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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi nomeado nesta sexta-feira (27) para exercer a função de membro do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O decreto está publicado no Diário Oficial da União de hoje. Em outro ato, a presidência da República também decidiu tornar sem efeito o decreto anterior, publicado em 9 de janeiro, que nomeava o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, para integrar o conselho do BNDES.

Em outros atos publicados também hoje o governo exonera, a pedido, o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, da função de membro do conselho de administração do BNDES e nomeia o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, para a função.

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), discordou nesta quarta-feira (25) publicamente de um comentário feito na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sobre o equilíbrio das contas públicas brasileiras em evento da Câmara de Comércio Brasil-França, em São Paulo. Renan rebateu Levy, que disse que houve uma "escorregadinha", afirmando que houve um "escorregadão".

"O que parece é que não foi uma escorregadinha, foi um escorregadão. Temos que fazer um ajuste profundo, cortando no setor público, revisando contratos. É essa resposta que o Brasil precisa", afirmou Renan, em entrevista no Senado.

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Renan Calheiros foi um dos convidados de um jantar promovido pelo vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, com a presença de Joaquim Levy e dos ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, do Planejamento, Nelson Barbosa, e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, com lideranças peemedebistas.

Para o presidente do Senado, o governo precisa realizar cortes no próprio setor público, inclusive em cargos comissionados do Poder Executivo, como ele fez no Legislativo, e mostrar que o ajuste fiscal que pretende fazer tem "começo, meio e fim" para que a sociedade entenda a necessidade das mudanças para reequilibrar as contas do País e retomar o crescimento econômico. Ele disse que é preciso restaurar rapidamente a confiança na economia nacional.

"Acho que é essa confiança que precisamos restaurar no povo brasileiro e nos agentes econômicos para que continuem os investimentos, para que o Brasil volte a ser uma economia que cresce no mundo e volte a gerar empregos", disse.

Assim como tem feito nos últimos dias, o peemedebista voltou a defender que o PMDB assuma um papel de protagonismo na definição das políticas públicas dentro da coalizão do governo. "Não é discutir cargos, espaço, é discutir programas, o que fazer, quais são as prioridades. O papel do PMDB é estabelecer um fundamento para a coalizão", destacou.

Com o objetivo de evitar derrotas na votação das propostas de ajuste fiscal enviadas ao Congresso, integrantes da equipe econômica do governo se reuniram na noite desta terça-feira, 24, com representantes da cúpula do PSD em Brasília. A legenda prometeu apoio na votação das medidas.

O partido conta com 34 deputados e 4 senadores e pode ser um importante aliado na votação das duas medidas provisórias que endureceram o acesso a benefícios trabalhistas como o abono salarial e o seguro-desemprego. As mudanças sugeridas pelo governo nas regras podem gerar uma economia de R$ 18 bilhões. As propostas devem começar a ser discutidas na próxima semana com a instalação das comissões mistas que tratarão do tema.

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Entre os presentes no jantar estava o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que chegou por das 21h30 na residência do líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), local do encontro. Além dos dois, participaram da reunião Nelson Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Gilberto Kassab (Cidades), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Afif Domingos (Micro e Pequena Empresa) e integrantes da bancada do Senado e da Câmara.

O ministro da Cidade, Gilberto Kassab, ressaltou após o encontro a necessidade de também haver esclarecimentos junto à sociedade sobre os ajustes fiscais consideradas impopulares.

"Registro a minha convicção do quanto é importante para o Brasil que esse plano seja aprovado, discutido a exaustão no Congresso para que a sociedade possa compreendê-lo. É importante saber se comunicar com a sociedade. É um momento importante. A equipe econômica também sinalizou que as vozes da oposição se radicalizaram passando para opinião pública um tempo muito distante da recuperação do País e não é bem assim", afirmou o ministro.

O líder do PSD no Senado, Omar Aziz (AM), afirmou que o partido vai apoiar a votação das propostas encaminhadas pelo Executivo. "O Brasil tem que voltar a crescer e para voltar a crescer precisa de credibilidade e para ter credibilidade tem que fazer o dever de casa. É preciso de sacrifícios", disse. "Essas medidas são para dar credibilidade ao país. Nós do PSD vamos estar apoiando e trabalhando para que a gente possa esclarecer a população", acrescentou.

Na noite anterior, na segunda-feira, 23, a equipe econômica tratou do assunto com a cúpula do PMDB. O principal partido da base aliada apresentou condições para apoiar o ajuste fiscal.

Emendas

O ministro Nelson Barbosa considerou como "normal" as cerca de 600 emendas (pedido de mudanças no texto) apresentadas pelos parlamentares às propostas enviadas ao Congresso pelo Palácio do Planalto. Ele, no entanto, defendeu que sejam mantidos os textos originais.

"Nós propusemos as medidas no tamanho que achamos necessário. Estamos defendendo as medidas propostas, apresentando todos os argumentos e seu impacto. São medidas pontuais, que corrigem excessos, eliminam distorções", disse Barbosa. "Estamos apresentando vários argumentos que justificam a dosagem dessas medidas e estamos confiantes que esse argumentos são bem recebidos e vão viabilizar a aprovação das medidas", acrescentou.

