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Um tribunal russo começou a julgar, nesta segunda-feira (19), o opositor detido Alexei Navalny, grande inimigo do Kremlin, em novo julgamento, agora por "extremismo", no qual ele poderá ser condenado a décadas de prisão, em um contexto de repressão na Rússia pelo conflito na Ucrânia.

Desde o início da campanha militar na Ucrânia, em fevereiro de 2022, muitos principais opositores que não fugiram da Rússia foram presos ou perseguidos, principalmente por críticas ao conflito.

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Navalny, conhecido por suas investigações anticorrupção, já cumpre pena de nove anos de prisão por "fraude", uma condenação que ele denuncia como política.

O opositor de 47 anos, que sobreviveu a uma tentativa de envenenamento em 2020, que ele atribui ao Kremlin, está preso desde janeiro de 2021.

Agora ele pode ser condenado a até 30 anos de prisão neste novo processo, no qual é acusado de "extremismo" e de ter "reabilitado a ideologia nazista".

O processo começou na colônia penal de alta segurança IK-6 em Melejovo, 250 quilômetros ao leste de Moscou, segundo um correspondente da AFP. Navalny estava na sala de audiência com seus advogados.

"Meus pais estão aqui, peço que os deixem entrar na sala", pediu o opositor no início do julgamento.

Navalny também afirma que pesa sobre ele um caso de "terrorismo" que pode levar à prisão perpétua, mas poucos detalhes foram divulgados sobre este caso.

Os termos da acusação de "extremismo" não são muito claros. A defesa de Navalny teve apenas 10 dias para examinar os 196 volumes do caso.

"Embora esteja claro, vendo a maior parte dos volumes, que sou um criminoso metódico e diligente, é impossível entender com precisão do que sou acusado", disse recentemente o opositor, com ironia.

O ativista acusa o Kremlin de querer mantê-lo atrás das grades por toda a vida para fazê-lo pagar por suas críticas, que ele não parou de alimentar apesar de estar preso. Por meio de sua equipe, Navalny continua divulgando suas opiniões nas redes sociais, principalmente para denunciar a ofensiva na Ucrânia.

Navalny "está sendo julgado por sua atividade política", disse à AFP uma de suas porta-vozes, Kira Yarmysh.

De acordo com pessoas próximas a ele, o opositor é submetido a um tratamento particularmente severo na prisão, onde perdeu peso e é colocado em regime de isolamento ao menor pretexto.

Assim como Navalny, adversários mais conhecidos que não foram para o exílio foram presos nos últimos anos, principalmente desde o início do conflito na Ucrânia.

É o caso, por exemplo, de Vladimir Kara-Murza, condenado em abril a 25 anos de prisão por "alta traição", ou o de Ilya Yashin, condenado em dezembro a oito anos e meio de prisão por ter criticado a ofensiva na Ucrânia.

Os europeus devem parar de "se acomodar" a Vladimir Putin em favor de um suposto "pragmatismo" e se opor, mais frontalmente, aos seus ataques aos direitos humanos - disse Daria Navalnaya, filha do opositor russo Alexei Navalny, ao receber o Prêmio Sakharov nesta quarta-feira (15), em nome de seu pai.

A distinção é entregue pelo Parlamento Europeu.

"A pacificação de ditadores e tiranos nunca funciona", disse a estudante de 20 anos, que se apresentou junto a uma cadeira vazia nesta Casa na cidade francesa de Estrasburgo, simbolizando seu pai preso.

"Anos cortejando Putin fizeram-no entender que, para aumentar sua popularidade, também pode desencadear uma guerra", lançou a jovem, aplaudida pelos eurodeputados.

Navalny está detido desde o início do ano. Ele esteve à beira da morte, após ter sido envenenado em agosto de 2020, e é objeto de uma nova investigação criminal por "extremismo".

Em outubro, foi agraciado com o Prêmio Sakharov 2021 pela defesa da liberdade de consciência. Segundo o Parlamento europeu, Navalny foi reconhecido por sua luta "implacável" em favor da democracia e contra a corrupção em seu país.

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, reiterou o pedido da instituição da "libertação imediata e incondicional" do opositor do Kremlin.

"Sob o argumento do pragmatismo, há cinismo, hipocrisia e corrupção", criticou Daria Navalnaya, atacando "o desejo de apaziguar mais e mais o ditador, não irritá-lo e ignorar seus crimes o máximo possível".

Lançado em 1998 e dotado de 50.000 euros (US$ 58.000), o Prêmio Sakharov recompensa, todos os anos, indivíduos ou organizações de defensa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.

Os Estados Unidos preparam novas sanções contra Moscou pela prisão do opositor russo Alexei Navalny, disse neste domingo (20) o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

"Estamos preparando outra série de sanções para aplicar nesta situação", disse à rede CNN, quatro dias depois da cúpula em Genebra entre o presidente americano Joe Biden e seu homólogo russo Vladimir Putin.

Alexei Navalny, líder do principal partido de oposição russo, foi transferido em coma para um hospital de Berlim em agosto de 2020 após um envenenamento na Rússia que ele atribui ao Kremlin.

Passou quase seis meses se recuperando na Alemanha e foi preso em janeiro quando voltou para a Rússia. Desde então, está preso e Washington exige sua libertação.

"Já sancionamos a Rússia pelo envenenamento de Alexei Navalny", lembrou Sullivan. "Não fizemos sozinhos, reunimos nossos aliados em um esforço coletivo para sancionar o uso de uma substância química contra um de seus cidadãos em território russo".

Em 2 de março, alguns dias depois da prisão de Navalny, Washington aplicou sanções a sete altos funcionários russos, as primeiras sanções tomadas contra a Rússia sob o mandato de Biden, que começou em 20 de janeiro.

