presidente, há muita pressão de regiões, parlamentares e setores da sociedade para que medidas provisórias sejam aprovadas, mas que cabe ao chefe do Executivo decidir o que é melhor para o País e para o interesse nacional.

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"O governo tem que ter capacidade em saber se é ou não do interesse do País, normalmente é assim. Há demanda do próprio Congresso e de regiões também. Demandar é fácil, todo mundo pede. O problema é conceder ou não conceder. O presidente para poder assinar é muito formalizado, passa pela AGU, tem que falar com ministro da área. Eventualmente o presidente ouve alguma demanda. Função do presidente é separar o que é bom do que é ruim para o País, o que é interesse nacional e o que não é", disse.

Questionado, o ex-presidente explicou o rito da aprovação de uma medida provisória. Segundo ele, a matéria era discutida pelos ministérios relacionados ao tema e depois passava pelo crivo da Casa Civil. "O presidente não tem tempo para olhar tudo. Gerente dos ministérios é a Casa Civil. Ela é um filtro de outras discussões. Depois, passa pelo advogado-geral da União. O presidente não assina nada que não tenha o ok da Casa Civil e do advogado-geral da União, que é peça-chave para ver se está ou não conforme a realidade. Nunca vi medida provisória de iniciativa minha ou de outra pessoa que não tenha passado por esse caminho, que é o normal. O presidente não funciona sem duas muletas: Casa Civil e AGU."

FHC informou ainda que quando era presidente foi pressionado por regiões, em especial a Nordeste, a respeito da necessidade de que houvesse apoio para a dispersão da produção de automóveis, que era concentrada em São Paulo. Segundo o tucano, houve uma forte pressão da Bahia e resistência de outros Estados, mas não da região Centro-Oeste. "Houve um primeiro movimento, que foi um investimento grande no Rio Grande do Sul. Chegou a Ford e depois a Chevrolet. Fizeram um investimento grande. Achei, pessoalmente, interessante por causa do Mercosul. Sempre achei que para consolidar uma integração regional era necessário que a produção fosse feita na área. Que eu me recorde, a principal voz era do Nordeste."

Propina por aprovação

Antes de FHC prestar depoimento, o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci disse, em depoimento à Justiça Federal do Distrito Federal, que o ex-presidente Lula negociou com o lobista Mauro Marcondes Machado pagamentos a Luís Cláudio Lula da Silva, seu filho caçula, para a aprovação da medida provisória que tinha como finalidade prorrogar incentivos fiscais de montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite, Palocci afirmou que, entre o final de 2013 e o início de 2014, o filho caçula do ex-presidente Lula o procurou na sede de sua consultoria, em São Paulo, para pedir contribuições para o seu projeto de esportes.

"Ele disse que precisava para o evento 'Touchdown', que ele lidera, para fechar entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões e que eu ajudasse com recursos via empresas conhecidas, porque eu conhecia muitas. Não pude fazer nada e fui falar com Lula para saber se ele me autorizava a fazer isso. Sempre que alguém me pedia em nome do ex-presidente eu o consultava", contou.

"Aí, ele (Lula) me disse que não precisaria atender ao pedido de seu filho porque ele disse que tinha resolvido o problema com o Mauro Marcondes. Ele me falou que empresas iriam pagar Mauro Marcondes, porque ele já prestava serviços a elas, e prestou nesta ocasião também, porque iam pagar quantia entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões, e que o Mauro ia repassar recursos ao Luís Cláudio."

Um país sem corrupção e com emprego deve ser um dos grandes desejos da maioria dos brasileiros. Nesta segunda-feira (19), por meio do Twitter, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) expressou essa vontade ao ressaltar que é hora de agir pensando. 

“Sentimentos contarão mais que partidos. Estes devem refazer-se juntos com os movimentos. Alianças novas, corrupção zero, emprego e decência. Criar [o] futuro”, ressaltou também avisando que, com base na Constituição, a oposição e a sociedade de forma geral “filtrarão” as ações do governo Bolsonaro pensando no interesse do país. 

