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A Índia não detecta novos casos do vírus Nipah desde 15 de setembro, informou nesta terça-feira (3) a Organização Mundial da Saúde (OMS), após um surto que causou duas mortes.

A taxa de mortalidade do vírus, para o qual não existe vacina, varia de 40% a 75%, segundo a organização. O Ministério da Saúde indiano reportou seis casos confirmados de Nipah entre 12 e 15 de setembro, incluindo duas mortes, no distrito de Kozhikode, estado de Kerala.

Sem contar o primeiro caso, cujas fontes de infecção são desconhecidas, os demais foram de familiares e contatos no hospital, ressaltou a OMS.

Até 27 de setembro, haviam sido rastreados 1.288 contatos dos casos confirmados, incluindo pessoas de alto risco e profissionais de saúde, que permanecem em quarentena por 21 dias.

Desde 12 de setembro, 387 amostras foram testadas, das quais seis deram positivo para o Nipah, segundo a organização. "Desde 15 de setembro, não foram detectados novos casos."

Os morcegos frugívoros são os hospedeiros naturais do vírus, que é transmitido ao seres humanos através do contato com animais infectados, como morcegos e porcos, e do contato com uma pessoa infectada, embora essa forma seja menos comum, segundo a OMS.

Os sintomas incluem febre alta, vômito e infecção respiratória, e os casos graves podem levar a convulsões e encefalite e provocar o coma.

As autoridades de uma região do sul da Índia levantaram o alerta na quarta-feira (13) depois de confirmar o reaparecimento do vírus Nipah, que causou neste novo surto pelo menos duas mortes. Medidas estão sendo adotadas pelas autoridades para evitar a propagação da doença.

As autoridades fecharam algumas escolas em pelo menos sete aldeias no distrito de Kozhikode, no Estado de Kerala, que foram declaradas zonas de contenção, indicou a ministro da saúde do Estado, Veena George. Especialistas se espalharam para coletar amostras de fluidos de morcegos e árvores frutíferas na região onde o vírus Nipah é considerado bastante letal. Este é o quarto surto enfrentado pela região, desde 2018.

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"Estamos testando seres humanos e, ao mesmo tempo, especialistas estão coletando amostras de fluidos de áreas florestais que poderiam ser o foco da propagação", disse Veena.

Amostras de urina de morcego, excrementos de animais e frutas meio comidas foram coletadas em Maruthonkara, a aldeia onde viveu a primeira vítima, situada ao lado de uma floresta de 121 hectares que abriga várias espécies de morcegos.

Depois de convocar uma reunião de emergência na noite de quarta para analisar a situação, Veena garantiu que as autoridades estão aumentando a capacidade de resposta em Kozhikode, onde estão sendo instaladas unidades móveis para fortalecer a capacidade dos centros médicos e a realização dos estudos epidemiológicos.

Conforme o ministro-chefe de Kerala, Pinarayi Vijayan, o vírus foi detectado no distrito de Kozhikode. Nas últimas 48 horas, quase 800 pessoas foram testadas na área, com dois adultos e uma criança internados para observação após resultados positivos.

Os Estados vizinhos de Karnataka e Tamil Nadu encomendaram testes para visitantes de Kerala, com planos de isolar qualquer um com sintomas gripais.

Como é a transmissão

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Nipah é vírus zoonótico. Os morcegos frugívoros, também conhecidos como 'raposas voadoras', são o hospedeiro natural do vírus, de acordo com a OMS. O vírus pode ser transmitido de animais para humanos - principalmente de morcegos ou porcos - ou por meio do contato entre humanos. Também pode ser transmitido pelo consumo de alimentos contaminados.

Os morcegos frugívoros, que se alimentam de frutas, da família Pteropodidae, costumam viver em tamareiras perto de mercados, e o vírus se espalhou de morcegos para humanos por meio de alimentos - como frutas e suco de tamareira - que foram contaminados por morcegos infectados.

Quando foi identificado

O vírus Nipah foi descoberto durante um surto entre criadores de porcos na Malásia em 1999. Acredita-se que os trabalhadores contraíram o vírus através de rebanhos infectados e suas secreções. Mais de 100 pessoas morreram e quase 300 foram infectadas.

Segundo dados da OMS, mais de 600 casos de infecções humanas pelo vírus Nipah foram relatados de 1998 a 2015.

