Tópicos | Pedro Benedito Batista Júnior

Durante seu depoimento nesta quarta-feira (22), o diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, passou da condição de testemunha para a de investigado pela CPI da Pandemia. Tendo jurado dizer a verdade, Batista Júnior foi acusado por senadores de mentir e de ter trabalhado em conjunto com o chamado gabinete paralelo, que atuaria no Ministério da Saúde. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), mostrou vídeos em que Batista Junior tratava de protocolos de combate à Covid-19 com integrantes do grupo que atuava junto ao governo Bolsonaro.

Os senadores também, apresentaram vídeos, áudios e documentos encaminhados à comissão com denúncias de médicos e pacientes que comprovariam a orientação da Prevent Senior para distribuição da medicação de forma indiscriminada, além da pressão para que os profissionais conveniados prescrevessem o kit do "tratamento precoce".

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"Na reportagem [da Rádio Bandeirantes], é possível ouvir um áudio de familiares de pacientes e corretores de plano de saúde mostrando que, para novos clientes da Prevent, o 'kit-covid' era enviado diretamente para a casa dos pacientes. Como eu disse, nós temos um elenco de provas e, a cada dia, chegam mais provas de que essa coisa infelizmente, lamentavelmente, existiu", disse Renan Calheiros.

Em sua defesa, o executivo disse que ele e a empresa são vítimas de um conluio e de acusações falsas e se recusou a falar de prontuários de pacientes mencionados nas denúncias.

Pedro Benedito Batista Júnior, negou a realização de estudo clínico em pacientes com covid sem autorização. Segundo ele, os dados foram adulterados por médicos descredenciados, para atingir o plano de saúde. Ele assegurou que a Prevent Senior não fez parte do gabinete paralelo.

Prontuários

O relator também mostrou mensagens segundo as quais os médicos da Prevent Senior seriam orientados a fraudar os prontuários, de modo que os pacientes recebecessem a CID B34.2. Assim, após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apartamento) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/leito híbrido), a CID — classificação internacional de doença — deveria ser modificada para qualquer outra, de forma a identificar os pacientes que já não tinham mais necessidade de isolamento. Os senadores classificaram essa orientação como fraude.

"O senhor [Batista Júnior] não tem condições de ser médico, modificar o código de uma doença é crime", disse o senador Otto Alencar (PSD-BA).

"Essas pessoas morreram em consequência da covid-19. Isso é uma fraude", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), explicando que o objetivo da mudança da CID era dizer que os pacientes já não tinham covid-19.

Durante o depoimento, Batista Jr. negou que a operadora tenha ocultado mortes de pacientes em estudo realizado para testar o “tratamento precoce” contra a covid-19. Ele ainda disse que o dossiê do estudo sobre a prescrição da medicação, enviado à comissão, foi adulterado por médicos da empresa e que nunca houve distribuição de “kit-anticovid” para pacientes sem indicação médica.

"Havia prescrição das medicações e, naquela primeira mensagem, que foi manipulada lá trás, justamente mostrava que existia um setor pra avaliar criteriosamente cada um dos pacientes", disse o depoente.

Anthony Wong

O relator questionou sobre a causa da morte, em janeiro deste ano, do pediatra e toxicologista Anthony Wong, que era defensor do "tratamento precoce". Segundo denúncia de ex-médicos da operadora, teria sido internado com sintomas de covid-19 e morrido em decorrência da doença. Os denunciantes afirmam, em áudio exibido pelo relator, que a Prevent Senior escondeu a verdadeira causa do óbito na declaração. O depoente se recusou a responder,  dizendo que há proibição expressa da família para que se comente sobre o caso.

O relator lamentou a falta de informações e citou ainda que as mesmas suspeitas são direcionadas a mãe do empresário Luciano Hang, dono da Havan. Segundo Renan Calheiros, ela teria ido a óbito por covid-19, o que não consta na declaração emitida pela Prevent Senior. Para ele, as denúncias, se certificadas, caracterizariam uma “farsa” para proteger a “narrativa negacionista” do governo.

"A falsificação da declaração de óbito do Wong, um dos maiores defensores do tratamento precoce, por favor: fazia parte de uma estratégia da Prevent Senior para fortalecer a campanha de fake news promovida pelo presidente da República para que as pessoas acreditassem que o kit covid e a cloroquina eram benéficos para os pacientes", disse o relator.

*Da Agência Senado

 

A CPI da Covid iniciou na manhã desta quarta-feira, 22, a reunião em que será ouvido o diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior. A empresa entrou na mira da CPI por uma suposta pressão para que os médicos conveniados à operadora prescrevessem medicamentos do chamado tratamento precoce para a covid-19, sem eficácia comprovada.

A Prevent Senior anunciou, em março do ano passado, que faria o estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina associada ao antibiótico azitromicina contra a covid-19.

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A pesquisa foi suspensa logo em seguida, em 20 de abril, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

O órgão descobriu que os testes com pacientes haviam começado antes de a operadora receber o aval para a realização da pesquisa, o que é proibido no País.

Um grupo de 15 médicos que diz ter trabalhado na Prevent Senior encaminhou para a CPI um dossiê no qual informam que integrantes do chamado "gabinete paralelo" do governo de Jair Bolsonaro usaram a operadora de saúde como uma espécie de laboratório para comprovar a tese de que o chamado kit covid (hidroxicloroquina e azitromicina) era eficiente contra a doença e revelaram que pacientes não foram informados do tratamento experimental.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid quer discutir as denúncias relacionadas à empresa Prevent Senior e avalia pedir a condução coercitiva do diretor executivo da operadora de saúde, Pedro Benedito Batista Júnior. Convocado para depor nesta quinta-feira, o representante não foi à comissão alegando ter sido convocado de última hora.

Conforme denúncia feita por médicos e ex-funcionários, o plano de saúde ocultou mortes de pacientes que participaram de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina.

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A série de documentos, revelada pelo portal G1, aponta que a disseminação da cloroquina e outras medicações foi resultado de um acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent.

"O que a Prevent Senior fez tem que ser exemplarmente punido. Isso não pode ficar impune", disse o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). "Com o que temos hoje é impossível entregar o relatório como havíamos previsto (na próxima semana)", disse o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Para Randolfe, a empresa usou pessoas como "cobaias".

O depoimento do diretor executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, foi adiado no início da manhã desta quinta-feira, 16. De acordo com a Secretaria do colegiado ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Batista justificou que não teria "tempo hábil" para comparecer ao Senado.

Com o revés na agenda, a Secretaria da comissão informou que os senadores podem dedicar o dia a votação de requerimentos.

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Na quarta-feira, 15, a comissão enviou um e-mail ao jurídico da Prevent Senior com a intimação para o depoimento de Batista. O e-mail foi recebido no final da tarde do mesmo dia e encaminhado à defesa do profissional, que afirmou que não iria comparecer.

De acordo com a Secretaria do colegiado, a Prevent Senior reiterou que prestou todos os esclarecimentos encaminhados pela CPI nos últimos meses e que continua à disposição para quaisquer esclarecimentos complementares.

Com a oitiva de Batista, a comissão queria investigar a Prevent Senior sobre uma possível pressão para que os médicos conveniados prescrevessem medicamentos sem a eficácia comprovada no tratamento contra a covid-19, além de denúncias de pacientes da operadora que teriam sido assediados para aceitar o tratamento precoce.

Em uma entrevista dada à GloboNews na manhã desta quinta-feira, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que "não há hipótese de terminar a CPI sem ouvir Prevent Senior".

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