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Recentemente, FHC expôs que não votou no capitão da reserva, mas que deseja que ele atue para o bem do Brasil. “Sem rancores, com grandeza e dentro da Constituição. Quem discorda de suas ideias também é patriota. Divergir é direito nas democracias”, enfatizou. 

Em entrevista concedida ao El País, na semana passada, o ex-presidente foi questionado como o Brasil pôde votar em um político como Bolsonaro, que possui um histórico de homofobia e de apologia à tortura. FHC respondeu indagando como foi possível alguém votar em Trump, presidente dos Estados Unidos.

“O voto no Bolsonaro não expressa um sentimento diretamente antidemocrático. Expressa a ilusão de que alguém que vem impor a ordem, seja como for, vai melhorar a situação. Não apostaram em alguém considerado, por quem votou nele, como antidemocrático, mas como alguém capaz de por fim a essa situação de desorganização. Esse é o fenômeno”, respondeu.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) trocaram farpas pelas redes sociais após o tucano afirmar que declarações recentes de Bolsonaro poderiam prejudicar a imagem do País no exterior.

No domingo, dia 4, o presidente eleito publicou em sua página no Twitter uma foto do ex-presidente deitado em uma poltrona, segurando o livro "Prisoner of the State - The Secret Journal of Chinese Premier Zhao Ziyang". A imagem - feita pelo jornal O Estado de S. Paulo em 2009 para ilustrar reportagem no caderno Casa - rendeu comentários dos seguidores de Bolsonaro de que FHC era adepto do comunismo, já que o livro trata de Zhao Ziyang, ex-líder comunista deposto da liderança do Partido Comunista da China em 1989 por se opor aos massacres ocorridos na Praça da Paz Celestial.

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Nesta segunda-feira, 5, foi a vez de o ex-presidente responder. FHC acusou o adversário de "desinformação". "A desinformação é péssima conselheira, sobretudo vinda dos poderosos", escreveu o tucano. "Na foto do Twitter do Pr eleito eu apareço lendo um livro de ex-premiê da China, deposto e preso, em que critica o regime. Isso aparece como 'prova' de que sou comunista. Só faltava essa. Cruz, credo!"

Bolsonaro é citado duas vezes no segundo volume dos "Diários da Presidência" (1997-1998), do ex-presidente. Na primeira, o registro é de 12 de junho de 1997. FHC conta que na véspera foi à entrega da comenda da Ordem do Mérito Naval, e viu "uma coisa insólita". "Gente guiada pelo Jair Bolsonaro fazendo arruaça na porta do Grupamento de Fuzileiros Navais contra o ministro da Marinha, porque ele aplicou a lei e puniu um sargento que queria passar para a reserva de uma maneira parece que fraudulenta". O ministro era o almirante-de-esquadra Mauro César Rodrigues Pereira.

O segundo registro, de 21 de agosto de 1997, aborda uma reunião do então presidente com a bancada do PPB, à época o partido de Bolsonaro. "Eram oitenta pessoas e muitas votam constantemente contra mim. Inclusive o Bolsonaro se deu ao luxo de vir. Tem me atacado muito", diz FHC.

Outro dos presentes ao encontro era o deputado federal Roberto Campos, ex-ministro do Planejamento durante a ditadura militar. Segundo os "Diários", Campos falou em inglês, "para que outros não entendessem que o Congresso é o melhor lugar do mundo, mas tem os piores homens do planeta, e riu muito". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou sua conta pessoal no microblog Twitter, na manhã desta segunda-feira, 5, para "bater boca" com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). "A desinformação é péssima conselheira, sobretudo vinda dos poderosos", disse FHC

A postagem foi resposta a uma foto postada neste domingo, 4, pelo capitão da reserva, em sua página oficial na mesma rede social, na qual o ex-presidente tucano aparece segurando o livro "Prisioner of The State - The Secret Journal of Chinese Premier Zhao Ziyang".

