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Ibrahim Al-Hussein participa das provas de natação dos Jogos Paralímpicos Rio-2016 como um dos integrantes da primeira equipe de refugiados da História, mas a emoção do evento é superada por seu verdadeiro sonho: retornar um dia para a sua Síria natal em paz. O nadador de 27 anos não conquistou medalhas até agora, mas afirma que estar no Brasil "é a recompensa, porque 2016 tem sido um ano maravilhoso".

Na equipe de refugiados ele tem como colega o iraniano Shahrad Nasajpour, do atletismo.

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Al-Hussein perdeu uma perna depois de uma explosão em meio à guerra que desde 2011 deixou mais 300.000 mortos na Síria. "Estava tentando ajudar um amigo ferido em um ataque e fui ferido em outra explosão", disse, antes de insistir que prefere "esquecer o passado". Ele conseguiu escapar do conflito e chegou a Atenas, onde trabalha atualmente em um café e venceu a seletiva para a equipe de refugiados.

Al-Hussein começou a nadar quando tinha cinco anos, nas margens do rio Eufrates com seu pai. Na adolescência, tinha sonhos olímpicos. "Nunca imaginei que meu país estaria em guerra algum dia", afirmou à AFP. "Depois da explosão perdi qualquer esperança de continuar no esporte porque uma perna teve que ser amputada e a outra estava ferida. Meu único objetivo era caminhar de novo", conta.

Na Grécia, no entanto, ele conseguiu muito mais. Uma vez instalado, voltou a praticar o esporte, nadando quatro horas por dia depois do trabalho. Também joga basquete em cadeira de rodas. Ibrahim Al-Hussein foi selecionado em abril para integrar a primeira equipe de refugiados paralímpicos. Os Jogos Olímpicos Rio-2016 também contaram com uma equipe de refugiados. Ele acredita que o esporte deve ser usado para deter o conflito e faz um pedido pelo "fim do derramamento de sangue na Síria".

Com tantos atletas sírios fugindo do país, ele afirma que a União Europeia, onde muitos estão refugiados, "deveria facilitar os procedimentos para que os atletas possam treinar em clubes". "Há muitos feridos de guerra, pessoas que sofreram amputações, como eu. Para os palestinos, iraquianos e sírios os Jogos Paralímpicos são um objetivo real", disse.

Quando a "maravilhosa experiência", como define, de competir no Brasil terminar, o sírio vai retomar sua vida em Atenas e começará a pensar nos Jogos de Tóquio-2020, mas com a esperança de representar sua terra natal. "Vamos ser realistas. Meu país está perdido neste momento. Mas espero que um dia o banho de sangue termine", disse. "Não quero voltar ao meu país nas condições que o deixei, em uma cadeira de rodas".

Como deseja voltar então? "Nadando, atravessando o Eufrates da minha infância".

Se o Rugby de 7, modalidade que estreou nos jogos olímpicos no Rio-2016, causou curiosidade, o Rugby em cadeira de rodas desperta ainda mais interesse do público. O esporte, que tem sua origem em Winnipeg, Canadá, na década de 1970, chega a sua quinta Paralimpíada ainda pouco conhecido.

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Logo de cara, o Rugby em cadeira de rodas deixa claro que se trata de uma disputa intensa. Em uma quadra de 15m de largura por 28m de comprimento, dois times, com quatro atletas cada, disputam na força para chegar ao fundo do campo adversário em quatro períodos de oito minutos. A modalidade se divide em sete classes, definidas por grau de deficiência. As classes maiores são as que têm os atletas com maiores níveis funcionais em testes de tronco e de banco.

É curioso observar que, diferente do Rugby convencional, na versão adaptada homens e mulheres jogam juntos. As regras também são distintas, afinal, é preciso passar com bola e cadeira pela linha de fundo em uma pequena área, onde o atacante não pode passar mais do que 10 segundos. A defesa até pode ficar na pequena área, mas só três dos quatro atletas. Se o último integrante entrar, enquanto os outros estiverem, o juiz marca falta para o adversário. 

Os jogadores podem conduzir a bola sobre as coxas ou passá-la para o companheiro mas, se permanecer com a posse, deve fazê-la quicar a cada 10 segundos. Ainda por cima, um time não pode passar mais do que 12 segundos com a posse da bola em seu lado do campo, ou seja, haja velocidade para os atletas. A jogada inteira, do começo até o seu desfecho pode levar, no máximo, 40 segundos. Se, ao final dos quatro períodos o placar estiver empatado, são disputados três minutos de prorrogação. Haja fôlego!

O Brasil conquistou nessa quarta-feira (14) mais duas medalhas de prata na natação - no revezamento 4x100m livre/34 pontos e nos 50m livre S13 - dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro.

Nos 4x100m livre/34 pontos, a equipe formada pelo fenômeno Daniel Dias, Andre Brasil, Ruiter Silva e Phelipe Melo chegou na segunda-posição, atrás dos ucranianos Oleksandr Komarov, Maksym Krypak, Bohdan Hrynenko e Denys Dubrov. O bronze ficou com a China, que nadou com Maodang Song, Haijiao Xu, Furong Lin e Yinan Wang.

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Nos 50 metros livre S13 - para deficientes visuais - o brasileiro Carlos Farrenberg ficou com a prata, sendo superado pelo bielorrusso Ihar Boki. A medalha de bronze foi para o uzbeque Muzaffar Tursunkhujaev.

Por enquanto, a meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) de o País terminar no Top 5 do quadro de medalhas vem se mantendo, mas terminar a competição com o quinto lugar vai depender de um aproveitamento muito bom até este domingo (18), provavelmente com a conquista de mais de um ouro por dia. Nessa quarta-feira, pela primeira vez o Brasil não subiu ao lugar mais alto do pódio nesta edição - ganhou três pratas e dois bronzes.

Diferentemente da Olimpíada, quando o Comitê Olímpico do Brasil definiu que iria considerar o número total de medalhas, na Paralimpíada o CPB estimulou a sua meta a partir da contagem tradicional, que leva em conta o número de ouros. Por enquanto, o Brasil é quinto colocado com 10 medalhas douradas.

