Tópicos | ISP

Apesar da quarentena e do menor movimento nas ruas em função da pandemia de covid-19, 177 pessoas foram mortas pelas polícias Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro durante o mês de abril, segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira (26) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão subordinado ao governo do Estado do Rio. Isso corresponde a quase seis pessoas mortas por dia, ou uma pessoa morta pela polícia a cada 4 horas. É o segundo maior número de mortos na série histórica iniciada em 1998. O recorde é de 195 mortes, registradas em julho de 2019, quando o movimento de pessoas pelas ruas era normal.

De janeiro a abril de 2020, as polícias Civil e Militar do Rio mataram 606 pessoas, 46 a mais do que no mesmo período de 2019, ano em que se registrou o recorde de mortes, com 1.810 ao longo dos 12 meses. Se essa tendência se mantiver, será estabelecido um novo recorde.

##RECOMENDA##

A polícia matou 152 pessoas em janeiro e 164 em fevereiro deste ano. Em março, mês em que começaram as medidas de isolamento devido ao coronavírus, os policiais mataram 113 pessoas, o menor número da gestão do governador Wilson Witzel (PSC), iniciada em 2019. Witzel defende a morte de pessoas que estejam carregando fuzis - "a polícia vai mirar na cabecinha e... fogo", afirmou ao Estadão, logo após ser eleito.

Em relação a março, o número de mortos aumentou 56,6% em abril. Em relação a abril de 2019, quando foram mortas 124 pessoas, o aumento foi de 42,7%.

Consultadas pela reportagem, as polícias Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro não haviam se manifestado até a publicação desta reportagem.

Outros números

Os roubos de cargas, de veículos e os roubos de rua (que incluem roubo a transeunte, roubo de aparelho celular e roubo em coletivo) caíram em abril em relação ao mês anterior e ao mesmo mês de 2019, no Estado do Rio.

Segundo o ISP, foram 337 roubos de carga em abril, contra 366 em março e 667 em abril de 2019. Os roubos de veículo foram 1.847 em abril, contra 2.450 em março e 3.755 em abril de 2019. Os roubos de rua foram 4.021, contra 6.941 em março e 11.040 em abril de 2019.

Um total de 1.810 pessoas - cinco por dia - morreram em confrontos com a polícia no estado do Rio de Janeiro no último ano, um recorde histórico, que mostra um aumento de 18% em comparação com o ano anterior, segundo fontes oficiais.

Por outro lado, o Rio registrou uma redução de 19% no número de homicídios dolosos, categoria que não inclui os mortos em operações policiais. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), no último ano foram contabilizadas 3.995 vítimas, frente às 4.950 de 2018.

Os dados correspondem ao primeiro ano de mandato do governador Wilson Witzel. Ele é defensor do uso de atiradores de elite para abater suspeitos armados.

"Quando vemos uma polícia responsável por um terço das mortes, pode ser que estejamos nos dirigindo para um modelo de segurança pública de alta letalidade policial que é muito ruim para o Rio de Janeiro", ressalta Silvia Ramos, cientista social e coordenadora do observatório de segurança Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), na Universidade Cândido Mendes.

"O que aconteceu no Rio nos últimos dois anos, é que as operações passaram a ser a principal forma de fazer segurança pública. Essa forma que usa confronto é muito letal e usa muito pouca inteligência, integração e o planejamento, que deveriam ser os principais elementos dessa forma de política", acrescenta Ramos.

Em 2019, o monitoramento do Observatório de Segurança do Cesec contabilizou 1.296 operações, das quais 387 resultaram em falecimentos.

Apesar do aumento registrado, o número de mortes ocasionadas por policiais foi reduzido ao longo do segundo semestre: 196 julho, 173 em agosto, 154 em setembro, 144 em outubro, 135 em novembro e 124 em dezembro, respectivamente.

"Witzel começou o mandato com um discurso muito agressivo, mas os efeitos colaterais, entre eles os casos de mortes de crianças, tiveram uma repercussão tão importante que alteraram a política de segurança", explicou Ramos.

A coordenadora relembrou do caso da menina Ágatha, de 8 anos, morta no Complexo do Alemão em setembro, o que gerou comoção por todo o país. Em dezembro, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou um policial militar após constatar-se que o projétil que atingiu a menina havia saído da sua arma.