Em 2018, a Índia enfrentou um surto que matou mais de 20 pessoas que contraíram o vírus Nipah. Em 2019, foram duas mortes. A ação rápida e o rastreamento generalizado de contatos impediram uma maior disseminação. Em 2021, fora registradas mais duas mortes pela doença.

Desde que foi detectado pela primeira vez, surtos também foram registrados em muitos países do sudeste asiático, incluindo Cingapura, Bangladesh e Índia. Em algumas partes da Ásia, novos casos do vírus Nipah foram registrados quase anualmente, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Quais são os sintomas e tratamento

Não existe cura certa para o vírus Nipah e não existe uma vacina que possa ajudar a prevenir a infecção. De acordo com a OMS, o principal tratamento disponível são os cuidados de suporte - ou seja, controlar os sintomas e garantir que os infectados tenham o máximo de repouso e hidratação possível.

Os infectados apresentam inicialmente os seguintes sintomas:

Febre

Dificuldade respiratória

Dores de cabeça

Vômitos

Ainda segundo a OMS, em casos mais graves, podem ocorrer encefalite (inflamação no cérebro) e problemas respiratórios. Outros efeitos colaterais relatados incluem convulsões, que podem levar o paciente ao coma e alterações de personalidade.

Assim como acontece com o coronavírus, alguns que contraem o vírus permanecem assintomáticos.

O vírus Nipah é mais mortal do que o coronavírus?

A OMS estima que a taxa de mortalidade do vírus Nipah é alta - entre 40 e 75% - o que o torna muito mais mortal do que o da covid-19, que tem uma taxa de mortalidade entre 0,1% e 19%, dependendo do país.

No entanto, embora as chances de morrer do vírus Nipah uma vez infectado sejam altas, o Nipah é muito menos transmissível do que o coronavírus.

Cuidados preventivos

O contato físico próximo e desprotegido com pessoas infectadas pelo vírus Nipah deve ser evitado. As pessoas devem lavar as mãos regularmente após cuidar ou visitar pessoas doentes.

Entre as maneiras de prevenir infecções de animais para humanos estão: evitar alimentos contaminados por morcegos frugívoros, lavando e descascando as frutas que podem ser afetadas e evitar o contato desprotegido com morcegos ou porcos infectados.

Além disso, as pessoas que vivem em áreas onde ocorreram surtos devem lavar regularmente as mãos com água e sabão e evitar o contato com fluidos corporais ou sangue das pessoas infectadas.

O agente infeccioso está na lista da OMS de doenças e patógenos priorizados para pesquisa e desenvolvimento em contextos de emergência.

Cientistas americanos testaram com sucesso, pela primeira vez em primatas, um anticorpo para o tratamento de infecções provocadas pelo vírus Nipah, transmissível do animal ao homem e vice-versa e que está surgindo na Austrália e em alguns países da Ásia.

Segundo trabalhos publicados esta quarta-feira na revista médica americana Science Translational Medicine, este êxito abre o caminho para um teste clínico em humanos. Este anticorpo, denominado m102.4, tinha se mostrado, a princípio, eficaz para proteger furões da infecção provocada pelo vírus Hendra, um parente próximo do Nipah.

Esses vírus são agentes fortemente infecciosos, cujo hábitats são os morcegos frutívoros (que se alimentam de frutas). Surgiram nos anos 1990, provocando infecções graves em muitos animais domésticos, como porcos, e em humanos de Austrália, Malásia, Cingapura, Bangladesh e Índia.

Concretamente, o vírus Nipah apareceu pela primeira vez em 1998 em Kampung Sungai Nipah (Malásia). Os focos recentes da epidemia provocaram síndromes respiratórias agudas e encefalites e uma taxa de mortalidade entre humanos que superou os 90%.

"Tivemos uma proteção completa, inclusive nos primatas que receberam o anticorpo cinco dias antes de ser infectados pelo vírus Nipah. De outro modo teriam sucumbido em oito ou dez dias", explicou o professor Thomas Geisbert, da faculdade de medicina da Universidade do Texas (sul) e principal autor desta pesquisa.

Baseados nos resultados promissores deste anticorpo nos primatas, assim como nos feitos em furões contra o vírus Hendra, o governo de Queensland (Austrália) decidiu fazer um teste clínico de fase 1 em humanos para testar a inocuidade do anticorpo.

Em 2004, o vírus Nipah infectou várias pessoas após terem tomado suco fresco de tâmaras, contaminadas por morcegos frutívoros. Também está registrada uma transmissão entre humanos em um hospital da Índia.

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