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A pandemia de coronavírus (Covid-19) tem afetado o mercado da moda e modificado as expectativas para o futuro do setor. Com desfiles cancelados, lojas fechadas e coleções inteiras adiadas, algumas tendências seram impactadas por causa das medidas adotadas para evitar que o vírus se espalhe, como o isolamento e o home office. Até os famosos editoriais de moda repensam suas publicações com ensaios remotos.

Com a quarentena, inúmeros artistas passaram a fazer shows e espetáculos online. Museus e galerias oferecem um tour virtual pelos espaços, hoje fechados para evitar aglomeração, e o ambiente virtual deve ser a nova passarela em que acontecerão as temporadas de moda, dessa vez, sem plateia.

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Além dos eventos no ambiente virtual, o minimalismo virá à tona no vestuário pós-pandemia. "A ideia de menos é mais vai guiar os consumidores daqui para frente", comenta Fernanda Faustino, 23 anos, estilista, especialista em pesquisa, planejamento e desenvolvimento de coleção. O estilo também vale para o campo do design.

As pessoas se preocuparão mais em mostrar quem são por meio da individualidade estética consciente do que pela última tendência da passarela. Especialistas apontam que a preocupação com a sustentabilidade fará com que o consumo desenfreado diminua. Com isso, é a vez do aluguel de roupas e das compras em brechós cravarem seu espaço.

Essa tendência do bom, bonito e barato já foi sugerida em 2010, no filme "Sex and The City". Reaproveitar roupas virou febre entre as celebridades e profissionais da moda no último ano. Assim, roupas vintages e poucas peças dentro do armário serão a nova tendência pós-pandemia.

 

“O que me fez ser minimalista é saber que eu posso romper com o padrão de consumo exacerbado e parar de sofrer pela a falta da condição de não poder comprar tudo que vejo na frente”. A frase é do ator de teatro Rodrigo Henrique, de 20 anos, e está relacionada a um movimento que vai no sentido completamente oposto ao do consumismo exacerbado. Em tempos nos quais somos amplamente cobrados a ter sempre mais e ostentar - principalmente nas redes sociais, o minimalismo tem crescido pregando exatamente o contrário: uma vida sem excessos. Surgido nas artes, é considerado uma filosofia de vida que tem como lema “menos é mais”. O conceito também tem sido tema de livros, como "Menos é mais: um guia minimalista para organizar e simplificar sua vida", da americana Francine Jay, "Essencialismo: a disciplinada busca por menos", de Greg McKeow e o aclamado documentário "Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam", de Joshua Millburn e Ryan Nicodemus.

O estilo de vida também prega que “viver com menos trará mais flexibilidade, maior liberdade e desapego das coisas materiais”. E foi isso que mudou na vida de Rodrigo há alguns meses. "Assisti um programa que tinha a participação de Marcia Tiburi. Ao vê-la falando sobre consumismo e o vazio da experiência por intermédio dos balangandãs, me fez acordar e perceber que a gente já tem o necessário para viver, mas que culturalmente nos acostumamos com os "excessos". Então, resolvi mudar", conta. “Antes eu entrava nas grandes lojas e ficava surtado com as belas roupas. A vontade de consumi-las era absurda, porém eu não podia comprar tudo e automaticamente com isso vinha o sentimento de frustração. Hoje em dia, uso roupas repetidas sem me importar com as críticas alheias”, revela Rodrigo.

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O minimalismo também ensina que é preciso priorizar aquilo que realmente importa na sua vida, não só em relação aos bens materiais, como também aos relacionamentos. "Você começa desapegando das coisas que você não precisa, e depois isso vai se estendendo para as pessoas. Antes, saía sem querer só para não fazer desfeita, insistia em amizades que não valiam a pena... hoje, eu falo não. Com educação e naturalidade, mas falo. Se eu não quero, não me faz bem, eu não faço e não vou. Não é egoísmo, é amor próprio. Dessa forma, você consegue ter mais tempo pra quem você ama”, explica a servidora pública Maria Elvira Rodrigues.

Apesar de não estar diretamente ligado à economia, o minimalismo acabou influenciando, também, a vida financeira de Maria Elvira. Acostumada a gastar o salário inteiro, a servidora pública acabou tendo que recorrer a um empréstimo consignado para conseguir bancar seus desejos consumistas. Com a ajuda do ex-namorado e de canais do youtube, ela percebeu que as prioridades estavam erradas. "Aos poucos, fui parando de comprar. Mas, ainda, assim, gastava meu salário inteiro e tinha muita coisa. Até que li o livro “A mágica da arrumação", de Marie Kondo, e a minha vida mudou. Fui lembrando de coisas que eu não usava há seis meses. Fui doando coisas, livros. A sensação do destralhe foi libertadora", conta. "Agora, o dinheiro sobra e eu já estou quitando o meu consignado. A parcela era de 72 meses e eu vou conseguir quitar na metade do tempo. Além disso, a quantidade de coisas diminuiu. Antes, tinha cinco portas de armário, hoje, tenho três", aponta Maria, que é minimalista há dois anos.

