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Uma cidade de quase 10.000 habitantes nas proximidades de Hanói foi colocada em quarentena durante 20 dias, depois de registrar seis casos do novo coronavírus, anunciou nesta quinta-feira (13) o governo do Vietnã, país que tem fronteira com a China.

A localidade de Son Loi, a 30 km da capital vietnamita, permanecerá totalmente isolada por ordem do ministério da Saúde.

Um novo caso de COVID-19 foi registrado nas últimas horas na área, o que elevou o número de infectados a seis. No total, o Vietnã registra 16 casos positivos até o momento.

O novo coronavírus foi 'importado' por uma mulher que fez um curso profissionalizante na cidade chinesa de Wuhan, berço da epidemia. Ao retornar para o Vietnã, ela transmitiu a doença para integrantes de sua família e vizinhos, incluindo um bebê três meses.

As autoridades instalaram vários postos de controle ao redor de Son Loi. Agentes com trajes de proteção pulverizavam um produto desinfetante sobre os poucos veículos que receberam autorização para entrar na cidade,

"Você pode entrar, mas não poderá sair. Pense bem", explicou um policial a um motorista de caminhão, que decidiu retornar.

As autoridades locais também pediram aos moradores que evitem concentrações e eventos esportivos.

Na vizinha China, quase 60 milhões de habitantes estão em quarentena para tentar conter o avanço da epidemia, que já matou mais de 1.300 pessoas e contaminou mais de 60.000, segundo o balanço mais recente.

O aumento considerável do número de infectados nas últimas 24 horas foi provocado pela adoção de um sistema de cálculo diferente, que amplia a noção de casos positivos.

A partir de agora serão incluídos todos os pacientes com radiografias pulmonares que mostrem sinais de pneumonia, sem esperar o resultado de testes padrão de ácido nucleico, que eram considerados indispensáveis para confirmar o diagnóstico. O teste é mais lento e trabalhoso, o que atrasava o tratamento do paciente.

O aumento do número de casos e a modificação dos critérios médicos aumentam o medo de que a dimensão da epidemia teria sido subestimada.

Vietnã e China compartilham uma fronteira de centenas de quilômetros. As autoridades de Hanói adotaram várias medidas para frear o avanço do novo coronavírus, coincidindo com o retorno da China de centenas de seus cidadãos que viajaram ao país vizinho para o Ano Novo Lunar.

Nos últimos dias, vários pontos de Hanói e de outras cidades foram transformados em hospitais ou centros de quarentena.

As autoridades vietnamitas proibiram todos os voos procedentes e com destino à China continental, assim como as viagens de trens comerciais.

Hanói também suspendeu a concessão de vistos de turismo para as pessoas que passaram pela China nas últimas duas semanas.

Até o momento, no entanto, o país não havia adotado uma medida tão drástica como a de impor quarentena a uma cidade inteira.

As autoridades locais decidiram compensar os trabalhadores da cidade com o pagamento do equivalente a dois dólares por pessoa, por dia, enquanto durar o confinamento.

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta segunda-feira em Hanói, capital do Vietnã, o fim do embargo da venda de armas norte-americanas ao Vietnã, dizendo que isso vai acabar com o "vestígio remanescente da Guerra Fria", encerrada em 1975, e preparar o caminho para as relações "mais normais" entre os dois países.

Obama, que falou em uma coletiva de imprensa juntamente com o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang, disse que as vendas ainda terão que cumprir determinados requisitos, incluindo os relacionados aos direitos humanos.

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"Os Estados Unidos estão retirando plenamente a proibição da venda de equipamento militar, com o objetivo de assegurar que o Vietnã tenha a capacidade de se proteger", disse Obama. "Dado todo o trabalho que os dois países fazem juntos é conveniente não ter tal proibição", acrescentou o presidente dos EUA.

Quang disse estar satisfeito com esta mudança significativa na política dos EUA e que o Vietnã respeitará os direitos humanos, acrescentando que os dois países vão trabalhar em conjunto para minimizar as diferenças sobre a questão. "Os EUA e o Vietnã têm compartilhado mais e mais interesses em comum e a visita de Obama "contribui ativamente para a paz e a estabilidade regional e global", disse o presidente.

Implícita nas declarações do presidente foi a preocupação que os dois países compartilham sobre a China. Os EUA tem apoiado países menores contra Pequim nas disputas regionais sobre os recursos e território do chamado Mar do Sul da China a serem resolvidas por negociações multilaterais, embora não tomou qualquer posição sobre as próprias disputas.