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O problema é que a Austrália já igualou no número de ouros e a Alemanha vem logo atrás no quadro de medalhas com apenas um ouro a menos. A previsão inicial era de que o Brasil precisasse subir ao lugar mais alto do pódio 31 vezes para se garantir no quinto posto, mas o número deve baixar. Caso se mantenha, é improvável que o País alcance a meta, já que, em quatro dias, teria que dobrar o aproveitamento alcançado em uma semana de disputas.

As maiores esperanças de ouro estão sobre as modalidades coletivas - o futebol de 5, por exemplo, é favorito. Nas individuais, as apostas recaem na natação e no atletismo, que deram nove das 10 medalhas de ouro para o País até aqui. Mas o aproveitamento do Brasil nas duas modalidades, especialmente nas piscinas, também está aquém do esperado.

Mesmo que o País tenha ganhado medalha no estádio Aquático em todos os dias de disputa até aqui, foram apenas duas de ouro, ambas com Daniel Dias. "Fomos surpreendidos por atletas que não conhecíamos", admitiu Leonardo Tomasello, técnico da seleção paralímpica de natação.

Ele apontou ainda o fato de que cada vez mais os atletas estrangeiros estão competindo em menos provas a fim de se especializarem em disputas específicas. Isso acaba baixando as marcas e aumentando a exigência dos atletas. "Acho que estamos vivendo a última geração dos multimedalhistas. Vai ser cada vez mais difícil você ter um Daniel Dias ou um André Brasil, que ganha todas as provas. O treinamento está cada vez mais específico", avaliou Tomasello.

PÓDIOS - Apesar de ter a maior delegação paralímpica de sua história - são 279 atletas -, o Brasil não está conseguindo manter o aproveitamento de ouros dos dois últimos Jogos. Em Pequim-2008 e em Londres-2012, o número de ouros foi superior ao de pratas e de bronzes.

Há quatro anos, das 43 medalhas conquistadas, quase metade (21) foram de ouro. Com 48 pódios até o momento no Rio, o Brasil já superou o número de medalhas da última Paralimpíada. Por outro lado, apenas 1/4 delas são de ouro.

Mesmo assim, Mizael Conrado, vice-presidente do CPB, está otimista na reta final dos Jogos Paralímpicos. "Há muitas medalhas a serem disputadas. Vejo como positiva a campanha. Claro que algumas medalhas de ouro que a gente esperava acabaram não acontecendo, mas em compensação outras vieram. Está dentro da normalidade", apontou.

Ele também acredita que o número de ouros para se manter no Top 5 ficará abaixo dos 31 projetados. "Esse prognóstico foi realmente equivocado. O cenário está diferente daquilo que a gente imaginava antes dos Jogos. Muitos atletas da China não estiveram nos Mundiais no último ciclo e isso faz com que você crie expectativa em torno de um resultado que não é de fato real". (colaborou Nathalia Garcia, de São Paulo)

A delegação brasileira na Paralimpíada teve uma quarta-feira de altos e baixos nas modalidades coletivas no Rio de Janeiro. Os brasileiros avançaram tanto no masculino quanto no feminino do goalball, mas perderam no futebol de 7 e no basquete masculino em cadeira de rodas.

No goalball, o Brasil avançou às semifinais pela primeira vez com as duas seleções. No feminino, a equipe anfitriã arrasou a Ucrânia pelo placar de 10 a 0. Victoria foi o grande destaque do jogo ao anotar sete dos dez gols brasileiros, na Arena do Futuro. No masculino, o Brasil venceu a China por 10 a 3, com destaque para Leomon, com oito gol.

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As duas seleções voltam à quadra nesta quinta. Às 13h30, o time masculino vai enfrentar os Estados Unidos, que eliminaram os alemães. Mais tarde, às 15 horas, a equipe feminina encara a China, responsável por despachar o Japão.

No futebol de 7, o Brasil foi goleado pelo Irã por 5 a 0, no Estádio de Deodoro, pela semifinal. Assim, terá que disputar a medalha de bronze. O rival na briga pelo pódio será a Holanda, às 14 horas de sexta-feira.

A seleção brasileira também sofreu revés nesta quarta no basquete masculino em cadeira de rodas. O time nacional foi derrotado pela Turquia por 65 a 49. Com a queda nas quartas de final, o Brasil está fora da briga por medalhas na modalidade.

Em outras disputas nesta quarta, os três representantes do Brasil que competiram na esgrima em cadeira de rodas foram derrotados. Jovane Guissone e Vanderson Chaves, no masculino, e Mônica Santos, no feminino, não passaram às quartas de final nas provas individuais do florete.

Na disputa do tênis de mesa por equipes, o Brasil venceu a Coreia do Sul na classe 3 masculina e avançou à semifinal. O time nacional contou com Welder Knaf e David Freitas. Para chegar à decisão, eles vão enfrentar nesta quinta a Alemanha, às 19h30.

QUADRO DE MEDALHAS - Ao fim do sétimo dia de competições na Paralimpíada, o Brasil se manteve na quinta colocação no quadro de medalhas, cumprindo provisoriamente a meta estabelecida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. Com cinco medalhas conquistadas nesta quarta-feira, o Brasil soma agora 48.

Com este número, a delegação brasileira supera a campanha registrada em Pequim-2008, quando somou 47 pódios. E registra a melhor campanha da história do Brasil em número de medalhas nas Paralimpíadas. No total, o Brasil tem agora 10 ouros, 24 pratas e 14 bronzes.

A liderança no quadro geral segue com a China, com 172 medalhas, sendo 75 de ouro. A Grã-Bretanha continua na segunda posição, com 95 medalhas (43 de ouro). A Ucrânia é a terceira colocada, com 81 (31 de ouro) e os Estados Unidos estão em quarto lugar, com 80 medalhas (26 de ouro).