Pouco antes da cúpula russo-americana em Genebra em 16 de junho, Biden disse que a morte de Navalny "só deterioraria as relações (de Moscou) com o resto do mundo". "E comigo", enfatizou.

Durante seu encontro, Biden e Putin mostraram vontade de aliviar as tensões, embora não tenham feito anúncios concretos.

Sobre o destino de Navalny, Putin se limitou a dizer que "este homem sabia que estava violando a lei vigente na Rússia".

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (2) a imposição de sanções contra sete altos funcionários russos, em resposta ao envenenamento do dissidente preso Alexei Navalny, pelo qual os serviços de inteligência de Washington responsabilizam Moscou.

Em um esforço coordenado com a União Europeia, os Estados Unidos insistiram em seu pedido para que a Rússia liberte o líder opositor, cuja prisão em janeiro ao retornar para Moscou despertou uma onda de manifestações contra o governo.

"A comunidade da inteligência estima com um alto nível de confiança que funcionários do Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia usaram um agente nervoso conhecido como Novichok para envenenar o líder opositor russo Alexei Navalny em 20 de agosto de 2020", disse um alto funcionário que preferiu o anonimato.

O governo americano informou que as sanções, dirigidas particularmente contra "sete altos membros do governo russo", foram impostas "em coordenação estreita com nossos parceiros da UE".

"Estamos enviando um claro sinal para a Rússia de que há consequências claras pelo uso de armas químicas", disse outro funcionário.

Essas são as primeiras sanções contra a Rússia anunciadas pelo governo de Joe Biden.

Navalny, de 44 anos, se sentiu muito mal durante um voo interno, que teve que fazer um pouso de emergência na Sibéria e depois foi hospitalizado em Berlim. Ele afirma que os serviços secretos russos o envenenaram com um agente neurotóxico.

O Ministério Público russo solicitou, nesta terça-feira (16), uma multa de 950.000 rublos (cerca de 12.800 dólares) contra o opositor preso Alexei Navalny, processado por difamação por um veterano de guerra.

Por estar sujeito a uma pena de 3 anos e meio de prisão com sursis à época dos fatos, o MP também solicitou que o opositor de 44 anos cumpra essa sentença. Outro tribunal já havia convertido, no dia 2 de fevereiro, a suspensão da pena em regime fechado.

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O ativista anticorrupção, vestindo um suéter azul, chegou pela manhã a um tribunal do norte da capital russa para a terceira audiência em um processo por difamação movido por um veterano da Segunda Guerra Mundial.

"Os processos contra Navalny são fantasiosos e arbitrários", defendeu sua advogada, Olga Mikhailova. "A defesa discorda categoricamente da acusação. Não há nenhum elemento que constitua uma ofensa neste caso", declarou.

A decisão do juiz é esperada para 20 de fevereiro.

O militante anticorrupção é acusado de ter disseminado informações "falsas" e "insultuosas" sobre um veterano combatente da Segunda Guerra Mundial, que havia defendido em um vídeo um referendo que endossava uma extensão dos poderes de Vladimir Putin.

Navalny descreveu os participantes do vídeo, inclusive o veterano, como "vergonha da Nação" e "traidores".

O julgamento começou em 5 de fevereiro, com o testemunho de seu acusador, Ignat Artiomenko, um ex-combatente de 94 anos com saúde debilitada.

Durante as audiências, o opositor criticou e atacou o Ministério Público e a juíza, denunciando sua parcialidade e sua submissão ao poder.

Paralelamente, a Justiça deve examinar nesta terça uma denúncia por difamação contra Navalny apresentada por um poderoso oligarca próximo do Kremlin, Evguéni Prigojine.

A Justiça também analisará um recurso movido por Navalny contestando uma multa de 3,3 milhões de rublos que ele foi condenado a pagar a uma empresa de alimentos no contexto de outro processo de difamação.

Em 2018, a organização de Navalny acusou esta companhia de vender seus produtos a um preço superfaturado, seguindo um padrão de corrupção, para a Guarda Nacional russa.

Principal crítico do Kremlin, Navalny já foi condenado em 2 de fevereiro a dois anos e oito meses de prisão por violar um controle judicial datado de 2014.

Ele acusa as autoridades de quererem silenciá-lo depois de ter sobrevivido a uma tentativa de envenenamento no ano passado, pela qual responsabiliza o presidente Putin.

A prisão de Navalny, em 17 de janeiro, logo após seu retorno de cinco meses de convalescença na Alemanha, gerou protestos - que foram violentamente reprimidos com mais de 11.000 prisões.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou neste domingo (14) os países ocidentais de usar o opositor Alexei Navalny, que está preso, como parte de "sua política de contenção" à Rússia.

"Nossos opositores ou nossos adversários potenciais (...) sempre contaram com pessoas ambiciosas, ávidas por poder, sempre as usaram", declarou em uma entrevista à imprensa russa, realizada na quarta-feira mas divulgada neste domingo na rede pública Rossiya 24.

Sobre as recentes manifestações no país após a prisão de Navalny, o presidente russo estimou que foram impulsionadas no exterior, no contexto da pandemia de coronavírus.

"Eles usam este personagem (Navalny) justamente agora, em um momento em que todos os países do mundo, incluindo o nosso, sofrem o cansaço, a frustração e a insatisfação" devido "às condições em que vivem, ao seu nível de internações", afirmou.

Para Putin, "as inúmeras conquistas" da Rússia, em nível militar mas também na gestão da pandemia e na criação da vacina Sputnik V, "começam a irritar" os adversários de Moscou.

"Quanto mais fortes somos, mais forte é esta política de contenção", insistiu.

Alexei Navalny, principal opositor do Kremlin, retornou à Rússia em meados de janeiro após vários meses de tratamento na Alemanha, onde se recuperou de um envenenamento que, segundo ele, foi orquestado pelo Kremlin e pelos serviços especiais russos (FSB).

Foi preso assim que chegou ao país. Um tribunal russo ordenou sua prisão por quase três anos, para cumprir uma condenação anterior.

Vários países europeus, Estados Unidos e muitas ONGs criticaram o caso. A União Europeia afirmou que planeja aplicar novas sanções, o que provocou a indignação de Moscou.

O opositor russo Alexei Navalny se apresentou nesta sexta-feira (12) ante um tribunal para a retomada de um julgamento por difamação, dez dias depois de ter sido condenado a quase três anos de prisão.

A audiência teve início pouco depois das 7h GMT (4h de Brasília), na presença do opositor. Muitos agentes foram posicionados em torno do tribunal, constatou a AFP.

No início desta segunda audiência, a defesa contestou a juíza, e Navalny, do recinto de vidro reservado aos réus, disse à presidente Vera Alimova para "ter aulas" de direito.

Navalny já havia repreendido a Promotoria e a juíza na semana passada, acusando-as de submissão ao poder político.

O militante anticorrupção é acusado de ter disseminado informações "falsas" e "insultuosas" sobre um veterano combatente da Segunda Guerra Mundial, que havia defendido em um vídeo um referendo que endossava uma extensão dos poderes de Vladimir Putin.

Navalny descreveu os participantes do vídeo, inclusive o veterano, como "vergonha da Nação" e "traidores".

O julgamento começou em 5 de fevereiro, com o testemunho de seu acusador, Ignat Artiomenko, um ex-combatente de 94 anos com saúde debilitada.

Navalny, 44, já foi condenado em 2 de fevereiro a dois anos e oito meses de prisão por não ter cumprido um controle judicial de 2014.

Em agosto passado, Navalny sofreu um envenenado, pelo qual ele acusa o presidente Putin. Ele foi transferido para a Alemanha, onde foi tratado em um hospital, mas ao retornar à Rússia em 17 de janeiro foi preso.

Sua prisão gerou manifestações em todo o país, que resultaram em repressão e mais de 10.000 prisões.

As autoridades russas emitiram nesta quarta-feira(10) um novo mandado de prisão contra um colaborador próximo do líder da oposição Alexei Navalny, um militante que Moscou chamou de traidor porque pediu à União Europeia que ordenasse sanções contra a Rússia.

Leonid Volkov, residente na Lituânia, já foi alvo de um mandado de prisão na Rússia. O tribunal de Moscou Basmanny explicou à AFP que agora também foi incluído na lista de pessoas procuradas da Comunidade de Estados Independentes (CEI), que inclui a maioria das ex-repúblicas soviéticas, aliadas da Rússia.

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A porta-voz do tribunal, Irina Morozova, disse que Volkov está sendo procurado por ter "incitado menores a cometer atos ilegais", aludindo às manifestações não autorizadas de janeiro, realizadas em todo o país.

O crime pode ser punido com até três anos de prisão. "Como reagir: (...) não prestar atenção e continuar trabalhando", afirmou o opositor russo no Telegram após o anúncio.

Na segunda-feira à noite, Leonid Volkov explicou na mesma plataforma de mensagens que "discutiu com representantes dos países da UE" um "pacote de sanções pessoais" contra pessoas próximas ao presidente russo Vladimir Putin, em resposta à prisão de Alexei Navalny.

O anúncio levou Moscou a descrever o ato como "traição", devido ao fato de cidadãos russos conversarem com outros países sobre tais medidas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou que seria necessário legislar para qualificar os pedidos de sanções contra a Rússia como "atos criminosos".

De fato, uma lei para este efeito está sendo elaborada no país.

A UE exigiu repetidamente a libertação de Alexei Navalny, preso desde 17 de janeiro, e acusa Moscou de se recusar a investigar o envenenamento do opositor em agosto, o que levou o bloco a anunciar sanções contra vários funcionários russos.

O opositor russo Alexei Navalny, condenado esta semana a quase três anos de prisão, começou a ser julgado novamente nesta sexta-feira (5) em Moscou por difamação. Navalny compareceu à audiência e ficou na cela de vidro reservada aos detidos.

O ativista anticorrupção foi acusado de divulgar informações "falsas" e "caluniosas" sobre um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial que defendeu em um vídeo o referendo que deu mais poderes ao presidente Vladimir Putin no ano passado.

Navalny chamou as pessoas que discursaram no vídeo de "vergonha para a nação" e de "traidores". O opositor, que pode ser condenado a pagar uma multa ou a uma pena de prisão, afirma que o processo é uma manobra política.

Navalny virou uma pedra no sapato para o Kremlin e um grande inimigo de Putin. Na terça-feira ele foi condenado por não ter respeitado um controle judicial que data de 2014.

O ativista, que passou vários meses na Alemanha em recuperação depois de ter sido envenenado na Rússia, acredita que o Kremlin, que acusa de tentativa de assassinato, deseja silenciá-lo a qualquer custo.

Navalny foi detido em 17 de janeiro, depois de retornar à Rússia a partir da Alemanha. A prisão provocou grandes manifestações nas principais cidades do país, que resultaram em quase 10.000 detenções.

Na quinta-feira à noite, o opositor pediu a seus partidários que "superem o medo" e libertem a Rússia dos "ladrões".

O opositor russo Alexei Navalny se defendeu nesta terça-feira (2) na Justiça da acusação de ter violado um controle judicial que poderia lhe custar vários anos de prisão, um caso que provocou manifestações em massa a seu favor em toda Rússia e novas tensões entre o Kremlin e o Ocidente.

Durante a audiência em um tribunal de Moscou, a Promotoria afirmou que o opositor russo de 44 anos "violou sistematicamente" as condições de uma condenação a três anos e meio de prisão pronunciada em 2014, e estimou que a sentença deve ser cumprida.

Essas declarações provocaram tensas discussões com os advogados de Navalny.

Para os serviços penitenciários (FSIN), o interessado não compareceu diante deles conforme previsto em seu controle judicial. Por sua vez, a defesa insistiu que Navalny estava na Alemanha se recuperando de um envenenamento, do qual acusa o presidente Vladimir Putin.

Presente na audiência, Navalny afirmou ter comunicado aos FSIN seu endereço na Alemanha. "O que mais eu poderia ter feito? Precisavam que eu enviasse o vídeo da minha fisioterapia?", questionou o opositor.

Navalny cumpriu parte da pena sob prisão domiciliar, mas se expõe a cerca de dois anos e meio de prisão.

Nesta terça-feira, a polícia deteve pelo menos 100 pessoas na porta do tribunal, segundo a ONG especializada OVD-Info. A equipe que trabalha com Navalny convocou uma manifestação, o que é proibido pelas autoridades.

A audiência ocorre após dois finais de semana de manifestações em apoio ao opositor em toda a Rússia, que culminaram em milhares de prisões.

Ativista anticorrupção e inimigo do Kremlin, Navalny foi preso ao retornar da Alemanha para a Rússia em 17 de janeiro, a pedido dos serviços penitenciários.

Sua prisão provocou novas tensões entre Rússia e o Ocidente. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, planeja viajar para Moscou na sexta-feira e pediu para ver Navalny.

O governo russo afirmou nesta terça-feira acreditar que a União Europeia (UE) não vai cometer a "insensatez" de condicionar suas relações com Moscou ao destino de "um preso em um centro de detenção", segundo palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

A presidente em exercício da OSCE, a ministra das Relações Exteriores sueca Ann Linde, destacou nesta terça-feira ao seu colega russo Serguei Lavrov em Moscou "a preocupação da Suécia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa com a deterioração na área da democracia e dos direitos humanos na Rússia".

A Justiça russa decidiu nesta quinta-feira (28) manter preso o opositor Alexei Navalny, que denunciou um ato "arbitrário" que busca "intimidar todo mundo", três dias antes de novas manifestações na Rússia.

Esta decisão acontece horas depois da prisão de vários de seus familiares e um dia depois de uma série de buscas em residências de pessoas próximas a ele e estabelecimentos de seu Fundo de Combate à Corrupção.

Um tribunal de Krasgonorsk, perto de Moscou, estimou que era legítima a detenção prevista até 15 de fevereiro, decretada por outro tribunal depois de seu retorno a Moscou em 17 de janeiro, constatou uma jornalista da AFP.

O opositor de 44 anos, que compareceu por videoconferência, denunciou uma "flagrante violação da lei", um ato "arbitrário" que busca "intimidá-lo e intimidar todo mundo".

"Os juízes são apenas escravos obedientes desta gente que roubou nosso país, que nos roubou durante 20 anos e que quer silenciar pessoas como eu", acrescentou o ativista anticorrupção e inimigo jurado do Kremlin.

A advogada Olga Mikhailova, para quem os processos abertos buscam "excluir" seu cliente da vida política russa, anunciou à imprensa que vai recorrer da decisão, embora "sem grandes esperanças".

Em uma carta postada em seu blog, Navalni convidou novamente os russos para uma manifestação no domingo. "Não tenham medo", escreveu ele. "A maioria está do nosso lado. Vamos acordá-la", disse ele.

Os protestos no fim de semana passado culminaram em 4.000 detidos pela polícia.

O opositor enfrenta vários julgamentos abertos desde seu retorno da Alemanha à Rússia. Navalny passou cinco meses na Alemanha se recuperando de um envenenamento em agosto que ele atribui a Putin e aos serviços de segurança FSB.

- Prisões e buscas -

O irmão do opositor, Oleg Navalny, e sua aliada e figura emergente do movimento, Liubov Sóbol, foram detidos nesta quinta-feira e permanecerão presos por 48 horas por "violar as normas sanitárias" em vigor pela pandemia durante as manifestações.

O advogado de Sóbol, Vladimir Voronin, denunciou no Twitter "um completo delírio e arbitrariedade".

Maria Aliokhina, membro do grupo de protesto Pussy Riot, também foi detida por 48 horas pelo mesmo motivo, afirmou sua companheira Nadezhda Tolokónnikova no Instagram.

Anastasia Vasilieva, chefe de um sindicato de médicos parcialmente ligado a Navalny, sofreu o mesmo destino, segundo Zhdánov, assim como outros colaboradores do opositor do Kremlin.

Um vídeo divulgado pela imprensa e nas redes sociais mostrava Vasilieva tocando piano em sua casa, enquanto os investigadores revistavam seu apartamento.

Na quarta-feira, a polícia fez uma busca também nas casas da esposa de Navalny, Yulia, de seu irmão Oleg e de sua porta-voz Kira Yarmysh, condenada na sexta passada a nove dias de prisão, bem como as instalações de sua organização.

As autoridades abriram cerca de 20 investigações, em particular por chamados a distúrbios, violência contra a polícia, ou incitação de menores a cometerem atos ilegais.

O órgão de monitoramento do setor de Telecomunicações Roskomnadzor anunciou que multaria as redes sociais em até 4 milhões de rublos (US$ 63.500) por não apagarem as convocações incitando os menores a irem às ruas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, defendeu, nesta quinta-feira, que as forças da ordem "estão fazendo seu trabalho" e enfatizou que "houve várias violações da lei" nos protestos de sábado.

Os apoiadores de Navalny convocaram novos protestos para o domingo e esperam aproveitar o sucesso de uma investigação da oposição sobre um suposto palácio de Putin às margens do Mar Negro.

Segundo sua advogada, o opositor enfrenta "cerca de dois anos e meio" de prisão por violar os termos de uma condenação de 2014 a três anos e meio de prisão com suspensão de pena.

Várias pessoas próximas do líder da oposição russa Alexei Navalny foram detidas nesta quinta-feira (28), antes de um tribunal examinar um recurso sobre sua detenção e a poucos dias de novas manifestações previstas para acontecer em todo país.

O irmão do opositor, Oleg Navalny, e Liubov Sóbol, sua aliada e figura emergente do movimento de oposição, foram detidos por 48 horas, acusados de "violarem as normas sanitárias" impostas pela pandemia da covid-19, segundo a equipe de Navalny.

"Oleg Navalny acaba de ser detido por 48 horas no departamento principal de investigação do Ministério do Interior (...) Isso significa que ele agora é um suspeito neste caso", tuitou um estreito colaborador de Navalny, Ivan Zhdánov.

O advogado de Sóbol, Vladimir Voronin, denunciou no Twitter "um completo delírio e arbitrariedade".

Maria Aliokhina, membro do grupo de protesto Pussy Riot, também foi detida por 48 horas pelo mesmo motivo, afirmou sua companheira Nadezhda Tolokónnikova no Instagram.

Anastasia Vasilieva, chefe de um sindicato de médicos parcialmente ligado a Navalny, sofreu o mesmo destino, segundo Zhdánov, assim como outros colaboradores do opositor do Kremlin.

Um vídeo divulgado pela imprensa e nas redes sociais mostrava Vasilieva tocando piano em sua casa, enquanto os investigadores revistavam seu apartamento.

- Chamados para protestos -

Essas detenções acontecem no momento em que um tribunal deve examinar, nesta quinta-feira, o recurso de Alexei Navalny contra sua prisão, há mais de uma semana. Este ativista anticorrupção e inimigo declarado do Kremlin é objeto de vários processos judiciais.

As buscas na quarta-feira tiveram como alvo a casa de sua esposa, Yulia, de seu irmão Oleg e de sua porta-voz Kira Yarmysh, condenada na sexta passada a nove dias de prisão, bem como as instalações de sua organização, o Fundo de Luta contra a Corrupção.

As residências, ou dependências, vinculadas a Navalny foram alvos de revistas diversas vezes nos últimos anos e por diversos motivos. Sua equipe denuncia assédio judicial por motivos políticos.

Segundo Zhdanov, as batidas fazem parte de uma investigação por violação das "normas sanitárias" em vigor, devido à pandemia de coronavírus, durante as manifestações da oposição ocorridas no sábado na Rússia.

O Ministério do Interior garantiu que os organizadores dos protestos, que não foram autorizados e resultaram em quase 3.900 prisões, "criaram uma ameaça de disseminação do coronavírus".

As autoridades abriram cerca de 20 investigações, em particular por chamados a distúrbios, violência contra a polícia, ou incitação de menores a cometerem atos ilegais.

O órgão de monitoramento do setor de Telecomunicações Roskomnadzor anunciou que multaria as redes sociais em até 4 milhões de rublos (US$ 63.500) por não apagarem as convocações incitando os menores a irem às ruas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, defendeu, nesta quinta-feira, que as forças da ordem "estão fazendo seu trabalho" e enfatizou que "houve várias violações da lei" nos protestos de sábado.

Os apoiadores de Navalny convocaram novos protestos para o domingo e esperam aproveitar o sucesso de uma investigação da oposição sobre um suposto palácio de Putin às margens do Mar Negro.

A polícia russa multiplicou as investigações e buscas nesta quarta-feira (27) para conter o movimento de protestos a favor do dissidente preso Alexei Nalvany, cujos partidários planejam se manifestar de novo neste fim de semana.

Enquanto isso, o escritório de supervisão das telecomunicações Roskomnadzor anunciou que vai sancionar as redes sociais e os sites Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, VKontakte, Odnoklassniki e YouTube por terem permitido mensagens incitando menores a participar dos protestos.

O apartamento moscovita de Navalny foi invadido pela polícia nesta quarta-feira. "Eles não permitem que minha advogada venha e quebraram minha porta", gritou para a imprensa pela janela Yulia, a esposa do opositor.

A advogada Verônica Poliakova esperava à tarde na porta da casa junto com alguns jornalistas, entre eles o da AFP, denunciando uma "violação da lei" e acusando a polícia de não deixá-la entrar "deliberadamente".

A advogada também informou que a porta-voz de Navalny, Kira Iarmych, foi condenada a nove dias de prisão na sexta-feira passada.

A polícia realizava também uma busca nos escritórios de Navalny, o Fundo de Combate à Corrupção, informou no Twitter Liubov Sobol.

Essas invasões ocorrem em meio a uma investigação do ministério do Interior por violação das "normas sanitárias" vigentes por causa da epidemia do coronavírus, depois das manifestações de sábado na Rússia convocadas pelo opositor, afirmam pessoas próximas a ele.

- Investigações e multas -

As investigações relacionadas às manifestações de sábado passado se multiplicam, enquanto os partidários de Navalny anunciaram novos protestos no domingo.

Em Moscou, está programado um protesto em frente à sede dos Serviços de Segurança (FSB), enquanto Navalny deve comparecer ao tribunal na próxima semana e corre o risco de ser preso.

Os organizadores esperam repetir o sucesso que tiveram em 23 de janeiro, quando dezenas de milhares de russos foram às ruas mesmo com a proibição de se manifestar.

As autoridades anunciaram que abriram cerca de 20 investigações relacionadas às manifestações, especialmente por convocações de distúrbios, violência contra a polícia ou incitar menores a cometer ações ilegais.

O ministério do Interior abriu uma investigação por bloqueio de vias públicas, em particular em Vladivostok (extremo oriente), onde os manifestantes bloquearam a circulação.

A manifestação em cerca de cem cidades russas, uma amplitude geográfica excepcional para este país, culminou em aproximadamente 3.900 prisões.

Para alimentar este movimento, a equipe de Navalny publicou na semana passada uma investigação anticorrupção sobre um luxuoso palácio que teria sido construído para Vladimir Putin, que nega categoricamente a acusação.

Alexei Navalny acusou os Serviços Secretos russos (FSB) de envenená-lo no final de agosto com um agente neurotóxico, por ordem do presidente russo, acusações que o Kremlin rejeita.

Após uma recuperação de cinco meses na Alemanha, o opositor retornou à Rússia em 17 de janeiro e foi imediatamente detido.

Multidões de manifestantes enfrentando a política em uma centena de cidades da Rússia. Da prisão, o opositor Alexei Navalny venceu uma aposta, mas sua luta com o Kremlin promete ser longa e, acima de tudo, muito arriscada.

E a vitória foi dupla para o adversário número um de Vladimir Putin, preso desde 17 de janeiro em seu retorno à Rússia após cinco meses de convalescença devido a um suposto envenenamento.

Além das dezenas de milhares de manifestantes reunidos no sábado, ele pode se orgulhar de contabilizar em menos de uma semana 86 milhões de visualizações para um vídeo no YouTube acusando Putin de ter construído um suntuoso palácio à beira-mar com fundos questionáveis.

O próprio presidente russo, durante uma videoconferência com estudantes, teve que responder às acusações daquele cujo nome nunca mencionou.

"Nada do que é mostrado (no vídeo) como sendo de minha propriedade pertence a mim ou a meus parentes", disse ele nesta segunda-feira.

No domingo, seu porta-voz, Dmitri Peskov, já havia intervindo na televisão para denunciar uma "mentira elaborada" e apelar aos que assistiram ao vídeo "para plugarem seus cérebros".

Quanto às manifestações, ele minimizou o impacto: "Poucas pessoas saíram, muitas pessoas votam em Putin".

O movimento de protesto está, no entanto, longe de ser trivial com a aproximação das eleições legislativas de setembro, nas quais Navalny quer influenciar, encorajado pela impopularidade do partido do Kremlin, o Rússia Unida, considerado rígido e corrupto.

- Sem euforia -

Leonid Volkov, estrategista do movimento de oposição, saudou um sábado "histórico" de protestos e convocou um novo dia nacional de ação em 31 de janeiro.

Para o cientista político do centro Carnegie de Moscou Andrei Kolesnikov, devemos esperar que "as manifestações continuem", como durante o grande movimento de protesto de 2011-2012.

Especialmente porque o tamanho, em número e geografia, das reuniões de sábado é claramente "o resultado do retorno à Rússia de Navalny e de sua investigação sobre o palácio de Putin".

Mas o analista alerta para qualquer "euforia". "O regime dispõe de grandes recursos para garantir a sua sobrevivência, incluindo a indiferença da maioria da população", afirmou.

O opositor Leonid Volkov admite prontamente que a batalha será "difícil".

A máquina judiciária russa já está em movimento. Mais de 3.500 prisões ocorreram durante as manifestações de sábado, um recorde de acordo com a ONG especializada OVD-Info.

Um primeiro manifestante foi condenado nesta segunda a 10 dias de detenção, de acordo com a agência estatal TASS.

De Vladivostok a São Petersburgo, passando pelos Urais e Moscou, foram iniciadas investigações criminais por violência contra a polícia, perturbação da ordem pública ou vandalismo. Contravenções e crimes puníveis com prisão.

A chuva de bolas de neve que atingiu a polícia de choque de Moscou pode custar caro aos perpetradores, se o gesto for qualificado como uma agressão.

- "Pedófilos políticos" -

A partir de 2 de fevereiro, Alexei Navalny corre o risco de vários anos de prisão, acusado de ter violado um controle judicial ao buscar tratamento no exterior após seu provável envenenamento. No entanto, ele partiu para a Alemanha em coma, com o aval de Vladimir Putin.

Ele também é alvo de uma investigação por fraude, punível com 10 anos de detenção, e um julgamento por difamação o aguarda em 5 de fevereiro.

Como a mobilização foi em grande parte feita online, as autoridades também estão aumentando a pressão sobre as plataformas, com o TikTok na mira por ser muito popular entre os adolescentes.

O governo tenta apresentar os partidários de Navalny, com a ajuda de redes sociais irresponsáveis, como canalhas que manipulam "crianças" para fins políticos.

O poderoso Comitê de Investigação, encarregado dos casos importantes, abriu uma investigação por "incitação de menores a participarem de atividades ilegais que podem colocar em risco suas vidas".

A televisão, sob controle do Kremlin, não ficou para trás, em particular seu grande programa político de domingo, Vesti Nedeli.

"Navalny constrói sua propaganda de tal forma que entre seus apoiadores há muitos adolescentes e crianças", denunciou o apresentador Dmitri Kissiliov, arquiteto da máquina de mídia estatal.

"Pedófilos políticos", deixou escapar.

Um tribunal russo ordenou o bloqueio de bens do opositor Alexei Navalny, que está se recuperando na Alemanha de um suposto envenenamento - informou a porta-voz do político nesta quinta-feira (24).

A Justiça russa bloqueou em 27 de agosto, quando Navalny ainda estava em coma, suas contas bancárias, bem como a parte que pertence ao opositor de um apartamento em Moscou, informou a porta-voz Kira Yarmysh.