Segundo ele, uma rodada de conversas com a bancada do PT no Congresso também será realizada nos próximos dias para também convencer os petistas que apresentaram emendas às propostas.C

Um grupo de 20 sindicalistas da Força Sindical faz um protesto contra as duas medidas provisórias (MPs) que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas, em frente ao Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República.

Será realizado logo mais, no Jaburu, um jantar da equipe econômica do governo Dilma Rousseff com ministros do PMDB e líderes do partido no Congresso. Na reunião, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, defenderão o pacote trabalhista enviado por Dilma ao Legislativo.

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O chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, também participará. Os sindicalistas estão com bandeiras em frente ao palácio e pedem a revogação das MPs. "Nesta Santa Ceia, não pode haver nenhum Judas", disse o sindicalista Carlos Cavalcante de Lacerda, da Força Sindical.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu nesta sexta-feira, 20, com o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, para negociar o projeto que muda a incidência de tributação para as pequenas empresas, batizado de "Crescer Sem Medo".

A intenção é chegar a um desenho final na próxima semana, para que a presidente Dilma Rousseff possa enviar o projeto de lei ao Congresso Nacional na quinta-feira (26), quando ela deve participar de cerimônia para anunciar medida para agilizar o fechamento de empresas.

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De um lado, o projeto estimula os pequenos empreendedores a crescer. Do outro lado, a mudança significa novas desonerações para o governo federal. "Levy gosta muito da ideia da simplificação e do Crescer Sem Medo. O problema é calibrarmos as desonerações em função deste momento e da situação fiscal do País", afirmou Afif ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. "Acho que chegaremos a uma fórmula, porque a formalização elimina a ideia da perda. Com mais gente pagando menos, o governo arrecada mais".

O objetivo do projeto, segundo Afif, é tornar mais suave o crescimento de uma pequena empresa, já que hoje esses empresários têm receio de aumentar o faturamento e passar a pagar uma proporção maior de impostos, ao mudar de faixa de tributação. "A micro e pequena empresa tem medo de crescer e pular de faixa. Estamos fazendo um desenho que substitui as escadas de crescimento por uma rampa mais suave", disse o ministro.

A intenção é que o empresário, ao conseguir aumentar seu lucro, pague a alíquota maior apenas sobre a diferença em relação ao faturamento anterior, e não sobre o faturamento total.

Se ele faturava até R$ 120 mil anuais e passou a receber R$ 121 mil, o sistema atual estabelece que ele pagará uma alíquota maior sobre os R$ 121 mil (faturamento total), pois mudou de faixa de tributação. Com o sistema que está sendo desenhado, ele pagará a alíquota nova apenas sobre R$ 1 mil (diferença do faturamento), e os outros R$ 120 mil continuarão a ser tributados da mesma forma.

Se o processo sair como planejado pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa, a proposta entrará em vigor em 2016. O projeto reduz de 20 para sete as faixas de tributação do Simples.

Na reunião, Levy apresentou a Afif ponderações em relação às faixas de faturamento e, durante o fim de semana, a equipe da secretaria da Micro e Pequena Empresa e a Fundação Getulio Vargas (FGV) vão trabalhar para fazer uma apresentação a Levy na segunda-feira. "Estamos fazendo uns ensaios para chegar a um termo razoável para o governo", afirmou Afif.

O encontro, que teve início às 11h30, não foi informado na agenda de Joaquim Levy, que só foi atualizada depois da reunião.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou a cerca de 185 investidores na manhã desta quarta-feira (18), que o Brasil vai conseguir cumprir a meta de superávit primário de 1,2% este ano e que o crescimento econômico está desacelerando e pode ser negativo no ano passado, por conta do declínio no investimento. "A consolidação vai continuar", disse Levy, destacando que a administração de Dilma Roussef está comprometida em entregar a meta fiscal de 1,2% de superávit primário.

O ministro prometeu ter em sua gestão o maior diálogo possível com o mercado, além de transparência na política fiscal. Levy afirmou que o objetivo e criar um ambiente de confiança e que favoreça decisões de investimento.

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Inicialmente, ele falou dos avanços na educação do Brasil, destacando que o número de pessoas em faculdade dobrou nos últimos anos. "O Brasil tem coisas que precisam ser feitas imediatamente, mas tem passado por transformação", afirmou Levy logo no inicio de seu discurso. "Há muito ainda a ser feito no Brasil, estamos longe de onde gostaríamos."

Levy fez uma apresentação de mais de uma hora na manhã desta quarta-feira para investidores e economistas, organizado pela Americas Society/Council of the Americas, pelo Brazil Investimentos e Negócios (Brain) e pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A agenda oficial do ministro nos EUA começou na terça-feira com uma apresentação fechada para cerca de 50 pessoas em Washington. Levy deve voltar ainda nesta quarta ao Brasil.

