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O rei da Espanha, Felipe VI, apelou nesta quinta-feira (24) a "princípios morais e éticos" diante dos escândalos de seu pai Juan Carlos, que responde a três investigações judiciais sobre sua fortuna, atualmente exilado em Abu Dhabi.

Em meio a grandes expectativas sobre sua tradicional mensagem natalina, em um ano difícil para a imagem da monarquia espanhola, Felipe de Borbón optou por referir-se com indiferença aos problemas de seu pai e chefe do Estado espanhol de 1975 a 2014, aos quais sequer nomeou.

"Já em 2014, na minha proclamação perante as Cortes Gerais, referi-me aos princípios morais e éticos que os cidadãos exigem da nossa conduta. Princípios que nos obrigam a todos, sem excepções, e que estão acima de qualquer consideração da natureza seja o que for, mesmo da pessoal ou familiar", afirmou o monarca.

"É assim que sempre o entendi, em coerência com as minhas convicções, com a forma como entendo as minhas responsabilidades como chefe de Estado e com o espírito renovador que inspira o meu reinado desde o primeiro dia", prosseguiu.

Em março, e diante do aumento de indícios de que don Juan Carlos escondia uma opaca fortuna no exterior, o atual rei renunciou à herança econômica do seu pai e retirou seu subsídio anual, estimado em mais de 194 mil euros.

O discurso desta quinta-feira foi provavelmente o mais delicado para Felipe desde que ele ascendeu ao trono.

E é que além da crise social e econômica desencadeada pela pandemia - "2020 tem sido um ano muito duro e difícil", destacou em seu discurso - os problemas judiciais de don Juan Carlos alimentaram o discurso da esquerda radical do Podemos, parceiro de governo dos socialistas.

"Suspeito que este ano muitos compatriotas", após o discurso da véspera de Natal, "vão se perguntar se são monarquistas ou republicanos, e acho que esse debate vai acontecer em muitas casas", disse o líder do Podemos e vice-presidente do governo, Pablo Iglesias.

Em um arriscado discurso, o rei da Espanha, Felipe VI, optou por se alinhar ao governo de Mariano Rajoy na crise catalã - uma aposta com a qual "está jogando tudo", concordam analistas.

Em sua mensagem à nação, o monarca foi duro com as autoridades catalãs que organizaram um referendo de autodeterminação no domingo e que podem declarar a independência já na próxima segunda-feira.

Ele os acusou de "deslealdade" e de agir "à margem da lei e da democracia", além de afirmar que o Estado tem a "responsabilidade de garantir a ordem constitucional".

Ana Romero, especialista em Casa Real e autora do livro "Final de partida" sobre Juan Carlos I, acredita que, com esse posicionamento, o monarca de 49 anos, no trono desde 2014, aposta todas as fichas.

"Ele está defendendo sua casa, sua coroa, o futuro de sua filha (a princesa herdeira Leonor). Está jogando tudo", disse Ana, em entrevista à AFP.

E "o que quer que seja que aconteça no final de tudo isso, determinará o sucesso, ou o fracasso do reinado", aponta a jornalista que está terminando um livro sobre Felipe VI.

Segundo ela, "está em perigo tudo o que significa a Espanha, incluindo sua arquitetura institucional, e a chave para a abóbada da arquitetura institucional espanhola é o rei".

"Ele apostou tudo em uma cartada. Se der errado, acabou", diz Abel Hernandez, comentarista político e também conhecedor da realeza espanhola.

Vários analistas estabelecem um paralelo com a intervenção de seu pai don Juan Carlos na noite de 23 de fevereiro de 1981, quando, vestido de uniforme militar, apareceu na televisão para parar uma tentativa de golpe de Estado.

Ana Romero acredita que o desafio catalão "é infinitamente mais complicado", porque naquela época "não havia dúvida de que a sociedade espanhola estava de um lado", com a democracia. Agora, Felipe "alienou os nacionalistas catalães de uma maneira muito firme".

"Ele fez o que tinha que fazer. Mas será que foi o conveniente? Acredito que a Coroa foi jogada em uma única cartada, a única que tem".