O primeiro dia do ciclismo de estrada na Paralimpíada do Rio teve um brasileiro no pódio. Nesta quarta-feira (14), na estreia da modalidade nos Jogos, Lauro César Chaman superou as expectativas e conquistou a medalha de bronze na classe C5, na prova de contrarrelógio.

Chaman completou o percurso no tempo de 37min37s43, pouco mais de quatro segundos atrás do australiano Alistair Donohoe, que fez 37min33s36 e ficou com a prata. A vitória e a medalha de ouro ficaram com o ucraniano Yehor Dementyev, que cravou a marca de 36min53s23.

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A prova de contrarrelógio da Paralimpíada é dividida em duas partes de 15 quilômetros. Na primeira, Lauro César cravou a terceira marca, com 19min16s03. Na segunda, fez o segundo melhor tempo, com 18min21s40, mas no resultado final, acabou mesmo com o bronze.

Nas outras classes com participação de brasileiros, nenhuma medalha. Na categoria H1-2-3, entre as mulheres, Jady Martins Malavazzi terminou na sexta posição, com o ouro indo para a britânica Karen Darke. Já na categoria B, Marcia Fanhani foi somente a penúltima colocada entre as 17 competidoras. A irlandesa Katie George Dunlevy ficou com o ouro.

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O Brasil não recebeu o título de país do futebol à toa. Não bastasse ser o maior vencedor de Copas do Mundo, estar no topo no futsal e futebol de areia, a seleção canarinho também sai na frente quando o assunto é esporte paralímpico.

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Nas Paralimpíadas, a seleção brasileira de Futebol de 5 é uma verdadeira potência. Maior campeão dos jogos, o time do craque Ricardinho vai tentar o tetracampeonato no Rio-2016. Desde que a modalidade estreou em Atenas-2004, só o Brasil conseguiu vencer. O Futebol de 5 é uma modalidade adaptada do futebol para pessoas com deficiência visual. Mais curta, uma partida dura 50 minutos, divididos em dois tempos, com um intervalo de 10 minutos. Diferente do esporte tradicional, a versão adaptada tem placas nas laterais, guizo na bola, e a torcida precisa acompanhar em silêncio.

Existem diferentes classes de cegueira no Futebol de 5, mas na Paralimpíada apenas os que fazem parte da 'B1', onde ambos os olhos não captam luz alguma, participam da disputa. Vale frisar que o goleiro é o único dos jogadores que enxerga normalmente. Como é de esperar, cada time tem 5 atletas, mais um treinador que fica dando instruções de direção do lado de fora. 

A modalidade que começou em Atenas teve três finais diferentes, todas vencidas pelo Brasil:

Atenas (2004) - Brasil 3x2 Argentina

Pequim (2008) - Brasil 2x1 China

Londres (2012) - Brasil 2x0 França

Só falta o ouro

O Futebol de 7 não tem nada a ver com cegueira. Nessa modalidade, os atletas, todos homens, tem de paralisia cerebral ou outros distúrbios neurológicos. As regras são bem parecidas com o futebol comum, mas não existe impedimento e o lateral pode ser feito com uma mão só. As partidas são disputadas em dois tempos de 30 minutos e é obrigatório que cada time tenha entre os titulares um jogador classe 5 ou 6, nível de disfunção mais alto, e, no máximo, dois da 8, na qual os atletas tem menos restrições e normalmente são os goleiros.

Diferente do Futebol de 5, o Futebol de 7 já faz parte das Paralimpíadas desde 1984. O Brasil nunca ganhou o ouro, mas ficou com a prata em Atenas-2004 e o bronze em Sidney-2000. Na última disputa, em Londres, 2012, a seleção canarinho parou nas semifinais, quando perdeu para o Irã por 5x0. Ucrânia, Rússia, Irã e Brasil foram os semifinalistas nas paralimpíadas de Pequim e Londres, logo, são os favoritos para levar as medalhas no Rio de Janeiro.

Veio do atletismo a primeira medalha do Brasil no sétimo dia de competições dos Jogos Paralímpicos do Rio. Nesta quarta-feira, Verônica Hipólito faturou o bronze na disputa dos 400 metros rasos T38 (paralisados cerebrais andantes), realizada no Engenhão, levando o País a já alcançar uma marca histórica.

O bronze assegurado por Veronica Hipólito faz com o que o Brasil supere o número de medalhas faturadas na Paralimpíada de Londres, em 2012, quando os competidores do País subiram 43 vezes ao pódio. Agora, a equipe brasileira já acumula 44 medalhas, sendo dez de ouro, 21 de prata e 13 de bronze, em quinto lugar na classificação geral do evento.

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Verônica Hipólito marcou o tempo 1min03s14, em uma prova disputada em alto nível, que registrou o novo recorde mundial, assegurado pela britânica Kadeena Cox, com 1min00s71. Quem veio logo atrás e garantiu a prata foi a chinesa Junfei Chein, que completou a distância em 1min01s34.

A medalha conquistada nesta quarta-feira foi a segunda de Verônica nesta edição da Paralimpíada. Antes, a brasileira, de 20 anos, já havia faturado a prata nos 100m T38. No Rio, ela também participou da disputa do salto em distância T38 e chegou apenas na oitava colocação.

Agora, após superar o número de conquistas de Londres-2012, o Brasil tentará bater a marca alcançada em Pequim-2008, quando faturou o seu número recorde de medalhas na história da Paralimpíada, com 47.

O número de ouros do Brasil, porém, ainda é inferior ao das últimas três edições do evento. Foram 21 em Londres-2012, o recorde do País, 16 em Pequim-2008, e 14 em Atenas-2004.

A primeira edição da Paralimpíada realizada na América Latina será também a estreia de um time formado por refugiados de guerra, à exemplo das olimpíadas. O nadador sírio Ibrahim Al- Hussein e o atleta do arremesso de disco iraniano Shahrad Nasajpour disputam os jogos sob a bandeira paralímpica.