O impacto da crise da Petrobras sobre a economia brasileira e os desafios do ajuste das contas públicas dominaram as dúvidas do grupo de analistas, executivos e integrantes de organismos multilaterais que se reuniu nesta terça-feira, 17, em Washington com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Em suas respostas, ele disse que a presidente Dilma Rousseff está comprometida com a meta de 1,2% de superávit primário neste ano e que a situação da maior empresa brasileira deverá se normalizar depois da publicação de seu balanço auditado.

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"A Petrobras está indo em uma boa direção", disse o ministro em uma rápida entrevista depois do evento, realizado no Brazil Institute do Wilson Center. Segundo ele, o maior desafio da companhia é vencer o "impasse contábil" criado pela dificuldade de contabilizar os desvios investigados pela operação Lava Jato.

Levy afirmou que esse obstáculo "está sendo superado", mas não fez uma previsão de quando o balanço deverá ser divulgado. "A Petrobras está indo numa boa direção. A mudança recente da administração vai facilitar a aceleração de algumas das coisas que já vinham sendo encaminhadas pela administração anterior", afirmou.

Em sua avaliação, a perspectiva favorável para a companhia é reforçada pelo aumento recente da produção de petróleo e um resultado operacional mais positivo. "Em última instância, isso que é importante, produzir mais para poder lucrar mais." Em sua apresentação, fechada à imprensa, Levy elogiou o novo diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, segundo relato de pessoas presentes.

Em um esforço para resgatar a credibilidade da política econômica brasileira, o ministro disse que é possível atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano, mesmo depois do déficit de 0,6% registrado em 2014. Mas ressaltou a necessidade de as decisões serem tomadas "com presteza".

"Há compromisso bastante forte da presidente e de todo mundo de fazer essa meta. Nós estamos tomando as ações requeridas para chegar lá. É o que chamaria esforço fiscal, mas acho que está dentro da capacidade do Brasil", declarou na entrevista.

Com a difícil missão de "entregar" a meta de superávit primário das contas públicas deste ano, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cobrou, na quinta-feira (5) dos secretários estaduais de Fazenda um ajuste fiscal também nos Estados. Na sede do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), em Brasília, Levy conversou, por mais de uma hora, com os secretários e transmitiu a mensagem de que os Estados terão "que fazer a sua parte" no ajuste prometido para 2015.

Acompanhado por todo o seu secretariado, Levy apareceu de surpresa na reunião e prometeu "apoio total" a um consenso para garantir a chamada convalidação dos incentivos fiscais já concedidos pelos governadores. Seria, assim, o fim da guerra fiscal. Mas Levy defendeu uma discussão mais ampla da proposta de reforma do ICMS - o principal tributo arrecadado pelos Estados.

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Levy não se comprometeu com o repasse aos Estados de recursos relativos à compensação da Lei Kandir - que desonerou o ICMS das exportações. A transferência referente ao ano de 2014 estava prometida para janeiro, mas não ocorreu, o que foi cobrado pelos secretários.

Ele sinalizou que não terá pressa para regulamentar a lei complementar, aprovada no ano passado, que permite o abatimento do estoque das dívidas com a União e a troca do indexador e dos encargos de juros que incidem sobre o endividamento de Estados e municípios.

"Levy indicou que terá uma postura contrária à do Mantega (Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda) e não dará facilidades aos Estados para forçar que os secretários façam o ajuste", disse um secretário de Fazenda ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Na gestão de Mantega, as administrações estaduais receberam incentivos do governo federal para gastar mais. A consequência foi o rombo recorde também nas contas dos governos regionais.

Guerra fiscal

No encontro com os secretários, o ministro passou boa parte do tempo expondo a preocupação com a insegurança jurídica provocada pela guerra fiscal. Afirmou que a convalidação dos incentivos passados não será suficiente para afastar essa insegurança, que prejudica novos investimentos e o crescimento da economia.

Levy ressaltou a necessidade de uma negociação mais "profunda" em torno da concessão de novos benefícios e da reforma do ICMS, para afastar de vez essa insegurança que paira sobre o futuro. No final do ano passado, Levy já havia pedido ao presidente do Senado, Renan Calheiros, para que não fosse votado o projeto de lei que legaliza os incentivos fiscais questionados em ações no Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma das preocupações manifestadas por Levy foi a agenda do crescimento, que elabora paralelamente ao programa de ajuste fiscal deste ano para reequilibrar as contas públicas. Essa agenda será tocada pelo secretário de Política Econômica, Afonso Arinos de Mello Franco Neto. Ele disse aos secretários que para reduzir a relação entre a dívida líquida e o Produto Interno Bruto (PIB) é preciso "cuidar do denominador". Por isso, o PIB "precisa crescer".

