Tópicos | Hirokazu Kore-eda

O consagrado diretor japonês Hirokazu Kore-Eda conquistou neste sábado a Palma de Ouro de Cannes por "Shoplifters", uma crônica familiar onde cada membro esconde seus segredos, em uma disputa que também premiou Spike Lee.

Cinco vezes em competição, Kore-Eda, de 55 anos, finalmente levou o "graal" da sétima arte por seu filme "mais social", segundo suas próprias palavras.

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Spike Lee, de volta à Croisette depois de 27 anos, ficou com o segundo prêmio por "BlacKKKlansman", uma história real de um policial afro-americano que se infiltrou na Ku Klux Klan nos anos 1970.

O americano apresentou seu filme como uma mensagem contra o racismo e contra Donald Trump.

Em um festival marcado pelo histórico protesto de mulheres artistas e cineastas pela igualdade na indústria, uma delas, a libanesa Nadine Labaki, recebeu o Prêmio do Júri por "Capharnaüm", sem dúvidas o filme mais comovente da disputa, sobre uma criança e um bebê que sobrevivem nas ruas de Beirute.

Dois atores até agora desconhecidos, o italiano Marcello Fonte e a cazaque Samal Yeslyamova, também foram recompensados por seus respectivos papéis em "Dogman", do italiano Matteo Garrone, e "Ayka", do russo Sergei Dvortsevoy.

A cerimônia de entrega dos prêmios esteve marcada pelas declarações da italiana Asia Argento, uma das atrizes que acusou o produtor Harvey Weinstein de tê-la estuprado.

"Quero prever algo, Harvey Weinstein nunca mais será bem-vindo em Cannes", afirmou a atriz.

Tudo quase pronto para que, na quarta-feira (15), Cannes estenda o tapete vermelho e inicie a maratona do seu 66º festival. Existem grandes eventos de cinema no mundo, mas festival maior que o de Cannes, não há. Desde que a seleção foi anunciada, no mês passado, têm proliferado críticas ao diretor artístico Thierry Frémaux. Quais são seus critérios? O que faz com que o Brasil - e a América Latina - estejam tão parcamente representados? O Brasil não tem nenhum longa, em nenhuma mostra. Frémaux fala em qualidade, no equilíbrio entre novos talentos e veteranos, mas a competição, em princípio, parece menos interessante que a seção Un Certain Regard (Um Certo Olhar), que traz novos filmes de autores de ponta.

Um Certo Olhar, que também é uma mostra competitiva, embora não outorgue nem a Palma de Ouro nem a Caméra d'Or (para novos diretores até o segundo filme), terá uma jurada brasileira, a diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago, e isso - além de alguns curtas -, é o máximo que o Brasil terá em Cannes. Pode ser recalque de excluído, mas só para citar um exemplo, o Faroeste Caboclo, de René Sampaio, já concluído (e que estreia dia 30), não faria feio em nenhuma mostra. Até poderia deixar a Croisette aureolado como cult.

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Atrações não vão faltar. O júri da Palma de Ouro, o principal, será presidido por Steven Spielberg. Durante os 12 dias do evento, pouco importa quem está no Eliseu - o Palácio do Planalto deles. M. le Président, neste período e com toda pompa e circunstância, é sempre o presidente do júri de Cannes. As próprias críticas à mostra competitiva precisam ser relativizadas. Afinal, grandes nomes estarão na disputa da Palma. Confira na lista - Arnaud Desplechin, Asghar Farhadi, James Gray, Jia Zhang-ke, Hirokazu Kore-eda, Takashi Miike, Paolo Sorrentino, Roman Polanski, Abdellatif Kechiche, Nicolas Winding Refn, os irmãos Coen. Na mostra Un Certain Regard, Claire Denis, Sofia Coppola, Hany Abu-Assad.

A curiosidade é que, nas mostras que compõem a seleção oficial, Cannes vai mostrar filmes de atrizes que estão estreando (Valeria Golino) ou perseveram na direção (Valeria Bruni-Tedeschi). Haverá uma homenagem a Jerry Lewis, outra a Stanley Kubrick, seguida da master class do ator Malcolm McDowell, de A Laranja Mecânica. Como todo ano, Cannes Classics exibe versões restauradas de filmes clássicos. A lista de 2013 inclui a Cleópatra de Joseph L. Mankiewicz; Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais; Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Démy; Charulata, de Satyajit Ray; Tarde de Outono, de Yasujiro Ozu; O Deserto dos Tártaros, de Valerio Zurlini; Lucky Luciano, de Francesco Rosi; Um Corpo Que Cai, de Alfred Hitchcock; e O Grande Vigarista, de Ted Kotcheff.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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