Nascido em Deir ez -Zor, na Síria, Ibrahim Al- Hussein começou a vida nadando tendo em seu pai, um treinador exigente. Talentosos, Ibrahim e alguns de seus treze irmãos conquistaram várias competições locais e ganharam destaque no esporte. Com a guerra destruindo seu país, não demorou para o jovem de 19 anos se tornar uma das vítimas. Em 2013, ao tentar ajudar um amigo, atingido por uma bomba, Ibrahim sofreu um ferimento grave, por um morteiro, e perdeu parte de sua perna direita.

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O sírio se viu sem alternativas, a não ser fugir e foi o que fez. Passou um ano se recuperando na Turquia e depois foi para Grécia, onde vive até hoje. Para quem não tinha esperança sequer de voltar a nadar, conseguir estar nos jogos paralímpicos é mais do que uma grande conquista. "Depois de 22 anos de treinamento, eu finalmente consegui. Meu sonho se realizou. Às vezes eu vou para cama para dormir e, por estar tão feliz, eu choro. Agora, tudo que penso é fazer o meu melhor e atingir a minha meta", contou.

Ibrahim irá competir na classe S10 dos 50m, e dos 100m, nado livre. O atleta sírio chega ao Rio de Janeiro com um ano de preparação, após passar cinco anos sem competir.

Livro fechado

O outro integrante do time dos refugiados é o iraniano Shahrad Nasajpour, atleta do arremesso de disco. Por ter paralisia cerebral, Sharad irá disputar na classe F37 do arremesso de disco. Com refúgio concedido pelos Estados Unidos, onde vive, Shahrad escolheu não compartilhar sua história por razões pessoais e disse estar focado em aperfeiçoar sua técnica para os jogos.

Panorama

Segundo a ACNUR, Agência da ONU para refugiados, cerca de 65 milhões de pessoas estão refugiadas ou deslocadas em todo o planeta. A ideia de inserir os atletas 'sem nação' nos jogos olímpicos, e paralímpicos, é passar uma mensagem de esperança para quem precisou fugir de seus países por conta de guerras.

Confirmando todas as expectativas, o italiano Alessandro Zanardi conquistou a medalha de ouro na prova de ciclismo de estrada contrarrelógio H5 dos Jogos Paralímpicos. O ex-piloto das Fórmulas 1 e Indy concluiu a prova na manhã quente do Rio de Janeiro com o tempo de 28min36s81.

Ao final da disputa, Zanardi, que chegou a sua quarta medalha paralímpica, sendo a terceira de ouro, afirmou que vencer no Rio era especial. "Foi aqui que conquistei minha primeira pole na Indy", lembrou, nesta terça-feira.

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Zanardi fechou a primeira das duas voltas no circuito do Pontal em terceiro lugar, mais de 18 segundos atrás do australiano Stuart Tripp, mas conseguiu fazer os últimos cinco quilômetros em ritmo ainda mais intenso e recuperou a diferença, fechando a disputa em 28min36s81. Tripp ficou com a prata (28min39s55), e o americano Oscar Sanchez (28min51s73) com o bronze.

Ao final da prova, Zanardi dedicou a vitória à família. "É simplesmente fantástico. Eu só tenho que agradecer. Eu sinto que sou um cara de muita sorte", disse o ex-piloto, que teve as duas pernas amputadas em 2001, quando sofreu um grave acidente na Indy.

O paraciclista afirmou que a vitória no Rio teve um gosto especial. "É uma coisa mágica vencer no Rio. Eu amo muito o Brasil, tenho muitos amigos brasileiros, como o Tony Kanaan. Te saúdo, Tony, te quero bem! Meu ídolo é Ayrton Senna", disse.

"Para mim o Rio é especial. Em 1996 vim ao Rio de Janeiro com a Indy e conquistei minha primeira pole. Foi num circuito belíssimo, e sempre andei muito rápido naquela pista. Cheguei em segundo, mas foi porque sempre é preciso um pouco de sorte", lembrou, referindo-se ao Autódromo de Jacarepaguá. A pista foi demolida para a construção do Parque Olímpico da Barra.

"Quando me disseram que o estádio (Parque Olímpico) foi construído em cima daquela pista, do circuito da Indy, finalmente eu tive a chance de vencer uma competição no Rio", comentou, dizendo ainda que isso era importante para ele por se considerar "um tipo romântico".

Sobre a escolha pelo paraciclismo, Zanardi declarou que a questão da velocidade fica em segundo plano. "Não é pela velocidade. Eu queria andar de bicicleta, mas para vencer a prova eu preciso ser veloz, como com o carro", comparou.

Ele também destacou a importância dos Jogos Paralímpicos na conscientização das pessoas. "O esporte paralímpico é num nível altíssimo. Hoje fiz 43km/h, 44km/h de velocidade média. Eu podia andar um pouco mais veloz, mas é difícil. Precisa muita força nos braços. O esporte está num nível muito alto. Tem que trabalhar muito. Se outro deficiente vê os ídolos no esporte paralímpico, isso os incentiva", afirmou. Depois, o italiano fez pose com os braços e brincou. "Ele vê 'olha como está bem o Zanardi, com quase 50 anos! Braço de Ferro!'"

Nesta quinta-feira, Zanardi buscará o bicampeonato paralímpico na corrida de estrada, e na sexta compete no revezamento, na qual levou a prata em Londres-2012.

Feche a boca ou roa as unhas, mas fique em silêncio. O melhor torcedor em uma partida de futebol de cegos é aquele que fica calado.

Mas como é difícil, principalmente quando o Brasil busca o pentacampeonato paralímpico nos jogos no Rio de Janeiro, perante uma torcida acostumada a ser o décimo segundo jogador, e muito barulhenta.

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"Brasil! Brasil!", se ouve das arquibancadas um pouco antes do início da partida. O amarelo domina o estádio, que vibra.

Na primeira fila estão Wagner Goulart, de 30 anos, e Luciana Vargas, de 34. Ambos usando camisas, chapéus, e até óculos de plástico com a palavra Brasil. Ela com uma corneta e ele com um chocalho.

"Só fazemos barulho quando a partida para e quando o gol é óbvio", dizem em entrevista à AFP.

Assim, com todos "preparados", soa o apito e um rastro de "shhh" domina o estádio antes do absoluto silêncio. Só o que se escuta é o tilintar da bola especial -com guizos dentro- e os gritos dos jogadores, que têm diferentes níveis de cegueira e usam vendas nos olhos para igualar as condições.

É um jogo em que os ouvidos são os olhos e qualquer ruído pode arruinar uma jogada. Somente os goleiros enxergam e servem de guia para os outros jogadores.

- Emoção -

O Brasil enfrentou no domingo a Turquia na fase de grupos do torneio paralímpico de futebol de cinco. A vitória por 2x0 do time brasileiro garantiu uma vaga na semifinal.

O time jogou de maneira muito ofensiva, em contraste com o rival extremadamente defensivo. Por isso era difícil conter a torcida quando Ricardinho, camisa 10, driblava três jogadores da defesa antes de chutar para o gol. A emoção da torcida foi controlada e se transformou em um murmúrio, mas na verdade queria explodir em um grito de celebração.

A torcida brasileira se destacou nessas olimpíadas pelo barulho que fazia nas arquibancadas, a favor ou contra. Muito atletas mostraram surpresa com essa empolgação.

Katia Brum (38 anos) sofreu quando celebrou o primeiro gol: uma jogada de Ricardinho que começou da lateral esquerda e terminou com um chutaço do atacante brasileiro, o melhor do mundo em 2014.

Sentia os músculos tensos, colocava a mão na boca, estava a ponto de explodir, mas não podia gritar como em uma partida de futebol comum.

"É muito difícil, é a primeira vez que vemos uma partida de cegos e é muita emoção. Não pude trazer meu pai, ele teria um infarto. Está acostumado a ajudar, a gritar, a ser o 12º jogador. Ia explodir", disse.

Os jogadores brasileiros dizem que havia mais ruído do que o ideal, mas longe de incomodar.

"Essa energia é muito importante, a pessoa se sente mais motivada, dá um gás extra com alguém incentivando. No momento, atrapalha, mas sabemos que são importantes", disse o atacante Nonato.

"Quero e espero que continue assim, a todo vapor, e espero que a torcida celebre com a gente outro título", acrescentou Ricardinho.

Não faria mal, muito menos se for um ouro ganho em casa, repetindo o feito da seleção de Neymar nos Jogos Olímpicos.

- Final ruidosa -

O futebol de cinco se transformou em esporte paralímpico nos jogos de Atenas em 2004 e desde então o Brasil foi o único campeão do torneio.

Na primeira edição, ganhou a final de sua grande rival Argentina, que em 2008 ficou com o bronze.

A seleção argentina está entre os favoritos para chegar à final e assim como na Copa do Mundo de 2014, trouxe sua torcida para o estádio do centro de tênis do Parque Olímpico.

"É muito lindo jogar com torcida, ainda que por vezes jogue contra, porque sabemos que o futebol é muito emotivo, mas como fazer para se controlar? Quando uma jogada está para se definir e a torcida começa a gritar 'ai ai ai', esse som te faz perder a jogada, mas também te motiva", explicou o capitão Silvio Velo, conhecido como o "Messi" do futebol de cinco, que jogou mais cedo no domingo.

Se a final é Brasil-Argentina, será preciso colocar uma mordaça e prender as pessoas nas cadeiras. Alguns propõem fazer uma bola com um guizo mais barulhento. Será necessário muito "shhh" e autocontrole para aguentar os 50 minutos da partida.

Oscar Pistorius foi o primeiro atleta com deficiência a disputar os Jogos Olímpicos, mas sua façanha foi praticamente esquecida depois que foi condenado por assassinato. Ainda não surgiu um novo nome paralímpico para repetir a proeza, mas tudo indica que é uma questão de tempo.

Com as próteses de fibra de carbono, Pistorius, biamputado, entrou para a história olímpica com o tempo de 45 segundos e 44 centésimos registrado em sua estreia nos 400 metros rasos nos Jogos de Londres-2012.

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Atualmente poucos mencionam seu feito, depois que ele foi condenado a seis anos de prisão pela morte da namorada. E suas marcas também começaram a cair: na terça-feira o neozelandês Liam Malone superou o recorde paralímpico nos 200 metros durante os Jogos Rio-2016.

Mas em um momento de muita atenção para o esporte paralímpico muitos perguntam quem pode repetir Oscar Pistorius.

Um dos nomes mais citados é o do alemão Markus Rehm, do salto em distância e conhecido como 'Blade Jumper', que sonha em disputar os Jogos de Tóquio-2020.

Sem uma perna, amputada após um acidente marítimo, Rehm afirma que tem o nível dos atletas olímpicos. De fato, sua melhor marca pessoal, de 8,40 metros, é superior aos 8,38 m que renderam a medalha de ouro ao americano Jeff Henderson na Rio-2016.

Rehm, que na segunda-feira conquistou o ouro paralímpico com a equipe alemã do revezamento 4x100 m, desistiu em julho de tentar participar dos Jogos Olímpicos do Rio, porque a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) não estava convencida de que sua prótese não proporcionava um impulso extra.

"Depois dos Jogos Paralímpicos do Rio vou continuar conversando com a IAAF para encontrar uma solução para competir no Mundial de Londres-2017, mesmo sem o ranking. Posso ganhar minhas medalhas em competições paralímpicas, mas seria excelente representar nosso esporte diante de mais pessoas e mostrar que somos bons atletas, que não temos que nos esconder", disse à AFP.

Também chamou a atenção o ouro do argelino Abdellatif Baka nos 1.500 metros na categoria T3 (atletas com baixa visão), que venceu a prova com o tempo de 3:48.29, melhor que o do medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, o americano Matthew Centrowitz (3:50.00).

