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Um bombardeio russo na região de Kherson, no Sul da Ucrânia, matou quatro pessoas neste domingo, 24, incluindo um homem de 87 anos e sua mulher, de 81, após o prédio onde moravam ser atingido.

O ataque feriu outras nove pessoas, incluindo um jovem de 15 anos, e provocou incêndios em casas, numa instalação privada de saúde e num gasoduto local, disse o chefe da administração militar regional, Oleksandr Prokudin.

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"Não há feriados para o inimigo", escreveu Andrii Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, nas redes sociais. "Eles [os feriados] não existem para nós enquanto o inimigo matar o nosso povo e permanecer nas nossas terras."

O bombardeio em Kherson atingiu o centro da capital da região de mesmo nome. O ataque ocorreu enquanto a Ucrânia se prepara para celebrar oficialmente o Natal pela primeira vez no dia 25 de dezembro, tendo anteriormente comemorado a data em 7 de janeiro.

A população é majoritariamente cristã ortodoxa - crença também majoritária na Rússia - e a religião segue o calendário juliano.

Alguns ucranianos ortodoxos celebraram o Natal em 25 de dezembro do ano passado, em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022. A Igreja Ortodoxa Russa comemora o nascimento de Jesus em 7 de janeiro.

O Mosteiro das Cavernas, Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Kiev, realizou a celebração de Natal em 7 de janeiro deste ano, mas a cerimônia foi realizada em língua ucraniana pela primeira vez nos 31 anos de independência do país.

O presidente Volodymyr Zelensky assinou legislação em julho, transferindo o feriado para 25 de dezembro, embora uma das duas organizações concorrentes da Igreja Ortodoxa da Ucrânia esteja mantendo a data de janeiro ditada pelo calendário juliano.

Para marcar a véspera de Natal, em 24 de dezembro, Zelensky dirigiu-se à nação em vídeo filmado em frente à iluminada Catedral de Santa Sofia, no centro de Kiev.

Ele garantiu aos ucranianos que lutam contra a invasão que "passo a passo, dia a dia, a escuridão está perdendo".

"Hoje, este é o nosso objetivo comum, o nosso sonho comum. E é precisamente para isso que serve a nossa oração comum hoje. Pela nossa liberdade. Pela nossa vitória. Pela nossa Ucrânia", disse Zelensky.

Mais ataques

Kherson não foi a única região da Ucrânia a ser atacada neste domingo. As forças russas lançaram 15 ataques de drones durante a noite, e 14 drones Shahed, de fabricação iraniana, foram destruídos nas regiões de Mykolaiv, Kirovohrad, Zaporíjia, Dnipro e Khmelnytsky, informou a força aérea ucraniana.

Enquanto isso, duas pessoas ficaram feridas durante bombardeio russo contra 20 cidades e vilarejos na região de Kharkiv, no Norte da Ucrânia, disse o governador Oleh Syniehubov.

Na Rússia, um homem ficou ferido na região de Bryansk depois que uma vila perto da fronteira com a Ucrânia foi atacada, disse o governador da região, Alexander Bogomaz. Fonte: Associated Press

Várias cidades ucranianas foram alvos de ataques de mísseis russos nesta quinta-feira, que deixaram dois mortos em Kherson (sul) e sete feridos em Kiev na queda de destroços, anunciaram as autoridades locais.

"Esta noite, a Rússia lançou um ataque em larga escala contra a Ucrânia", afirmou o vice-chefe do gabinete presidencial ucraniano, Oleksii Kuleba, no Telegram. "Meses difíceis nos aguardam: a Rússia atacará as instalações de energia e de importância crítica do país", acrescentou.

O comandante do exército ucraniano, Valeri Zaluzhni, anunciou que 36 dos 43 mísseis lançados durante a noite contra várias localidades do país foram derrubados.

"O exército russo bombardeou os bairros residenciais de Kherson (...) No momento sabemos de dois civis mortos", escreveu na plataforma Telegram o governador da região, Oleksandr Prokudin. Ele também informou que quatro pessoas foram hospitalizadas.

Os falecidos eram dois homens, de 29 e 41 anos, segundo o governador.

Durante a noite, outras cidades ucranianas foram atingidas por mísseis russos, incluindo a capital Kiev, onde sete pessoas ficaram feridas, informou o prefeito Vitali Klitschko.

As sete pessoas feridas moram no bairro de Darnitskyi. Três foram hospitalizadas.

Em Cherkasy, ao sul de Kiev, sete pessoas ficaram feridas em um ataque de míssil contra um hotel, afirmou o ministro do Interior, Igor Klimenko.

As autoridades locais também relataram ataques nas regiões de Rivne e Lviv, noroeste do país, e em Kharkiv, na região nordeste e próxima da fronteira com a Rússia.

As autoridades ucranianas anunciaram nesta quarta-feira (3) um toque de recolher de 58 horas a partir de sexta-feira (5) à noite em Kherson, perto da frente de batalha no sul do país, no momento em que Kiev finaliza os preparativos para uma contraofensiva ante as forças russas.

De modo paralelo ao anúncio, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, fez uma viagem surpresa à Finlândia, novo membro da Otan, para participar em uma reunião de cúpula de cinco países nórdicos.

Retomada em novembro em uma contraofensiva de sucesso, a cidade de Kherson permanecerá sob toque de recolher "das 20h (14h de Brasília) de 5 de maio até as 6h (0h de Brasília) de 8 de maio", anunciou no Telegram o comandante da administração militar regional, Oleksander Prokudin.

"Durante as 58 horas será proibido caminhar pelas ruas da cidade. Kherson também permanecerá fechada para entrada e saída", acrescentou.