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Sem legenda, a foto postada por Bolsonaro rendeu comentários de seus seguidores de que FHC era adepto do comunismo, já que o livro trata de Zhao Ziyang, ex-líder comunista deposto da liderança do Partido Comunista da China em 1989 por se opor aos massacres ocorridos na Praça da Paz Celestial. Ele faleceu em 2005, aos 85 anos.

Além de dizer que a desinformação é péssima conselheira, FHC diz em seu post: "Na foto do Twitter do presidente eleito eu apareço lendo um livro de ex-premier da China, deposto e preso, em que critica o regime. Isso aparece como 'prova' de que sou comunista. Só faltava essa. Cruz, credo!"

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta quinta-feira, 25, que intimidações contra qualquer pessoa ou jornais são inadmissíveis. "Repudio ameaças à Folha e seus jornalistas com energia", escreveu o tucano em seu Twitter.

Fernando Henrique escreveu, ainda, que os democratas devem ter o respeito à divergência e à liberdade de pensamento acima de tudo. Na segunda-feira, 22, FHC disse que era inacreditável um candidato à Presidência pedir às pessoas que se ajustem ao que ele pensa ou pagarão o preço. "Lembra outros tempos. O que o Brasil precisa é de coesão no rumo do crescimento e diminuição da desigualdade".

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O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) minimizou, nesta terça-feira (23), o discurso que fez no último domingo (21) dizendo que, se eleito, pretende banir do país “os marginais vermelhos” fazendo uma faxina ampla e pontuou que se quiserem permanecer no país será “sob a Lei”. Em publicação no Twitter, o capitão da reserva disse que “houve histeria” por parte do PT com relação a sua fala e disse que o combate aos petistas será feito à luz da Lava Jato.

“Falamos em combater os bandidos vermelhos baseado no próprio curso das investigações da Polícia Federal e Lava-Jato e houve uma grande histeria por parte do PT. Ao que parece a carapuça serviu mais uma vez!”, afirmou no microblog. “Em breve vai ter mais gente pra jogar dominó com o chefe corrupto presidiário na cadeia!”, completou.

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Petistas, aliados e adversários, como o ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), classificaram como grave as afirmativas de Bolsonaro durante o discurso que foi transmitido em um ato a favor dele na Avenida Paulista. Boulos classificou a fala como de um ditador e salientou que o tom usado pelo candidato deixa claro que ele “não vai tolerar oposição” a um eventual governo seu, recordando “tempos sombrios” da época de ditadura militar vivido no país.

“O discurso que Bolsonaro mais se revelou como projeto de ditador. Nesse discurso Bolsonaro declarou que quem é contra ele, a quem chamou de vermelhos, tem duas opções: ou sair do país ou ir para a cadeia. Ou seja, não há espaço para a oposição. É isso que ele está dizendo com todas as letras. Isso lembra um lema da ditadura, nos anos mais duros, 'Brasil, ame-o ou deixe-o'. É isso que ele diz que quer fazer. Essa é a gravidade”, comentou Boulos.

Já FHC disse ser inacreditável a postura do presidenciável. “Inacreditável: um candidato à Presidência pedir às pessoas que se ajustem ao que ele pensa ou pagarão o preço: cadeia ou exílio. Lembra outros tempos. O que o Brasil precisa é de coesão no rumo do crescimento e diminuição da desigualdade”, salientou.