Neste caso, no entanto, é preciso recordar que a final dos 1.500 m da Rio-2016 foi considerada fraca tecnicamente e com uma tática em que todos os atletas se pouparam para o sprint final. O recorde mundial na prova, por exemplo, foi estabelecido pelo marroquino Hicham El Guerrouj, em 1998, em 3:26.00.

- Tabu -

Sete meses depois de competir em Londres e reconhecido em todo o planeta, Pistorius matou a tiros a namorada Reeva Steenkamp. Ele disse que a confundiu com um ladrão.

Seu pioneirismo desapareceu rapidamente. De um herói do esporte se tornou um detendo vigiado para que não cometa suicídio.

No Engenhão, o Estádio Olímpico, onde poderia ter conquistado ainda mais vitórias, seu nome praticamente não é citado.

E quando um atleta sul-africano recebe uma pergunta sobre Pistorius, os assessores de imprensa da delegação tentam rapidamente mudar o assunto, mas alguns respondem, como é o caso de Arnu Fourie.

"Oscar obviamente faz falta, ele fez muito pelo esporte, não só do país, mas do mundo. O que ele fez não pode ser apagado", disse.

Pistorius encarou uma longa batalha para chegar a Londres-2012, dentro e fora das pistas.

Depois de ser vetado de Pequim-2008, porque a IAAF considerava que as 'blades' representavam uma vantagem, ele conseguiu uma autorização do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS).

Rehm não gosta das comparações.

"Pistorius foi um capítulo há alguns anos, eu quero escrever um novo capítulo, levar as coisas a outro nível, quero fazer as coisas um pouco diferente", disse o alemão, que não deixou de destacar o legado do sul-africano.

"Fez muito pelo esporte, sem dúvida, mas temos que pensar no futuro e espero que muitos atletas alcancem níveis incríveis", afirmou o alemão.

O italiano Alessandro Zanardi ficou conhecido no mundo inteiro pela velocidade. Disputou 41 GPs de Fórmula 1 na década de 1990 e teve um período de maior sucesso na Fórmula Indy, onde foi campeão em 1997 e 1998. Foi nesta categoria que, em 2001, sofreu um grave acidente no circuito oval de Lausitz, na Alemanha. Perdeu muito sangue, precisou ser reanimado sete vezes e acabou com as pernas amputadas. Sobreviveu.

Alex Zanardi voltou às pistas pilotando carros de turismo adaptados e desde 2007 é atleta do paraciclismo - parou com os carros em 2014. Três vezes medalhista em Londres-2012, ele começa nesta quarta-feira a disputa dos Jogos Paralímpicos do Rio-2016 para repetir o feito.

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A partir das 8 horas, o italiano disputa a prova de ciclismo de estrada H5, na Praia do Pontal, na zona oeste. O atleta foi campeão desta prova e da disputa contrarrelógio há quatro anos, além de ser medalhista de prata no revezamento. No Rio, irá disputar as mesmas provas querendo retornar ao pódio.

Alex Zanardi chegou na última sexta-feira, se hospedou na Vila Paralímpica e gostou do que viu. "O clima que se respira na Vila é fantástico. Percebe-se que algo grande está acontecendo aqui". Animado, ele garante estar pronto para a disputa. Nos últimos meses, intensificou os treinos. São de duas a três horas por dia, seis vezes por semana. O treinamento conta com a supervisão do técnico Mario Valentini. "Ele exige de mim o que preciso fazer, nem mais, nem menos. Sabe me dizer o que preciso ouvir. Ninguém faz nada sozinho na vida", disse.

HISTÓRIA - O acidente que quase custou a vida do ex-piloto completará 15 anos nesta quinta-feira. Alex Zanardi liderava a prova em Lausitz quando perdeu o controle do carro, atravessou o gramado e foi parar no meio do traçado de alta velocidade. O carro de Alex Tagliani atingiu em cheio a lateral de Zanardi, que teve o veículo partido em dois. A velocidade era de cerca de 300 km/h.

A corrida foi interrompida e o piloto perdeu muito sangue. "Fui reanimado 7 vezes, fiquei sem sangue. De acordo com a ciência, eu não tinha nenhuma chance de sobreviver", recordou o italiano. "Mesmo assim, aqui estou. Tive muita sorte de ter sido assistido por pessoas maravilhosas. Eu só fiz o que tinha que fazer, que era sobreviver aqueles 15 minutos sem sangue. Não existem palavras para explicar minha recuperação".

Ele também se adaptou bem à vida após o acidente. "Antes eu me perguntava o que faria se algo assim acontecesse. A resposta que eu me dava era que eu ia me matar. Mas, quando aconteceu comigo, isso não veio à minha cabeça. Estava feliz de estar vivo. Sabia que o pior já tinha passado", disse. Alex Zanardi hoje é um dos principais nomes do paraciclismo. Assim como em outros tempos, é pela velocidade que o mundo o conhece.

O brasileiro Mateus Evangelista Cardoso, de 22 anos, faturou a medalha de prata na disputa do salto em distância, no início da tarde desta terça-feira (13), nos Jogos Paralímpicos do Rio. Ele competiu na categoria T37, para paralisados cerebrais, no Engenhão.

A medalha assegurada por Mateus Evangelista veio em uma prova de alto nível, tanto que ele e o chinês Shang Guangxu quebraram o recorde mundial durante a final. E quem se deu melhor foi o asiático, que atingiu a marca de 6,77 metros na sua tentativa derradeira. Assim, ele conseguiu uma vantagem de 24 centímetros em relação a Mateus Evangelista, medalha de prata ao atingir 6,53m. Já o paquistanês Haider Ali completou o pódio, em terceiro lugar, com a marca de 6,28m.

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A prata paralímpica, assegurada nesta terça-feira, se junta a outro feitos da carreira de Mateus Evangelista. Em 2015, ele faturou medalhas de ouro nos 100 metros, nos 200 metros e no salto em distância nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto.

