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Eles passaram anos na prisão por crimes de lesa-majestade, mas os dissidentes tailandeses não jogam a toalha e, neste fim de semana, participarão de manifestações anunciadas como históricas, em apoio ao movimento estudantil que ousou enfrentar o assunto tabu do país: a monarquia.

"A luta não terminou", disse, entusiasmado, Somyot Prueksakasemsuk. "Nossos esforços continuam. As novas gerações descobriram a realidade (...) e pedem abertamente uma reforma da monarquia", afirma.

Condenado em virtude do artigo 122 do Código Penal tailandês por crime de lesa-majestade, que castiga com severidade qualquer difamação contra a família real, este jornalista passou sete anos na prisão.

Apesar dos riscos, neste fim de semana, este ativista de 58 anos participará das manifestações. Ao menos 40.000 pessoas são esperadas nas ruas, segundo a imprensa local.

Será a maior manifestação da oposição desde o golpe de Estado de 2014, que levou o atual primeiro-ministro, Prayut Chan-O-Cha - que depois ganhou as eleições -, ao poder.

- "As pessoas acordaram" -

O movimento estudantil pede uma reforma da monarquia, defende, principalmente, que o rei não deve se meter em assuntos políticos, assim como reivindica a eliminação da lei sobre os crimes de lesa-majestade e que a realeza devolva bens ao Estado.

Nada parecido foi visto até então no reino, onde a monarquia parecia estar sempre acima das turbulências políticas que derrubaram os sucessivos governos.

O objetivo desses estudantes não é acabar com a instituição, mas "modernizá-la e adaptá-la à nossa época".

Também pedem o fim da perseguição de opositores, a dissolução do Parlamento junto com a renúncia de Prayut Chan-O-Cha e a reforma da Constituição, considerada muito favorável ao Exército.

O governo afirma que a lei de lesa-majestade não foi usada nos últimos anos, o que demonstraria o espírito conciliador do rei, que assumiu o trono no ano passado. Muitos militantes ainda são acusados, porém, de "sedição", um crime que pode levá-los a sete anos de prisão.

Nos últimos dois anos, pelo menos nove militantes pró-democracia que fugiram da Tailândia após o golpe de Estado de 2014 desapareceram, segundo a ONG Human Rights Watch.

Nas ruas, em paralelo ao movimento estudantil, surgiram grupos de defesa da monarquia, o que multiplica a tensão.

Para Jatupat Boonpatararaska, conhecido como "Pai" e que ficou dois anos preso por criticar o atual rei, as ameaças não funcionam mais.

"Nos consideravam pessoas que não faziam parte da sociedade, mas isso não funciona mais. As pessoas acordaram", afirma.

Milhares de tailandeses participaram, neste domingo (12), em Bangcoc, de uma corrida "contra a ditadura", na maior manifestação contra o regime desde o golpe de Estado de 2014 que levou o general Prayut Chan-O-Cha ao poder, atualmente à frente de um governo civil.

Segundo os organizadores, cerca de 10.000 pessoas, incluindo muitos jovens, se reuniram antes do amanhecer em um parque da cidade.

Eles gritaram palavras de ordem a favor da democracia e "fora Prayut!", enquanto faziam com três dedos da mão o sinal do Partido do Futuro, um dos principais da oposição.

"Você pode ver como é latente a raiva do povo (...) acho que essa é a primeira etapa de uma mudança geral na Tailândia", declarou à AFP o milionário Thanathorn Juangroongruangkit, que lidera partido e que participou da "corrida contra a ditadura".

"Nas eleições legislativas de março, seu partido se tornou a terceira força política do país, com mais de seis milhões de votos, principalmente dos jovens tailandeses preocupados com o papel do Exército na política.

Prayut Chan-O-Cha, graças ao apoio de um Senado nomeado pelos militares, venceu as eleições, mas possui apenas uma pequena maioria parlamentar.

"A economia está em crise. Não há liberdades políticas" e a população "não suporta mais a ineficácia desse governo", estimou Pannika Wanich, porta-voz do Partido Futuro Adiante (Future Forward), também presente na corrida.

Desde o golpe de Estado de 2014, nenhuma manifestação teve essa adesão, embora um protesto realizado em dezembro, convocado por Thanathorn Juangroongruangkit, tenha reunido milhares de pessoas.

Desde sua ascensão, o jovem líder carismático tem irritado os militares com seus pedidos para acabar com o serviço militar obrigatório e reduzir os orçamentos da Defesa.

Ele é alvo de ataques incessantes das autoridades judiciais, que abriram inúmeros processos contra ele. Neste contexto, foi destituído de seu mandato de deputado em novembro.

Além disso, seu partido, acusado de tentar derrubar a monarquia constitucional, pode ser dissolvido em 21 de janeiro, uma ameaça que, se materializada, deixará de fora do governo os 80 deputados do movimento.

Thanathorn Juangroongruangkit argumenta que as acusações contra ele e contra o Futuro respondem a motivos políticos.

Paralelamente à corrida opositora, entre 3.000 e 4.000 apoiadores do governo participaram de uma marcha para defender o primeiro-ministro na manhã deste domingo.

"Amamos nosso país, amamos um governo que pode garantir a segurança", disse Vasuchart, de 68 anos.

Quase um ano após as eleições legislativas, realizadas sob suspeitas de irregularidades, a Tailândia, que sofreu mais de uma dúzia de golpes de Estado desde a abolição da monarquia absoluta em 1932, permanece profundamente dividida.

Os 13 jovens tailandeses que ficaram presos por 18 dias em uma caverna receberam alta hospitalar nesta quarta-feira (18) e fizeram a primeira aparição pública. Os meninos do time "Javalis Selvagens", mais o treinador de futebol da equipe, passam bem - apesar de alguns casos de infecções leves - e já podem ficar em casa.

Eles deram uma coletiva de imprensa, a qual foi cuidadosamente planejada, com as perguntas previamente enviadas aos jovens para evitar qualquer estresse pós-traumático. Vestido com o uniforme do time, o grupo contou como sobreviveu pelos primeiros nove dias dentro da caverna de Tham Luang, bebendo água das grutas e sem comida, até que fossem localizados por equipes de resgate.

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Sorridentes, os meninos se apresentaram à imprensa, um a um, falando seus nomes e a posição que jogam no time de futebol. Com boa aparência, fizeram piadas e riram várias vezes durante a coletiva. "Quando vimos o primeiro mergulhador que nos encontrou, ficamos surpresos que não fosse um tailandês. Foi um milagre", disse um dos meninos. "Eu estava surpreso porque eles eram britânicos, então eu disse 'hello'", contou Adul Sam-on, de 14 anos, o único do grupo que fala inglês. "A primeira coisa que perguntamos foi quanto tempo precisaríamos ficar lá ainda", confessou outro jovem.

Falando a maior parte do tempo, o treinador Ekkapol Chantawong, de 25 anos, que ensinou técnicas de meditação aos jovens dentro da caverna, contou que o grupo ficou preso porque o nível da água subiu rapidamente e eles foram entrando cada vez mais na gruta, tentando encontrar um local seguro.

O time estava fazendo um passeio pelo parque nacional Tham Luang quando chuvas torrenciais atingiram o local. Eles, então, buscaram refúgio em uma caverna, que alagou. O resgate dos 13 foi realizado entre os dias 8 e 10 de julho, com apoio de mergulhadores internacionais e através de uma complexa operação que chamou a atenção de toda a imprensa mundial. "Tentava não pensar em comida, me dava mais fome", afirmou um dos garotos. Outro membro do time contou que "enchia o estômago de água". 

Da Ansa

Milhões de tailandeses se vestiram de preto nesta sexta-feira (14) para chorar a morte do rei Bhumibol Adulyadej, em um momento de incerteza no país após mais de 70 anos de reinado. Dezenas de milhares de pessoas começaram a caminhar em direção ao palácio para acompanhar a chegada do cortejo fúnebre do rei Adulyadej, que faleceu na quinta-feira (13) aos 88 anos.

O trajeto entre o hospital Siriraj e o palácio foi fechado ao trânsito. O príncipe herdeiro, Maha Vajiralongkorn, de 64 anos, dirigirá a cerimônia budista do "banho" do corpo de seu pai, primeira etapa de uma longa série de rituais que duram vários meses para os integrantes da família real.

Das pessoas que praticam esportes nas primeiras horas da manhã até os trabalhadores no metrô, todo o país se vestiu preto e branco, as cores do luto na Ásia. "Enquanto o rei estava vivo, o povo estava unido", afirmou, emocionado, Arnon Sangwiman, que trabalha para a empresa nacional de energia elétrica.

- Primeira aparição do príncipe -

O fato de o príncipe ter solicitado tempo antes de ser proclamado rei provoca inquietação entre os tailandeses. A cerimônia do "banho" em seu pai será a primeira aparição pública do príncipe Vajiralongkorn desde o anúncio da morte do soberano, o monarca mais longevo no trono no mundo.

"Agora tenho medo do que pode acontecer, que administração o país terá, que tipo de regime a longo prazo", disse Anon Sangwiman. Mas ele disse acreditar que o regime militar vai manter as eleições anunciadas para 2017.

A última década do reinado de Bhumibol foi marcada por uma grande instabilidade política, com dois grupos em disputa: as elite ultramonárquicas (identificadas como os "amarelos") e os partidários do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra (os "vermelhos").

O último de uma longa série de golpes de Estado, em maio de 2014, foi executado sob a alegação de proteger a monarquia. As Forças Armadas estavam preocupadas em blindar o cenário político com a aproximação da sucessão.

O príncipe herdeiro é menos conhecido e venerado pelos compatriotas que o pai e até agora morava a maior parte do tempo na Alemanha. Foi designado para suceder o pai em 1972. Sua personalidade, ao que parece um pouco instável, também provoca debates, inclusive entre os conselheiros do palácio e os generais no poder, destacam os analistas.

Com o prazo solicitado pelo príncipe, "já estamos nos desviando do que deveria ser uma sucessão normal", destaca David Streckfuss, historiador especializado na Tailândia.

- Próxima figura tutelar? -

Os tailandeses só falam do príncipe de maneira privada. Uma lei rígida reprime os crimes de lesa-majestade, que podem resultar em penas de prisão para os detratores da realeza. O rei, hospitalizado de modo quase ininterrupto há dois anos, não aparecia em público há quase um ano.

Bhumibol Adulyadej tinha status de semideus na Tailândia há várias décadas. Suas fotos são onipresentes em todo o país e o culto à personalidade do rei ganhou ainda mais força desde o golpe de Estado militar de 22 de maio de 2014. Em uma sociedade budista, o rei conservou a imagem tutelar e protetora dos súditos.

As emissoras de TV, que transmitiam a programação em preto e branco desde quinta-feira, retornaram às cores nesta sexta-feira, mas exibiam programas de tema único, uma imposição das autoridades, com documentários em homenagem ao rei e entrevistas de tailandeses que lamentam a morte do monarca.

As raras vozes críticas da monarquia mencionam uma instituição desfasada em uma Tailândia moderna.

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A marinha e especialistas tailandezes lutaram para minimizar o impacto do vazamento de petróleo na ilha de Koh Samet. Ambientalistas acusaram a companhia estatal PTT de terem subestimado o derramento de óleo na ilha turística que pode chegar ao continente. Cerca de 50 mil litros de petróleo foram derramados no mar a vinte quilômetros da provincia de Rayong.  O acidente aconteceu após a trasferência de um navio tanque para um oleoduto

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