Além de projetar a prisão de petistas, como o próprio adversário na disputa Fernando Haddad e o senador Lindbergh Farias (RJ), Jair Bolsonaro também disse: “Vocês verão uma Forças Armadas altiva que vai colaborar com o futuro do Brasil, vocês petralhada verão uma polícia Civil e Militar com retaguarda jurídica para fazer valer a Lei no lombo de vocês. Bandidos do MST e MTST as ações de vocês serão tipificadas como terrorismo, não levarão mais o terror ao campo ou a cidade. Ou se enquadram e se submetem as leis ou vão fazer companhia ao cachaceiro em Curitiba”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) voltou a criticar o candidato do PSL nas eleições 2018, Jair Bolsonaro. Em sua conta no Twitter, o ex-presidente classificou como "inacreditável" a postura do presidenciável. No domingo (21), o capitão reformado prometeu fazer uma "faxina" e banir os "vermelhos" do Brasil, uma referência aos apoiadores de seu opositor Fernando Haddad (PT).

Ainda de acordo com Bolsonaro, aqueles que discordarem serão obrigados a deixar o País ou ir "para a cadeia". As declarações foram feitas via transmissão de vídeo e exibida a apoiadores do candidato concentrados na Avenida Paulista. "Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria", diz Bolsonaro.

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As declarações do ex-presidente foram feitas no mesmo dia em que a campanha de Fernando Haddad (PT) prepara uma série de ações contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) por incitação à violência e ao ódio e apologia ao crime, também por conta do vídeo divulgado no domingo. Segundo o advogado da campanha petista, Eugênio Aragão, peças jurídicas estão sendo preparadas pela equipe para serem apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à Comissão de Ética da Câmara e ao Supremo Tribunal Federal ou Procuradoria Geral de República, neste último caso a representação deverá ser criminal.

No vídeo, Bolsonaro também faz referências ao senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, telefonou para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), na tarde desta segunda-feira, 22. Segundo relatos, FHC disse estar "muito preocupado com as perspectivas" diante das últimas manifestações de Jair Bolsonaro (PSL) sobre banir a oposição, ativistas, veículos de imprensa e, principalmente, declarações do deputado eleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre a possibilidade de fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), já desautorizadas pelo candidato.

Na conversa, Haddad e FHC não combinaram ações conjuntas nem se falou sobre apoio eleitoral. O ex-presidente vem sendo cortejado pelo petista desde o fim do primeiro turno, mas decidiu não se envolver diretamente na disputa presidencial. FHC, no entanto, se manifestou de forma dura em suas redes sociais sobre a fala de Eduardo Bolsonaro. Segundo o ex-presidente, a declaração do deputado eleito "cheira a fascismo".

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Haddad, ao telefone, teria dito que a democracia está em "risco extremo". De manhã, em ato com catadores de papel, Haddad disse que as instituições precisam reagir às ameaças de Bolsonaro, condenou ataques de aliados do candidato do PSL a jornalistas e a fala do próprio capitão da reserva, domingo, sobre veículos de imprensa.

Ainda de acordo com Haddad, as instituições estão sendo intimidadas pelo setor linha dura das Forças Armadas.

Alvo de ataques incessantes do PT por mais de duas décadas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, em entrevista ao Estado, que não aceita "coação moral" dos que agora buscam seu apoio. "Quando você vê o que foi dito a respeito do meu governo, nada é bom. Tudo que fizeram é bom. Quem inventou o nós e eles foi o PT. Eu nunca entrei nessa onda." Segundo ele, "agora o PT cobra... diz que tem de (apoiar Haddad). Por que tem de apoiar automaticamente? Quando automaticamente o PT apoiou alguém? Só na vice-versa. Com que autoridade moral o PT diz: ou me apoia ou é de direita? Cresçam e apareçam. A história já está dada, a minha." E desabafou: "Agora é o momento de coação moral... Ah, vá para o inferno. Não preciso ser coagido moralmente por ninguém. Não estou vendendo a alma ao diabo". Apesar disso, ele diz que "há uma porta" com Fernando Haddad (PT), mas com o "outro (Jair Bolsonaro, PSL)", não.

Como sr. vê o futuro do PSDB e avalia essa onda conservadora?