Prokudin justificou as "restrições temporárias" pela "necessidade para que as forças de segurança possam fazer seu trabalho", mas não revelou detalhes.

Recentemente, as autoridades ucranianas afirmaram que estavam concluindo os preparativos para uma contraofensiva com o objetivo de reconquistar os territórios ocupados pela Rússia no leste e sul do país.

As tropas de Moscou ainda ocupam quase 20% da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia, anexada em 2014.

Em meio aos boatos sobre onde começará a ofensiva de Kiev, os analistas apontam que o território do Donbass, onde acontece a violenta batalha de Bakhmut há vários meses, é mais acidentado. Em contraste, as regiões de Kherson e Zaporizhzhia, no sul, são formadas por grandes planícies agrícolas.

Apesar de ter sido libertada em novembro, Kherson ainda é alvo de bombardeios frequentes do exército russo, que está posicionado na outra margem do rio Dnieper, que virou uma fronteira natural entre os dois lados.

Nesta quarta-feira, um ataque russo contra um supermercado da cidade matou três civis e deixou cinco feridos, de acordo com o ministro do Interior, Igor Klimenko.

Na Rússia, um tanque de combustível pegou fogo durante a noite na cidade de Volna, localizada na região de Krasnodar, perto da Crimeia.

"Um tanque com derivados de petróleo sofreu um incêndio na localidade de Volna", disse o governador regional Veniamin Kondratiev. "De acordo com informações preliminares, não houve mortos ou feridos", acrescentou.

Segundo uma fonte dos serviços de emergência citada pela agência oficial TASS, o incêndio foi provocado pela "queda de um drone".

O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia anunciou nesta quarta-feira a detenção de sete integrantes de uma "rede de agentes da inteligência militar ucraniana que planejava executar atos de sabotagens e ataques terroristas na Crimeia".

O FSB informou que apreendeu explosivos e detonadores e indicou que o grupo planejava assassinar líderes políticos, como o governante da Crimeia designado por Moscou, Serguei Aksionov.

O aumento dos ataques e atos de "sabotagem" provoca temores de que ações do tipo possam afetar as comemorações militares do 9 de Maio, dia em que a Rússia celebra a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945.

Várias cidades russas cancelaram as cerimônias programadas tradicionalmente para o "Dia da Vitória".

O grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou, o grande evento do dia, está confirmado.

Ao menos cinco pessoas morreram e 20 ficaram feridas em um bombardeio neste sábado (24) no centro de Kherson, cidade do sul da Ucrânia, o que o presidente Volodimir Zelensky chamou de ato de "terror" russo para "intimidar" os ucranianos.

"Durante a manhã de sábado, véspera de Natal, no centro da cidade. Não são instalações militares. Não é uma guerra com regras definidas. É terror, é matar para intimidar e (ter) prazer", criticou o presidente ucraniano nas redes sociais.

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O chefe adjunto do gabinete da presidência, Kirilo Timoshenko, anunciou o balanço de cinco mortos e 20 feridos no ataque.

"O mundo deve observar e compreender contra o mal absoluto que estamos lutando", afirmou Zelensky, que mais uma vez chamou o exército russo de "terrorista".

"Esta é a verdadeira vida da Ucrânia e dos ucranianos há 10 meses", acrescentou o presidente ucraniano, em uma mensagem acompanhada por fotografias que mostram a dimensão dos danos.

Correspondentes da AFP na cidade ouviram os bombardeios que atingiram o mercado central e ruas próximas. Também observaram ao menos um corpo de vítima fatal dentro de um veículo.

Nas proximidades do mercado, um homem estava gravemente ferido na cabeça e seu carro foi destruído pela explosão. Outras pessoas feridas estavam ao seu redor.

O mercado estava em chamas. O locam, muito movimentado na manhã de sábado, fica no centro de Kherson, cidade que o exército ucraniano recuperou em novembro, durante uma contraofensiva, após oito meses de ocupação russa.

A cidade foi alvo de vários bombardeios russos nas últimas semanas, em particular contra as instalações de energia.

No início da tarde ainda era possível ouvir os bombardeios na cidade.

Kherson, a grande cidade do sul da Ucrânia recentemente recuperada por Kiev, foi bombardeada novamente nesta quinta-feira (15) pelas forças russas, num ataque que matou duas pessoas e deixou a cidade sem energia no auge do inverno.

"O inimigo voltou a atacar o centro da cidade, a 100 metros da administração regional" bombardeada no dia anterior, afirmou o chefe adjunto da administração presidencial ucraniana, Kyrylo Tymoshenko, no Telegram.

O bombardeio deixou "dois mortos", acrescentou.

Pouco depois, o governador regional, Yaroslav Yanushevych, informou que os ataques deixaram a cidade "totalmente sem energia elétrica".

A Rússia lança mísseis e drones contra infraestruturas de energia de Kherson e de outras cidades ucranianas desde outubro.

Milhões de ucranianos agora têm apenas algumas horas de eletricidade por dia, com cortes de água e aquecimento, em meio a temperaturas congelantes.

Libertada pelo exército ucraniano há um mês, a cidade de Kherson tem sido alvo de bombardeios russos quase diários desde então.

- "A situação vai continuar" -

"Temos feridos praticamente todos os dias e mortes praticamente todos os dias. E esta situação vai continuar", afirmou uma autoridade regional, Yuri Sobolevsky, citado nesta quinta-feira pela televisão pública Suspilné.

No dia anterior, um ataque que atingiu a administração regional causou seis feridos, segundo a Promotoria regional.

Na região de Kherson, três civis morreram e 13 ficaram feridos na quarta-feira, informou Tymoshenko no Telegram.

