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Diante do crescente número de infectados e das condições enfrentadas por técnicos de enfermagem e auxiliares na rotina da pandemia, a Secretaria de Saúde do Estado (SES) é acusada de não garantir a segurança adequada à categoria. Em entrevista ao LeiaJá, o sindicato responsável relata que a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) é o motivo do alto índice de contágio no setor e, que o atendimento à população poderá ser recusado caso o Governo do Estado não tome providências.

"Esses profissionais estão adoecendo por não terem EPIs. Para você ter uma ideia de como a coisa está caótica [...] nós não temos nem a mínima condição de trabalho", denuncia o presidente do Sindicato Profissional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), Francis Herbert. De acordo com o último boletim epidemiológico, Pernambuco registrou 1649 profissionais da saúde foram confirmados com o novo coronavírus. Contudo, Herbert estima que mais de 50% dos técnicos já estejam contaminados devido à subnotificação dos casos.

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Segundo o Satenpe, o suposto descompromisso repercute na falta de profissionais capacitados na linha de frente. "Se não cuidarmos desses profissionais, nós vamos ter leitos de UTI, leito de retaguarda, respiradores, só não vamos ter o técnico de enfermagem para operacionalizar isso e cuidar do paciente", pontua. Uma das solicitações é a testagem em massa da categoria, que relatou uma espera de 20 dias para a realização dos exames.

A redução de profissionais em atividade acaba sobrecarregando a rede e o estresse vivenciado nos hospitais, pois cada técnico estaria atendendo até 10 pacientes. "Se a gente não tiver cuidado, não vamos ter técnicos de enfermagem para cuidar da população daqui a 20 dias", alertou o representante.

Sem adicional de insalubridade e com o salário inicial de R$ 774, mesmo doentes, os técnicos e auxiliares continuam nos postos cumprir com as obrigações. "Muitos estão indo trabalhar acometidos da Covid, para não ter seus salários indo para o INSS ou atrasados", destacou. Por isso, o sindicato vai anunciar uma campanha de arrecadação de cestas básicas e também busca patrocinadores para promover a testagem autônoma dos profissionais de todo Estado.

Hebert conta que já solicitou à SES que quartos de hotéis fossem disponibilizados para que os profissionais não retornem para casa espalhem ainda mais o vírus, contudo, não obteve resposta.

Na próxima quinta-feira (7), expira o prazo da liminar que autoriza auxiliares e técnicos em enfermagem recusar atendimento, caso a SES descumpra com o fornecimento adequado de EPIs. "O Governo tem que se justificar e dar EPIs, caso não, a gente vai se recusar a colocar nossas vidas em risco e vai haver um colapso no sistema de saúde de Pernambuco", afirmou o representante, que acrescentou, "se o Governo não me suprir de EPIs, eu serei impedido de trabalhar".

O LeiaJá entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES), que enviou a nota abaixo:

"O Governo de Pernambuco, por meio da secretaria estadual de Saúde (SES-PE), tem monitorado permanentemente o abastecimento e os estoques de EPIs das unidades da rede estadual de saúde. Além disso tem deflagrado diversas ações para garantir a compra de itens, de acordo com as especificações técnicas recomendadas pelos órgãos de controle, visando garantir a segurança do profissional de saúde e dos pacientes. Desde o início dos esforços comandados pelo Gabinete de Enfrentamento à Pandemia, já foram adquiridos e entregues às unidades da rede hospitalar mais de 16 milhões de unidades de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

É importante destacar que alguns desses tipos de EPIs, como a máscara N95, conforme protocolos e orientações técnicas das autoridades sanitárias, só são indicados para profissionais que estão em contato direto com os pacientes suspeitos ou confirmados da Covid-19, em procedimentos com risco de geração de aerossol. Além disso, as unidades da rede estadual têm feito um trabalho permanente de conscientização dos seus profissionais sobre o uso adequado e oportuno destes equipamentos.

Já está em funcionamento o terceiro centro avançado de testagem para Covid-19. O novo local, na Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), no Bongi, é voltado para os profissionais e servidores que atuam nas sedes da SES (Bongi e Boa Vista), além dos seus contatos domiciliares que também estejam apresentando sintomas gripais. O posto funciona diariamente, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.