Mateus é natural de Porto Velho. Por falta de oxigênio na hora do nascimento, ele teve uma paralisia cerebral que prejudicou os movimentos do lado direito do corpo. Com a mão e a perna direita sem movimentação total, entrou no esporte aos 13 anos.

Com a prata de Mateus, o Brasil já soma 39 medalhas conquistadas nos Jogos Paralímpicos do Rio. São dez de ouro, 19 de prata e dez de bronze, desempenho que deixa o País na quinta posição na classificação geral do quadro de medalhas.

A cinco dias do término dos Jogos Paralímpicos do Rio, restam apenas 400 mil entradas para a competição - e isso para as disputas que ocorrem até sexta-feira (16), além da cerimônia de encerramento. Para as provas do final de semana, não há mais nenhum bilhete disponível. É possível, contudo, que uma pequena carga de bilhetes seja colocada à venda no sábado (17) e no domingo (18).

A Paralimpíada atingiu na última segunda-feira (12) a marca de 1,965 milhão de ingressos vendidos, muito próximo da meta estabelecida pelo Comitê Rio-2016, que prevê vender 2 milhões de bilhetes. A carga total é de 2,4 milhões.

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As entradas para as disputas do final de semana no Parque Olímpico já estavam esgotadas desde a semana passada, mas agora já não é possível encontrar ingressos para nenhum dos locais de disputa, o que inclui o Engenhão, local das provas de atletismo, que têm sido o carro-chefe de medalhas para o Brasil.

Diariamente, no entanto, o Rio-2016 coloca à venda para o público em geral os ingressos reservados para pessoas com deficiência que não tenham sido vendidos. A carga é pequena, e só pode ser comercializada no próprio dia da disputa. Assim, com um pouco de sorte e insistência, ainda existe a chance de se conseguir ingressos para as provas de sábado e domingo.

Já para a cerimônia de encerramento, ainda é possível comprar entradas para os setores A (R$ 1.000) e B (R$ 400) do Maracanã. Restavam 3 mil bilhetes no fim da manhã desta terça-feira.

O atletismo não para de dar medalhas ao Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio. Na manhã desta terça-feira (13), no Engenhão, o País assegurou mais dois lugares no pódio em provas de pista com o ouro conquistado nas disputas do revezamento 4x100 metros classes T11-T13 (deficientes visuais), prova em que faturou o ouro, e nos 100m T38, com o bronze de Edson Pinheiro.

O ouro no revezamento foi assegurado pelo quarteto formado por Daniel Silva, Diogo Ualisson, Felipe Gomes, Gustavo Araújo, Ricardo Oliveira e Kesley Teodoro. A equipe brasileira completou a distância em 42s37, também estabelecendo um novo recorde paralímpico.

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Jeronimo da Silva abriu boa vantagem logo nos 100 metros iniciais da disputa e Gustavo Araújo sustentou a liderança. Na sequência foi a vez de Daniel Silva correr por mais 100m até a parte final ser concluída por Felipe Gomes, prata nos 100m T11.

O quarteto da China foi o que mais se aproximou do Brasil, garantindo a medalha de prata com o tempo de 43s05. O bronze foi para a equipe do Usbequistão com a marca de 43s66.

Já Edson Pinheiro garantiu a medalha de bronze nos 100m T38 (paralisados cerebrais andantes) com o tempo de 11s26. O brasileiro ficou em terceiro enquanto o australiano Evan O'Hanlon garantiu o segundo lugar, com 10s98, e o chinês Hu Jianwen conquistou o ouro com o tempo de 10s74, quebrando o recorde mundial da prova.

Nascido no Acre, Edson Pinheiro teve paralisia cerebral logo no parto devido à falta de oxigenação no cérebro. Em 2001, tentou praticar o tênis de mesa, mas não teve muito êxito. Foi quando começou a disputar provas no atletismo. Agora garantiu a sua primeira medalha paralímpica.

O Brasil conquistou nesta terça-feira (13) a sua primeira medalha na história dos Jogos Paralímpicos no halterofilismo. O feito, alcançado no Pavilhão 2 do Riocentro, foi de Evânio Rodrigues da Silva, que assegurou a prata na disputa masculina até 88kg da Paralimpíada do Rio.

O baiano, de 32 anos, ergueu 210kg na segunda das três tentativas de levantamento na final desta terça. A marca foi a mesma do mongol Sodnompiljee Enkhbayar, mas Evânio acabou assegurando a prata por ter peso corporal inferior ao do asiático - 86,35kg a 87,53kg -, que precisou se contentar com a medalha de bronze.

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Antes do levantamento que lhe garantiu a prata, Evânio havia conseguido erguer 205kg. Depois, falhou na tentativa de 215kg. A medalha de ouro acabou ficando com Mohammed Khalaf, dos Emirados Árabes Unidos, que ergueu 212kg na primeira tentativa e 220kg na segunda - ele falhou ao tentar erguer 226kg, mas isso não evitou a sua vitória.

Esta foi a primeira participação de Evânio nos Jogos Paralímpicos. O baiano começou a competir no halterofilismo em 2008 e ficou em sexto lugar no Mundial de 2014 na categoria até 88kg. Em 2015, o brasileiro foi ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto na categoria até 80kg. Agora garantiu a primeira medalha do Brasil no halterofilismo na história da Paralimpíada.

Impossível esquecer de Ryan Lochte, certo? Mas, para quem não se lembra, ele é aquele atleta olímpico, dos Estados Unidos, que mentiu sobre um assalto no Rio de Janeiro durante a Olimpíada, acabou sendo desmascarado pela polícia e ficou em maus lençóis.

E a situação ficou tão feia para o nadador que os próprios conterrâneos reprovaram sua atitude. Mas é claro que tudo pode piorar. E, pelo visto, piorou, já que na participação de Ryan na estreia do programa Dancing With the Stars, algumas pessoas da plateia resolveram fazer um protesto contra ele no exato momento em que uma jurada iria falar sua nota.

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As pessoas se levantaram e foram até a beira do palco com camisetas contra ele. Com a confusão formada, a emissora optou cortar o momento e chamar os comerciais.

