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Açaí, pato no tucupi, maniçoba e tacacá são alguns do clássicos da culinária paraense. Esses sabores estão presentes na mesa do cidadão dessa região de biodiversidade tão rica. Os pratos são soberanos, mas vêm convivendo com muita coisa de fora: comida japonesa, comida árabe e os vários food trucks espalhados por Belém. Resta saber como a culinária tradicional se relaciona com essas culinárias estrangeiras.

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Grande parte da gastronomia regional vem de origem indígena. Portugueses, holandeses e franceses trouxeram elementos que se misturaram. A junção de conceitos é normal e não é de hoje.

A gastrônoma Giselle Arouck é especialista em cozinha das Américas e explica o processo de fusão. “O processo de fusão não é só no método de preparo com tendências de outros Estados e países, mas também com outros elementos que você mistura.” Giselle explica que a culinária paraense é muito rica pela biodiversidade da região amazônica. “A quantidade de elementos da gastronomia paraense é muito elevada, é uma gastronomia que é de fusão e vem sendo modificada com o passar dos anos.”

Fabrício Araújo, chef do restaurante Mercearia Vicente, aposta na inovação. Entre as receitas dele está o Papaxiburger, que é a união de pão de açaí, hambúrguer de charque e dadinho de tapioca, carro-chefe da Mercearia Vicente. Fabrício acredita que faz parte da gastronomia mesclar técnicas e ingredientes. “A gente tem hoje conhecimento de muitas técnicas de cozinha francesa, cozinha oriental, mas essas técnicas são usadas com os ingredientes de lá. Quando pegamos essas técnicas e usamos com os ingredientes daqui, só isso já causa uma reinvenção.”

Fabrício avalia a aceitação das novas receitas. “Se ficar bom, sim. Tem algumas coisas muito absurdas, tem algumas coisas que eu não aprovo, tem que ver a situação de mercado. Um dia desses eu peguei uma linguiça de pato no tucupi, eu não gostei.”

Os food trucks surgiram nos Estados Unidos e viraram tendência. William Monreal é dono do Begot’s Burger, de hambúrgueres artesanais. William pensa que essas adições são positivas. “Eu acho que para o mercado é válido, é como um Uber chagando no lado de um taxi. Quem tem um valor agregado, um conhecimento a adicionar, tende a continuar.” William usa receitas de fora, mas adiciona ingredientes locais. “Eu tenho uma bandeira da Austrália e dos Estados Unidos, porque eu tento seguir uma linha do que os caras fazem por lá, mas sempre ‘abrasileirando’ e com uma pegada paraense.”

Laís Freire ama sushi, mas ainda prefere o açaí. A estudante diz que é muito bom ter opções no mercado. “Sempre gostei de variar, ter coisas novas. Muitas coisas novas estão chegando em Belém.”

O Tacacá do Renato fica na travessa Doutor Enéas Pinheiro. A barraquinha é famosa na cidade e várias celebridades já prestigiaram. Dione Souza é atendente no local e conta que o fluxo de clientes continua o mesmo de alguns anos atrás. “Não tem muita concorrência com os restaurantes gourmets. Aa concorrência são os próprios estabelecimentos de tacacá e comidas típicas."

O chef Artur Bestene é um dos caras que mais divulgam a gastronomia paraense. Ele faz várias receitas com ingredientes regionais com uma nova roupagem. O Piraburguer e a linguiça de maniçoba são algumas de suas invenções. “Tentamos levar às pessoas produtos que elas já conhecem, mas com ingredientes mundiais.” Apesar de fazer vários pratos mais gourmetizados, Bestene acha que não dá para vencer o tradicional. “Mais importante que sair do tradicional é respeitar o tradicional. O mais importante é a pesquisa e o que ela causa, é a curiosidade de descobrir as possibilidades de técnicas. Bem como as pesquisas de novos ingredientes, que esse sim é, pra mim, o ponto chave.”

Por Pâmela Gomes, Henrique Sá, Alessandro Amorim, Nicksson Melo, Mathaus Pauxis, Brunno Lobato, Poliana Costa.

 

 

Na semana que antecede o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa) acrescentou os produtos típicos desta época do ano aos projetos realizados pela instituição. Esta semana, o Quitanda do Parque funciona todos os dias no Parque Shopping, e nesta quarta-feira (4) a Ceasa perto de Casa estará na Unama Alcindo Cacela a partir das 16 horas.