Entre as vítimas está um menino de oito anos que não resistiu aos ferimentos, acrescentou um porta-voz militar da região.

Diante de ataques quase constantes e das difíceis condições de vida em Kherson, as autoridades pedem aos moradores que se retirem da cidade para áreas mais seguras, disse Sobolevsky.

Centenas de pessoas saem da cidade todos os dias, segundo este funcionário.

No total, cerca de 11.000 moradores deixaram Kherson desde o anúncio das evacuações voluntárias pelas autoridades ucranianas, estimou a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk.

"Infelizmente, os bombardeios permanentes impedem que a capital regional recupere totalmente sua vida normal", disse ela. "Veja o que a Rússia está fazendo com Kherson hoje", acrescentou.

Logo após o início da invasão russa em fevereiro, as forças de Moscou ocuparam a cidade - que até então tinha uma população de cerca de 300 mil habitantes - e praticamente toda a região.

Quando o exército ucraniano tomou a cidade das forças russas, essas tiveram que se retirar para a outra margem do rio Dnieper.

Antes de sua retirada, porém, os russos destruíram a infraestrutura dos serviços públicos básicos, segundo as autoridades locais.

No leste da Ucrânia, a situação no front permanece tensa.

Na região de Donetsk, "as direções de Bakhmut e Avdivka continuam sendo o epicentro dos combates", disse o vice-ministro da Defesa ucraniano, Ganna Maliar, nesta quinta-feira.

- Bombardeio "massivo" em Donetsk -

As autoridades separatistas pró-Rússia relataram nesta quinta-feira um bombardeio ucraniano em Donetsk, "o mais massivo desde 2014", ano em que a cidade ficou sob o controle desses rebeldes apoiados por Moscou.

Pelo menos um civil morreu e nove outros ficaram feridos, afirmou Alexei Kulemzin, chefe do governo russo de Donetsk.

No plano internacional, a ONU anunciou ter registrado centenas de execuções sumárias de civis durante os primeiros meses da invasão russa, o que aponta para possíveis "crimes de guerra".

Uma comissão de investigação da ONU registrou 441 execuções sumárias e mortes em três regiões da Ucrânia - Kiev, Chernihiv e Sumi - durante sua ocupação entre o final de fevereiro e o início de abril, informou o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

"Os números reais provavelmente são consideravelmente maiores", acrescentou.

O Parlamento Europeu reconheceu nesta quinta-feira que a fome stalinista que matou milhões na Ucrânia na década de 1930 foi um "genocídio". Moscou rejeita que essa tragédia seja descrita dessa maneira.

"Avancem! Mostrem suas mãos e seus documentos!" Na margem direita do rio Dnieper, perto de Kherson, dois policiais ucranianos apontam suas armas e forçam dois homens a atracar seu barco.

A cena se passa na margem que separa a linha de frente nesta cidade do sul da Ucrânia, libertada há um mês após oito meses de ocupação russa.

O controle policial reflete o clima de desconfiança que prevalece em Kherson, onde as autoridades procuram pessoas que "colaboraram" com os russos ou continuam a fazê-lo.

Os dois homens no barco vieram de uma das ilhas perto da margem esquerda, que é controlada pelos russos, embora soldados russos raramente sejam vistos por lá.

"As saídas só estão autorizadas do porto (de Kherson). Aqui é ilegal", explica à AFP um dos policiais.

No porto há agentes que "verificam se há pessoas envolvidas" na colaboração com os russos, acrescenta.

A operação policial é subitamente interrompida por dois mísseis que caem em ilhotas a cerca de 200 metros da praia.

Os dois homens e os policiais se afastam para se protegerem e o interrogatório recomeça depois.

- "Todos serão punidos" -

Passada a euforia dos primeiros dias de libertação, Kherson vive agora sob estrito controle policial.

Agentes verificam documentos de identidade, interrogam transeuntes e revistam porta-malas de carros nas saídas da cidade e em rondas.

O objetivo é deter "colaboradores".

"Mora aqui, mas não sabe onde fica a bomba de água?", repreende um agente com desconfiança a um habitante, que tem de tirar do bolso um comprovante de residência.

"Algumas dessas pessoas trabalharam aqui por mais de oito meses para o regime russo, e agora temos informações e documentos sobre cada uma delas", comenta à AFP o governador da região de Kherson, Yaroslav Yanushevich.

"Nossa polícia sabe tudo sobre elas e todas serão punidas", acrescenta.

Controles também são feitos na estação ferroviária, onde cinco polícias interrogam quem pretende sair da cidade.

- Denunciar os "traidores" -

Os grandes cartazes de propaganda que exaltavam a Rússia foram substituídos por outros incitando os habitantes a denunciar aqueles que "colaboraram" com os russos.

"Dê-nos informações sobre os traidores", diz uma faixa, com um número de telefone e um QR code.

"A maior parte das informações que recebemos vem da população local (...) Também examinamos as contas nas redes sociais e monitoramos a Internet", explica Andrei Kovanyi, chefe de relações públicas da região de Kherson.

Mais de 130 pessoas já foram detidas por "colaboração" nesta região, segundo o vice-ministro ucraniano do Interior, Yevhen Yenin.

Muitos vizinhos com quem a AFP conversou se disseram a favor dessa política.

"É sempre bom ajudar a encontrar um colaborador ou um traidor. Temos que ajudar nossas Forças Armadas a capturar pessoas que trabalharam para a Rússia", diz Pavel, de 40 anos.