Os resultados fenomenais da China nos Jogos Paralímpicos estão chamando a atenção e, consequentemente, gerando questionamentos. Em seis dias de competição no Rio-2016, os chineses já conquistaram mais de 100 medalhas e lideram o quadro, com ampla vantagem sobre a Grã-Bretanha, a segunda colocada. "Alguma coisa está acontecendo. Durante os Jogos não tem o que fazer, depois é uma questão para ser analisada", afirmou Edilson Tubiba, chefe de missão da delegação brasileira na Paralimpíada Rio-2016 e diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Se doping é a maior ameaça nos Jogos Olímpicos, o uso de substâncias ilícitas fica em segundo plano na Paralimpíada. Fraude nas classificações funcionais é o principal motivo de desconfiança nas competições. Suspeita que recaiu sobre os atletas da China e também envolveu a Ucrânia, terceira colocada no quadro geral de medalhas da Paralimpíada.

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"Um ou outro atleta até pode estar envolvido com doping. Mas não há suspeita de um sistema, como ficou provado no caso da Rússia. A maior dúvida é se os atletas estão dentro de uma classificação funcional justa", explicou Edilson Tubiba.

Dois casos de quebra de recorde mundial na natação dão fôlego para a polêmica. Aos 21 anos, Liankang Zou cravou 1min45s25 nos 100 metros costas na classe S2, baixando 17 segundos da marca anterior aos Jogos (2min02s25). No revezamento 4x50 metros livre misto até 20 pontos, a China pulverizou o melhor tempo da história, que pertencia ao Brasil, sendo 11 segundos mais rápida. Para isso, o chinês Wenpan Huang fez uma parcial quase seis segundos abaixo do recorde mundial nos 50 metros livre S3: de 42s60 para 36s64.

Soberana desde os Jogos de Atenas-2004, a China é uma potência paralímpica. De acordo com Edilson Tubiba, a supremacia dos asiáticos é explicada por um grande número de pessoas com deficiência em um sistema sólido de investimento esportivo. O chefe de missão do Brasil também aponta que a Paralimpíada de Pequim, em 2008, teve papel importante no crescimento.

Mas os chineses enfrentam problemas por "esconder" suas promessas. A nova geração de competidores de diversas modalidades é desconhecida até por parte dos atletas, visto que muitos asiáticos não participaram de competições importantes durante o ciclo olímpico. Diante desse cenário de descontentamento, o Comitê Internacional Paralímpico (IPC, na sigla em inglês) prometeu analisar o caso.

"Sobre o doping não tenho nenhuma informação. Tivemos uma reunião muito rápida e informal no IPC e essa questão foi levantada, não exatamente relacionada ao doping. Sempre investigamos essas questões independente de qualquer coisa. Os atletas brasileiros têm dado declarações e vamos levar em conta porque somos uma entidade centrada nos atletas. Vamos averiguar", garantiu o presidente Philip Craven. (colaborou Marcio Dolzan, do Rio)

Ibrahim Al Hussein foi o último colocado nas eliminatórias dos 100 metros livre para amputados, disputada na manhã desta segunda-feira (12), no Estádio Aquático Olímpico. Ele chegou mais de 23 segundos após o primeiro colocado em sua bateria - uma eternidade numa prova dessa distância na natação. Mas o desempenho não o incomodou. Ao contrário, ao deixar a piscina, Al Hussein era só sorrisos. Ele competiu nos Jogos Paralímpicos do Rio quatro anos após perder parte da perna direita em um ataque à bomba na Síria, onde morava. O acidente aconteceu quando ele tentava ajudar um amigo.

Após a recuperação, com a guerra civil que não cessava em seu país, Ibrahim tomou o mesmo rumo de milhares de refugiados sírios e fugiu para a Turquia. Há dois anos, ele atravessou o Mar Egeu num bote inflável e chegou à Grécia. Lá, começou vida nova como atendente de um café e voltou a praticar esportes, algo que fazia desde a infância.

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Al Hussein, que completará 28 anos no fim do mês, é um dos dois atletas que disputam os Jogos Paralímpicos do Rio sob a bandeira do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês). O outro é o iraniano Shahrad Nasajpour, que vive como asilado nos Estados Unidos.

O sírio perdeu a perna num bombardeio em 2012. Ele tentou ajudar um amigo e acabou atingido por estilhaços. Al Hussein não sabe o que aconteceu com o companheiro que tentou ajudar. "Eu não faço ideia de como ou onde ele está agora. Não tive mais nenhum contato, mas eu não olho mais para trás. Só olho pra frente."

Ao competir pela primeira vez nos Jogos na manhã desta segunda-feira, ele afirmou que realizava um sonho. "Eu considero o esporte uma das coisas mais importantes da minha vida. É tão ou mais importante do que comida para minha vida", disse ele. "Eu estou realizando um sonho. Meu sonho está se realizando após 22 anos, aqui no Brasil", afirmou Al Hussein, que começou a praticar judô aos cinco anos.

Ele prometeu melhorar seu desempenho nas eliminatórias dos 50 metros livre, que disputará nesta terça. "Hoje eu não estava nas melhores condições para conseguir um tempo bom, mas amanhã vou fazer uma marca melhor", declarou. "Fiquei muito tempo sem praticar esportes durante minha recuperação. Eu comecei a treinar de novo há um ano e meio."

Além do período afastado dos treinos, ele apontou ainda para as dificuldades que teve para retomar os treinamentos. "No começo foi difícil de treinar no campo de refugiados, porque não tinha ninguém para me ajudar", contou. "E a vida na Grécia não é fácil, porque trabalho no café e tenho que conciliar com os treinos."

Mesmo assim, Ibrahim Al-Hussein não reclama. Está feliz. E deixou uma mensagem a todas as pessoas que precisam enfrentar o mesmo drama que ele. "Eu gostaria de compartilhar este momento com todos os refugiados do mundo todo. Dizer para eles que eles são muito fortes", declarou.

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