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Com a invasão da Ucrânia, a repressão na Rússia e sua confrontação com o Ocidente, Vladimir Putin se tornou um chefe de guerra autoritário, no poder há um quarto de século e que agora aspira a permanecer no Kremlin por mais seis anos.

Nesta sexta-feira (8), Putin anunciou sua candidatura a um quinto mandato nas eleições de 17 de março de 2024. Já completou dois mandatos de quatro anos e dois mandatos de seis anos, com um interlúdio como primeiro-ministro.

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O sistema de poder de Vladimir Putin, oriundo da KGB soviética e que chegou ao Kremlin em 31 de dezembro de 1999, confirmou duas características ao longo dos anos.

A primeira é o constante endurecimento do sistema, contra os oligarcas, com a segunda guerra na Chechênia, a redução das liberdades públicas e a repressão dos meios de comunicação social e da oposição.

A segunda característica é o reforço de sua presença internacional, com a guerra da Geórgia (2008), a anexação da Crimeia ucraniana (2014), a intervenção militar na Síria (2015) e a invasão da Ucrânia (2022).

A Europa, em particular a Alemanha de Angela Merkel, acreditou equivocadamente que iria canalizar essas ambições, apostando na codependência econômica, mediante maciças compras de gás russo.

Mas Putin parece imparável e, aos 71 anos, aspira a uma nova eleição presidencial, marcadas para 17 de março.

Embora esteja envolvido na guerra na Ucrânia, onde seu Exército sofreu derrotas humilhantes, ele persiste e espera obter uma vitória por desgaste.

Em seus discursos de tom marcial, marcados pelo revisionismo histórico, Putin acusa a Ucrânia de nazismo, diz querer anexar territórios e considera esse conflito uma guerra com os Estados Unidos por trás.

Segundo ele, a sobrevivência da Rússia está em jogo. Por isso, pune com prisão aqueles que se opõem à invasão da Ucrânia. Há milhares de russos processados, perseguidos e presos.

Putin não se importa com as sanções ocidentais, nem com o fato de o Tribunal Penal Internacional (TPI) tenha-no processado pela acusação de deportação de crianças ucranianas. Considera que sua missão é se livrar da hegemonia ocidental.

- Marcado pela derrota -

Putin era um agente da KGB, instalado na Alemanha Oriental na década de 1980, e continua marcado pela desintegração da União Soviética, um sinal da derrota de Moscou na Guerra Fria.

Para atingir seus objetivos, conta hoje com o apoio diplomático da China. A Ásia, com a Índia à frente, está comprando petróleo russo, e Putin assegura que a África vê a Rússia como um aliado contra o "neocolonialismo" ocidental. Ele também pretende obter armas do Irã e da Coreia do Norte.

O líder russo quer, ainda, ser o porta-bandeira dos valores "tradicionais", frente ao que considera a decadência moral do Ocidente e, em particular, sua tolerância para com a comunidade LGTB+.

Com o fracasso da contraofensiva ucraniana em meados de 2023, Putin se sente mais forte e aproveita a divisão ocidental sobre a continuação da ajuda militar a Kiev.

Em plena pandemia da covid-19, conseguiu que a Constituição fosse modificada para poder concorrer à presidência em 2024 e 2030, mas tem muitos desafios pela frente.

A guerra na Ucrânia está longe de ser uma vitória russa e a capacidade dos russos, da elite e da economia para resistir a este conflito no longo prazo permanece uma incógnita.

Em junho, o motim dos mercenários do grupo Wagner, liderado por Yevgueni Prigozhin, até então leal a Putin, foi um exemplo de oposição, embora os líderes rebeldes tenham sido mortos mais tarde no que foi descrito como um acidente de avião fortuito.

Segundo a analista russa Tatiana Stanovaya, o custo do conflito está aumentando para Moscou.

"A guerra está esgotando a Rússia (…) claro que pode durar muito tempo, mas o preço a pagar é gigantesco", comentou a cientista política em uma nota recente no Telegram, lembrando que, aos 71 anos, "Putin não é eterno".

Para muitos russos, Vladimir Putin continua a ser o homem que devolveu a honra à Rússia, minada pela pobreza, pela corrupção e pelo declínio alcoólico do presidente Boris Yeltsin na década de 1990.

Aos 47 anos, quando chegou ao Kremlin, prometeu amizade aos líderes ocidentais e desenvolveu a economia, aproveitando o preço favorável dos hidrocarbonetos.

Em meados da década de 2000, porém, começou o divórcio com o Ocidente. Acusou a Otan de ameaçar a Rússia, ao se expandir, e censurou os Estados Unidos, por se considerarem o "único soberano" do mundo.

O Kremlin celebrou, nesta quinta-feira (29), as imagens "incríveis" do presidente russo, Vladimir Putin, que encontrou multidões em uma viagem ao sul do país, algo que o governo apresentou como um sinal de "apoio" após a abortada rebelião do grupo Wagner.

Putin raramente aparece em reuniões populares, por razões de segurança e sanitárias. Desde o início da pandemia da Covid-19, as pessoas que se reuniram com o presidente em atos oficiais foram submetidas a uma rigorosa seleção, tendo de manter confinamento prévio e fazer testes.

Na noite de quarta-feira, porém, a televisão russa transmitiu imagens do presidente se reunindo com dezenas de pessoas durante uma viagem a Derbent, uma cidade do Cáucaso russo. Putin aceitou posar para ser fotografado, apertou as mãos e até beijou uma garota na cabeça.

"Houve uma demonstração incrível de apoio e de alegria por parte do povo de Derbent", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, com entusiasmo, nesta quinta-feira.

"O presidente não podia se negar a ir ao encontro do povo", acrescentou.

A cena, da qual a AFP não pôde verificar o grau de espontaneidade, foi divulgada em um momento em que as autoridades tentam mostrar que Putin ainda está no comando e conta com o apoio do Exército e da população.