Em intervenção federal na segurança desde fevereiro, o Estado do Rio segue com a taxa de morte por policiais em operações em alta. No mês de outubro, foram 127 ocorrências, um aumento de 30% em relação ao mesmo mês de 2017, e de 17,5% na comparação com setembro passado. Nestes noves meses, o número de mortes decorrentes de intervenção policial somou 1.151 no Estado.

O mês com mais mortes em decorrência de ação policial desde o início da intervenção foi agosto: 175 casos, quase seis por dia. Em agosto de 2017, foram 70. Nos nove meses desde o decreto, morreram em serviço 24 policiais (militares e civis); no mesmo período de 2017, foram 20.

##RECOMENDA##

Os dados saíram na quarta-feira,14, e são do Instituto de Segurança Pública (Isp), braço estatístico da Secretaria de Segurança do Estado, que divulga os indicadores todo mês. Segundo o boletim, apesar da letalidade policial, os homicídios dolosos, embora ainda num patamar bastante alto, caíram 22% em relação a outubro de 2017 - 378 registros, ante 486.

A letalidade violenta, que reúne os crimes de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção legal, caiu 15% quando comparada com outubro de 2017, e subiu 3% em relação a setembro deste ano.

De acordo com o Isp, a intervenção conseguiu baixar os números de roubos de carga, uma modalidade criminosa que vinha em ascensão. Este indicador teve queda de 28% em relação a outubro de 2017. Os roubos de veículos diminuíram 1%; já os roubos de rua (a transeuntes, em coletivos e roubos de celular) aumentaram 4%. Os dados são referentes aos registros de ocorrência lavrados em delegacias.

Ao avaliar os nove meses de atuação das Forças Armadas no Rio, o Observatório da Intervenção, grupo que monitorou 584 operações, divulgou que neste período 177 estabelecimentos de ensino da Região Metropolitana do Rio tiveram pelo menos um disparo de arma de fogo ou troca de tiros num raio de 100 metros, que colocaram em risco alunos e profissionais.

A conclusão se baseou em dados da plataforma Fogo Cruzado. Este total é 156% maior do que o registrado de fevereiro a outubro de 2017. "Tiroteios significam aulas suspensas, insegurança e medo. O rendimento dos alunos e o desempenho dos professores sofrem um impacto tremendo", aponta relatório do Observatório divulgado na terça-feira, 13.

"Após nove meses de intervenção, registramos aumento de 59% de tiroteios, 3.369 homicídios e 42% de mortes decorrentes de intervenção policial. Esses números são chocantes, mas os dados sobre as escolas e as pichações nos muros do Rio lembram que a violência produz efeitos que não são visíveis imediatamente, mas que terão consequências no longo prazo", conclui o trabalho.

O Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio divulgou os dados consolidados sobre as incidências criminais em 30 áreas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) referentes a 2013. Os índices de homicídio doloso e letalidade violenta tiveram redução de 26,5%. Também foram registrados menos seis casos de homicídios decorrentes de intervenção policial (conhecidos como auto de resistência), entre 2012 e 2013. Por outro lado, houve aumento de roubos de rua (7%) e de veículos (5,8%).

Em um ano, houve redução de 18 vítimas de letalidade violenta (que reúne as quantidades de homicídios, latrocínios, autos de resistência e lesão seguida de morte): de 68 para 50 vítimas. Em 2013, foram 36 vítimas de homicídios dolosos, contra 49 em 2012. As lesões corporais dolosas reduziram 14% (menos 462 vítimas), de 3.291 para 2.829.

##RECOMENDA##

No mesmo período, a quantidade de roubos de rua aumentou, passando de 213 para 228. Já em relação aos roubos de carro foram registrados 73 roubos em 2013 e 69 no ano anterior. As apreensões de drogas subiram 23,2%, de 1.661 registros para 2.046, no entanto a quantidade de drogas apreendidas não foi divulgada.

Hoje, o Rio tem 37 UPPs e deve chegar a 40 até o fim deste ano. Os dados são divulgados após um ano de implantação de cada unidade e têm como base o ano anterior.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando