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O julgamento do opositor russo Alexei Navalny - que está preso e apelou de uma sentença de nove anos de prisão por fraude - foi adiado para 24 de maio, anunciou o tribunal nesta terça-feira (17).

Uma hora após o início da audiência de apelação, o tribunal de Moscou anunciou que o processo havia sido adiado para 24 de maio, devido a um pedido feito pelo réu.

Navalny - que compareceu à audiência por videoconferência, atrás das grades da cela onde está detido - disse que quer ter acesso ao áudio do julgamento contra ele, para comparar com os autos.

Um tribunal de Moscou deve examinar o recurso do opositor russo, referente à sua sentença de nove anos de prisão proferida em março. Seus apoiadores afirmam que as acusações têm motivação política.

A apelação coincide com um momento em que as autoridades russas tentam silenciar o que resta da oposição, e Moscou está realizando uma operação militar na Ucrânia. O conflito no território vizinho já deixou milhares de mortos e quase dez milhões de deslocados.

Navalny, um dos críticos mais proeminentes do presidente russo, Vladimir Putin, compareceu a um tribunal em março, o qual estendeu sua sentença para nove anos de retenção por acusações de fraude e de desacato.

Vestido com o uniforme de presidiário, Navalny disse que obteve o direito de ser visitado por sua família nesta sexta-feira (20) e que não quer perder essa oportunidade. Por esse motivo, explica ele, pediu o adiamento da audiência.

"Vão me mandar para uma colônia com um regime muito severo", completou.

Se essa nova sentença for confirmada, ele será transferido para um presídio com menos direitos de visitação. Essa sentença substituiria a pena de dois anos imposta em fevereiro do ano passado. Assim, com o tempo que já passou na prisão, Navalny teria de passar mais oito anos encarcerado.

- "Extremistas" -

Sob as novas acusações, os investigadores acusam Navalny de roubar milhões de dólares, para uso pessoal, de doações recebidas por suas organizações políticas.

Navalny ganhou notoriedade com um blog, no qual denunciava a corrupção das elites russas. Além disso, antes de ser preso, mobilizou vários protestos em todo país.

Em 2018, tentou concorrer à presidência, mas foi impedido de disputar a eleição, na qual Putin garantiu um quarto mandato.

Apesar de sua prisão, a equipe de Navalny continua a publicar investigações sobre a riqueza das elites russas. Seus vídeos acumulam milhões de visualizações no YouTube.

Em 2020, Navalny sobreviveu a um envenenamento com um agente nervoso. O Kremlin rejeita as acusações e nega qualquer responsabilidade pelo ataque.

Depois de ser tratado na Alemanha, voltou para a Rússia em 2021 e foi preso, apesar da ampla condenação internacional e das sanções impostas por países ocidentais.

Após sua prisão, as organizações políticas ligadas a Navalny foram declaradas "extremistas" e banidas, o que forçou muitos de seus ativistas a fugirem do país.

A Rússia intensificou a pressão contra veículos da mídia independente e organizações não-governamentais, declarando-as "agentes estrangeiros". Várias decidiram fechar por medo de serem processadas.

Na tentativa de controlar ainda mais as informações acessadas pelo público local, as autoridades bloquearam o acesso a redes sociais, como Instagram, Facebook e Twitter.

A Justiça russa condenou o Google, nesta quinta-feira (19), a pagar multas em três casos, por não ter suprimido conteúdo considerado ilegal na Rússia.

Com isso, chega a oito o total de sentenças deste tipo aplicadas ao gigante americano.

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A proliferação destas sentenças se dá em um contexto de crescente pressão das autoridades russas aos gigantes digitais, acusados de não retirar do ar conteúdos favoráveis à oposição e considerados ilegais pelo governo.

Nesta quinta, o Google recebeu três multas de dois milhões de rublos cada (equivalente a US$ 81.000 no total), de acordo com informação divulgado da Justiça de Moscou em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram. O teor do conteúdo envolvido não foi informado.

Na terça-feira (17), em cinco casos similares, o Google já havia sido condenado a uma multa de 14 milhões de rublos (em torno de US$ 190.000).

As autoridades russas são severas na luta contra o extremismo e em favor da proteção dos menores. Críticos do Kremlin afirmam, no entanto, que o governo faz uso destes amplos conceitos para impor censura política.

Um tribunal russo ordenou o bloqueio de bens do opositor Alexei Navalny, que está se recuperando na Alemanha de um suposto envenenamento - informou a porta-voz do político nesta quinta-feira (24).

A Justiça russa bloqueou em 27 de agosto, quando Navalny ainda estava em coma, suas contas bancárias, bem como a parte que pertence ao opositor de um apartamento em Moscou, informou a porta-voz Kira Yarmysh.

A ordem judicial está relacionada a uma ação movida por um conhecido empresário próximo ao Kremlin.

O bloqueio do imóvel significa que o apartamento da família de Navalny, localizado no sudeste de Moscou, não pode ser vendido, transferido, ou objeto de qualquer transação, segundo a porta-voz.

Navalny pode, no entanto, continuar morando nesse apartamento.

O opositor se sentiu muito mal em um voo entre a Sibéria e Moscou em 20 de agosto passado. Após um pouso de emergência, foi internado em um hospital russo antes de ser transferido para a Alemanha, a pedido de sua família.

Vários laboratórios especializados de Alemanha, França e Suécia determinaram que Navalny foi vítima de envenenamento por uma substância neurotóxica do tipo Novichok, concebida nos tempos soviéticos para fins militares. Moscou nega qualquer envolvimento.

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