Tópicos | Maniçoba

O cheiro de patchouli e das ervas aromáticas que são tão procuradas no Ver-o-Peso se espalha pelo ar de Belém, mas ninguém pode negar que o cheiro pronunciado das folhas de maniva sendo cozidas ao longo de uma semana, se tornando a espécie de feijoada paraense - que é aromatizada com os embutidos do porco e toda a sorte de temperos deliciosos - é o mais desejado por todos. Maniçoba é nome dado a essa iguaria da cozinha amazônica e especialmente do Pará, originária na folha da mandioca, a maniva, que é fervida e cozinhada por vários dias em fogo baixo com peixe, conforme a tradição indígena. 

Os portugueses e outros povos que se mesclaram ao povo paraense foram adicionando itens refogados ou fritos, como o toucinho, calabresa e outras carnes. Independente de como é feita ou o que leva, maniçoba vem a ser um símbolo do amor pelo Pará e de afeto entre os paraenses, que preparam o prato como uma forma de celebrar o domingo do Círio - quando uma das maiores procissões religiosas do mundo ocorre - em família, à mesa.

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"Para mim, maniçoba tem gosto de lar e o segredo é justamente o amor. Minha mãe pega o que aprendeu com a mãe dela, dona Maria de Belém, lá na Vila de Condeixa no município de Soure, na ilha do Marajó. À receita de vó ela foi agregando um gosto próprio, que sempre faz sucesso entre os nossos parentes e amigos, independente de ser época de círio", narra o garçom Igor Oliveira Gomes, que durante a semana trabalha em um dos restaurantes do complexo da Estação das Docas servindo, para aos finais de semana prestigiar a comida da mãe. Ele apresenta Eliana Laura Oliveira Gomes e pergunta a ela qual o segredo da maniçoba: "Segredo eu não posso compartilhar, mas tem uma dica preciosa que é nunca deixar a água secar. Trocar de quando em quando e não colocar sal, pois a maniçoba salga com a linguiça, o paio, o bucho, o bacon, o toucinho e o charque que eu fervo, lavo, dessalgo e vou acrescentando pra cozinhar junto", explica a cozinheira.

Feliz por receber entre 20 e 30 pessoas para comer a sua maniçoba, Eliana conta que sempre trabalhou com alimentação e que desconhece atividade que seja mais prazerosa do que alimentar as pessoas e vê-las satisfeitas com sua comida. "Eu comecei vendendo salgados lá na frente do Tribunal do Trabalho, com o passar dos anos abri uma banca de comida pois a procura era grande, inclusive tem juiz, desembargador e outros servidores de lá que já provaram e costumam encomendar minha maniçoba", acrescenta a matriarca, que além de faturar um dinheiro extra vendendo maniçoba congelada também comercializa patos, ingrediente indispensável de outro prato bem procurado durante o círio - o pato no tucupi.

Na cozinha, mexendo as panelas com maniçoba que já passou por oito dias de preparo, ela recebe o carinho do esposo Francisco, também marajoara, que prepara uma salva, típica cachaça feita a base de raízes. Ele conta que Igor chora por causa da maniçoba e que Eliana volta e meia faz especialmente para ele, em qualquer época do ano. Quando perguntada se já gastou mais de um botijão de gás preparando os 6 quilos de maniçoba para o Círio, Eliana sorri e faz um gesto apontando para o fogão. "Ah, já estou no segundo, mas não gastei o primeiro cozinhando ela não, já estava na metade. Para cozinhar os seis, sete quilos de maniçoba que faço em todo o Círio eu deixo em fogo baixo, acrescento um bocadinho de água toda a noite e quando vou dormir, desligo e ligo bem cedo o fogão", ensina. 

Igor observa Eliana avisar que a maniçoba está pronta e se apressa em colocar os pratos na mesa, preparar a farofa, colocar o arroz em travessas e separar o caranguejo society, outra especialidade culinária da mãe - sendo a massa do caranguejo com farofa e vinagrete - para a refeição. "Todo mundo fica na expectativa grande para comer a maniçoba dela, então quando o dia chega é uma alegria, realmente um momento de confraternização", acrescenta o garçom, rindo e abraçando a mãe enquanto ela traz a primeira panela para a mesa. Para quem ficou com água na boca, Eliana avisa que sempre tem um prato de maniçoba sobrando e que ainda oferece uma 'quentinha' para cada convidado levar para casa e continuar saboreando seu presente culinário, feito com todo o amor e carinho.

Por Lorenna Montenegro.

 

Se é verdade que o clã dos Novaes, que trava uma disputa antiga com a família Ferraz, no interior pernambucano, mais precisamente no município de Floresta, perdeu uma “batalha” em referência a então prefeita Rorró Maniçoba não ter conseguido eleger o candidato que apoiou na eleição para prefeito da cidade sertaneja no ano passado, não menos verdade é que os Novaes tem somado forças ao longo dos anos. 

Para começar, um dos grandes feitos da família, com o apoio de Rorró, foi ingressar membros da família na política. Na nova geração, destaque para o deputado federal licenciado Kaio Maniçoba (PMDB), filho de Rorró. O recifense não chama atenção apenas pela desenvoltura que vem obtendo, apesar da pouca idade, como também por ele ter conseguido um feito no provável longo futuro na política: aos 31 anos, em 2014, foi o primeiro parlamentar do Sertão de Itaparica com representação em Brasília. Para se ter uma ideia, Kaio conseguiu uma conquista desejável entre os políticos: disputou e venceu a vaga para deputado federal em seu primeiro cargo eletivo sem mesmo passar por mandatos de vereador e deputado estadual desbancando até mesmo parlamentares experientes. 

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Kaio, em meados deste ano, conseguiu mais uma conquista que deve dar ainda mais força à família, principalmente, quando se trata da disputa eleitoral de 2018. Ele recebeu o convite do governador Paulo Câmara (PSB) para assumir um sonho de políticos experientes e de antigos aliados: compor o secretariado do pessebista, no caso de Kaio a proposta de assumir o posto de secretário de Habitação de Pernambuco, uma das pastas mais disputadas do governo, o que sem dúvida aumentou o seu poder, mas também a vaidade alheia. 

No discurso de posse, em julho passado, Maniçoba fez um discurso com promessas já esperadas: “trazer coisas novas, novos pensamentos e novos ares”, disse. Como a vantagem de possuir um mandato federal, do qual se licenciou, ele chegou a dizer que iria aproveitar sua influência “para fazer a ponte em Brasília” com o objetivo de ajudar as famílias pernambucanas, apesar das dificuldades e déficit habitacional que o estado enfrenta. 

Sem esquecer Floresta

Além do cargo recente assumido, possivelmente pensando no futuro próximo, o secretário estadual continua mantendo os laços com Floresta. Há pouco, fez questão de comemorar o seu aniversário na cidade sertaneja, durante um evento realizado em praça pública. “Pude sentir a vibração positiva do meu povo. Mais de 10 mil pessoas celebrando junto com a minha família. Foi uma surpresa boa e momento de muita emoção para mim. Agradeço de coração a todos que estiveram presentes, pois tenho certeza que esse encontro diz muito sobre o futuro”, deixou o recado em mensagem na sua página do Facebook. 

Sempre presente na cidade, recentemente, o secretário conseguiu ajuda do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), para a construção de uma quadra poliesportiva no Instituto Federal. Semana passada, Kaio esteve em Floresta com o auxiliar ministerial de Michel Temer (PMDB) para um evento onde foi assinada a ordem de serviço para o início das obras. “A quadra é uma necessidade da instituição e vai ser mais um instrumento para melhoria da oferta dos serviços que toda a região já reconhece como de excelente qualidade. Esse é um pedido que fiz pessoalmente ao ministro”, disse sem modéstia. 

Novaes na Alepe

Um pouco menos em evidência no cenário político atual, o deputado estadual Rodrigo Novaes (PSD) também vem construindo o seu currículo. Ele, que é fundador e vice-presidente estadual do Partido Social Democrático (PSD), é filho de Vital Novaes, que foi deputado estadual durante seis mandatos consecutivos. 

Formado em advocacia, Rodrigo também decidiu seguir a trajetória política. Em 2008, foi eleito vice-prefeito de Floresta. Dois anos depois, foi eleito deputado estadual. No seu perfil do Facebook, ele destaca que é um “defensor intransigente do desenvolvimento do sertão e da valorização da família”. Também garante que faz política “com amor e dedicação”. 

Nos bastidores, comenta-se que o deputado tem intensificado sua caminhada no sertão já preparando o campo para 2018. 

O futuro de Rorró Maniçoba

Após comentários de que Rorró Maniçoba poderia disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no ano de 2018, a ex-prefeita de Floresta por dois mandatos [2008 a 2016] desmentiu. Em entrevista ao LeiaJá, em meados deste ano, ela descartou essa possibilidade.

Rorró, no entanto, foi direta ao falar que vai continuar na política ajudando Kaio, Rodrigo e o governador Paulo Câmara (PSB) ressaltando que todos compõem o mesmo grupo. “Ajudar Kaio e o nosso governador (...) eu tenho o eu candidato que é Rodrigo Novaes, primo do meu marido. Nós somos um grupo”, foi categórica em referência a disputa do próximo ano. 

Na posse de Kaio, na Secretaria Estadual de Habitação, o próprio governador fez um elogio diretamente para ela afirmando que Rorró “foi uma grande prefeita” e que “Kaio trazia no DNA o compromisso de trabalhar”. 

Apesar das palavras de Paulo Câmara, no início deste ano, o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), em fevereiro passado, ela foi condenada a devolver R$ 483 mil. De acordo com uma auditoria do tribunal, foram encontradas irregularidades em um contrato para consultoria jurídica para a cobrança do ISS em obras públicas, que também incluía a Transposição do Rio São Francisco. 

Ao empossado como novo secretário de Habitação de Pernambuco, Kaio Maniçoba declarou que vai realizar uma gestão de modo a fazer com que a área da habitação “ande em Pernambuco”. A solenidade aconteceu, no final da tarde desta quinta (13), no Palácio do Campo das Princesas. 

“A gente vai tentar fazer com que a habitação ande em Pernambuco como um todo olhando para o estado inteiro sem se esquecer dos movimentos sociais, que é muito importante. Começar a se debruçar para ver o que está travado, o que está em andamento e ver o que a gente vai poder tirar do papel”, garantiu. 

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Kaio contou que, neste começo, irá traçar um plano de trabalho para dar início a sua gestão. Ele também falou que vai fortalecer os parceiros “sentando” com a Caixa Econômica e o Ministério das Cidades, citando como exemplo. “Para montar uma parceria em projetos para que possamos tentar amenizar essa quantidade [déficit habitacional]. Sei que a dificuldade é muito grande que o país e o estado passam, mas quando o governador me fez esse convite, eu procurei me adiantar um pouco a isso e fui ao Ministério das Cidades e estive com o secretário nacional de Habitação”.

“Sei que tem muita coisa que está emperrada, que não anda devido às dificuldades de Brasília e do próprio estado e é nessa coisa que a gente vai poder se debruçar. A reconstrução da Mata Sul a gente está olhado, sabemos o que houve lá e sabemos que o estado vem fazendo um trabalho muito importante. Acredito que neste momento [o foco] vai ser realmente a reconstrução da Mata Sul”, explanou. 

Alinhamento

Maniçoba falou que tem “um alinhamento” com o governador há muito tempo. “Não é porque agora estamos na secretaria que existiu outro tipo de alinhamento. [Tivemos] com o nosso ex-governador Jarbas Vasconcelos e também Raul Henry [vice-governador de Pernambuco], de termos essa união e manter essa união com o governador”.

O secretário disse que Paulo Câmara vem fazendo uma “gestão diferente” mesmo com toda a dificuldade. “Sabemos que ele vem botando obra na rua e essa confiança que nós temos hoje do governador é que vai nos fazer estar mais uma vez no palanque dele”. 

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Ainda raros na capital pernambucana, rodízios de saladas e sopas começam a ganhar espaço no paladar e no hábito do recifense. É apostando neste segmento que os irmãos Fernanda e Diego Maniçoba, acompanhados de Carlen Braga abriram recentemente o Maniçoba, localizado no bairro de Boa Viagem. O carro-chefe do restaurante é o rodízio de sopas, quiches e saladas, servido à noite.

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Com capacidade de acolher 68 pessoas, o Maniçoba possui quatro ambientes. O salão principal tem dois ambientes, mais dois temáticos: Metrópole e Sabores. "A cada ambiente vai ficando mais reservado", explica o sócio Diego. A ideia é ocupá-la com reuniões e encontro familiares. Os ambientes possuem  decoração temática e também uma preocupação em aguçar o olfato, com perfumes estimulantes do apetite.

Segundo a chef Fernanda Maniçoba, foi feita uma pesquisa de mercado, que identificou espaço para investir em comidas leves. São cinco opções de sopas no rodízio: abóbora, cebola, canja, legumes e caldo verde. "Começamos com esse menu básico de sopas, mas vamos experimentando aos poucos novas receitas", explica a chef, que construiu o menu com Carlen Braga.

Há quatro opções de salada, duas delas disponíveis no rodízio, que também oferece quiches. O rodízio é servido das 18h às 22h e custa R$ 12,90. O sistema usado é o cm serviço: o cliente faz o pedido e o recebe na mesa.  

Para o almoço, o restaurante oferece opções de carnes, frangos, frutos do mar e massas, em receitas habituais como grelhados, parmegiana e estrogonofe. Há opções de pratos executivos e para duas pessoas. Uma boa pedida é a Salada Caprese (lascas de filé de frango temperado com manjericão, mix de folhas, rúcula, tomate seco e quatro queijos.

Serviço:
Restaurante Maniçoba
Av. Domingos Ferreira, 1761  Boa Viagem
Segunda a sábado, 11h às 22h | domingo, 11h às 15h
3033 0346

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