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O PSDB, se quiser ter futuro, precisa se repensar. Depois de um terremoto, precisa reconstruir a casa. A onda conservadora é mundial.

O PSDB tem mais identidade com quem neste segundo turno?

Pelo que eu vi das pesquisas, é quase meio a meio do ponto de vista do eleitorado. Em seis Estados, o PSDB ainda disputa eleição para governador. Os candidatos ficam olhando o eleitorado. Do meu ponto de vista pessoal, o Bolsonaro representa tudo que não gosto. Só ouvi a voz do Bolsonaro agora. Nunca tinha ouvido. Não creio que seja por influência do que ele diz ou pensa que votam nele. O voto é anti-PT. O eleitorado parece estar contra o PT. No olhar de uma boa parte dele, o PT é responsável pelo que aconteceu no Brasil, na economia, cumplicidade com a corrupção e etc. É possível que a maioria dos líderes do PSDB seja pró-Bolsonaro, mas não é o meu caso.

O sr. tem mais identidade com o Haddad?

Não posso dizer isso. Como pessoa é uma coisa, como partido é outra. A proposta que o PT representa não mudou nada. Quando fala em economia, é a nova matriz econômica. Incentivar o consumo? Tudo bem, mas como se faz isso sem investimento? Como se faz sem enfrentar a questão fiscal? O PT no poder sempre teve uma deterioração da visão do (Antonio) Gramsci da hegemonia. Aqui não é cultural, é hegemonia do comando efetivo. Quando você vê o que foi dito a respeito do meu governo, nada é bom. Tudo que fizeram é bom. Quem inventou o nós e eles foi o PT. Eu nunca entrei nessa onda. Agora o PT cobra... diz que tem de (apoiar). Por que tem de automaticamente apoiar? É discutível. (O PT) Não faz autocrítica nenhuma. As coisas que eles dizem a respeito do meu governo não correspondem às coisas que acho que fiz. Por que tenho que, para evitar o mal maior, apoiar o PT? Acho que temos de evitar o mal maior defendendo democracia, direitos humanos, liberdade, contra o racismo o tempo todo.

Nas encruzilhadas históricas, PSDB e PT se uniram. No caso de 2018 é diferente?

Não faço parte da direção do PSDB, que decidiu pela neutralidade. Cada um pode fazer o que quiser. Política não é boa intenção. Uma coisa é a minha apreciação como pessoa sobre outra pessoa. Isso não é política. Se vamos estar juntos, tem que discutir completamente. Nunca houve isso.

O PT não está colaborando para essa aproximação?

De forma alguma. O PT tem uma visão hegemônica e prepotente. Isso não é democracia. Democracia implica em abrir o jogo e aceitar a diversidade.

Já houve algum diálogo do PT com o senhor?

Não. Tenho relações pessoais e cordiais com o candidato Haddad, mas o que está em jogo é o que será feito com o Brasil. Minha preocupação não é comigo ou o PSDB, mas com o Brasil. Qual é a linha? Estão pensando que estamos nos anos 60 e 70 ou terá uma linha contemporânea? Aí não dá...

Se o PT fizesse autocrítica, seria possível apoiar Haddad?

Seria bom, mas o PT está propondo coisas inviáveis.

O sr. vai declarar seu voto?

Quero ouvir primeiro. Não sei o que vão fazer com o Brasil. O Bolsonaro pelas razões políticas está excluído. O outro eu quero ver o que vai dizer.

Há porta aberta para Haddad?

Eu não diria aberta, mas há uma porta. O outro não tem porta. Um tem um muro, o outro uma porta. Figura por figura, eu me dou com Haddad. Nunca vi o Bolsonaro.

Haddad é diferente do PT?

Não adianta ser diferente. Haddad é a expressão do Lula. Ele usou uma máscara do Lula. Agora tirou e colocou uma bandeira verde e amarela.

Marconi Perillo foi preso. Antes foi o Beto Richa. O PSDB caiu na vala comum?