Apesar do cenário econômico difícil, o ministro se mostrou otimista, afirmando que o desafio é grande, mas que não tem dúvidas que o País tem potencial para superá-los. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um artigo publicado na página na corrente petista "O Trabalho", assinado pelo economista Alberto Handfas, acusa o ministro da Fazenda, Joaquim Levy de fazer "chantagem" para implantar no Brasil a "agenda dos banqueiros internacionais" e repetir o governo Fernando Henrique Cardoso. O Trabalho é uma das correntes mais à esquerda dentro do PT.

"Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda de Dilma, utiliza-se do cenário econômico internacional mais desafiador para fazer chantagem e avançar a agenda dos banqueiros internacionais. Pretende retomar a agenda de Fernando Henrique Cardoso do PSDB", escreve no artigo que foi originalmente publicado no jornal da corrente. O Trabalho tem um representante, Marcos Sokol, no diretório nacional, ou 1,38% do total.

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Handfas, que aparece na lista de filiados ao PT, contraria o discurso do governo de que não há redução de direitos trabalhistas e ataca as medidas anunciadas pela equipe econômica. Ainda na opinião do professor, a redução de subsídios terá como consequência aumentos consideráveis nas contas de água, luz e no preço da gasolina.

O economista se mostra preocupado com a diminuição do papel dos bancos públicos e a "liberalização" do comércio internacional. Para Handfas, isso implicaria no fechamento de empresas e o aumento do desemprego no Brasil. "Tais medidas, se aplicadas, implicarão no fechamento de muitas empresas nacionais e com elas de milhares, senão milhões, de empregos. Mas para o ministro isso é um detalhe com o qual se poderá lidar ajudando as empresas através da redução de seus custos trabalhistas".

Como alternativas, o economista sugere medidas contrárias às que vêm sendo adotadas pela atual equipe, como o "fim da mobilidade de capitais" e a "centralização cambial". "Permitiria ao governo retomar sua autoridade para definir as taxas de juros e de câmbio em favor da indústria e do desenvolvimento nacional", argumenta.

Na contramão do que defende o petista, Joaquim Levy disse hoje que o governo "não quer manter o câmbio valorizado artificialmente". O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, negou que haja mudança entre o discurso da campanha e deste início de governo.

A tensão entre quadros do PT e a nova equipe econômica vem marcando o início de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. As medidas de ajuste fiscal causaram mal estar em diversos setores do partido e geraram críticas públicas de figuras como José Dirceu e do vice-presidente do partido Alberto Cantalice.

A primeira reunião ministerial do segundo mandato de Dilma Rousseff, na terça-feira (27), deve consolidar uma ideia que ganha força no Palácio do Planalto: o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é o "homem forte" do governo. Mas o que pode parecer um status elevado, no fundo é um movimento para fazer dele a encarnação do ajuste fiscal impopular. O ministro será um anteparo importante para a presidente quando os efeitos do aperto nas contas públicas começarem a ser sentidos no dia a dia do País.

No entorno de Levy, há um certo desconforto com isso, de forma que se instalou um jogo de empurra com o Planalto. Na Fazenda, a visão é que o ministro, de fato, tem força, mas isso "deriva da presidente, que o apoia totalmente", segundo relata uma fonte qualificada da pasta. "Ele foi ao Planalto, pediu audiência com a presidente, somente para perguntar a ela o que deveria dizer em Davos, no Fórum Econômico Mundial."

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A fonte acrescentou que o ministro também foi homem forte no governo de Sérgio Cabral, no Rio, mas nunca apareceu como tal porque "trabalha apenas com carta branca do comandante". Nos bastidores do Planalto e da Fazenda, ouve-se que o ministro mantém uma linha direta com Dilma, por telefone e e-mail. Eles se falam com frequência. Mas com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ainda está na "fase de estudos", segundo uma fonte.

Tendo saído com pouco capital político de uma eleição muito disputada, Dilma precisou de alguém forte para encarnar essa mudança, e optou por Levy. Hoje, ele é visto como peça importante da governabilidade e seu maior trunfo é o custo político de sua eventual saída. Porém, precisa da proteção da presidente para continuar a ajustar a economia. A reunião ministerial servirá para alinhar posições.

Levy conhece as implicações da missão recebida e mostra disposição para cumprir seu papel. Uma mostra clara foi dada em Davos, na semana passada. Ele disse que haveria um primeiro trimestre de recessão, que depois retificou para a expressão "contração". E que o crescimento deste ano tende a ser "flat", ou seja, próximo de zero. De toda forma, a mensagem que ele transmitiu é que tempos duros aguardam os brasileiros.

"Passaremos por um período recessivo, e é isso que ele tinha em mente quando tocou no tema", avaliou o economista Sergio Valle, da MB Associados. A consultoria estima que, neste ano, a economia encolherá 1%, "para começo de conversa".

Além dos efeitos do aperto nas contas públicas e do aumento nos juros, o cálculo considera a hipótese de racionamento de energia e os efeitos da operação Lava Jato, da Polícia Federal, sobre os investimentos da Petrobrás e das empreiteiras envolvidas. A combinação de fatores que jogam contra o crescimento forma, na avaliação de Valle, uma "tempestade mais que perfeita".

