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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (12), durante entrevista à TV Bloomberg, nos Estados Unidos, que a inflação no Brasil vai subir, mas que haverá crescimento neste ano e em 2022. Um ano antes das eleições presidenciais, o chefe da equipe econômica também afirmou que teme o impacto do risco político nos mercados financeiros.

"Sim, a inflação vai subir, mas a política monetária está lá para conter a alta de preços", respondeu Guedes a uma pergunta sobre a pressão inflacionária no País. Segundo o ministro, metade da inflação brasileira vem atualmente dos preços de alimentos e da energia.

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Guedes declarou que o Brasil tem um democracia "vibrante", mas que há muito "barulho político". Ele disse que há no País uma "turma" que perdeu as eleições de 2018, mas "não aceita o resultado", em uma sugestão de que opositores tentam sabotar o governo.

Durante a entrevista, o ministro criticou as projeções para a economia brasileira, disse que as estimativas se provarão erradas e previu que o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá 5,5% este ano. "Crescimento não será problema. O problema é a inflação", declarou.

No Relatório de Mercado Focus mais recente, divulgado nesta segunda-feira, 11, houve manutenção da mediana das previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, em 5,04%, mesma estimativa de quatro semanas atrás. Já o Fundo Monetário Internacional reduziu um pouco a projeção do crescimento do Brasil para 2021, da estimativa de 5,3% divulgada em julho para 5,2% agora.

De acordo com Guedes, o Brasil terá uma recuperação forte, após os efeitos da pandemia de covid-19, porque o avanço da vacinação permitirá que as pessoas voltem ao trabalho de forma segura. Ele também disse que a estrutura regulatória do País mudou e que, por isso, o Brasil está agora "aberto a negócios".

Guedes está nos EUA para participar de reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), do qual o Brasil faz parte. Mais cedo, o ministro também concedeu uma entrevista à CNN Internacional e falou sobre inflação, crescimento, pandemia e vacinação, empresas de offshore e o plano de crescimento verde para o País, que será apresentado na COP26, na Escócia, no mês que vem.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) afirmou ontem que, apesar dos rebaixamentos recentes no rating soberano do Brasil e de empresas brasileiras, a pressão para novos rebaixamentos permanece. Segundo a S&P, a política interna brasileira continua sendo um dos principais riscos para a nota de classificação de risco do País.

Em um relatório divulgado ontem, intitulado "Condições de empréstimo na América Latina melhoraram, mas riscos permanecem", a S&P faz um panorama das condições de crédito nos países latino-americanos e diz que, à primeira vista, as condições de financiamento na região ainda estão um pouco mais favoráveis em 2017 do que eram no ano passado, o que deu algum impulso ao crédito para a região.

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No entanto, a agência alerta que os riscos podem deteriorar as condições de crédito, com o aumento da instabilidade política, um possível retrocesso com a queda dos preços do petróleo ou com um aumento significativo do protecionismo comercial. "No entanto, acreditamos que os riscos são mantidos à distância atualmente. Do lado positivo, uma ausência considerável desses fatores melhoraria, de fato, as condições de financiamento, bem como a confiança dos investidores, embora acreditemos que isso possa estar um pouco distante."

Em entrevista dada ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na quinta-feira, a diretora executiva de rating soberano da Standard & Poor’s, Lisa Schineller, disse que a reversão de políticas e propostas do governo brasileiro "poderia levar ao downgrade" da nota soberana do País. Segundo ela, tal reversão de medidas, sobretudo fiscais, defendidas pela administração Michel Temer poderia se motivada por uma paralisia política. Lisa destacou que a reforma da Previdência é uma das principais propostas para reverter a dinâmica das contas públicas, junto com a adoção do teto de gastos.

Ao ser questionada sobre o risco de os desdobramentos mais recentes da Operação Lava Jato, como a determinação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de abertura de inquérito contra ministros e lideranças políticas no Congresso, afetarem a aprovação da reforma da Previdência Social, Lisa respondeu que "a dinâmica política é fluida". "Não dizemos que vão (ocorrer), mas há riscos associados de que as delações possam complicar a adoção de politicas", acrescentou a diretora da S&P, referindo-se aos depoimentos de dezenas de executivos da Odebrecht aos órgãos de Justiça que investigam casos de suspeita de corrupção envolvendo a Petrobrás.

"Os desdobramentos (políticos) são um importante exemplo porque temos a perspectiva negativa para o Brasil", comentou. No dia 10 de fevereiro, a S&P reiterou a nota soberana, que é BB-, com perspectiva negativa. "Há o contraponto positivo, por outro lado, de que as investigações fortalecem as instituições no Brasil", concluiu

O dólar fechou em queda frente o real pelo quarto dia seguido e no patamar de R$ 3,30, reagindo a novos ingressos de capitais pela via financeira e a um movimento de desmontagem de posições cambiais por fundos nacionais, segundo operadores de câmbio. Eles citaram ainda como influências o fortalecimento do petróleo à tarde, a diminuição aparente do risco político e o anúncio de ações para estimular a economia interna.

No fechamento desta quinta-feira, 22, o dólar à vista estava em baixa de 0,86%, aos R$ 3,3009 - menor valor desde 9/11/2016, quando foi divulgado o resultado da eleição presidencial norte-americana, e a moeda fechou em R$ 3,2232. Nas últimas quatro sessões, acumula perda de 2,611%. O giro total registrado nesta quinta somava cerca de US$ 2,887 bilhões. No dia, oscilou da mínima, aos R$ 3,2948 (-1,04%), até máxima aos R$ 3,3467 (+0,51%).

