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Os europeus devem parar de "se acomodar" a Vladimir Putin em favor de um suposto "pragmatismo" e se opor, mais frontalmente, aos seus ataques aos direitos humanos - disse Daria Navalnaya, filha do opositor russo Alexei Navalny, ao receber o Prêmio Sakharov nesta quarta-feira (15), em nome de seu pai.

A distinção é entregue pelo Parlamento Europeu.

"A pacificação de ditadores e tiranos nunca funciona", disse a estudante de 20 anos, que se apresentou junto a uma cadeira vazia nesta Casa na cidade francesa de Estrasburgo, simbolizando seu pai preso.

"Anos cortejando Putin fizeram-no entender que, para aumentar sua popularidade, também pode desencadear uma guerra", lançou a jovem, aplaudida pelos eurodeputados.

Navalny está detido desde o início do ano. Ele esteve à beira da morte, após ter sido envenenado em agosto de 2020, e é objeto de uma nova investigação criminal por "extremismo".

Em outubro, foi agraciado com o Prêmio Sakharov 2021 pela defesa da liberdade de consciência. Segundo o Parlamento europeu, Navalny foi reconhecido por sua luta "implacável" em favor da democracia e contra a corrupção em seu país.

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, reiterou o pedido da instituição da "libertação imediata e incondicional" do opositor do Kremlin.

"Sob o argumento do pragmatismo, há cinismo, hipocrisia e corrupção", criticou Daria Navalnaya, atacando "o desejo de apaziguar mais e mais o ditador, não irritá-lo e ignorar seus crimes o máximo possível".

Lançado em 1998 e dotado de 50.000 euros (US$ 58.000), o Prêmio Sakharov recompensa, todos os anos, indivíduos ou organizações de defensa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.

O Parlamento Europeu decidiu nesta quinta-feira atribuir o Prêmio Sakharov 2016 de direitos humanos às yazidis Nadia Murad e Lamiya Alji Bashar, resgatadas das mãos do grupo extremista Estado Islâmico, informaram fontes coincidentes antes do anúncio oficial do premiado.

Os grupos parlamentares socialista e liberal propuseram os nomes destas duas mulheres, que se converteram em símbolos da comunidade yazidi depois de viver um inferno durante seu sequestro pelo EI.

Este grupo extremista sequestrou milhares de jovens no Iraque para convertê-las em escravas sexuais.

Outras duas personalidades também estavam na disputa do prêmio que reconhece a defesa dos direitos humanos: o jornalista opositor turco Can Dündar e o líder histórico dos tártaros da Crimeia Mustafa Dzhemilev, exilado em Kiev desde que a Rússia anexou em 2014 esta península do Mar Negro, controlada até então pela Ucrânia.

O presidente da Eurocâmara, Martin Schulz, e os líderes das difrentes bancadas políticas concordaram nesta quinta-feira em conceder o prêmio às duas mulheres, informaram diversas fontes à AFP.

Os eurodeputados reconhecem desde 1988 o compromisso na defesa dos direitos humanos com o prêmio, que tem o nome do cientista soviético dissidente Andrei Sakharov. A cerimônia oficial está marcada para 14 de dezembro em Estrasburgo, nordeste da França.

O blogueiro saudita Raef Badaoui, preso em seu país por "insultos", recebeu em 2015 o prêmio.

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