José Apezarena, biógrafo de Felipe VI, observa um detalhe curioso: "a palavra 'diálogo' não apareceu em seu discurso".

Ainda segundo Apezarena, o rei também evitou qualquer elogio às forças da ordem, acusadas de agredir centenas de manifestantes decididos a votar, mas não mencionou os feridos.

Este último ponto em especial causou mal-estar nas ruas de Barcelona.

"Ele não disse uma palavra sobre os feridos. Imagino que, para ele, eles não existem", disse Domingo Gutierrez, de 61 anos, indignado.

"Um rei representa um povo, todos, não apenas uma parte", protestou.

O porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, acusou o monarca de "colocar lenha na fogueira".

"Foi assustador e um erro sob todos os pontos de vista", acrescentou.

- Medidas contundentes à vista -

Os analistas concordam que o tom do discurso, sem concessões ao governo separatista catalão de Carles Puigdemont, prepara o caminho para a implementação de medidas contundentes.

"Com este discurso, o rei abre a porta para todas as medidas que a Constituição prevê para restaurar a ordem institucional", aponta o jornalista Fermín Urbiola, autor de livros sobre a Casa Real espanhola e sobre outras famílias reais europeias.

Uma dessas medidas poderia ser o Artigo 155 da Constituição, o qual permite intervir na autonomia de uma região, se esta "não cumprir as obrigações que a Constituição, ou outras leis, impõem-lhe".

"Acredito que haverá um grande número de pessoas que serão processadas, o artigo 155 da Constituição será aplicado e, provavelmente, haverá eleições na Catalunha", prevê Abel Hernandez.

"A questão está à espera de uma solução política, mas o cenário está claro" com a mensagem real, acrescenta Apezarena, que também considera provável a aplicação do Artigo 155.

O rei da Espanha, Felipe VI, pediu nesta quinta-feira (17) à classe política reunida para a posse do novo governo que faça da corrupção uma "triste recordação".

Em meio a uma série de escândalos de corrupção, o rei, em um discurso bem claro que inaugurou a XII sessão da legislatura, afirmou que "a corrupção que indigna a opinião pública (...) tem que ser uma triste recordação de uma mancha que temos que vencer e superar".

"Os valores éticos devem inspirar nossa vida pública", enfatizou o monarca, dez meses depois de paralisia política que gerou preocupação e mal-estar na socidade espanhola.

Uma série de escândalos de corrupção marcam há uma década o cenário político espanhol, entre eles o que envolveu a irmã mais velha do rei, a infanta Cristina, que espera saber se vai ser condenada por fraude fiscal, e o marido dela, Iñaki Urdangarin, protagonista de um grande caso de corrupção.

O ato desta quinta põe fim de maneira solene aos dez meses de bloqueio político vivido pelo país devido a incapacidade dos partidos de formar uma maioria de governo. O chefe do executivo, Mariano Rajoy, que está em minoria na câmara, deverá negociar lei por lei com os demais partidos, começando pelo orçamento.

A sessão foi marcada pelo protesto simbólico dos deputados do Podemos, uma formação de tendência republicana que possui a terceira maior bancada na câmara (71 de 350). Seus legisladores ouviram o discurso do rei, mas não foram saudá-lo nem participaram no desfile militar frente ao Congresso.

O julgamento de Cristina de Bourbon, irmã do rei Felipe VI e filha de Juan Carlos I, acusada em um dos maiores escândalos de corrupção da Espanha, começou na manhã desta segunda-feira (11), mas imediatamente sua defesa solicitou que a infanta não seja processada.

Numa sala com o retrato de seu irmão mais novo, Felipe VI, chefe de Estado desde a abdicação de seu pai em junho de 2014, Cristina Federica Victoria Antonia da Santíssima Trindade de Bourbon e Grécia, de 50 anos, presenciou junto a outros 17 acusados a abertura do "julgamento do ano", com a leitura das acusações às 09H20 locais (06H20 de Brasília) em Palma de Maiorca, capital das ilhas Baleares.

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Cristina chegou uma hora antes acompanhada de seu marido, Iñaki Urdangarin, principal acusado no caso. Os dois, com o rosto muito sério, entraram sem falar com as dezenas de jornalistas de todo o mundo que os esperavam na entrada do tribunal.

"Este é mais um caso de corrupção dos muitos que estamos vendo" nos últimos anos, disse à AFP Francisco Solana, um desempregado de 45 anos que protestava em frente à corte com uma bandeira republicana sobre os ombros.

"Em outros lugares da Europa, acredito que a infanta Cristina já estaria na prisão", declarou, ilustrando a indignação de milhões de espanhóis. A segunda filha de Juan Carlos é acusada de dois crimes fiscais relacionados ao suposto desvio de 6 milhões de euros de dinheiro público por seu marido, Iñaki Urdangarin, e um ex-sócio dele, Diego Torres.

Urdangarin e Torres são suspeitos de prevaricação, desvio, fraude, crime fiscal, tráfico de influência, falsificação e lavagem de dinheiro. O promotor pede para eles 19,5 anos e 16,5 anos de prisão, respectivamente.

A irmã do rei enfrenta um pedido de pena de 8 anos, mas apenas por parte de uma acusação popular - a associação ultradireitista Mãos Limpas - já que nem a promotoria, nem a Fazenda Pública atuaram contra ela. Esta é a base de sua esperança para escapar do julgamento.

Uma hora depois da abertura do processo sua defesa afirmou, citando jurisprudências precedentes, que a infanta não pode ser julgada se for acusada apenas pela ação popular, uma figura específica do direito espanhol.

"Pelo fato de ser apoiada em uma doutrina consolidada do Tribunal Supremo, ratificada pelo Tribunal Constitucional (...) respeitosamente solicitamos (...) a nulidade do auto de abertura de julgamento oral relacionado à responsabilidade de Cristina de Bourbon", afirmou Jesús María Silva, um de seus advogados.

A infanta sempre se defendeu, dizendo desconhecer os esquemas de corrupção e confiar plenamente em seu marido, de quem rejeitou se divorciar, apesar da pressão de uma Casa Real determinada a limitar os danos à monarquia.

"Todos os cidadãos são iguais perante a lei e, portanto, não podem ser aplicadas doutrinas anacrônicas" à "infanta Cristina, beneficiando-a de um privilégio", declarou aos jornalistas a advogada da Mãos Limpas, Virginia López Negrete.

O ex-sócio, Diego Torres, um dos principais acusados no mega processo por corrupção, afirmou no domingo que a Casa Real sabia dos negócios de Iñaki Urdangarin.

"A Casa Real estava informada, sabia, o supervisionava e ocasionalmente até colaborava", afirmou Torres, em entrevista divulgada no domingo à noite pelo canal de televisão La Sexta.

Durante o processo, Urdangarin se esforçou para desvincular a princesa Cristina, o rei Juan Carlos e a Casa Real de todos os seus negócios.

Torres garante, contudo, que pessoas vinculadas ao antigo monarca atuavam nas atividades do Instituto Nóos, entidade sem fins lucrativos que aparece no centro deste caso, e o indicaram, assim como Urdangarin, como gestores.

"Tenho 300 e-mails relacionados à Casa Real. Alguns são do rei, efetivamente, outros são de outras personas", disse, dando a entender que poderia divulgar informações comprometedoras durante o julgamento.

Brigado com Urdangarin por causa do escândalo, Torres assegurou que não fala com o ex-sócio há oito anos, apenas com o seu advogado. "Pediu-me que assumisse a maior parcela de responsabilidade em troca de dinheiro e de um cargo de trabalho", contou.

O rei Juan Carlos I, da Espanha, de 76 anos, anunciou nesta segunda-feira (2) a decisão de abdicar em favor de seu filho Felipe, de 46 anos, com um desejo "de renovação, de superação, de corrigir erros", em um breve pronunciamento transmitido pela TV.