A ordem judicial está relacionada a uma ação movida por um conhecido empresário próximo ao Kremlin.

O bloqueio do imóvel significa que o apartamento da família de Navalny, localizado no sudeste de Moscou, não pode ser vendido, transferido, ou objeto de qualquer transação, segundo a porta-voz.

Navalny pode, no entanto, continuar morando nesse apartamento.

O opositor se sentiu muito mal em um voo entre a Sibéria e Moscou em 20 de agosto passado. Após um pouso de emergência, foi internado em um hospital russo antes de ser transferido para a Alemanha, a pedido de sua família.

Vários laboratórios especializados de Alemanha, França e Suécia determinaram que Navalny foi vítima de envenenamento por uma substância neurotóxica do tipo Novichok, concebida nos tempos soviéticos para fins militares. Moscou nega qualquer envolvimento.

A polícia russa vai solicitar a Alemanha permissão para interrogar o opositor Alexei Navalny, hospitalizado em Berlim depois de ter sido envenenado, de acordo com os médicos de Berlim, uma acusação rejeitada pelas autoridades de Moscou, que afirmam que não existem provas.

O departamento de transportes do ministério do Interior, responsável pela investigação "preliminar" do caso, enviará uma solicitação aos órgãos competentes em Berlim para que os investigadores russos possam acompanhar os alemães "quando escutarem as explicações de Navalny e também para que possam fazer perguntas e pedir detalhes".

Em agosto, Navalny, 44 anos, passou mal a bordo de um avião e foi internado em um hospital da Sibéria, antes de ser transferido para a Alemanha, onde os médicos afirmam que detectaram rastros de envenenamento com um agente neurotóxico do tipo Novichok, uma substância desenvolvida para fins militares na era soviética.

O líder opositor saiu do coma induzido nesta semana e seu estado de saúde registra avanços. A Rússia é apontada pela comunidade internacional como responsável por este envenenamento, mas o governo de Moscou nega as acusações.

O confronto entre Alemanha e Rússia sobre o caso Alexei Navalny ganhou um novo capítulo neste domingo (6) com o ultimato de Berlim exigindo uma explicação sobre o envenenamento do opositor antes de impor eventuais sanções, enquanto Moscou acusou a Alemanha de atrasar a investigação.

"Lançar ultimatos não ajuda ninguém, mas se nos próximos dias o lado russo não contribuir para esclarecer o que aconteceu, então teremos que discutir uma resposta com nossos parceiros", disse Heiko Maas, o ministro das Relações Exteriores alemão, ao Jornal Bild.

Se sanções forem decididas, terão que ser "seletivas", segundo o ministro, que não descartou um impacto no projeto do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Europa.

"Berlim está atrasando o processo de investigação que exige deliberadamente?", escreveu no Facebook a porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova. Navalny, principal opositor russo, está hospitalizado em Berlim.

De acordo com o governo de Angela Merkel, ele foi envenenado na Rússia durante uma turnê eleitoral com um agente nervoso do tipo Novichok, criado no período soviético para fins militares. Ele foi então transferido para a Alemanha.

Berlim e outros países ocidentais pediram repetidamente a Moscou que esclarecesse o envenenamento.

O ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, afirmou neste domingo que é "muito difícil" pensar em qualquer outra explicação "plausível" que não seja "uma emanação do Estado russo". É "claro que o Novichok foi usado", disse à Sky News.

Mas o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, reagiu às acusações esta semana com "uma boa dose de ceticismo" e pediu a Berlim que fornecesse provas.

- Envolvimento do Kremlin -

Seu colega alemão implicou diretamente o Estado russo no envenenamento. "Há vários indícios a esse respeito, é por isso que a parte russa deve reagir agora", declarou Heiko Maas.

"A substância letal com a qual Navalny foi envenenado foi encontrada no passado em poder das autoridades russas, apenas um pequeno número de pessoas tem acesso ao Novichok e esse veneno já foi usado pelos serviços russos no ataque ao ex-agente [russo] Serguei Skripal", observou Maas.

Na quinta-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, evocou a possibilidade de sanções contra a Rússia.

E o chefe da diplomacia alemã não descartou que o caso afete o polêmico projeto do gasoduto Nord Stream 2, que deve abastecer a Alemanha e a Europa com gás russo, projeto que até agora tinha o apoio alemão.

"Em qualquer caso, não espero que os russos nos obriguem a mudar nossa posição sobre Nord Stream", disse o ministro.

Com o envenenamento de Navalny, o governo de Angela Merkel está sob pressão para revisar o apoio a este projeto.

Os Estados Unidos e seu presidente, Donald Trump, lideram há vários anos uma campanha para tentar impedir o projeto e impuseram sanções às empresas envolvidas nas obras, atualmente paralisadas, apesar dos protestos europeus.

Até agora, Merkel sempre tentou separar outras questões dos interesses econômicos e energéticos do projeto, importante para a Alemanha. Mais de uma centena de empresas europeias, metade das quais alemãs, estão associadas ao gasoduto.

No entanto, Nord Stream tornou-se um assunto controverso na Alemanha entre os candidatos conservadores que aspiram a suceder Merkel.

Dois deles, Friedrich Merz e o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Norbert Röttgen, pediram a paralisação do gasoduto para que Putin não "continue com sua política".

Envenenamento comprovado de Navalny, assassinato de um georgiano em Berlim, ataque cibernético ao Parlamento alemão: Angela Merkel enfrenta uma pressão crescente para revisar sua política de parceria com a Rússia de Vladimir Putin.

A chanceler alemã levantou o tom em relação ao presidente russo na quarta-feira (2), instando-o a responder "questões muito sérias" depois que o exército alemão comprovou o envenenamento por um agente neurotóxico do opositor Alexei Navalny.