Essas previsões fecharam uma semana de medidas impopulares. Logo na segunda-feira Levy anunciou que os empréstimos às pessoas físicas ficarão mais caros, com a alta do IOF. No mesmo pacote, veio o aumento dos combustíveis, com a volta da Cide. O governo também encareceu as importações e a distribuição de cosméticos. E avisou que as empresas de uma pessoa só, criadas para driblar a tributação, estão na mira da Receita.

Dilma também vetou, na terça-feira, o reajuste de 6,5% na tabela do IR da Pessoa Física, aprovado pelo Congresso, com a promessa de uma correção menor, de 4,5%. E, na quarta-feira, o Banco Central elevou os juros em 0,5 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aproveitou o painel mais importante do Fórum Econômico Mundial para anunciar mais amplamente as mudanças na política econômica brasileira - da ênfase no consumo para o estímulo ao investimento, arrumação das contas públicas, realinhamento de preços e reformas para facilitar o crescimento. A política, explicou, será baseada em instrumentos tradicionais.

O ministro reafirmou a intenção de conseguir neste ano um superávit primário - dinheiro destinado ao pagamento de juros - equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Absteve-se de explicar o mau estado das contas públicas brasileiras. Ao mencionar o baixo crescimento econômico do País, limitou-se a mencionar "vários fatores" e apenas citou como exemplo a queda de preços das commodities exportadas.

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Sem entrar nos detalhes da orientação seguida nos últimos quatro anos, apontou a necessidade de mudar a ênfase para o investimento. Além disso, atribuiu "em parte" às eleições a queda do montante investido no ano passado.

Como a discussão do cenário global envolvia o problema do emprego, o ministro apontou uma diferença mencionada frequentemente por seu antecessor: a criação de milhões de postos de trabalho no Brasil nos anos posteriores à crise de 2008. Não se referiu à qualidade e à produtividade dos empregos criados. "Houve muita criação de emprego nos últimos anos, muitos milhões. Temos uma das mais baixas taxas de emprego da nossa história, a mais baixa, de fato. A renda subiu muito, houve muita inclusão", disse o ministro. "Mas de alguma forma esse processo começou a desacelerar no último par de anos, em parte por causa das mudanças no preço de commodities, em todo o mercado emergente. E decidimos mudar. Tivemos eleições no ano passado, e essa foi uma das palavras mais faladas. E o governo, a presidente, decidiu no começo deste ano tomar algumas ações", complementou.

Levy participou de um painel sobre perspectivas da economia global, uma das sessões tradicionalmente mais concorridas. No ano passado, ninguém foi capaz de prever a queda do preço do petróleo, os ataques do Estado Islâmico e a crise na Crimeia, comentou no início o coordenador do debate, Lawrence Fink, presidente da gigante de investimentos Black Rock.

A redução dos preços do óleo e as enormes emissões de dinheiro anunciadas pelo Banco Central Europeu (BCE) foram destacadas por todos como fatores positivos para o crescimento mundial.

As duas novidades abrem espaço para maior investimento, comentou o vice diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, o economista chinês Min Zhu. O dirigente do FMI insistiu na importância de maiores investimentos produtivos tanto na Europa quanto em várias economias emergentes, incluída a brasileira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio a um ajuste fiscal já estimado em R$ 45,8 bilhões, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o modelo do seguro-desemprego está "completamente ultrapassado". A afirmação foi dada em entrevista ao jornal britânico Financial Times durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Levy utilizou o benefício como exemplo para defender a necessidade de cortes e reformas em diversas áreas. Entretanto, ele fez questão de reforçar que o Bolsa Família não será atingido.

"O mundo está mudando e é hora do Brasil mudar", afirmou o ministro, acrescentando que as políticas anticíclicas têm limite, "especialmente quando você vê que as duas maiores economias do mundo (EUA e China) estão também mudando sua postura".

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Para Levy, o País precisa de reformas estruturais mais do que de estímulos: "Assim que pusermos a casa em ordem, a reação será positiva", defendeu. Em março, novas regras para a obtenção do seguro-desemprego passam a valer e podem restringir o acesso de mais de 2 milhões de trabalhadores, segundo cálculo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O jornal ainda destaca que há dúvidas se o ministro da Fazenda receberá apoio inequívoco da presidente Dilma Rousseff, conhecida por seu perfil intervencionista. Levy rebateu a afirmação: "a presidente Dilma é uma pessoa muito decidida e entende as escolhas". Ele acrescentou dizendo que "não está sozinho no governo."

Zona do euro

Em outra entrevista, à agência Dow Jones, o ministro afirmou que o movimento do Banco Central Europeu (BCE) para iniciar um programa de relaxamento quantitativo pode estimular o investimento no Brasil e aumentar a demanda por exportações brasileiras.

As principais fabricantes de cosméticos do Brasil estão reagindo à alteração na cobrança de IPI para o setor anunciada esta semana. As empresas pedem audiências com o Ministério da Fazenda e a Casa Civil, mas ainda não há data definida para o encontro.