Nos últimos dias, o líder russo se reuniu várias vezes com seus chefes militares e soldados. Na terça-feira, agradeceu-os por terem evitado "uma guerra civil", após a breve rebelião do grupo de mercenários Wagner no sábado.

O Kremlin afirmou nesta quinta-feira (22) que a visita do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, aos Estados Unidos mostra que ele não tem intenção de "ouvir a Rússia" e que Washington está realizando "uma guerra indireta" contra a Rússia na Ucrânia.

Em sua primeira viagem internacional desde o início da invasão, Zelensky foi tratado como um herói em Washington na quarta-feira (21), onde se encontrou com seu homólogo Joe Biden na Casa Branca e fez um discurso aplaudido perante o Congresso.

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O chefe de Estado ucraniano também recebeu a promessa de um enorme pacote de ajuda de quase US$ 45 bilhões e novas entregas de armas que incluirão, pela primeira vez, o sistema de defesa aérea Patriot.

"Até agora, podemos observar, com pesar, que nem o presidente (americano Joe) Biden nem o presidente Zelensky disseram nada que pudesse ser visto como uma possível disposição de ouvir as preocupações da Rússia", denunciou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, em conversa com a imprensa.

Segundo Peskov, nesta visita não houve "verdadeiros apelos à paz", ou "advertências" dos Estados Unidos a Zelensky contra "o bombardeio contínuo de prédios residenciais em áreas populosas do Donbass". Essa região do leste da Ucrânia é parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia e, com frequência, bombardeada pelas forças ucranianas.

"Isso mostra que os Estados Unidos continuam em sua linha de guerra, de fato e indireta, com a Rússia", acrescentou.

Na quarta-feira (21), depois que soube da viagem de Zelensky, Peskov alertou que a entrega de armas dos EUA a Kiev "leva a um agravamento do conflito e não é um bom presságio para a Ucrânia".

Em Washington, Zelensky defendeu que esta ajuda, essencial para suas tropas no conflito, é “um investimento na segurança global e na democracia”.

- Reforços militares -

Nos últimos meses, as tropas russas sofreram vários reveses militares e foram expulsas da região de Kharkiv (nordeste) e da cidade de Kherson (sul).

Desde outubro, Moscou mudou sua estratégia e optou por bombardeios maciços contra a infraestrutura básica ucraniana. A ofensiva privou milhões de pessoas de eletricidade, água e calefação.

Esses apagões afetaram Kiev, onde a situação energética permanece "difícil" nesta quinta-feira, segundo o chefe da administração militar da capital, Serguei Popko.

O sistema Patriot dos EUA deve fortalecer "significativamente" a defesa contra esse tipo de ataque, disse Zelensky.

Em uma reunião na quarta-feira para definir as prioridades do Exército para 2023, o presidente russo, Vladimir Putin, também prometeu fortalecer as capacidades militares da Rússia, incluindo as nucleares.

Anunciou, ainda, a entrada em serviço "no início de janeiro" de novos mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon e um aumento na força do Exército para 1,5 milhão de soldados.

Seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, garantiu que as tropas russas vão combater "as forças combinadas do Ocidente" e revelou que planejam estabelecer bases de apoio à sua frota em Mariupol e em Berdyansk, duas cidades ocupadas no sul da Ucrânia.

O ministro foi ao "front" de batalha para inspecionar as posições russas e as condições de pessoal e de material, disse seu departamento, sem especificar o local, ou a data.

No terreno, combates e bombardeios continuam nesta quinta-feira, com pelo menos um morto e 14 feridos em todo país no dia anterior, segundo a Presidência ucraniana.

Do lado russo, o ex-chefe da agência espacial Roscosmos Dmitri Rogozin informou que foi ferido em um ataque ucraniano a um hotel na região de Donetsk, controlada por Moscou, e precisou passar por uma cirurgia.

O comitê investigativo russo disse que este ataque, que matou e feriu outras pessoas, foi "provavelmente" realizado com uma arma de artilharia César francesa, entregue por Paris a Kiev.

A Rússia e a Ucrânia estão realizando novas negociações por videoconferência neste sábado (12), informou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citando pela Interfax.

Segundo o representante russo, "Vladimir Medinsky continua a liderar a delegação russa", mas, por enquanto, no que diz respeito aos detalhes, será evitado "qualquer comentário no momento".

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Leonid Slutski, outro negociador de Moscou e presidente do Comitê de Relações Exteriores da Duma, explicou que as conversas são realizadas no formato de "Bialowieza", referindo-se à floresta na fronteira entre Belarus e a Polônia, onde ocorreram presencialmente a segunda e terceira rodadas de negociações.

Durante entrevista coletiva em Kiev, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou que "nas negociações recentes surgiu uma abordagem fundamentalmente diferente por parte de Moscou, que antes não fazia nada além de colocar ultimatos". "Agora começamos a falar", disse.

O líder ucraniano acrescentou que estava "feliz por ter um sinal da Rússia", referindo-se ao "progresso" nas negociações evocadas por Vladimir Putin.

Apesar do pequeno avanço, a ofensiva contra territórios ucranianos continua. Hoje cedo, ataques com foguetes russos destruíram uma base aérea ucraniana perto da cidade de Vasylkiv, na região de Kiev, segundo a agência Interfax Ucrânia, citando o prefeito local.

O bombardeio com foguetes também atingiu um depósito de munição, afirmou a prefeita de Vasylkiv, Natalia Balasynovych.

Da Ansa

O Kremlin considerou nesta segunda-feira (21) "prematura" a organização de uma reunião de cúpula entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden, jogando um balde de água fria ao anúncio francês sobre o encontro para tentar desativar o risco de uma invasão russa à Ucrânia.