Você nunca ouviu de mim acusação contra o PT. O papel de acusar é da polícia; de julgar é da Justiça. É importante que as investigações prossigam. Você nunca ouviu uma palavra minha de defesa só porque é do PSDB. Quero que tenha direito de defesa.

O sr. conversou com Luciano Huck, que desistiu de concorrer. Se o PSDB tivesse lançado outro nome, talvez um outsider, a história seria diferente?

É difícil avaliar o que aconteceria com um candidato outsider. Sou amigo do Luciano Huck. É pessoa interessante, mas não sei o quanto tem habilidade para manejar os problemas do Estado. Espero que não desista. Nas circunstâncias atuais, dificilmente um candidato do PSDB, fosse quem fosse, estaria isento de sofrer as consequências do terremoto. Estamos assistindo a um terremoto. Não creio que seja o caso de culpar A, B ou C. Na situação que vivemos, você vai precisar de liderança forte, o que não significa autoritária. O governador de São Paulo tinha experiência e é uma pessoa correta, mas não teve apoio. Tentei juntar o centro antes. Ninguém quis. Não adianta ter ideia. Ideia é bom na universidade. Tem que ter capacidade de convencer. Agora, estão me cobrando: tem que fazer isso, aquilo. Tem carta, intelectual da Europa, dos EUA, amigos meus me pedem isso... Eles não conhecem o processo histórico. Nessas horas, a palavra de alguém some no ar. Cobram de mim para tomar posições. Mas eu digo: Por quê? Qual é a consequência?

Para a história, talvez?

Eu já fiz a minha história. Todo mundo sabe o que eu penso. Não preciso provar que sou democrático. Eu sou! O PSDB sabe o que eu penso. Todo mundo sabe. Alguém pode imaginar que eu vou sair por aí apoiando o Bolsonaro? Nunca.

Mas isso não significa que o sr. apoia Haddad?

Quando automaticamente o PT apoiou alguém? Só na vice-versa. Com que autoridade moral o PT diz: ou me apoia ou é de direita? Cresçam e apareçam. A história já está dada, a minha. Não vou no embalo. Não me venham pedir posição abstratamente moral. Política não é uma questão de boa vontade, é uma questão de poder. E poder depende de instrumentos e compromissos efetivos. Agora é o momento de coação moral... Ah, vá para o inferno. Não preciso ser coagido moralmente por ninguém. Não estou vendendo a alma ao diabo.

A esquerda diz que o Bolsonaro representa o fascismo.

O autoritarismo, concordo, o fascismo, não, porque é um movimento específico de apoio popular e com ideias específicas de Estado corporativo, tinha uma filosofia por trás. Não sei se ele (Bolsonaro) tem alguma filosofia por trás. Ele tem uma vontade de mandar. Não sei o que ele é. O que propôs como parlamentar foi corporativismo. Agora vai ser liberal? Pode ser. As pessoas mudam. Mas não mostrou nada.

O PSDB amargou o pior desempenho eleitoral de sua história. O que houve com o partido?

Houve um terremoto. Nele, há escombros de muitos partidos. O que ganhou na Câmara em maior número é o PSL. As pessoas não sabem o que significa PSL. Elegeram 52 deputados, 11% da Câmara. É a fragmentação, um problema estrutural. Como levar adiante isso? Querendo ou não, vai ser preciso agrupar forças. Mas ao redor do quê? Qual a proposta para o Brasil? Os candidatos não falam.

O senador Tasso Jereissati criticou a decisão do PSDB de contestar o resultado da eleição de 2014 e de entrar no governo Temer. O que o sr. acha?

Em geral, concordo. Mas o caso da entrada no governo Temer é uma questão mais complicada. Fomos a favor do impeachment. Fui dos mais reticentes - e a todos os impeachments, mesmo do Collor. É traumático. É um processo que abala. Mas não acho que o PSDB tenha sido incoerente nisso. Quanto ao resto, ele tem razão.

João Doria e Alckmin tiveram um momento tenso. Alckmin disse não ser traidor, em referência a Doria. Como o sr. avalia?

Tenho certeza que Geraldo não é traidor. Não é do estilo dele. A eleição não está resolvida. O Doria ainda tem de disputar para saber qual será o grau de projeção dele. Não estou de acordo em apoiar o Bolsonaro. Não corresponde à minha história e ao meu sentimento. Não são os militares voltando ao poder, mas o povo abrindo espaço para a possibilidade de uma presença militar mais ativa. Os militares entenderam a função deles na Constituição. Neste momento é muito importante defender o que está na Constituição. Não estamos mais na Guerra Fria. As pessoas olham para o que está acontecendo no Brasil como se fosse 1964 e 1968. Havia Guerra Fria e capitalismo contra comunismo. Não é essa a situação que vivemos. Temos de resistir a qualquer tentativa de ferir os direitos fundamentais assegurados na Constituição. O PSDB não deve abrir mão da defesa da democracia.

E sobre a guinada liberal no PSDB que Doria defende?

Essa é uma questão do século 18. Estamos no século 21. Hoje você não tem mais a possibilidade de imaginar mercado sem regulamentação. Fake news? Tem que regulamentar. Você não pode pensar que o Estado vai substituir a iniciativa privada. Ninguém propõe controle social dos meios de produção. No passado, era isso que definia esquerda e direita. Liberal quer dizer o quê? É um falso problema.

O sr. disse quando era senador que a extinção do PSDB podia ser parte da solução para mudar o sistema partidário.

O sistema partidário e eleitoral que montamos a partir da Constituição de 1988 se exauriu. A prova é a fragmentação partidária. Nós temos mais de 20 partidos no Congresso, mas não há 20 posições ideológicas. Os partidos viraram quase corporações. São grupos de parlamentares que se organizam e obtêm o Fundo Partidário e tempo de TV. Estamos assistindo à explosão desse sistema. Portanto, acredito que sim, será preciso repensar essa estrutura.

Pode-se deduzir que do PSDB poderá nascer um novo partido?

Eu não diria o PSDB, mas é preciso mudar as regras partidárias. Você não faz partido porque gosta. Quais serão as ideia-força capazes de reagrupar partidos? Não é questão puramente legal, mas de existirem ideias e líderes que debatam essas ideias. Os partidos perderam o sentido originário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou a rede social para alegar que não vai apoiar nem o PT nem Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição presidencial. Publicações na internet haviam afirmado que FHC apoiaria Fernando Haddad (PT).

"As redes divulgam que apoiarei Haddad. Mentira: nem o PT nem Bolsonaro explicitaram compromisso com o que creio. Por que haveria de me pronunciar sobre candidaturas que ou são contra ou não se definem sobre temas que prezo para o País e o povo?", afirmou o tucano, em sua conta no Twitter.

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Segundo FHC, os candidatos vitoriosos que devem dizer o que farão com o Brasil, não quem perdeu. "Não concordo com o reacionarismo cultural e o descompromisso institucional de uns vitoriosos e tampouco com a corrupção sistêmica e com apoio ao arbítrio na Venezuela e em outros países", acrescentou.

Depois de votar em um colégio de Higienópolis, na região central de São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou a jornalistas, na manhã deste domingo, 7, que vê a democracia "enraizada" no Brasil, após ter sido questionado sobre se "se o crescimento da extrema-direita representava uma ameaça" ao sistema democrático.

"A democracia está enraizada, a imprensa é livre, o Congresso está funcionando. Há uma cultura democrática, as pessoas aprendem a mudar, votam com liberdade", declarou o tucano, que votou por volta das 8h15, pouco depois da abertura das urnas, às 8h. "O importante é não discutir o resultado. Quem ganhar ganhou, quem perder perdeu", disse.

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Na visão de FHC, é preciso fortalecer as instituições para que o povo possa ter vez. "Se não há instituições, não tem povo, quem mande, aí é caudilho, e isso eu não gosto", disse.

De calça jeans e moletom azul, o ex-presidente, que mora no mesmo bairro onde vota, se dirigiu ao colégio a pé, acompanhado de assessores. Ao ser notado pela imprensa enquanto chegava pela calçada, acabou sendo cercado de câmeras e prometeu que, depois de votar, falaria com os jornalistas.

Reconhecido por eleitores, cumprimentou alguns deles e chegou até a tirar foto com uma mesária. Ao deixar a urna, caminhou até o pátio da escola e passou a responder às perguntas da imprensa.

Disse que votou para presidente no colega de partido Geraldo Alckmin, afirmou que haverá segundo turno e acrescentou que espera que o ex-governador de São Paulo esteja lá. No entanto, evitou responder em quem votaria em eventual segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), que lideram as pesquisas. "Você acha que eu nasci ontem para dizer agora em quem vou votar no segundo turno?", disse o ex-presidente, que afirmou ser "invenção" o rumor de que ele teria preferência por Haddad.

O ex-presidente admitiu, porém, que tem preocupações com uma disputa entre Bolsonaro e Haddad, em relação à capacidade de governar de ambos. "O País está dividido. Quem ganhar tem de explicar ao povo o que vai fazer, porque o sistema público financeiro está caótico e a dívida pública não para de crescer. Pode prometer o que quiser que não tem dinheiro", afirmou. "Em um cenário dividido, tem de explicar ao povo para ter apoio, e sem apoio do povo o Congresso dá as cartas", disse.

O candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, defendeu na manhã deste sábado, 22, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso das críticas do concorrente Ciro Gomes (PDT).

Desde quinta-feira, quando FHC fez uma carta pregando a união das candidaturas de centro, o candidato do PDT tem feito críticas ao tucano. De acordo com Ciro, o ex-presidente e o PSDB são também responsáveis pela radicalização do debate político.

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"Ciro tem duas características. Uma é não gostar de São Paulo, sempre que pode ele fala mal de São Paulo. E a outra é não ter espírito de Justiça. Como é que pode? O Lula não é culpado, o PT não é culpado e o Fernando Henrique, que tá fora do governo há 16 anos, é o culpado?", disse Alckmin, após ato de campanha em Sorocaba (SP).

A defesa enfática que Alckmin faz de FHC ocorre após críticas internas da campanha tucana ao Planalto ao tom adotado pelo ex-presidente na carta. Ao não mencionar o nome de Alckmin como a candidatura de centro a qual os outros partidos deveriam se aglutinar, a carta gerou desconforto entre apoiadores do ex-governador paulista.

Na madrugada de sexta-feira, porém, ao sair do debate das emissoras católicas realizado em Aparecida (SP), Alckmin disse que a carta foi feita com o intuito de não personalizar ninguém.

A fala de Alckmin também marca uma inflexão da campanha tucana em relação aos demais concorrentes. Alckmin já havia criticado publicamente os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PSL, Jair Bolsonaro, e poupado os demais presidenciáveis.

Ontem, em Pindamonhangaba (SP), cidade onde nasceu assim como Alckmin, Ciro disse mais uma vez que o ex-governador paulista é um amigo dele mas que ambos divergem politicamente.

Na agenda em Sorocaba, o presidenciável tucano voltou a criticar a proposta do economista Paulo Guedes, da campanha de Bolsonaro, de recriar a CPMF e unificar a alíquota do Imposto de Renda.

O tucano se comprometeu a não criar mais impostos e a corrigir a tabela do IR. Ele garantiu ainda que, se eleito, vai reajustar o salário mínimo acima da inflação.

O tucano disse mais uma vez acreditar em uma última onda que o levará ao segundo turno.

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