"Não há, penso eu, uma verdadeira preocupação mútua com relação a questões marítimas no que diz respeito aos Estados Unidos e o Vietnã", acrescentou, sublinhando a importância de manter a liberdade de navegação no Mar do Sul da China.

Os dois governos fizeram uma série de outros anúncios criados para favorecer as relações. Os anúncios ocorreram no primeiro dia de uma visita de três dias de Obama no Vietnã.

Obama deixa o Vietnã na quarta-feira com destino ao Japão, onde vai participar da reunião do Grupo dos Sete países (G7) com outros líderes mundiais e se tornar o primeiro presidente norte-americano a visitar Hiroshima.

Em seus primeiros comentários sobre se ele vai pedir desculpas por Hiroshima, Obama disse que não iria "porque eu acho que é importante reconhecer que, no meio da guerra, os líderes fazem todos os tipos de decisões".

"É um trabalho de historiadores para fazer perguntas e examiná-las, mas eu sei como alguém que já sentou-se nesta posição durante os últimos sete anos e meio, que cada líder toma decisões muito difíceis, especialmente em tempo de guerra", disse ele em uma entrevista com a emissora japonesa NHK. Fonte: Dow Jones Newswires.

A carioca Adriana Lisboa se interessa há algum tempo pelo tema do deslocamento, presente em seus três últimos livros. De 2007, Rakushisha fala de viajantes brasileiros no Japão e de toda a questão da incomunicabilidade entre duas culturas. Já Azul Corvo, de 2010, foi concebido quando a autora já vivia nos Estados Unidos e a questão da imigração começou a fazer parte de seu universo. Hanói, seu sexto romance que será lançado nesta segunda-feira (10), aborda esse mesmo tema, mas investiga processos mais extremos: dos refugiados - no caso, vietnamitas que se mudaram para os Estados Unidos após a guerra - e do protagonista David rumo ao seu fim.

Em entrevista por telefone feita antes de embarcar para o Brasil, Adriana Lisboa contou que trabalhou durante um ano como voluntária num centro de recepção de refugiados. "Essa é a experiência mais radical possível em termos de imigração. São pessoas muitas vezes arrancadas violentamente de seu local de origem, que vivem em trânsito, às vezes por décadas, em campos de refugiados até saberem onde vão parar, e que por vezes também não se encaixam nesses lugares para onde acabam indo."

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Nesse tempo, pesquisou a história de filhos de mulheres vietnamitas com soldados americanos durante a guerra e foi daí que criou alguns dos personagens. "Mas a questão do não pertencimento, do desenraizamento, ultrapassa a questão meramente local. Não se trata apenas da nossa existência num lugar físico, mas também da relação com a própria vida. E embora todos nós saibamos que vamos morrer, isso nunca é uma preocupação consciente até que a gente fique doente ou até que alguém morra perto da gente. A surpresa de saber que a morte está tão próxima cria essa espécie deslocamento dele dentro da sua própria vida", explica.

David opta por uma atitude prática, e até fria, diante da sentença de morte. Não quer dar trabalho para ninguém - mesmo porque não tem ninguém - e começa a se desfazer de suas coisas. Enquanto pensava em seu personagem, a autora viu a foto de uma pessoa que decidiu fazer uma longa viagem e abriu mão de tudo que tinha. Restou uma mochila. Aquilo a impressionou e David faz o mesmo.

Começa pelo emprego, depois os peixes, o sofá, o computador. Só não abre mão de suas músicas, e de um ou outro objeto que o faz lembrar de sua diminuta família: o pai, que deixou Governador Valadares para fazer a vida na América, e a mãe, que partiu por motivos nunca esclarecidos. Uma morte simbolizada; a outra, não.

A autora conta que seu principal desafio foi abordar o tema de forma não pesada. "David fica o tempo todo lutando contra a dramatização da própria morte. A morte, não no sentido melodramático, é um dos temas mais importantes da nossa vida e deveríamos tê-la como norte."

O plano do protagonista de sair sem deixar rastro, porém, vai aos poucos dando errado quando ele entra na vida da família de Alex. É nesse encontro com o outro, com estranhos, que ele descobre também um sentido para sua vida. E é Alex quem o ajuda a escolher seu destino final: Hanói, a capital do Vietnã. Em meados de 2012, Adriana foi para lá. "A loucura da cidade foi muito importante para que não houvesse no livro uma ideia do Vietnã quase como uma Pasárgada, um paraíso distante no passado dos personagens e talvez no futuro do David", explica.

HANÓI - Autora: Adriana Lisboa. Editora: Alfaguara (240 págs., R$ 39)

Lançamento: Livraria da Vila (R. Fradique Coutinho, 915). Nesta segunda-feira, 18h30.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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