A presidência da França anunciou no domingo um acordo de princípio para a celebração da reunião após uma intensa gestão diplomática do chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, que teve duas longas conversas telefônicas no domingo com Putin, além de diálogos com Biden e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Os países ocidentais temem que a intensificação dos combates nos últimos dias no leste da Ucrânia com separatistas pró-Rússia seja utilizada como pretexto por Moscou, que enviou 150.000 soldados para a fronteira ucraniana, para invadir o país vizinho.

"Há um entendimento sobre o fato de ter que continuar o diálogo entre ministros (das Relações Exteriores). Falar sobre planos concretos para organizar reuniões de cúpulas é prematuro", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

"Uma reunião é possível caso os chefes de Estado a considerem útil", acrescentou, antes de afirmar que Biden e Putin sempre têm a possibilidade de conversar "por telefone ou de outra maneira quando necessário".

Uma reunião entre os chefes da diplomacia russa e americana, Serguei Lavrov e Antony Blinken, está programada para quinta-feira.

A respeito do encontro de cúpula considerado "prematuro" por Moscou, Estados Unidos e França insistiram que só poderá acontecer se a Rússia não invadir a Ucrânia.

- Tensão -

Os confrontos prosseguiam nesta segunda-feira no leste da Ucrânia e, segundo fontes das forças de segurança da Rússia, os incidentes afetaram o território do país.

"Em 21 de fevereiro, às 9h50, um obus de tipo não identificado disparado do território da Ucrânia destruiu o posto de serviço dos guardas de fronteira na região de Rostov, a uma distância de cerca de 150 quilômetros da fronteira russo-ucraniana", relatou o FSB (serviço de inteligência), citado pelas agências russas de notícias.

O exército ucraniano negou ter atirado contra o posto de fronteira.

"Não podemos impedir que produzam informação falsa, mas sempre podemos enfatizar que não atiramos contra infraestruturas civis ou algum território na região de Rostov, ou qualquer outra coisa", declarou o porta-voz militar ucraniano Pavlo Kovalshuk.

Ao mesmo tempo, Kiev afirmou que registrou 14 bombardeios dos rebeldes pró-Rússia, que deixaram um soldado ferido.

Os separatistas informaram a morte de três civis nas últimas 24 horas, assim como a explosão de um depósito de munições na região de Novoazovsk, sobre o qual acusaram "sabotadores ucranianos".

Não foi possível confirmar as informações com fontes independentes.

As autoridades das duas "repúblicas" pró-Rússia" autoproclamadas do leste da Ucrânia ordenaram a mobilização dos homens em condições de combater e a transferência de civis para a Rússia. Moscou informou nesta segunda-feira que 61.000 pessoas deixaram a região.

"Eles nos bombardeiam, aterrorizam as crianças. Seus aviões sobrevoam a cidade (...) e vimos as coisas explodindo, pegando fogo", disse à AFP uma das pessoas que deixou a região, Liudmila Kliuiko, 56 anos, ao chegar a Taganrog, na Rússia.

O Kremlin reiterou que a "situação é extremamente tensa" na frente leste ucraniana, e expressou "preocupação".

Os separatistas pró-Rússia que lutam contra Kiev mantêm um conflito no leste do país que provocou mais de 14.000 mortes desde 2014, agravado após a anexação da Crimeia ucraniana pela Rússia.

Moscou nega ter planos para invadir a Ucrânia, mas exige garantias de que a ex-república soviética não vai aderir à Otan e o fim da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte para suas fronteiras. As demandas foram rejeitadas pelo Ocidente.

Os países ocidentais ameaçaram impor sanções econômicas devastadoras em caso de ataque russo contra a Ucrânia.

Vladimir Putin deve coordenar nesta segunda-feira uma reunião do conselho de segurança russo, o poderoso organismo que reúne os principais comandantes do exército e dos serviços de inteligência.

O Kremlin defendeu, nesta quarta-feira (3), sua "firme" resposta policial aos protestos que exigem a libertação do opositor Alexei Navalny, cujo movimento deseja continuar lutando apesar da repressão e da prisão de seu líder.

Um grande movimento de protesto que não se via há anos se espalhou por toda a Rússia desde a prisão de Navalny em meados de janeiro.

O opositor retornava para a Rússia após cinco meses de recuperação na Alemanha, onde se tratava de um envenenamento pelo qual acusa Vladimir Putin.

Julgado por violar seu controle judicial em um caso que data de 2014, na terça-feira sua pena suspensa foi comutada para dois anos e oito meses de prisão efetiva.

Sua prisão provocou grande agitação na Europa e Estados Unidos, e gerou críticas contra a Rússia.

O julgamento provocou imediatamente manifestações no centro de Moscou e São Petersburgo, que culminaram em 1.400 novas detenções e imagens de violência policial.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse à imprensa nesta quarta-feira que a polícia respondeu de forma "justificada" às manifestações ilegais.

Antes dos protestos de terça-feira à noite, houve também dois finais de semana consecutivos de mobilizações com dezenas de milhares de russos nas ruas de todo o país, especialmente em regiões tradicionalmente mais apáticas que as grandes cidades como Moscou e São Petersburgo.

As mobilizações geraram um número recorde de prisões: 4.000 em 23 de janeiro e 5.700 em 31 de janeiro, segundo o OVD-Info, o que significa mais de 10.000 desde o início do movimento.

"As autoridades deram um passo adiante ao encarcerar Navalny. A etapa em que o continham, o controlavam, acabou. Agora podem ter como objetivo a destruição de sua organização", disse Alexander Baunov, do Centro Carnegie de Moscou.

- "Só o começo" -

Apesar da repressão e da prisão de seu carismático líder, os apoiadores do opositor prometeram continuar com o movimento.

"Isso é só o começo", disse no Telegram um dos colegas de Navalny, Leonid Volkov, que vive na Lituânia.

Segundo ele, os partidários da oposição "aumentarão a pressão sobre Putin" e organizarão "novas manifestações pacíficas" e "novas investigações" sobre o presidente russo e sua família.

Além das prisões, o OVD-Info alertou sobre o tratamento direcionado aos manifestantes, enquanto nas redes sociais se multiplicam os depoimentos de pessoas trancadas por horas em vans ou imagens da dura resposta policial, especialmente na noite de terça-feira.

Alguns dos detidos "passaram a noite em condições difíceis", disse à AFP um responsável da ONG, Grigori Durnovo, explicando que alguns dormiram no chão e não puderam ir ao banheiro.

Outra preocupação é que os advogados têm muitas dificuldades para acessar os centros de detenção. "Demonstram claramente que um advogado é considerado um cúmplice do acusado", disse Durnovo.

A condenação de Navalny provocou uma onda de reações internacionais que pedem sua "libertação imediata".

Nesta quarta-feira, o governo alemão afirmou que "não se descarta" novas sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia.

"Depois desta sentença, haverá discussões entre sócios da UE, não se descarta o uso de novas sanções", disse o porta-voz do governo, Steffen Seibert.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, planeja visitar Moscou na sexta-feira.

Um tribunal de Moscou determinou na terça-feira (2) a prisão do opositor russo Alexei Navalny por quase três anos, um caso que provocou manifestações em massa a seu favor em toda Rússia e novas tensões entre o Kremlin e o Ocidente.

A juíza Natalia Repnikova disse que Navalny, o principal crítico do Kremlin, violou as condições de um controle judicial e terá que cumprir a pena suspensa de prisão de 2014.

Para isso, terá de cumprir a pena original de três anos e meio, descontados os meses que passou em prisão domiciliar naquele ano.

Sua advogada, Olga Mijaylova, indicou que seu cliente terá de cumprir "cerca de" dois anos e 8 meses de prisão. Ele vai apelar da decisão, acrescentou.

Pelo menos 1.377 pessoas foram presas durante a terça-feira em manifestações pró-Navalny em 10 cidades, especialmente em Moscou (1.116) e São Petersburgo (246), de acordo com a ONG OVD-Info.

À noite, a polícia se mobilizou rapidamente na proximidade do Kremlin e em outros locais da capital.

Correspondentes da AFP viram dezenas de manifestantes moscovitas agredidos a golpes de cassetete.

A mídia russa também publicou vídeos em que se vê a polícia perseguindo manifestantes no metrô ou tirando outros à força de dentro de um táxi. Também foi registrada violência contra jornalistas.

"Putin, ladrão!", repetiam centenas de manifestantes em Moscou. "Não há justiça neste país", disse à AFP Oksana, de 36 anos.

Trata-se da primeira sentença longa do ativista anticorrupção de 44 anos.

Após o anúncio da sentença, sua organização, o Fundo Anticorrupção, convocou uma manifestação diante do Kremlin.

União Europeia, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, entre outros, pediram a libertação imediata do adversário político do presidente Vladimir Putin. O Conselho da Europa juntou-se a eles, chamando a condenação de "contrária às obrigações de direitos humanos da Rússia".

Moscou tachou estes apelos de "ingerência".

- "O envenenador de cuecas" -

Navalny ouviu a sentença de pé, com as mãos nos bolsos, no cubículo de vidro reservado aos detidos. Ele fez um gesto em forma de coração para sua esposa, Yulia. Durante a audiência, ele denunciou um caso destinado a amordaçar os oponentes de Putin.

"O mais importante neste julgamento é assustar um enorme número de pessoas. Prendem uma delas para assustar milhões", disse o opositor na audiência.

Ele também denunciou as milhares de detenções durante as concentrações da oposição mais importantes dos últimos anos.

"Não podem prender todo país!", acrescentou.

Em seguida, repetiu que Putin era quem tinha ordenado aos serviços de segurança matá-lo, envenenando-o em agosto na Sibéria com ajuda de um agente neurotóxico.

Putin "entrará para a História como o envenenador das cuecas", disse.

Em dezembro, Navalny afirmou em um vídeo que havia desmascarado um agente do FSB por telefone, que revelou que o veneno havia sido colocado em sua cueca.

O julgamento de terça-feira foi sobre uma demanda dos serviços penitenciários, segundo a qual Navalny não respeitou seu controle judicial no contexto de sua pena suspensa.

O ativista disse que não poderia ir aos controles devido à convalescença na Alemanha, mas o juiz avaliou que ele havia faltado a outras consultas antes de sua internação. Ele foi preso em 17 de janeiro, ao retornar à Rússia.

Sua tentativa de assassinato e sua detenção provocaram novas tensões entre Rússia e o Ocidente. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, planejava viajar para Moscou na sexta-feira e pediu para ver Navalny.

O governo russo afirmou nesta terça-feira acreditar que a União Europeia (UE) não vai cometer a "insensatez" de condicionar suas relações com Moscou ao destino de "um preso em um centro de detenção", segundo palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou o encarceramento de Navalny e reforçou que "um desacordo político nunca é um crime".

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu o fim da repressão às manifestações, e primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, denunciou um veredicto "covarde".

- Vários processos judiciais -

Navalny é alvo de vários processos judiciais.

Na sexta-feira ele comparecerá por "difamação" contra um ex-combatente. Ele também é acusado em investigação de fraude, crime passível de punição com até dez anos de detenção, por ter se desviado, segundo as autoridades, de doações direcionadas à sua organização.

Desde seu retorno a Moscou, a justiça russa multiplicou as ações contra Navalny e seus aliados políticos, dos quais quase todos estão em prisão domiciliar, presos ou processados por algumas semanas.

O adversário conseguiu mobilizar seus apoiadores por dois finais de semana consecutivos de manifestações em uma centena de localidades, não só em Moscou e São Petersburgo.

A resposta da polícia foi massiva: no domingo, houve mais de 5.400 prisões em todo o país, um recorde na história recente da Rússia, de acordo com a ONG OVD-Info.

Esses protestos também são alimentados pela disseminação de uma investigação da oposição acusando Putin de lucrar com um "palácio" nas margens do Mar Negro, um vídeo visto mais de 100 milhões de vezes no YouTube.

O opositor russo Alexei Navalny se defendeu nesta terça-feira (2) na Justiça da acusação de ter violado um controle judicial que poderia lhe custar vários anos de prisão, um caso que provocou manifestações em massa a seu favor em toda Rússia e novas tensões entre o Kremlin e o Ocidente.

Durante a audiência em um tribunal de Moscou, a Promotoria afirmou que o opositor russo de 44 anos "violou sistematicamente" as condições de uma condenação a três anos e meio de prisão pronunciada em 2014, e estimou que a sentença deve ser cumprida.

Essas declarações provocaram tensas discussões com os advogados de Navalny.

Para os serviços penitenciários (FSIN), o interessado não compareceu diante deles conforme previsto em seu controle judicial. Por sua vez, a defesa insistiu que Navalny estava na Alemanha se recuperando de um envenenamento, do qual acusa o presidente Vladimir Putin.

Presente na audiência, Navalny afirmou ter comunicado aos FSIN seu endereço na Alemanha. "O que mais eu poderia ter feito? Precisavam que eu enviasse o vídeo da minha fisioterapia?", questionou o opositor.

Navalny cumpriu parte da pena sob prisão domiciliar, mas se expõe a cerca de dois anos e meio de prisão.

Nesta terça-feira, a polícia deteve pelo menos 100 pessoas na porta do tribunal, segundo a ONG especializada OVD-Info. A equipe que trabalha com Navalny convocou uma manifestação, o que é proibido pelas autoridades.

A audiência ocorre após dois finais de semana de manifestações em apoio ao opositor em toda a Rússia, que culminaram em milhares de prisões.

Ativista anticorrupção e inimigo do Kremlin, Navalny foi preso ao retornar da Alemanha para a Rússia em 17 de janeiro, a pedido dos serviços penitenciários.

Sua prisão provocou novas tensões entre Rússia e o Ocidente. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, planeja viajar para Moscou na sexta-feira e pediu para ver Navalny.

O governo russo afirmou nesta terça-feira acreditar que a União Europeia (UE) não vai cometer a "insensatez" de condicionar suas relações com Moscou ao destino de "um preso em um centro de detenção", segundo palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

A presidente em exercício da OSCE, a ministra das Relações Exteriores sueca Ann Linde, destacou nesta terça-feira ao seu colega russo Serguei Lavrov em Moscou "a preocupação da Suécia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa com a deterioração na área da democracia e dos direitos humanos na Rússia".

Multidões de manifestantes enfrentando a política em uma centena de cidades da Rússia. Da prisão, o opositor Alexei Navalny venceu uma aposta, mas sua luta com o Kremlin promete ser longa e, acima de tudo, muito arriscada.

E a vitória foi dupla para o adversário número um de Vladimir Putin, preso desde 17 de janeiro em seu retorno à Rússia após cinco meses de convalescença devido a um suposto envenenamento.

Além das dezenas de milhares de manifestantes reunidos no sábado, ele pode se orgulhar de contabilizar em menos de uma semana 86 milhões de visualizações para um vídeo no YouTube acusando Putin de ter construído um suntuoso palácio à beira-mar com fundos questionáveis.

O próprio presidente russo, durante uma videoconferência com estudantes, teve que responder às acusações daquele cujo nome nunca mencionou.

"Nada do que é mostrado (no vídeo) como sendo de minha propriedade pertence a mim ou a meus parentes", disse ele nesta segunda-feira.

No domingo, seu porta-voz, Dmitri Peskov, já havia intervindo na televisão para denunciar uma "mentira elaborada" e apelar aos que assistiram ao vídeo "para plugarem seus cérebros".

Quanto às manifestações, ele minimizou o impacto: "Poucas pessoas saíram, muitas pessoas votam em Putin".

O movimento de protesto está, no entanto, longe de ser trivial com a aproximação das eleições legislativas de setembro, nas quais Navalny quer influenciar, encorajado pela impopularidade do partido do Kremlin, o Rússia Unida, considerado rígido e corrupto.

- Sem euforia -

Leonid Volkov, estrategista do movimento de oposição, saudou um sábado "histórico" de protestos e convocou um novo dia nacional de ação em 31 de janeiro.

Para o cientista político do centro Carnegie de Moscou Andrei Kolesnikov, devemos esperar que "as manifestações continuem", como durante o grande movimento de protesto de 2011-2012.

Especialmente porque o tamanho, em número e geografia, das reuniões de sábado é claramente "o resultado do retorno à Rússia de Navalny e de sua investigação sobre o palácio de Putin".

Mas o analista alerta para qualquer "euforia". "O regime dispõe de grandes recursos para garantir a sua sobrevivência, incluindo a indiferença da maioria da população", afirmou.

O opositor Leonid Volkov admite prontamente que a batalha será "difícil".

A máquina judiciária russa já está em movimento. Mais de 3.500 prisões ocorreram durante as manifestações de sábado, um recorde de acordo com a ONG especializada OVD-Info.

Um primeiro manifestante foi condenado nesta segunda a 10 dias de detenção, de acordo com a agência estatal TASS.

De Vladivostok a São Petersburgo, passando pelos Urais e Moscou, foram iniciadas investigações criminais por violência contra a polícia, perturbação da ordem pública ou vandalismo. Contravenções e crimes puníveis com prisão.

A chuva de bolas de neve que atingiu a polícia de choque de Moscou pode custar caro aos perpetradores, se o gesto for qualificado como uma agressão.

- "Pedófilos políticos" -

A partir de 2 de fevereiro, Alexei Navalny corre o risco de vários anos de prisão, acusado de ter violado um controle judicial ao buscar tratamento no exterior após seu provável envenenamento. No entanto, ele partiu para a Alemanha em coma, com o aval de Vladimir Putin.

Ele também é alvo de uma investigação por fraude, punível com 10 anos de detenção, e um julgamento por difamação o aguarda em 5 de fevereiro.

Como a mobilização foi em grande parte feita online, as autoridades também estão aumentando a pressão sobre as plataformas, com o TikTok na mira por ser muito popular entre os adolescentes.

O governo tenta apresentar os partidários de Navalny, com a ajuda de redes sociais irresponsáveis, como canalhas que manipulam "crianças" para fins políticos.

O poderoso Comitê de Investigação, encarregado dos casos importantes, abriu uma investigação por "incitação de menores a participarem de atividades ilegais que podem colocar em risco suas vidas".

A televisão, sob controle do Kremlin, não ficou para trás, em particular seu grande programa político de domingo, Vesti Nedeli.

"Navalny constrói sua propaganda de tal forma que entre seus apoiadores há muitos adolescentes e crianças", denunciou o apresentador Dmitri Kissiliov, arquiteto da máquina de mídia estatal.

"Pedófilos políticos", deixou escapar.

A Rússia dispõe de meios "limitados" para investigar o caso de Alexei Navalny, declarou nesta sexta-feira (18) o Kremlin, enquanto apoiadores do opositor russo retiraram evidências de seu suposto envenenamento no dia do incidente.

"Infelizmente estamos limitados em nossa capacidade de realizar qualquer tipo de investigação. Parece que os objetos foram liquidados, retirados da Rússia e não podemos acessar as análises feitas na Alemanha", declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, citado por agências de notícias russas.

Na quinta-feira (17), apoiadores de Navalny publicaram um vídeo no qual explicam que o agente nervoso do tipo Novtchok, identificado na Alemanha como o veneno usado contra o opositor, foi detectado em uma garrafa encontrada em seu quarto de hotel em Tomsk (Sibéria) no dia do incidente, no final de agosto.

Eles explicaram que pegaram essa garrafa e outros objetos que poderiam ser relevantes a uma investigação e levaram para a Alemanha, onde o opositor do Kremlin está hospitalizado, por estarem convencidos de que as autoridades russas não iriam investigar.

"Se a garrafa realmente existe, por que foi levada para algum lugar? Talvez haja pessoas que não querem que uma investigação seja realizada", disse Peskov.

"A única coisa que vai esclarecer esses eventos é a troca de informações, amostras biológicas, testes e trabalhos conjuntos, se necessário", acrescentou.

Desde 20 de agosto, quando Navalny passou mal em um avião na Rússia, Moscou diz que não tem provas de que um crime foi cometido e, portanto, não abriu uma investigação, apesar dos apelos a fazê-lo e ameaças de sanções europeias.

Os médicos russos que trataram do opositor antes de ele ser transferido para a Alemanha disseram que realizaram todos os testes necessários sem detectar qualquer agente tóxico.

O Kremlin critica a Alemanha por se recusar a transmitir os dados laboratoriais que apontam para uma substância da família Novichok. Berlim os transmitiu para a França e a Suécia, onde o mesmo veneno também foi identificado.

O Kremlin rejeitou nesta terça (25) os resultados dos exames que indicaram que Alexei Navalni, conhecido opositor de Vladimir Putin, foi envenenado. As autoridades russas também disseram não haver motivo para investigar o caso, já que o diagnóstico alemão não é conclusivo. Ao mesmo tempo, o governo russo viu aumentar a pressão internacional por uma investigação independente.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o hospital Charité, de Berlim, que fez os exames e onde Navalni está internado, não apontou a substância que contaminou o opositor, que passou mal em um voo da Sibéria para Moscou. Para Peskov, os médicos alemães estão "se apressando" em usar a palavra envenenamento. "É preciso haver uma razão para uma investigação. No momento, tudo o que vocês e eu vemos é que o paciente está em coma", afirmou Peskov.

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De acordo com o porta-voz, se um envenenamento for estabelecido de forma definitiva como a causa, uma investigação será iniciada. "Se a substância for identificada e se alguém determinar que foi um envenenamento, então, é claro, isso será uma razão para uma investigação."

Peskov disse também que qualquer insinuação de que Putin esteja envolvido no possível ataque a Navalni é "conversa fiada" que o Kremlin não levará a sério e não responderá. "A análise de nossos médicos e a dos médicos da Alemanha concordam por completo com os sintomas. Mas as conclusões são diferentes", disse.

A equipe médica em Omsk, onde Navalni ficou hospitalizado por dois dias, disse que não havia evidências de que ele foi envenenado - diagnóstico que a Rússia agora usa para justificar sua decisão de não investigar o caso.

No entanto, médicos alemães suspeitam que o opositor russo teria sido contaminado por novichok, substância neurotóxica desenvolvida pela União Soviética. Em altas quantidades, causa vômitos, dores de cabeça, alucinações e pode matar.

Aliados do opositor russo disseram que formalizaram um pedido para que uma investigação criminal fosse aberta pelo Comitê Investigativo da Rússia e autoridades na cidade siberiana de Omsk, no mesmo dia em que Navalni foi internado, na quinta-feira, mas o pedido foi ignorado. "A decisão de abrir um processo criminal é tomada em três dias, de acordo com a lei. O prazo terminou no domingo", disse Kira Yarmysh, porta-voz de Navalni, no Twitter.

A pressão por uma investigação aumentou ontem, com líderes mundiais pedindo à Rússia que apure o caso. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, defendeu uma investigação independente. "Os EUA estão preocupados com as descobertas preliminares de especialistas e médicos alemães de que o opositor Alexei Navalni foi envenenado", afirmou, Pompeo, que está em viagem no Oriente Médio. "Se as denúncias se confirmarem, os EUA apoiam uma ampla investigação e estão disponíveis para colaborar."

No Twitter, a ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, disse ontem que as "circunstâncias a respeito do envenenamento de Navalni precisam ser esclarecidas por uma investigação independente". Na segunda-feira, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, já havia pedido à Rússia que abrisse uma investigação e responsabilizasse os autores. Mais tarde, no mesmo dia, Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), reiterou o apelo de Merkel. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Washington traiu seus aliados curdos ao se retirar do nordeste da Síria, abandonando-os diante da ofensiva da Turquia, disse o porta-voz do Kremlin nesta quarta-feira.

"Nos últimos anos, os Estados Unidos têm sido o aliado mais próximo dos curdos. Mas, no final, eles os abandonaram e os traíram de fato", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pelas agências de imprensa russas.

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"Agora eles preferem empurrar os curdos para a fronteira, forçando-os quase a entrar em guerra com os turcos", acrescentou.

No início de outubro, os Estados Unidos anunciaram sua retirada do norte e leste da Síria, para surpresa de todos, abrindo caminho para uma ofensiva turca naquela área contra as milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG), descritas como " terroristas" por Ancara.

Essas forças curdas foram o principal aliado dos Estados Unidos contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Os presidentes russo e turco, atores centrais do conflito sírio, concordaram na noite de terça-feira em assumir o controle conjunto da maior parte da área junto à fronteira sírio-turca, enquanto a região se encontra mergulhada em um crescente conflito entre tropas turcas e curdos.

Nesta quarta-feira, russos e sírios iniciam patrulhas militares nos setores que fazem fronteira com a área onde o exército turco iniciou sua operação militar no início de outubro.

Essa medida visa a facilitar a retirada dos curdos, segundo os russos.

E, 150 horas depois, patrulhas conjuntas, desta vez russo-turcas, controlarão a área.

O Kremlin acusou Washington, nesta terça-feira, de violar suas obrigações internacionais ao negar vistos a uma delegação russa que deve comparecer à Assembleia Geral da ONU e ameaçou adotar "ações severas" em resposta.

"É uma situação preocupante e isso não é aceitável", disse o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov.

"É uma violação direta das obrigações internacionais de Washington".

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, disse em uma rede social nesta terça-feira que "vários membros da delegação oficial russa" não receberam o visto americano.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou o vice-chefe da missão dos EUA em Moscou e entregou a ele uma nota de protesto, informou a imprensa russa.

A embaixada dos EUA em Moscou não comentou no momento.

As relações entre Moscou e Washington estão em seu nível mais baixo desde o final da Guerra Fria, devido a acusações sobre suposta interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA.

Embora Putin e o presidente americano Donald Trump tenham tentado aliviar a tensão, as relações bilaterais continuam complicadas.

Oficiais do governo Trump criticam regularmente Moscou por certas práticas e violações de direitos internacionais, especialmente na Ucrânia e na Síria.

O assessor de relações exteriores do Kremlin, Yuri Ushakov, confirmou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reunirá com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cúpula de líderes do G20, em Osaka, no Japão. O encontro ocorrerá no fim desta semana.

Trump já havia dito que tinha planos de se encontrar com Putin durante o G20 e o presidente russo se mostrou aberto à proposta, ao dizer que está pronto para dialogar com o americano. Ushakov disse, ainda, que o encontro deve ocorrer na sexta-feira e comentou que os dois devem falar sobre controle de armas e crises internacionais, incluindo o acordo nuclear do Irã e questões relativas à Coreia do Norte e à Ucrânia. Fonte: Associated Press.

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Uma jornalista russa da rádio Eco de Moscou, crítica do Kremlin, foi esfaqueada nesta segunda-feira (23) por um desconhecido que entrou na redação e a agrediu, informou o chefe da redação, Alexei Venediktov, à AFP. Tatiana Felguengauer foi hositalizada, segundo a fonte.

O agressor atacou o guarda de segurança do prédio que fica no centro de Moscou e depois se dirigiu à redação, onde esfaqueou Tatiana Felguengauer no pescoço, segundo a mesma fonte.

"Não está claro quem é este homem", acrescentou Venediktov, dizendo que a segurança da rádio conseguiu detê-lo e entregá-lo à polícia.

A rádio Eco de Moscou, a primeira rádio livre criada em 1990 antes da queda da URSS, passou para o controle do grupo público Gazprom em 2001, um ano depois da chegada de Vladimir Putin ao poder.

A rádio consegue se manter como a principal emissora russa e oferece visões independentes em um setor onde os principais meios de comunicação estão sob controle.

Sob o slogan "Estou farto", manifestantes pediram ao presidente russo, Vladimir Putin, que não se candidatasse a um quarto mandato. Dezenas de pessoas foram detidas em São Petersburgo e em outras cidades russas.

A manifestação central em Moscou foi pacífica, apesar de não ter sido autorizada pelo governo. Centenas de pessoas se reuniram em um parque e, em seguida, se voltaram para o Kremlin. Em São Petersburgo, no entanto, dezenas de pessoas foram presas. O grupo OVD-Indo, que monitora a repressão política no país, retransmitiu relatos de mais prisões em várias cidades, incluindo 20 em Tula e 14, em Kemerovo.

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Putin ainda não anunciou se planeja se candidatar à presidência novamente no próximo ano. Ele está no cargo desde a véspera do Ano Novo de 1999, quando Boris Yeltsin renunciou. Mesmo quando se afastou do Kremlin para se tornar primeiro-ministro, entre 2008 e 2012, devido aos limites de mandato, Putin permaneceu efetivamente como líder russo. Fonte: Associated Press.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está se encontrando com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, no Kremlin, em Moscou, nesta quarta-feira. Uma reunião entre os dois não estava prevista até ontem.

Hoje, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, informou que a reunião entre Tillerson e o ministro de Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, foi um encontro "tenso". Lavrov acusou os EUA de realizarem um ataque ilegal contra uma base militar síria na semana passada e disse que estava tentando entender as "reais intenções" do governo de Donald Trump. Fonte: Associated Press.

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Um grupo de feministas foi detido nesta quarta-feira (8) em Moscou em frente ao Kremlin, após exibirem uma faixa proclamando: "Os homens estão no poder há 200 anos, acabemos com isso!".

O site OVD Info anunciou que sete feministas, incluindo duas jornalistas do jornal de oposição Novaya Gazeta e uma fotógrafa, foram levados para uma delegacia de polícia para interrogatório.

A advogada de defesa dos direitos humanos Mari Davtyan disse em sua página no Facebook que oito feministas foram presas. Uma das ativistas, a artista Yekaterina Nenasheva, postou um vídeo no Facebook que mostra as feministas em frente ao Kremlin.

"As feministas de Moscou e São Petersburgo que ocuparam o Kremlin as saúdam neste 8 de março", escreveu Nenasheva. A bandeira feminista refere-se à imperatriz Catarina, a Grande, última líder mulher da Rússia e morta em 1796.

De acordo com o canal independente TV Rain, as feministas também carregavam cartazes proclamando "Uma mulher para presidente" e "Nós somos maioria".

Em uma mensagem de vídeo por ocasião do dia dos direitos das mulheres, o presidente Vladimir Putin declarou que os homens russos "vão fazer tudo o que podem" a favor "das nossas mulheres amadas".

A rede de televisão Fox News deve pedir desculpas ao presidente russo, Vladimir Putin, por tê-lo chamado de "assassino" durante uma entrevista com o presidente americano, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira o porta-voz do Kremlin.

"Consideramos que tais declarações da parte de um jornalista da Fox News são inadmissíveis e, para dizer a verdade, gostaríamos que esta cadeia respeitável apresentasse suas desculpas ao presidente", declarou Dimitri Peskov aos jornalistas.

No entanto, o porta-voz do Kremlin se negou a comentar a reação de Trump que, de forma inesperada, convidou os americanos a fazer seu próprio exame de consciência.

O diálogo aconteceu quando o jornalista chamou Putin de assassino depois que Trump reiterou que respeitava seu colega russo.

"Há muitos assassinos, muitos assassinos. Você acha que nosso país é tão inocente?", questionou Trump.

Na entrevista com a Fox News, Trump insistiu que gostaria de se entender com a Rússia, principalmente na luta contra o grupo Estado Islâmico (EI).

"Se a Rússia nos ajudar no combate ao EI e contra o terrorismo islâmico no mundo, é algo bom", afirmou Trump.

O patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa russa desde 2009, sempre foi um fiel aliado do Kremlin, tanto nos tempos soviéticos quanto durante os mandatos de Vladimir Putin. O patriarca de Moscou se reúne nesta sexta-feira (12), em Cuba, com o papa Francisco, o primeiro encontro entre os dois líderes cristãos do Oriente e do Ocidente, separados desde o Cisma de 1054.

Sua última declaração pública de destaque remonta a janeiro, quando Kirill defendeu a intervenção militar russa na Síria. "Trata-se de legítima defesa. Podemos dizer, sem dúvida, que é uma luta justa", disse ele.

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Em 2014, durante a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia e o início do conflito armado no leste da Ucrânia, ele denunciou a política "anti-russa" da Igreja Grego-Católica ucraniana (uniatas), presente principalmente no oeste nacionalista da Ucrânia.

Esta Igreja, que segue o rito bizantino, mas reconhece a autoridade do Papa romano, sempre foi um dos principais pontos de atrito entre Moscou e o Vaticano. Kirill e Francisco poderão se reunir "apenas depois de resolver algumas questões, especialmente as relativas aos uniatas na Ucrânia", ressaltou em dezembro Vladimir Legoida, porta-voz do patriarca de Moscou.

Kirill compartilha com o Kremlin sua desconfiança do Ocidente e seu desejo de defender os "valores cristãos tradicionais", tudo isso dentro de uma corrente nacional-conservadora muito presente na Rússia, onde cerca de 70% da população se declara ortodoxa.

'Nosso próprio caminho'

"Continuamos a ser um país grande e poderoso, mantivemos o nosso próprio caminho, não perdemos a nossa identidade, ao contrário dos grandes e poderosos países europeus", disse Kirill em novembro.

Graças às boas relações com o Kremlin, deu seguimento a política de seu antecessor Alexis II, buscando reforçar a posição da Igreja na sociedade. Kirill expressou sua inclinação em relação à religião desde tenra idade, em uma família onde seu pai e avô eram sacerdotes.

Em 1965, aos 19 anos, ele Kirill - cujo verdadeiro nome é Vladimir Gundiayev - entrou para o seminário de sua cidade natal, Leningrado (noroeste, agora São Petersburgo), logo após um período de perseguição contra a Igreja.

Em 1969 adotou as vestes sacerdotais e nos anos 70 acelerou sua carreira: primeiro foi secretário pessoal do metropolita Nikodim de Leningrado e a partir de 1971 ocupou seu primeiro posto diplomático como representante do patriarcado de Moscou no Conselho Mundial de Igrejas.

Nessa posição acompanhou em várias viagens o patriarca Pimen, antes de ser nomeado chefe do departamento de Relações Exteriores em 1989. Em 25 de fevereiro de 1991, foi nomeado metropolita de Smolensk e Kaliningrado, antes de dirigir departamento de Relações do Patriarcado de 1989-2009.

Seu histórico encontro com o papa Francisco consolidará sua autoridade no mundo ortodoxo, e, especialmente, entre os 150 milhões de fiéis em todo o mundo. Mas esse sucesso diplomático não deve apagar vários casos que mancharam a sua reputação.

Em 2012 manteve seu apoio ao Kremlin, apesar das manifestações em massa da oposição. A imprensa russa também revelou que o patriarca é dono de um apartamento de luxo em Moscou e que usa um relógio de mais de 30.000 euros.

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