Outro vizinho, Viacheslav, de 47 anos, garante que "todos os colaboradores já fugiram para a outra margem" do rio Dnieper. "Aqui somos todos patriotas!", exclama.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, visitou nesta segunda-feira (14) a cidade de Kherson, no sul do país, três dias depois da reconquista da localidade e apesar da declaração do Kremlin de que a área pertence à Rússia.

"A Rússia demonstrou ao mundo que pode matar, mas todos nós, nossas Forças Armadas, nossa Guarda Nacional e os serviços de inteligência demonstraram que é impossível matar a Ucrânia", afirmou Zelensky em um comunicado divulgado da presidência ucraniana.

Com a mão no peito, assim como outros funcionários civis e militares presentes, ele cantou o hino nacional enquanto a bandeira ucraniana era hasteada diante do edifício da administração regional, no centro de Kherson.

"É importante estar aqui (...) para que as pessoas possam sentir que não são apenas palavras e promessas, e sim que realmente voltamos e hasteamos nossa bandeira", afirmou Zelensky em um vídeo divulgado nas redes sociais.

"Nossos inimigos perecerão, como o orvalho ao sol, e nós também, irmãos, governaremos em nosso país. Por nossa liberdade, daremos nossas almas e nossos corpos", gritaram.

De acordo com as fotos publicadas no Telegram, Zelensky também caminhou pelas ruas da cidade, com trajes militares, cercado por seguranças armados, mas sem capacete ou colete à prova de balas.

Muitas pessoas, algumas com bandeiras ucranianas, esperavam pelo presidente.

"Glória à Ucrânia!", gritaram moradores em um edifício. "Glória aos heróis!", responderam o presidente e os seguranças, como determina a tradição.

As tropas russas abandonaram Kherson na semana passada, após oito meses de ocupação, deixando o caminho livre para que os soldados ucranianos entrassem na cidade na sexta-feira.

O Kremlin, no entanto, insiste que a capital da região de mesmo nome, que teve a anexação anunciada por Moscou em setembro, ainda pertence à Rússia, apesar da saída de suas tropas.

"Não vamos fazer nenhum comentário, vocês sabem bem que é território da Federação Russa", respondeu o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov, ao ser questionado sobre a viagem de Zelensky.

Kherson foi a primeira grande cidade que caiu sob controle russo após a invasão, no fim de fevereiro.

A retirada forçada das tropas de Moscou devido à contraofensiva ucraniana representa um novo revés para Vladimir Putin.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, advertiu nesta segunda-feira que os "próximos meses serão difíceis" para a Ucrânia e que o objetivo do presidente russo Vladimir Putin é "deixar a Ucrânia no frio e escuro durante o inverno".

- "Atrocidades" -

Zelensky acusou no domingo as forças russas por "atrocidades" em Kherson e disse que até o momento foram documentados 400 "crimes de guerra", sem especificar se falava apenas desta região.

Em Kherson, vários moradores relataram à AFP os meses de ocupação russa e alguns atos de resistência para mostrar o repúdio à anexação pela Rússia.

Volodymyr Timor, um jovem de 19 anos, passou meses com os amigos analisando os movimentos dos soldados russos nas ruas da cidade e repassando as informações ao exército ucraniano.

"Informávamos tudo: onde estava o equipamento, onde armazenavam a munição, onde dormiam, para onde seguiam para beber algo", disse à AFP o jovem, que queria ser músico antes da guerra.

Na região de Luhansk, o exército ucraniano retomou a localidade de Makiivka, a 50 km da cidade estratégica de Severonetsk, controlada pela Rússia, informou a presidência ucraniana.

No total, 12 localidades da região voltaram ao controle ucraniano, segundo o governador Serguei Gaidai.

O exército russo afirmou nesta segunda-feira que tomou o controle de Pavlivka, uma cidade no leste da Ucrânia, uma vitória para Moscou após semanas de recuos e retiradas.

A Rússia afirmou nesta sexta-feira (11) que concluiu a retirada de suas tropas da margem oeste do rio Dnieper, depois que Moscou anunciou que tomou a "difícil decisão" de um recuo.

"Hoje, às 5H00 de Moscou (23H00 de Brasília, quinta-feira), foi concluída a transferência das tropas russas para a margem esquerda do rio Dnieper", afirmou o ministério da Defesa da Rússia nas redes sociais.

A retirada é vista como um grave revés para o presidente russo, Vladimir Putin, que reivindicou no final de setembro, durante uma cerimônia com grande pompa no Kremlin, a anexação de quatro regiões ucranianas, incluindo Kherson (sul).

Putin prometeu defender "por todos os meios" o que considera territórios russos, ameaçando nas entrelinhas recorrer a armas nucleares.

Mas diante da contraofensiva ucraniana lançada no final do verão, o exército russo anunciou na quarta-feira que estava deixando a parte norte da região de Kherson, incluindo sua capital de msemo nome, localizada na margem direita do Dnieper, para consolidar posições do outro lado desta barreira.

Para Kiev, a retirada é uma "vitória importante" e prova que "não importa o que a Rússia faça, a Ucrânia vencerá", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter nesta sexta-feira.

No entanto, o Kremlin assegurou que, apesar da retirada do exército russo daquele território, a Rússia continua considerando que toda a zona sul pertence ao país.

- "Nenhuma mudança" -

A região de Kherson "é uma questão da Federação Russa", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Não pode haver nenhuma mudança", acrescentou ele, no primeiro comentário da Presidência russa sobre a retirada anunciada na quarta-feira.

Peskov acrescentou que a Presidência russa "não lamenta" a grande cerimônia realizada para a anexação.

O porta-voz se recusou a comentar mais sobre a retirada, a segunda maior após a de setembro da região de Kharkiv, no nordeste, diante da avassaladora contraofensiva ucraniana.