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) divulgou nota, na tarde desta quarta-feira (21), na qual afirma que convocou os presidentes das principais companhias para contatarem diretamente os gabinetes dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Joaquim Levy (Fazenda).

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"Continuamos na expectativa de que o governo nos receba para debater o tema, a fim de apresentarmos as implicações negativas sobre o setor e a sociedade caso as medidas sejam mantidas", disse em nota João Carlos Basilio, presidente da Abihpec.

A medida anunciada na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, equipara a operação atacadista à industrial para cobrança do IPI. Embora não haja alteração nas alíquotas, com a equiparação a carga tributária aumenta. O setor ainda aguarda publicação de decreto para calcular mais precisamente os impactos da medida.

O governo Dilma Rousseff anunciou nesta segunda-feira (19) um pacote de aumento de impostos ao consumidor e às empresas dos setores de combustíveis, cosméticos e importadoras para elevar a arrecadação em R$ 20,6 bilhões, recuperar a confiança na economia e fechar suas contas este ano.

O governo decidiu dobrar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 1,5% para 3%, que incide sobre os empréstimos bancários contratados pelas pessoas físicas. A medida entra em vigor nesta terça-feira, 20. Além disso, o governo elevará tributos sobre a comercialização de gasolina e óleo diesel nos postos de combustíveis do País.

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O aperto tributário do governo foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no início da noite. O ministro anunciou o aumento de tributos com um duplo objetivo: ampliar a arrecadação federal, de forma a equilibrar as combalidas contas públicas, e reduzir o ímpeto dos consumidores, para controlar a inflação.

Gasolina

Sobre combustíveis, o governo vai reinstituir a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). A taxa estava zerada há quase três anos e, dentro de três meses, voltará efetivamente. Serão R$ 0,22 sobre o preço da gasolina e R$ 0,15 sobre o diesel.

O governo anunciou também o aumento de impostos para produtos importados e a comercialização de cosméticos. Os importadores terão de pagar, a partir de junho (quando a medida entra em vigor), alíquota de 11,75% de PIS/Cofins. Até maio, a alíquota permanecerá em 9,25%.

Para o setor de cosméticos, o governo vai equiparar o atacadista ao produtor, ao introduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no atacado. "Agora o atacadista, ao adquirir o cosmético da indústria, vai ser creditado do IPI e ao passar a frente, vendendo ao varejista, ele vai ser debitado", explicou o novo secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.

Colaboraram Adriana Fernandes, Renata Veríssimo, Nivaldo Souza e Victor Martins

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, iniciou na noite desta segunda-feira (19) o anúncio de quatro medidas, dando continuidade ao processo de ajuste fiscal. Segundo ele, o Brasil está mudando, passo a passo, o que é necessário para retomar o caminho do crescimento. Segundo Levy, as medidas que serão anunciadas hoje são parte do trabalho de equilíbrio fiscal que será feito em "várias etapas".

O ministro lembrou que o governo começou o ajuste no ano passado, com a redução dos subsídios dados pelo BNDES nos empréstimos. Depois, destacou, a presidente Dilma Rousseff enviou uma medida provisória ao Congresso "reduzindo excessos em alguns programas como o seguro desemprego e pensões".

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Levy lembrou, ainda, que o governo também reduziu os gastos mensais, apesar de não ter Orçamento para 2015, ao limitar em 1/18 avos as despesas por mês. "É uma sequência de ações para reequilibrar a economia do ponto de vista fiscal e aumentar a confiança e o entendimento dos agentes econômicos para que em algum momento tenhamos a retomada da economia em novas condições", afirmou.

As duas primeiras medidas anunciadas pelo ministro envolvem o setor dos cosméticos e aumentam a tributação para importados. A primeira equipara o atacadista ao setor industrial no setor e não envolve aumento de alíquota.

"Faz com que a tributação seja mais homogênea e evita acúmulo em algumas das pontas, além de dar mais transparência nos preços de referência", disse o ministro. "Haverá um pequeno efeito arrecadatório, mas é mais uma coisa para organizar melhor o setor", afirmou sem dar valores sobre o efeito na arrecadação.

O segundo item, segundo ele, também é corretivo, pois aumenta o PIS e Cofins dos importados de 9,25% para 11,75%. A medida é necessária, afirmou Levy, para equiparar a tributação nacional a de importados depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o ICMS da base de cálculo nas importações.

"Estamos ajustando a alíquota para não prejudicar a produção doméstica. Aumenta-se no produto importado para dar competitividade ao setor doméstico", disse.

A nova postura do governo na política econômica, visando aumentar a arrecadação e cortar de gastos públicos, já provoca efeitos nos diversos setores empresariais, como o de educação, que demorará mais para receber recursos de financiamento estudantil. O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já sinalizou que pretende fazer ajustes na área tributária, e o que deve ocorrer mais rápido é a volta da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) na gasolina. O ministro confirmou o fim dos repasses do Tesouro Nacional para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), e o BNDES receberá menos recursos, reduzindo os financiamentos às empresas. A expectativa de analistas é de que o chamado "efeito Levy" não deve parar por aí - pelo contrário, estaria apenas começando. Ponderam, porém, que esses ajustes são necessários.

