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Após o Senado Federal aprovar o marco temporal na noite da quarta-feira (27), governistas e deputados ambientalistas pressionam o presidente Lula (PT) para que seja vetado integralmente o projeto de lei que pede a limitação das terras indígenas. A decisão de ontem faz contraponto ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, na semana passada, derrubou a tese por 9 votos a 2.

O líder do governo no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avalia que o líder petista deverá vetar trechos do projeto de lei (PL) 2.903/2023, que determina que somente serão demarcadas as terras que tenham sido ocupadas pelos indígenas no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. As informações foram divulgadas pela Agência Senado.

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O PL aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa permite, entre outros pontos polêmicos, a celebração de contratos entre indígenas e não-indígenas voltados à exploração de atividades econômicas nos territórios dos povos originários, além de possibilitar a realização de empreendimentos econômicos sem que as pessoas pertencentes as comunidades afetadas sejam consultadas.

Em suas redes sociais, a deputada federal Célia Xabriabá (PSOL-MG) publicou um vídeo no qual ela faz duras críticas a tese, defendida por grileiros, e pede que Lula vete o PL.

“Ontem foi o dia que aprovaram o absurdo PL 2903, mas seguiremos denunciando toda a destruição que ele representa e em luta pelo veto do presidente Lula! A luta contra esse genocídio legislado continua”, escreveu na legenda da publicação.

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Outra a se manifestar sobre o assunto foi a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que mesmo não citando o Lula, fez críticas a decisão do Senado. Ela afirma que o ministério “reafirma sua posição contrária ao projeto que representa um retrocesso aos direitos dos povos indígenas”.

“Apesar de o STF ter derrubado o marco temporal na semana passada, o PL retoma essa tese e defende uma série de outros pontos preocupantes, como a exploração de garimpo em terras indígenas, possível revisão de territórios já demarcados e cultivo de organismos geneticamente modificados”.

Além disso, Guajajara define a tese como um projeto que deseja “transformar as terras indígenas em objetos de mercantilização” e que irá afetar “a organização social dos povos indígenas e suas relações sagradas com o território”.

“Compromete a vida de todos diante da tragédia climática anunciada, e contraria os compromissos assumidos pelo Brasil com o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o que poderá acarretar, inclusive, na perda de investimentos internacionais. O projeto também desrespeita tratados nacionais e internacionais sobre a necessidade de consulta livre, prévia e informada das comunidades sempre que ações do Estado ou de agentes externos venham a afetar seus territórios e modo de vida”.

“O MPI vem acompanhando a tramitação do projeto desde o início e dialogando com os senadores e senadoras sobre seus riscos. Seguiremos atuando para garantir os direitos dos povos indígenas”, completa.

 

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) lamentou a aprovação pelo Senado de um projeto de lei que institui a tese do marco temporal para a demarcação de terras.

O texto estabelece que os indígenas só podem reivindicar a posse de áreas que já estavam ocupadas na promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, contrariando o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que invalidou a tese do marco temporal.

Segundo o MPI, o projeto aprovado pelo Senado "atenta contra os direitos dos povos indígenas" e "vai na contramão das conversas globais de proteção ao meio ambiente e da liderança brasileira na agenda contra as mudanças climáticas".

"Além de tentar transformar em lei a tese inconstitucional do marco temporal, o projeto avança sobre outros temas preocupantes para os povos indígenas, como possível revisão de territórios já demarcados, cultivo de organismos geneticamente modificados e expropriação de territórios indígenas baseada em alegada alteração cultural", alertou a pasta, que é chefiada pela líder indígena Sonia Guajajara (Psol).

"O direito dos indígenas aos seus territórios é tido como fundamental, algo que não é passível de mudança nem por emendas à Constituição, muito menos por projetos de lei", acrescentou o MPI.

O projeto pode ser vetado total ou parcialmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e também deve ser questionado judicialmente por contrariar o posicionamento do STF.

*Da Ansa

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O Brasil possui uma população de mais de 1,6 milhão de indígenas vivendo nas comunidades e territórios protegidos ou em diversos centros urbanos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo se autodeclara como indígena, etnia aceita em classificações raciais no país. Diferentemente do que se convencionou utilizar, o termo “índio” não é considerado abrangente o suficiente, nem de todo respeitoso. Desse modo, nesta quarta-feira (19) se comemora, pela primeira vez oficialmente, o Dia Nacional dos Povos Indígenas.

O início do governo Lula (PT) foi marcado pela inauguração no Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que trabalha para garantir os direitos dos 305 povos que existem em diferentes regiões e territórios no Brasil. Na manhã de hoje, o órgão se reuniu na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e apresentou a campanha “Nunca Mais um Brasil Sem Nós”, que promove a proteção dos povos e a preservação de 274 línguas faladas.

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A mesa do evento foi composta pelas ministras Sonia Guajajara, do MPI, e Anielle Franco, do Ministério da Igualdade Racial, além do ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, junto com Braulina Baniwa, da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade. A deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG), a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana e Dinamam Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (API), também estiveram presentes.

Pela tarde será realizada uma reunião com a Funai, no Encontro MPI-Funai pelo fortalecimento da Política Indígena. Serão debatidos pontos importantes para a realidade dos povos originários do Brasil, como  “condições para o exercício do trabalho indigenista de qualidade” e “territórios, diversidade e ação indigenista de qualidade”. Ao final do evento, a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, e a ministra do MPI, Sonia Guajajara, assinarão um Termo de Compromisso com a Valorização da Carreira e da Política Indigenista.

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