Putin então ordenou a mobilização de 300.000 reservistas para consolidar as linhas e recuperar a iniciativa no terreno. Dezenas de milhares de membros desse contingente já estão em zonas de combate.

A agência de notícias russa Ria Novosti divulgou imagens filmadas à noite de veículos militares russos deixando Kherson pela ponte Antonovski sobre o rio Dnieper.

Vários correspondentes russos relataram que a ponte foi destruída mais tarde, sem especificar quem o fez. Imagens publicadas nas redes sociais mostram a infraestrutura destruída.

A Ucrânia reivindicou na quinta-feira a recuperação de uma dúzia de cidades no norte da região de Kherson, na margem direita do rio.

O Estado-Maior ucraniano afirmou na manhã de sexta-feira que sua ofensiva "continua" e que comunicará seus resultados "mais tarde".

A Ucrânia foi cautelosa quanto à retirada das tropas russas de Kherson, temendo uma manobra de Putin, ou que o exército russo tivesse minado toda a área para dificultar ao máximo o retorno das forças ucranianas.

- Resposta cínica -

Ao mesmo tempo, a Rússia continuou bombardeando a Ucrânia. Seus últimos ataques destruíram grande parte da infraestrutura de energia de seu vizinho, deixando várias partes do país sem energia, incluindo a capital Kiev.

Na noite de quinta-feira, pelo menos sete pessoas morreram em um ataque com mísseis a um prédio residencial na cidade de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, disseram autoridades regionais nesta sexta.

O chefe da administração regional, Vitalii Kim, denunciou no Telegram, "uma resposta cínica do Estado terrorista aos nossos sucessos nas linhas de frente".

Uma jornalista da AFP viu o prédio destruído e equipes de resgate procurando vítimas sob os escombros.

Os combates também continuam na frente leste, especialmente em Bakhmut, cidade que Moscou tenta conquistar há meses e é o principal campo de batalha onde o Exército russo, apoiado por homens do grupo paramilitar Wagner, continua na ofensiva.

Segundo a Presidência ucraniana, 14 civis morreram na quinta-feira, oito na região leste de Donetsk e seis em Mykolaiv.

Cada vez mais isolado, Putin não participará da cúpula do G20 na Indonésia na próxima semana. O Kremlin afirmou nesta sexta-feira que sua agenda não permite que ele faça a viagem.

Um dia após as tropas russas receberem ordens para sair de Kherson, no sul da Ucrânia, as tropas de Kiev recapturaram 12 vilarejos a caminho da cidade. Apesar de ser o mais significativo recuo da Rússia desde o início do conflito, as Forças Armadas ucranianas consideram a hipótese de se tratar de uma armadilha prévia a um contra-ataque. Kherson é um importante ativo estratégico para a Rússia, por ligar a Crimeia ao Rio Dnieper e à região de Odessa. Sua retomada, caso confirmada, seria um duro revés para os planos de Vladimir Putin na Ucrânia.

Autoridades ucranianas temem que o anúncio de retirada seja destinado a atrair suas forças para um combate urbano, embora reconheçam que uma saída russa era necessária após ataques destruírem as rotas de suprimentos da cidade.

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O comando militar sul ucraniano disse ontem em um comunicado que suas forças estavam enfrentando minas e bloqueios de estradas colocados pelas forças russas. Houve explosões em toda a região durante a noite, com os militares ucranianos dizendo que atingiram um posto de comando russo, uma coluna de equipamentos militares e depósitos de munição.

Minas

Mikhailo Podoliak, conselheiro sênior do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse no Twitter que as forças russas colocaram minas em tudo o que podiam na cidade de Kherson, incluindo apartamentos e esgotos. Os ucranianos alertaram há dias que os soldados russos na cidade estavam vestindo roupas civis, se mudando para casas e fortificando posições fora da cidade.

Arkadiy Dovzhenko, que fugiu de Kherson em junho, disse que seus avós lhe disseram que "os russos estavam trazendo muitos equipamentos para a cidade e também colocando minas em cada centímetro dela".

A captura da cidade de Kherson, em 2 de março, foi um dos primeiros ganhos da Rússia na guerra, poucos dias depois de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro. A intenção de Moscou era usar a região como uma ponte terrestre da Rússia até a cidade de Odessa, onde se encontra um dos principais portos do Mar Negro. A ideia não se concretizou nos oito meses de guerra, e uma forte contraofensiva ucraniana no leste e no sul por meses vinha ameaçando o controle russo da região.

Revés

Com a retirada, os russos serão empurrados para a margem oeste do Rio Dnieper e perderão um dos principais acessos à Crimeia, que a Rússia anexou em 2014. A perda de Kherson, onde outdoors proclamavam que "a Rússia está aqui para sempre", representa um dos piores reveses da guerra para o presidente russo, Vladimir Putin. Há pouco mais de um mês, ele subiu ao palanque na Praça Vermelha em Moscou para declarar Kherson e três outras regiões da Ucrânia parte da nação russa. O anúncio de anexação ilegal de partes da Ucrânia foi condenada em todo o mundo.

Recuperar a cidade, cuja população pré-guerra era de 280 mil habitantes, poderia fornecer à Ucrânia uma plataforma de envio de suprimentos e tropas para tentar reconquistar outros territórios perdidos no sul, incluindo a Crimeia.

Pressão

Putin já enfrenta uma forte pressão interna por reveses anteriores de suas forças, que perderam regiões estratégicas do nordeste e do leste da Ucrânia, como Kharkiv e partes do Donbas. Putin ainda não comentou a retirada, mas seus aliados correram para defendê-la como algo difícil, mas necessário.