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Teriam sido antecipadas vendas também em meio a perspectivas de entradas futuras de recursos estrangeiros, decorrentes da operação de venda de ativos da Petrobras, inclusive de pré-sal, para a francesa Total.

"Houve novos ingressos de capital estrangeiro pela via financeira durante a tarde", constatou Jefferson Rugik, diretor da Correparti. "Foram entradas de recursos de chineses destinadas a pagamentos de compras corporativas." E também o dólar operou hoje na contramão da alta externa do dólar frente a divisas emergentes e ligadas a commodities.

O operador Cleber Alessie Machado Neto, da Hcommcor Corretora, disse que a ausência de notícias desfavoráveis ao governo Temer em razão do recesso no Congresso e no Judiciário ampara uma queda do risco político e da pressão sobre o dólar. Para ele, o anúncio de medidas nesta quinta para estimular a atividade contribuiu para o alívio das cotações.

Também o Banco Central colaborou, via Relatório Trimestral de Inflação (RTI), ao confirmar que a inflação está caindo. Além desses fatores, o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, também identificou, já durante a manhã, um movimento gradual de desmontagem de posições cambiais de fundos nacional, para reenquadramento de carteira de fim de ano.

No mercado futuro, o dólar para janeiro de 2017 terminou aos R$ 3,2940, com queda de 0,86%. O volume financeiro movimentado somou cerca de US$ 17,118 bilhões.

As taxas dos contratos futuros de juros avançaram em toda a curva a termo, em especial entre os mais longos, diante da persistência do risco trazido pela crise política. Investidores estrangeiros continuaram o movimento de saída de ativos brasileiros, deixando os fundamentos da economia de lado.

Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, o DI para outubro de 2015 marcava 14,250%, de 14,244% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2016 apontava 14,48%, de 14,39% na véspera. O DI para janeiro de 2017 mostrava 14,31%, de 14,20% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2019 estava em 14,00%, de 13,85%. E o DI para janeiro de 2021 indicava 13,81%, de 13,69% ontem.

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Ao comparar o nível das taxas, sobretudo de longo prazo, de hoje com o verificado na última sexta-feira, é possível ter uma dimensão dos efeitos da crise política sobre os negócios. O vencimento para janeiro de 2017 estava em 13,43% no dia 31 de julho, saltando 84 pontos-base desde então. A partir daí, o avanço é ainda mais expressivo nos demais vencimentos. Numa tradução disso, o Credit Default Swap (CBS) do Brasil - uma espécie de seguro contra a queda do País - já está em 332 pontos, pior do que o de países com rating "junk".

Em meio a tudo isso, a inflação oficial de julho foi relegada ao segundo plano. O IPCA subiu 0,62% em julho, ante 0,79% em junho, levemente acima da mediana encontrada pelo AE Projeções (+0,60%). A alta foi a maior para o mês desde 2004, quando o avanço foi de 0,91%. Com o resultado, o IPCA acumula altas de 6,83% no ano e de 9,56% em 12 meses.

Os juros futuros subiram com força, refletindo o comportamento do dólar, o temor com o quadro político doméstico e a cautela no exterior. Ao término da sessão regular da BM&FBovespa, os principais contratos estavam nas máximas: o DI janeiro de 2016 projetava 14,23%, de 14,19% no ajuste de sexta-feira; o DI janeiro de 2017 fechou em 13,60%, de 13,43%, e o DI janeiro de 2021 encerrou em 12,99%, de 12,79% no ajuste. O sinal era inverso ao do juro da T-Note de dez anos, que estava em 2,145%, de 2,188% no final da tarde de sexta-feira. O dólar à vista encerrou em R$ 3,4510 (+1,00%).

A semana em que o Congresso Nacional retorna do recesso sob a pressão de votar as medidas de ajuste fiscal começou já com a notícia da prisão do ex-ministro José Dirceu, dentro da Operação Lava Jato, o que agravou a percepção de risco político. Lá fora, dados decepcionantes da economia da China, dúvidas sobre o início do processo de aperto monetário nos EUA e o tombo dos preços do petróleo afetaram os negócios.

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Antes da abertura, os investidores já estavam na retranca por causa dos números divulgados na China ontem à noite - entre eles a queda do índice de atividade dos gerentes de compras do setor industrial para 47,8 na leitura final de julho, ante 49,4 em junho, em medição feita pela Caixin Media (antes HSBC). É o menor nível em dois anos e o quinto mês seguido abaixo da marca de 50,0, que indica contração da atividade.

Enquanto isso, no Brasil, a tensão com a volta do Congresso nos próximos dias recebeu o reforço da notícia da prisão de Dirceu na Lava Jato, uma vez que os desdobramentos podem complicar ainda mais a governabilidade da presidente Dilma e o processo de ajuste da economia. Dirceu está sob investigação por suposto recebimento de propinas disfarçadas na forma de consultorias, por meio de sua empresa JD assessoria, já desativada. A força-tarefa da Operação informou ter convicção que o ex-ministro da Casa Civil ajudou a instalar o esquema de corrupção na Petrobras e prosseguiu na atividade ilícita após o processo do mensalão, no qual foi condenado.

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