"A volta da Cide, por exemplo, influenciará de forma geral a economia, em especial o consumo. As pessoas não vão deixar de comprar combustíveis, mas devem gastar menos com outros produtos", comenta Gustav Gorski, sócio e economista-chefe da Quantitas. Nesse sentido, o setor de varejo, que já sente os efeitos do freio no crédito e da alta de juros, deve ser prejudicado. "O setor de transportes e logística também será bastante afetado com o aumento de custos provocado pelo retorno da Cide", lembra Celson Placido, estrategista da XP Investimentos.

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Mas pelo menos um setor deve se beneficiar com a volta da Cide, sem que a intenção do governo seja essa, de acordo com Gorski. É o de etanol, que perdeu competitividade para a gasolina nos últimos anos, por conta da contenção nos preços deste último combustível para segurar a inflação. "O governo, na verdade, quer elevar a arrecadação, mas vai acabar ajudando o setor sucroalcooleiro", afirma o economista.

Conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, os detalhes do retorno da Cide serão apresentados na quarta-feira, 21, ao setor sucroenergético, que reivindica a retomada do tributo. Diante dessa expectativa, as ações da Cosan, por exemplo, têm sido impulsionadas - somente na última quarta-feira, 14, subiram 2,14% e no dia anterior, avançaram 5,80%.

Para a Petrobras, analistas consideram que um efeito desse tributo poderia ser a redução dos preços dos combustíveis na refinaria para que o consumidor final não sentisse o aumento causado pela Cide e a inflação não fosse impactada. Essa possibilidade seria negativa para a estatal. O preço da gasolina, por exemplo, está com um prêmio de aproximadamente 70% ante os preços internacionais, mas, durante anos, a estatal praticou valores abaixo do custo da commodity e acabou acumulando perdas. Levy indicou, porém, que haverá menor ingerência governamental na Petrobras, que "cada vez mais tomará decisões de preço segundo a avaliação empresarial da companhia".

Energia

O setor elétrico é outro pego em cheio pela nova política econômica, já que Levy afirmou que o Tesouro Nacional não fará mais o aporte de despesas orçamentárias de R$ 9 bilhões para Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial que bancou a política de redução da energia elétrica do setor implementada pela presidente Dilma no primeiro mandato.

Levy também é contrário a um empréstimo de R$ 2,5 bilhões às distribuidoras pelos bancos públicos. Como consequência, prevalecerá o "realismo tarifário" defendido pelo ministro, com a transferência dos custos maiores no setor de energia diretamente para o consumidor. São previstos reajustes extraordinários, além da já implementada política de bandeiras tarifárias.

"Esse 'tarifaço', que deve ser entre 30% e 40% nas contas de luz este ano, terá efeito importante no setor produtivo, principalmente nos setores que fazem uso intensivo de energia elétrica", diz Placido, da XP. Entre esses setores, estariam os de alimentos, siderurgia, papel e celulose e produtos químicos, entre outros. "As consequências serão custos maiores e volumes e vendas menores", acrescenta.

Analistas apontam, no entanto, que muito maior que o efeito do tarifaço nas contas de luz poderá ser o racionamento de energia que pode ser decretado ao final do período chuvoso, em março ou abril, que afetará diretamente as elétricas. "Não está chovendo em janeiro como previsto, e tudo indica que o racionamento de energia este ano será inevitável", diz o estrategista da XP. "O consumo de energia vai cair e, depois que o racionamento acabar, não retornará logo aos patamares anteriores, a exemplo do que ocorreu em 2002. E as empresas do setor terão lidar com volumes menores de venda de energia".

Após reunião com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, disse que o consumidor brasileiro deve sentir no bolso as novas e mais pesadas tarifas de eletricidade a partir das contas de luz do mês de março.

O executivo lembrou que, no próximo dia 20 de janeiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abrirá consulta sobre os critérios para o reajuste extraordinário das tarifas, que deve ocorrer em fevereiro.

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"A conta de luz de março já trará os novos valores. Cada empresa apresentará um pedido de reajuste, baseado nos critérios que devem ser aprovados agora em janeiro. Será um porcentual diferente para cada distribuidor", disse Leite.

Segundo o presidente da Abradee, todas as empresas do setor deverão apresentar pedidos de reajuste extraordinário. Ele ponderou, no entanto, que as companhias que tenham reajuste anual marcado já para fevereiro não precisarão de um reajuste extra, pois os valores que serão incorporados às contas de luz entrarão no processo tarifário dessas empresas.

De acordo com Nelson Leite, nenhum subsídio bancado pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) será extinto. Ele citou subvenções para consumidores de baixa renda, para consumidores rurais que usam energia para irrigação e o programa "Luz para Todos".