Não há uma lista de regras para serem seguidas até se considerar minimalista. Também não existe uma fórmula concreta nem tem certo ou errado. O conceito prega que cada um tem uma visão e uma proposta minimalista para sua vida e não está relacionado a privação ou abstinência. Neste sentido, não é necessário que a pessoa se desfaça de tudo e viva apenas com uma camisa, um sapato e uma mochila, por exemplo. A ideia é que você viva com todo o conforto que você considera importante para sua vida, mas que cada uma dessas coisas que você possua tenha um valor concreto e um significado. "Grande parte dos nossos desejos de consumo não são verdadeiramente nossos. São coisas que enfiaram na nossa cabeça. Se você analisar direito, você verá que não quer aquilo - é que alguém enfiou na sua cabeça que aquilo é legal, que pessoas de sucesso precisam fazer aquilo", observa o educador financeiro André Massaro.

O matemático e estrategista Su Choung Wei concorda e vai além. "Às vezes você começa a se convencer que precisa consumir muito e acaba se tornando escravo do consumo", aponta. Também minimalista, Su considera que a filosofia deixa a vida mais leve e descomplicada. "Eu, por exemplo, passei por uma crise de mais ou menos dois anos e não precisei cortar nada, porque já levava uma vida simples. Não tive que tirar filho da escola, não tive que cancelar o plano de saúde, não passei por apuros", conta. Foi justamente por estar na contramão desse raciocínio que o empresário Luis Saleh, de 40 anos, conheceu o minimalismo. Dono de uma empresa de médio porte com um bom nome no mercado, ele levava uma vida financeiramente estável. Com a forte crise financeira enfrentada pelo Brasil em meados de 2014, a organização quase quebrou. “Foi aí que eu percebi que tudo que eu via como "importante" passou a ser irrelevante. Eu era apegado às coisas. Hoje, a empresa já se recuperou e fatura mais do que em 2014, mas a minha mentalidade mudou. Só compro o necessário, tanto para mim, quanto para a empresa", conta.

Para realizar as mudanças internas, o empresário contou, também, com a ajuda do documentário “Minimalism”, que traz como lema "Ame as pessoas e use as coisas, porque o oposto nunca dá certo". Luis também aderiu ao projeto 333, idealizado pela americana Courtney Carver. A ideia é se vestir com 33 peças de roupas, por um período de 3 meses. "Tenho o mínimo. Doei muita roupa, passei a ajudar pessoas e hoje uso uniforme para trabalhar", revela. "Minimalismo não é apologia à pobreza, ao meu ver. É dar valor ao que realmente importa", conclui.

O compositor californiano Terry Riley, hoje com 78 anos, ficou famoso em 1964, quando compôs uma das peças mais emblemáticas do movimento minimalista. Ela se chama In C, ou Em Dó, e pode ser tocada por um número indeterminado de músicos. Tem também duração indeterminada, depende de como os músicos exploram as 53 pequenas frases musicais que a partitura fornece. O movimento minimalista foi uma das mais violentas reações à extrema cerebralização da música contemporânea europeia.

Como repetiu muito Steve Reich, um dos principais compositores minimalistas, ao lado de Riley, LaMonte Young e Philip Glass, de dia ele estudava música europeia engessada e à noite embarcava nos delírios do rock e do jazz americanos. Com quem ficar? Com o prazer, claro. Eles incorporaram as altas taxas de repetição da música popular e ampliaram expressivamente seu público na medida em que reduziram os níveis de invenção de sua música.

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É o que comprova o recém-lançado Terry Riley Meets Maurice Ravel, da Orquestra de Câmara da Filadélfia. Esta lhe encomendou em 2008 um concerto em torno de 20 minutos. E Riley devolveu-lhes SolTierraLuna, em quatro movimentos e 40 minutos, que recebe aqui sua primeira gravação mundial.

O concerto para dois violões, violino e orquestra de câmara demonstra sua contínua transformação estilística. Você olha para sua figura de guru de longas barbas brancas e gorro vermelho, vê a listagem dos movimentos e se assusta. Então o guru minimalista se rendeu à estética europeia? Lá há uma fuga... e até uma sarabanda, formas e danças barrocas do século 18.

Bem, elas até estão lá, mas são puro Riley e sua estética inclusiva. O primeiro movimento, Sol (The Royal 88), começa como se fosse um Vaughan Williams meio disfarçado. Mas isso só acontece no início. O segundo movimento, Moonwaves, mistura escalas indianas, sinos rituais do templo e uma percussão exótica. O terceiro, Tierra, é uma fuga que brinca com a forma, de modo livre; e no quarto movimento, de repente irrompe uma atitude política de Riley, pois ele se intitula Sarabande for Iraque. Tem a solenidade majestática da dança do século 18. Os três solistas têm, cada um, vários solos e combinações de duetos, principalmente entre os violonistas. O violino, a certa altura, contracena com os sinos do templo.

Os intérpretes, qualificados, são: David Tanenbaum e Gyan Riley nos violões; Krista Bennion-Feeney ao violino; e a Orquestra de Câmara da Filadélfia, regida por Ignat Solzhenitsyn. Sim, o sobrenome ilustre indica que Ignat é um dos filhos do famoso escritor russo dissidente dos anos 70. Nascido em 1972, estudou piano com Maria Curcio em Londres e, já na Filadélfia, cursou o Curtis Institute. Le Tombeau de Couperin, de Ravel, entra no CD praticamente de contrabando, só para preencher uma minutagem razoável. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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