O temor ucraniano, no entanto, é a retirada ser falsa. Analistas militares disseram acreditar que a Rússia tentaria manter posições defensivas perto das margens do Rio Dnieper para proteger sua rota de retirada. Com apenas uma estrada principal sobre uma represa ao norte da cidade deixada para os russos, eles contam com uma série de balsas e pontes de madeira para atravessar o rio.

Alexander Khara, do Centro de Estratégias de Defesa, com sede em Kiev, disse que continua temeroso de que as forças russas possam destruir uma barragem rio acima de Kherson e inundar as proximidades da cidade. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Ucrânia acusou nesta segunda (7) a Rússia de saquear casas vazias na cidade de Kherson, no sul do país, e ocupá-las com soldados em trajes, em preparação para os combates de rua cada vez mais próximos.

Ontem, autoridades da Rússia anunciaram o fim da retirada organizada de civis de Kherson e avisaram os que ficaram que, a partir de agora, terão de fugir por conta própria.

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Kherson é uma das quatro regiões ucranianas anexadas ilegalmente pela Rússia em setembro - juntamente com Donetsk, Luhansk e Zaporizhzia, que correspondem a 18% do território da Ucrânia. Nas últimas semanas, no entanto, uma contraofensiva ucraniana vem reconquistando áreas ocupadas e ameaçando posições russas.

A região de Kherson é estratégica para o domínio da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Sem a província, os russos dependeriam quase que exclusivamente da Ponte de Kerch para levar suprimentos à península.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A energia elétrica retornou à cidade de Kherson, no sul da Ucrânia e controlada pelas tropas russas, após dois dias de apagão, anunciou nesta terça-feira um os principais nomes do governo de ocupação, Kirill Stremousov.

A cidade ucraniana, sob controle da Rússia praticamente desde o início da ofensiva (que começou em fevereiro), ficou sem abastecimento de água e energia elétrica no domingo, após bombardeios que provocaram uma troca de acusações entre Moscou e Kiev.

Os ataques também provocaram danos na represa hidrelétrica de Kajovka, controlada pelas forças russas e que fornece energia à península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

"Há energia elétrica, apesar dos atos de sabotagem e atentados", afirmou Stremousov no Telegram, sem revelar mais detalhes.

Ao mesmo tempo, o Serviço Federal de Segurança (FSB) anunciou nesta terça-feira a detenção de nove integrantes de um "grupo de espionagem e sabotagem" das forças ucranianas.

Em um comunicado, o FSB acusa os detidos de planejarem ataques contra altos funcionários da administração da ocupação na região de Kherson.

Durante a operação, os agentes apreenderam granadas, munições e um carro-bomba, segundo o FSB, que anunciou uma investigação por "ato de terrorismo internacional".

Kherson é a principal cidade ucraniana tomada pelas forças de Moscou desde o início da invasão.

Há várias semanas as forças ucranianas organizam na região de mesmo nome uma contraofensiva que permitiu recuperar território ao norte da cidade.

Nos últimos meses foram registrados vários ataques, alguns fatais, contra autoridades da ocupação russa.

A Rússia anunciou uma "retirada" de milhares de civis da região, uma manobra que a Ucrânia chama de "deportação".

A Rússia anunciou nesta sexta-feira (28) que concluiu a retirada de civis da região ucraniana ocupada de Kherson ante o avanço das tropas de Kiev, uma operação considerada pela Ucrânia como uma "deportação" da população.

O Exército ucraniano se prepara para uma batalha feroz para tentar recuperar Kherson e as áreas ao redor desta cidade, que antes da guerra tinha cerca de 288.000 habitantes.

A cidade está ocupada pela Rússia desde os primeiros dias da guerra. Suas autoridades prometeram transformá-la em uma "fortaleza" para resistir à ofensiva ucraniana nesta região, a qual o Kremlin afirma ter sido anexada.

Desde 13 de outubro, as autoridades russas de ocupação em Kherson estimulam a transferência da população para o lado menos exposto do rio Dnieper, em meio ao avanço dos ucranianos. E, nesta sexta-feira, anunciaram que a transferência foi concluída.

"O trabalho de organizar a saída dos moradores (...) para regiões seguras na Rússia terminou", disse Sergei Aksionov, líder da Crimeia, península vizinha de Kherson, anexada por Moscou em 2014.

"Fico feliz que aqueles que queriam deixar com rapidez e segurança o território bombardeado pelos ucranianos tenham conseguido fazê-lo", afirmou Askinov no Telegram, ao publicar uma foto ao lado do diretor adjunto da administração presidencial russa, Seguei Kiriyenko.

Na quarta-feira (26), um funcionário responsável pela ocupação russa de Kherson, Vladimir Saldo, informou que pelo menos 70.000 moradores conseguiram deixar suas casas na área em menos de uma semana.

Já o comando militar ucraniano relatou nesta sexta-feira, em seu relatório diário das últimas 24 horas, que "continua a chamada 'evacuação' do território temporariamente ocupado de Kherson".

- Baixas chechenas -

Uma indicação da intensidade dos combates é que o líder da república russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov, cujas forças estão lutando na Ucrânia, anunciou a morte de 23 de seus soldados em um bombardeio ucraniano que deixou 58 feridos.

Kadyrov defende uma linha "dura" contra a Ucrânia, pede ataques nucleares e alega que suas tropas estão travando uma guerra santa contra "satânicos".

Enquanto isso, nas linhas de frente, as autoridades ucranianas denunciaram que o bombardeio russo danificou dois prédios residenciais e uma padaria em Mykolaiv, no sul, deixando um ferido.