O caso recorda outro envenenamento com o mesmo agente, o do ex-agente duplo russo Serguei Skripal e sua filha na Inglaterra. O incidente degenerou em uma crise diplomática duradoura entre os dois países.

Mas na Alemanha, para além das condenações orais, é mais o constrangimento que domina, porque o país optou durante anos, apesar da anexação da Crimeia e das tendências autocráticas de Moscou, por uma política de diálogo e parceria com a Rússia.

- Lobbies -

Numerosos lobbies pró-Rússia estão em ação no país, nos círculos econômicos e nos principais partidos políticos, desde a extrema direita até os social-democratas, passando pelo partido conservador da chanceler e particularmente sua ala bávara mais à direita.

Com Alexei Navalny, esta linha se torna cada vez mais difícil de manter.

"A Rússia conduz uma política desumana e desdenhosa", considerou no Twitter Norbert Röttgen, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Bundestag e candidato a suceder Merkel como chefe da União Democrática Cristã (CDU).

"Precisamos de uma resposta europeia forte", acrescentou, conclamando a UE a abandonar o polêmico projeto do gasoduto NordStream2, que deve abastecer a Europa e especialmente a Alemanha com gás russo.

O projeto multibilionário, no qual o ex-chanceler Gerhard Schröder está fortemente envolvido, está paralisado devido a ameaças de sanções americanas. O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, também observou na segunda-feira as "nuvens escuras" que pairam sobre a relação russo-alemã.

Para o jornal Süddeutsche Zeitung, o envenenamento de Navalny deve marcar "uma cesura na política externa europeia".

A Alemanha "já não pode acreditar na ficção" de que pode, por um lado, impor sanções à Rússia, como as que estão em vigor desde 2014 relacionadas ao dossiê ucraniano e, por outro, considerá-la um importante parceiro econômico.

Os líderes alemães e russos há muito mantêm uma relação ambivalente marcada pela desconfiança, especialmente por parte de uma chanceler que cresceu atrás da Cortina de Ferro, mas também por um bom conhecimento mútuo.

Ambos são veteranos da cena internacional e cada um tem um domínio perfeito da língua do outro, Vladimir Putin tendo vivido na RDA comunista quando oficiou na KGB.

Mas a lista de disputas tem crescido nos últimos anos. Há um ano, o assassinato no coração de Berlim de um georgiano da minoria chechena por um homem suspeito de ter agido sob ordens de Moscou gerou tensões entre as duas capitais.

O caso resultou no final de 2019 nas expulsões por Berlim de diplomatas russos em protesto contra a sua falta de cooperação na investigação. O suposto autor deste assassinato será julgado a partir de 7 de outubro em Berlim.

A Rússia também é acusada de ataque cibernético em grande escala visando computadores do Bundestag e do gabinete da chanceler em 2015. Angela Merkel lamentou as "escandalosas" tentativas de hacking e o embaixador russo foi "convidado" a se explicar. Moscou rejeitou todas as acusações.

Um tribunal russo libertou nesta sexta-feira o carismático líder opositor Alexei Navalny, menos de 24 horas depois de ele ter sido condenado por fraude. Segundo ele, a medida foi tomada por causa dos protestos contra a sentença de cinco anos de prisão, vista por seus partidários como uma ação para silenciar o inimigo do presidente Vladimir Putin.

A promotoria havia pedido que Navalny, candidato a prefeito de Moscou, tivesse a prisão suspensa até a decisão sobre um recurso para que, dessa forma, possa participar do processo eleitoral, marcado para o outono (no hemisfério norte). A ação foi vista como uma tentativa de acalmar a raiva dos eleitores e dar legitimidade a uma votação que deve ser vencida pelo candidato apoiado pelo Kremlin.

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O blogueiro, que expôs o alto nível de corrupção e zombou do Kremlin, não informou se vai permanecer na corrida eleitoral. Após a decisão judicial, ele abraçou sua mulher e agradeceu aos milhares de partidários que protestaram contra sua condenação na praça Manezhnaya, próxima ao Kremlin, batendo palmas e gritando "liberdade" e "Putin é um ladrão!"

Vestindo uma camiseta preta e jeans, ele afirmou que sua libertação foi resultado dos protestos de quinta-feira e afirmou que sua condenação e sentença "haviam sido determinadas pelo governo presidencial...mas quando as pessoas saíra para Manezhnaya, ele correram para voltar atrás na decisão".

O juiz Ignatiy Embasinov demonstrou apoio à libertação, afirmando que o encarceramento de Navalny o "impediria de exercer seus direitos de ser eleito". Navalny não pode viajar para fora de Moscou e permanecerá solto até que o recurso sobre sua condenação seja julgado.

A advogada de Navalny, Olga Mikhailova, descreveu a decisão desta sexta-feira como sem precedentes na Rússia. Do lado de fora do tribunal, Navalny foi saudado por partidários e uma delas ofereceu a ele blini, um tipo de panqueca russa, um forma de brincar com o nome do juiz que o sentenciou, Sergei Blinov.

Navalny declarou que é "impossível prever" se a decisão desta sexta-feira pode elevar suas chances de ser absolvido durante a apelação e disse que ainda não decidiu se vai ou não continuar sua campanha para a prefeitura da capital russa.

Navalny se tornou conhecido durante uma série de grandes protestos em Moscou contra a reeleição de Putin e seu terceiro mandato presidencial, em março de 2012. Ele começou a atrair atenção ao publicar, em seu blog, suas investigações sobre corrupção em empresas estatais nas quais ele mesmo tinha ações. Navalny e seu grupo de advogados e ativistas vasculharam registros de propriedades fora do país e descobriram que graduados funcionários do governo e integrantes do Legislativo tinham ativos não declarados no exterior. Fonte: Associated Press.

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