"Decidi colocar fim ao meu reinado e abdicar da coroa da Espanha", afirmou o monarca, que apesar da grande popularidade que desfrutou durante a maior parte do reinado, viu a queda de sua imagem nos últimos anos em consequência do envolvimento na crise econômica e por uma série de escândalos.

"Estes anos difíceis nos permitiram fazer um balanço autocrítico de nossos erros e de nossas limitações como sociedade", disse, com semblante sério, em um discurso simples gravado no Palácio de Zarzuela de Madri.

"Tudo isto despertou em nós um impulso de renovação, de superação, de corrigir erros e abrir caminho a um futuro decididamente melhor", completou.

"Para forjar este futuro, uma nova geração reclama com justa causa o papel protagonista", completou, antes de destacar que "hoje merece passar à primeira fila uma geração mais jovem, com novas energias, decidida a empreender com determinação as transformações e reformas que a conjuntura atual está demandando".

"Meu filho Felipe, herdeiro da Coroa, encarna a estabilidade que é sinal de identidade da instituição monárquica", completou o rei, que, apesar de ter passado por várias cirurgias nos últimos anos, havia declarado recentemente que não abdicaria ao trono.

O rei Juan Carlos da Espanha realizou neste sábado (1°) uma aparição pública pouco comum, participando de uma discreta cerimônia militar organizada com menos recursos do que em ocasiões anteriores, consequência de medidas de redução do gasto público.

O monarca, de 75 anos, compareceu no fim de abril à partida das semifinais da Liga dos Campeões entre Real Madri e Borussia Dortmund, realizando assim sua primeira aparição fora de sua residência oficial desde que foi submetido, no dia 3 de março, a uma operação de hérnia de disco.

Neste sábado, por ocasião do Dia das Forças Armadas, o rei, que utilizava muletas, vestia seu uniforme militar verde.

O monarca estava acompanhado do príncipe Felipe, herdeiro do trono da Espanha, e de sua esposa Letizia, que foram recebidos com vaias na quinta-feira no Gran Teatro del Liceu de Barcelona, onde foram assistir a uma apresentação de "L'elisir d'amore", de Gaetano Donizetti.

A família real espanhola passa por seu pior momento de popularidade desde a acusação do genro do rei Juan Carlos, Iñaki Urdangarin, em um caso de suposta corrupção que atinge sua esposa, a infanta Cristina.

A presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira, em discurso no Palácio do Itamaraty, durante almoço oferecido ao rei Juan Carlos, da Espanha, que diante do acirramento das crises e de processos recessivos na economia internacional, o Brasil está se preparando para ter uma política pró-cíclica de investimentos. "Temos imensas oportunidades na área de infraestrutura, transporte, energia, telecomunicações, como também na relação associada entre Brasil e Espanha no sentido de promover a inovação em pesquisa, por meio do intercambio de pesquisadores, implementação de projetos bilaterais", afirmou a presidente.

"Temos adotado medidas para fortalecer a nossa economia e estimular o nosso crescimento. Sempre defendemos que a saída da crise passa fundamentalmente pelo crescimento econômico, pela criação de emprego e esforços de combater a pobreza e promover a justiça social.", afirmou

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Para a presidente, a retomada do crescimento global não pode depender apenas das ações dos países emergentes, como o Brasil, mas sim de uma ação conjunta entre todos os atores da economia mundial. "É fundamental insistir em uma ação coordenada e solidária entre todos os grandes atores da economia mundial, em especial uma ação coordenada e solidária entre os próprios países da Europa", discursou Dilma."Será esta a mensagem que o Brasil levará à próxima cúpula do G20 no México: a afirmação da importância do crescimento econômico e simultaneamente a tomada de medidas na área dos esforços macroeconômicos de estabilidade. Não há incompatibilidade entre as duas, pelo contrário, é necessário o crescimento para que o ajuste não seja feito em detrimento dos interesses dos povos dos países europeus e dos povos de todos os países do mundo" , disse.

"Temos confiança na criatividade, na força do povo espanhol e estamos seguros de que os esforços para a superação da crise europeia serão muito bem sucedidos", afirmou.

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