No dia 13 de dezembro de 2008, uma colisão entre um Fiat Palio e um Nissan Frontier, no cruzamento da Rua Ernesto de Paula Santos com a Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem, resultou na morte da técnica em laboratório Aurinete Gomes Lima dos Santos. A partir dali, as investigações geraram laudos com conclusões opostas, divergências entre o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o Instituto de Criminalística (IC) e o sentimento de impunidade. Nesta quarta-feira (24), o julgamento tem início e visa colocar um ponto final de uma vez por todas neste caso.
O réu, acusado pelo MPPE de homicídio doloso e duas tentativas de homicídio, é o comerciante –na época estudante – Alisson Jerrar Zacarias, de 27 anos. Inicialmente, a perícia realizada pelo IC apontava como responsável pela morte de Aurinete o marido dela, Wellington Lopes Evangelista da Silva, que dirigia o veículo em que a vítima estava. Além dela, a filha Alba, atualmente com 12 anos, dormia no banco de trás, sem cinto de segurança. O MPPE, entretanto, pediu que a perícia fosse refeita pela PF. O levantamento da PF trouxe um resultado oposto ao primeiro, culpando Alisson por atravessar o sinal vermelho da Domingos Ferreira em alta velocidade.
##RECOMENDA##O viúvo Wellington Lopes Evangelista da Silva ficou gravemente ferido no acidente, com três fraturas expostas e perfuração de pulmão, já sua filha sofreu deslocamento de ombro e luxações. Para Wellington, este é o momento de minimizar as dores. “A parte física a gente recupera, mas o psicológico está ainda muito abalado”, diz. Segundo ele, de segunda a sábado era feito aquele percurso pela Rua Ernesto de Paula Santos, para levar a esposa ao trabalho. “Eu olhei para o lado e vi aquela coisa prata já em cima de mim. Vi minha mulher, ferida, dar um último olhar para trás, como se fosse ver como estava nossa filha”, ele lembra, emocionado.
O teste de bafômetro realizado em Alisson indicou que ele havia ingerido álcool. Além disso, foram encontrados no carro dele tíquetes que apontavam o gasto de R$ 300 em bebida alcoólica. Segundo o advogado de defesa, Bruno Lacerda, a quantidade de bebida ingerida por Alisson não comprometia sua direção. “Em ambas as perícias está claro que a causa determinante foi o avanço do sinal. Em momento algum foi colocado que o motivo era embriaguez. Não teve nenhuma influência”, comenta. De acordo com Lacerda, as bebidas compradas haviam sido repartidas entre os amigos do réu.
Sobre o avanço de sinal, o advogado declara que o semáforo fechado era o da Rua Ernesto de Paula Santos. “Um grande equívoco no laudo da PF vem da premissa de que o sinal vermelho estava na Domingos Ferreira. Mas a própria CTTU contradita esta conclusão”.
Já a promotora Dalva Cabral, do MPPE, deixa claro o interesse em punir o comerciante. “O IC não possuía parecer técnico-científico convincente, não seria capaz de sustentar o plenário do júri. A PF mostrou como chegou à causa do acidente, todos os trâmites. E ainda há o teste de alcoolemia. Então buscaremos a condenação do réu”, explica.
O julgamento está sendo realizado pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, com sessão presidida pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques , no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra. Sete pessoas compõem o júri popular, responsável por sentenciar o réu. A previsão, dada pelos advogados de defesa, é que a sessão só termine pela madrugada.