No leste, na região de Donetsk, cinco pessoas morreram, e nove ficaram feridas nas últimas 24 horas, especialmente na cidade de Bakhmut, disse o governador ucraniano, Pavlo Kirilenko, referindo-se a outro ponto-chave que as forças russas tentam tomar desde meados do ano.

Enquanto isso, Aksionov e Kiriyenko anunciaram que visitaram a central nuclear de Zaporizhzhia na quinta-feira (27). Maior da Europa, essa infraestrutura está sob ocupação russa desde março.

Há meses, Moscou e Kiev trocam acusações sobre bombardeios às instalações da usina, uma área que fica em uma das quatro regiões ucranianas reivindicadas pela Rússia como territórios anexados.

Nas últimas semanas, a Rússia multiplicou os bombardeios contra as infraestruturas energéticas ucranianas, o que provocou um racionamento de energia elétrica em grande parte do país.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusa a Ucrânia de preparar um ataque com uma "bomba suja" com resíduos radioativos. Kiev e seus aliados no Ocidente classificam as acusações como "absurdas" e alertam que podem servir de pretexto para Moscou escalar o conflito.

Em um discurso em um fórum político na quinta-feira, Putin pediu à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que envie uma missão à Ucrânia "o mais rápido possível".

Este órgão de controle nuclear da ONU respondeu que realizará "uma verificação independente".

Putin afirmou ainda que o mundo está entrando na "década mais perigosa, imprevisível e, ao mesmo tempo, importante desde o fim da Segunda Guerra Mundial", descrevendo o conflito na Ucrânia como uma luta global contra a hegemonia ocidental.

Forças da Ucrânia afirmam ter atacado outra base na cidade de Kherson, que foi ocupada por russos, num momento em que líderes da Turquia e da Organização das Nações Unidas (ONU) se preparam para se reunir com o presidente ucraniano, Volodymyr ZelenskI, para discutir embarques de alimentos a partir da Ucrânia e a situação cada vez mais tensa na usina nuclear de Zaporizhzhia.

Militares ucranianos disseram nesta quinta-feira (18) que atacaram com foguetes um depósito de munições no vilarejo de Bilohirka, perto da linha de batalha na região de Kherson. O ataque é o último de uma série que tem como objetivo prejudicar operações de logística dos russos no sul da Ucrânia.

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A ofensiva vem num momento em que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, se preparam para reuniões hoje, na cidade ucraniana de Lviv, sobre um acordo que Ancara mediou com a organização para suspender um bloqueio naval da Rússia a exportações ucranianas, que gerou escassez de alimentos no Oriente Médio e na África. Quatro navios carregados de produtos alimentícios partiram de portos ucranianos na quarta-feira (17) como parte do acordo, segundo autoridades turcas.

Espera-se também que Guterres discuta com ZelenskI o impasse na usina nuclear de Zaporizhzhia. Explosões no local e ao redor da usina, que está sob controle russo, deixaram um reator inativo, feriram ao menos um funcionário e geraram temores de que ocorra uma nova catástrofe nuclear, como o colapso da usina nuclear de Chernobyl, em 1986.

A Rússia se comprometeu a permitir o acesso de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) à usina de Zaporizhzhia, contanto que eles cheguem ao local via território controlado por Moscou e não através de Kiev, proposta que a Ucrânia rejeita. Fonte: Dow Jones Newswires.

Um manifestante pró-Ucrânia subiu em um veículo blindado (tanque) neste sábado (5), durante um protesto em Kherson. O vídeo foi gravado pelo jogador de futsal de Caruaru, no Agreste pernambucano, Ewerton Florêncio, que está na Ucrânia e publicou o momento nas suas redes sociais. O jogador informou que o veículo é um tanque de guerra russo. Ele ainda fotografou uma quadra onde jogou amistosos e que foi bombardeada por soldados russos. 

O jogador contou ao G1 que o os civis ucranianos foram às ruas gritar o nome do país. “Alguns militares russos atiraram para cima, tentando assustar, mas o protesto, pelo o que a gente ficou sabendo, foi pacífico, não teve confronto. Só um cidadão [pró-Ucrânia] que subiu em um tanque de guerra com um russo dentro, que estava pilotando”, disse. 

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Kherson é uma cidade portuária com estaleiros, na foz do rio Dneiper, próximo ao Mar Negro. A cidade fica a cerca de 100 quilômetros da Crimeia, região ucraniana que foi bombardeada pelos russos em 2014. O local foi tomado pelos russos, sendo uma das principais vitórias da Rússia até então na invasão da Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro.

Tropas russas desembarcaram nesta quarta-feira (2) em Kharkiv (leste), a segunda maior cidade ucraniana, e anunciaram que tomaram o controle de Kherson (sul), no sétimo dia da invasão ordenada por Vladimir Putin, que foi chamado por Joe Biden de "ditador" e vê seu país como alvo de fortes sanções por parte do Ocidente.

"Tropas aéreas russas desembarcaram em Kharkiv e atacaram um hospital", informou o exército ucraniano em um comunicado divulgado no Telegram.

"Há um combate em curso entre os invasores e os ucranianos", acrescenta a nota.

A cidade do leste do país, de 1,4 milhão de habitantes, próxima da fronteira e com uma grande população de língua russa, foi alvo de bombardeios na terça-feira (1º) que deixaram vítimas civis, no que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky descreveu como "crimes de guerra".

"Praticamente não restam áreas em Kharkiv que não foram atingidas por projéteis de artilharia", afirmou um assessor do ministério do Interior, Anton Gerashchenko.

No sul, o exército russo reivindicou a tomada de Kherson, cidade de 290.000 habitantes na foz do rio Dnieper, no Mar Negro, que já estava cercada.