Além do centro de testagem do Bongi, também estão em funcionamento o do Centro de Formação dos Servidores e Empregados Públicos do Estado de Pernambuco (Cefospe) – instituição vinculada à Secretaria de Administração (SAD), no bairro da Boa Vista, área central do Recife –, e no Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon-PE), no Complexo de Salgadinho, em  Olinda. Estes postos funcionam diariamente, inclusive aos sábados e domingos, das 8h às 17h, com capacidade para 60 atendimentos, cada. Nesses locais, para realizar a testagem, o profissional de saúde, segurança ou familiares precisam agendar o atendimento por e-mail (coletasede@gmail.com; coletacefospe@gmail.com; e para unidade Cecon: coletacecon@gmail.com).

No dia 25 de março, o governador Paulo Câmara também assinou a nomeação de 1.982 profissionais concursados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) para atuarem no enfrentamento da emergência da Covid-19 em Pernambuco. Foram 430 médicos, 319 profissionais de diversas categorias de nível superior e 1.233 de nível médio. Desse total, 1.681 já foram encaminhados para as unidades. As vagas estão sendo ocupadas gradativamente."

A Pesquisa “Perfil da Enfermagem no Brasil” mostrou que o quadro de trabalhadores é composto por 80% de técnicos e auxiliares e 20% de enfermeiros. O estudo, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), também apontou que 66% dos entrevistados apresentam desgaste profissional, bem como a grande concentração (50%) de profissionais está no Sudeste brasileiro. Ao todo, 1,8 milhão de pessoas foram entrevistadas.

De acordo com a pesquisa, considerando o estado de Pernambuco, 70 mil profissionais foram entrevistados. O quadro pernambucano de trabalhadores é composto por 77,8% de técnicos e auxiliares e 22,2% de enfermeiros. A grande maioria dos profissionais, mais de 70%, atua no setor público.

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Já o setor privado possui 17% dos profissionais, mesmo percentual pertencente às unidades filantrópicas. Pouco mais de 8% dos trabalhadores estão concentrados nas atividades de ensino. Sobre desgaste profissional, do total de trabalhadores em Pernambuco, quase 69% afirmam passar pelo problema.

Ainda segundo a pesquisa da Fiocruz, levando em consideração a renda mensal de todos os empregos e atividades que a equipe de enfermagem possui em Pernambuco, 2,5% dos profissionais recebem menos de um salário mínimo por mês. Quase 30% dos entrevistados pernambucanos declararam ter renda mensal de até R$ 1 mil, que, de acordo com a Fiocruz, representa condição de subsalário. 

Mulheres e homens - Em Pernambuco, de acordo com a pesquisa, a maioria dos profissionais de enfermagem é de mulheres: 86,8%. Porém, considerando os 12,7% dos homens que atuam na área, o estudo concluiu que a enfermagem está firmando uma tendência para o sexo masculino.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o segmento de saúde é formado por 3,5 milhões de trabalhadores, em que desses, metade atuam com enfermagem. A pesquisa sobre o Perfil da Enfermagem foi realizada em 50% das cidades brasileiras, em todos os estados do País. “Traçamos o perfil da grande maioria dos trabalhadores que atuam do campo da saúde. Trata-se de uma categoria presente em todos os municípios, fortemente inserida no SUS e com atuação nos setores público, privado, filantrópico e de ensino. Isso demonstra a dimensão da pesquisa, que não contempla apenas os que estão na ativa, mas a corporação como um todo”, comenta a coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Helena Machado, conforme informações da assessoria de imprensa.

 

A Hapvida, operada de saúde atuante nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, está oferecendo 31 vagas de emprego para ocupação imediata. As funções são para o Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes.

Entre as oportunidades disponíveis, há vagas para técnicos em enfermagem assistenciais e burocratas sem experiência, exceto para os profissionais de bloco cirúrgico, que necessita ter seis meses de vivência na área. A empresa não divulgou detalhes sobre os salários.

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Os currículos dos candidatos devem ser enviados para o e-mail rh@hapvida.com.br e no campo assunto deve ser indicado que o contato é referente ao cargo de técnico em enfermagem. De acordo com a Hapvida, os documentos serão analisados durante todo este mês de junho.

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