"O que muda é a forma de financiamento da CDE. Os aportes, que antes vinham de outras fontes, como Tesouro, agora serão inteiramente financiados pelos consumidores. O setor de distribuição voltará a ser autossustentável e restabelecerá sua capacidade de investimento", completou.

Questionado se o fim dos aportes do Tesouro ao setor elétrico e o consequente repasse desse custo para os consumidores foi uma vitória do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o presidente da Abradee se esquivou e disse não haver um ganhador único nessa disputa. "O setor elétrico brasileiro é que ganhou sustentabilidade", concluiu.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça-feira (13), que o governo não tem como objetivo fazer um "saco de maldades" ou pacote de medidas, quando questionado sobre eventual aumento de tributos em entrevista no Planalto. Segundo ele, o governo tem limitação de gastos e está promovendo ajustes para preservar direitos e corrigir distorções e excessos.

Ele citou as reformas em benefícios trabalhistas e previdenciários encaminhadas ao Congresso e que devem trazer uma economia de R$ 18 bilhões este ano. "Essas distorções geram dispêndios e acabam com a capacidade de incluir outros direitos", justificou. "Não é proporcional renda vitalícia para quem tem condições de trabalhar", disse.

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Levy afirmou que o governo fará eventualmente alguns ajustes na área tributária. No entanto, afirmou que eventual aumento de imposto será compatível com o aumento da poupança nacional e com o impacto nas decisões das famílias. Segundo ele, elevação da carga tributária tem que ter o mínimo de impacto na atividade econômica e nas empresas. Levy afirmou que muitos jovens estão optando pelo empreendedorismo e cabe ao governo criar as condições para esses negócios.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça-feira, 13, durante um café da manhã com jornalistas, que não pretende "neste momento" mudar as alíquotas do Imposto de Renda. Atualmente, a tabela do IR acumula, desde 1996, defasagem de 64,3%. Apesar do Senado ter aprovado reajuste de 6,5% para 2015, o governo tem defendido correção de 4,5%.

Questionado sobre as políticas de combate à inflação, Levy afirmou que há tentação de jogar para a política monetária todo o esforço em relação ao combate à inflação e defendeu que o mix de política fiscal e monetária é muito importante nesse processo. "Há disposição de a política fiscal ajudar (a política monetária)", disse. O ministro argumentou que, se o governo gasta muito, "fica pesado" para o Banco Central fazer tudo sozinho.

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Levy defendeu, ainda, que a política fiscal ajuda tanto nos juros como na questão da competitividade. "Nossa disposição é cada um no seu papel, mas ter coordenação em que o trabalho de um ajuda o do outro", concluiu. Sobre possíveis reajustes dos combustíveis, o ministro afirmou que a Petrobrás vai, "cada vez mais", tomar decisões de preço segundo a avaliação empresarial dela. "Crescentemente a Petrobrás fará suas decisões como uma empresa", disse.

Nos últimos anos, o governo tem interferido nas decisões de reajuste da empresa de modo que as decisões não causassem pressão inflacionárias. A respeito disso, Levy respondeu que a Petrobrás é, "antes de tudo", uma empresa. O ministro afirmou que não está discutindo ida para a presidência do Conselho de Administração da Petrobrás e disse que os conselheiros continuam trabalhando. "Não estou ciente de convocação para assembleia", concluiu.

O ex-diretor do Banco Central e hoje sócio da Divitia Investimentos Sergio Werlang avaliou nesta segunda-feira, 5, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que o discurso do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na cerimônia de transmissão de cargo, foi "bastante positivo e sereno". "O ministro deu ênfase muito importante sobre a necessidade do ajuste fiscal. Ele deixou claro que a política de gestão das contas públicas do governo mudou", comentou.

"Foi também bem relevante o foco dedicado a maior transparência e estabilidade de regras. Colocada em prática essa nova política fiscal, isso vai estimular investimentos privados e públicos já no final deste ano", destacou Werlang.

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Para ele, a mudança de postura do governo, ao buscar maior austeridade fiscal e harmonia entre a dinâmica das receitas com a das despesas, deverá permitir que seja alcançada a meta de superávit primário de 1,2% do PIB em 2015. "Neste contexto, com ajuste fiscal, não acredito que o Brasil perderá grau de investimento no curto e médio prazos", ponderou.

Na avaliação do ex-diretor do BC, o ajuste fiscal que o governo realizará vai se basear na redução de gastos correntes, mas também na diminuição de desonerações tributárias, que para especialistas deve ter alcançado um total ao redor de R$ 90 bilhões em 2014. "A correção fiscal deve gerar resultados já no começo do segundo semestre e terá efeitos em preços de ativos financeiros, especialmente juros futuros e câmbio", acrescentou.

Werlang avalia que o desempenho da economia em 2015 será mais favorável do que no ano passado, sobretudo porque deverá apresentar um crescimento ao redor de 1%. Já o câmbio deve atingir uma cotação entre R$ 2,60 e R$ 2,80 em dezembro.

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