A ofensiva, que desde o início há sete dias provocou centenas de vítimas civis, provocou uma onda de sanções contra a Rússia em todas as frentes - financeira, esportiva, cultural ou empresarial -, o que abalou a economia do país mas não provocou o recuo do presidente Vladimir Putin.

"Um ditador russo, que invade um país estrangeiro, tem custos para todo o mundo", afirmou o presidente americano Joe Biden em seu primeiro discurso sobre o Estado da União, que abordou o conflito na Ucrânia.

O presidente democrata afirmou que Putin errou ao subestimar a resposta do Ocidente a sua invasão e que agora "está mais isolado do que nunca esteve".

Também anunciou que proibirá aviões russos no espaço aéreo americano e a criação de uma unidade especial para investigar os oligarcas russos, que segundo ele "ficarão sem seus iates, apartamentos de luxo e aviões privados".

Apesar de sau crítica ao que chamou de agressão "premeditada e totalmente não provocada", Biden insistiu que não enviará tropas à Ucrânia.

- Temor em Kiev -

Na capital ucraniana, Kiev, um ataque na terça-feira atingiu a torre de televisão e deixou cinco mortos e cinco feridos. As autoridades locais temem uma grande ofensiva após a divulgação de imagens de satélites de um comboio russo de mais de 60 quilômetros comprimento ao norte da cidade.

O presidente Zelensky, acusou Moscou de querer "apagar" seu país e sua história.

"Eles têm a ordem de apagar nossa história, apagar nosso país, apagar todos nós", afirmou em um vídeo, no qual pediu aos países que não permaneçam neutros no conflito.

Também fez um apelo aos judeus do mundo para que "não permaneçam em silêncio", após o ataque russo de terça-feira contra a torre de televisão de Kiev, construída no local de um massacre do Holocausto.

"Estou falando agora aos judeus do mundo inteiro. Não veem o que está acontecendo? É por isto que é muito importante que os judeus do mundo inteiro não permaneçam em silêncio agora", afirmou Zelensky.

O presidente ucraniano reclamou que, durante a era soviética, as autoridades construíram a torre de televisão e um complexo esportivo em um "local especial da Europa, um lugar de oração e memória".

Na ravina de Babi Yar foram massacrados 30.000 judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

"O nazismo nasce do silêncio. Então saiam e gritem sobre os assassinatos de civis. Gritem sobre os assassinatos de ucranianos", afirmou Zelensky.

A imprensa ucraniana informou novas explosões durante a noite na capital e em Bila Tserkva, 80 km ao sul. Além disso, o serviço de emergências informou sobre um bombardeio em áreas residenciais de Yitomir (266.000 habitantes), ao oeste de Kiev, com dois mortos e três feridos.

No sul, além de reivindicar o controle de Kherson, o exército russo afirmou que na terça-feira conseguiu estabelecer contato entre as tropas que avançam da anexada península da Crimeia e as milícias dos separatistas pró-Rússia da região de Donbass, uma informação que não foi possível confirmar, mas que representaria uma conquista estratégica para suas forças.

No meio dos dois territórios resiste a cidade portuária de Mariupol, que ficou sem energia elétrica após bombardeios que, segundo o prefeito, deixaram mais de 100 feridos.

Para Kiev, um novo perigo se aproxima do norte, em Belarus, aliada de Moscou, que ordenou a mobilização de tropas adicionais na fronteira com a Ucrânia. Segundo o ministério da Defesa ucraniano, estas tropas poderia "respaldar no futuro os invasores russos".

A Ucrânia denunciou a Rússia na Corte Internacional de Justiça, que convocou audiências em 7 e 8 de março para estudar as alegações de Kiev de supostos crimes de guerra. De acordo com as autoridades ucranianas, mais de 350 civis morreram no conflito, incluindo 14 crianças.

Mais de 670.000 pessoas fugiram e um milhão de moradores viraram deslocados dentro da Ucrânia, segundo a ONU, que pediu a arrecadação de 1,7 bilhão de dólares de forma urgente por considerar que nos próximos meses 16 milhões de pessoas precisarão de ajuda na Ucrânia e nos países vizinhos.

- Sanções de todo tipo -

Submetida a vetos em eventos esportivos, boicotes e sanções de todo tipo, a Rússia defende sua ofensiva como um movimento para proteger a população dos territórios rebeldes pró-Moscou do leste da Ucrânia e derrubar o governo pró-Ocidente de Kiev.

União Europeia, Estados Unidos e países aliados adotaram um arsenal sem precedentes de medidas contra Moscou: fechamento do espaço aéreo a suas aeronaves, exclusão do sistema financeiro internacional Swift, congelamento de ativos, restrições comerciais, entre outras.

Devido às medidas, o principal banco russo, o Sberbank, anunciou a saída do mercado europeu e afirmou que suas filiais enfrentam "saídas irregulares de fundos e ameaças à segurança de seus funcionários e agências".

As sanções também afetam o mundo do esporte, a cultura e as empresas.

Entre as últimas empresas que anunciaram o afastamento do mercado russo estão a Apple, as petroleiras ExxonMobil e Eni e a gigante da aviação Boeing, que suspendeu os serviços de apoio às companhias aéreas russas.

Mas o presidente Zelensky pediu mais aos países ocidentais. Em uma ligação para Biden, ele destacou a necessidade de frear o mais rápido possível a invasão e voltou a pedir à União Europeia que aceite a adesão imediata da Ucrânia.

A crise provocou uma forte desvalorização do rublo e quedas das Bolsas russas, assim como a disparada dos preços do petróleo, com o barril de Brent e de WTI acima dos 110 dólares.

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