Além dos produtos já conhecidos do público dos dois projetos, como tubérculos, frutas, hortaliças, folhagens, peixes, camarões, ovos, temperos, dentre outros, os consumidores poderão adquirir alimentos utilizados no almoço do Círio, como o tucupi, que está sendo comercializado em média a R$ 2,50, o litro, o jambu, que pode ser encontrado a R$ 2,00, e o quilo da maniva, a R$ 4,00. Nesta quarta-feira, apenas no Quitanda do Parque, também será comercializado o pato resfriado. No sábado (7), véspera do Círio, o mercado da Ceasa funcionará normalmente com horário estendido até 10 horas, para facilitar o varejo, como mais uma opção para as compras do almoço de domingo.

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“Este ano optamos por já aproveitar os espaços que já temos de comercialização para oferecer os produtos típicos do Círio. É uma forma de agregar ainda mais os locais, incentivar mais os produtores e valorizar os consumidores já fidelizados, facilitando a vida de ambos nesta época do ano, na qual a cidade fica cheia e todo mundo está atrás da maniçoba, do pato, do tucupi, e outros produtos, e que ainda quer economizar”, diz a presidente da Ceasa, Bianca Piedade.

Tanto o Quitanda do Parque quanto o Ceasa perto de Casa visam incentivar a agricultura familiar e o consumo mais saudável de alimentos. Participam produtores de municípios paraenses como Marituba, Belém, Bragança, Vigia, Santa Bárbara, Irituia, Concórdia do Pará e Santa Izabel do Pará.

Os dois projetos são uma parceria da Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa-Pa), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).

Serviço

Ceasa perto de Casa – Quarta-feira, 04, de 16h às 21h. Endereço: Unama Alcindo Cacela – Av. Alcinco Cacela, 278.

Quitanda do Parque – até sábado, 07, de 14h às 21h. Endereço: Parque Shopping Belém – Rodovia Augusto Montenegro, 4300 - Parque Verde.

Ceasa – Sábado, 07, de 00h às 08h. Endereço: Estrada do Murutucum, km 04, s/n - Curió.

Da assessoria de comunicação da Ceasa.

 

 

 

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Chamado de “shoyo do novo século”, o tucupi é um líquido de cor amarela, coproduto da mandioca, típico da rica e exótica gastronomia amazônica. É feito de maneira artesanal, tendo como matéria-prima a mandioca ou mandioca-brava, tubérculo que ganhou essa definição de “brava” por apresentar altos índices de ácido cianídrico (HCN) em sua composição, ou seja, um veneno conhecido como cianeto. Para garantir a segurança microbiológica e toxicológica do produto, pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental (PA) estabeleceram um protocolo com as diretrizes básicas à padronização da produção do tucupi, definindo critérios no processo de fabricação do líquido.

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De acordo com a pesquisadora Ana Vânia Carvalho, uma das autoras do trabalho, o resultado da pesquisa indica que, para ser segura ao consumo humano, a iguaria amazônica precisa passar por 24 horas de fermentação e 40 minutos de cozimento. “Se não for processado de maneira adequada, o tucupi pode apresentar níveis elevados de HCN e, consequentemente, riscos ao consumo humano”, alerta.

A cientista esclarece, no entanto, que não é preciso deixar de consumir o produto, que faz parte da cultura alimentar do amazônida, porém frisa que alguns cuidados no preparo devem ser tomados e dá uma dica importante: “Ao levar o produto para casa, o consumidor deve ferver o líquido por 40 minutos e, depois, acrescentar água, para completar o que foi reduzido com o cozimento, caso necessário”, recomenda.

A pesquisa apresenta ainda mais importância, pois o produto começa a conquistar paladares fora da região Norte e já é conhecido como um dos carros-chefes da culinária amazônica, que está sob constante holofote da mídia e no radar de chefs nacionais e internacionais. A iguaria é indispensável, por exemplo, aos tradicionais pato no tucupi e tacacá.

O produto final, elaborado a partir do chamado “parâmetro ótimo” de processamento, se apresentou condizente ao padrão de identidade e qualidade do tucupi estipulado pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepara), órgão estadual que regulamenta a fabricação e comercialização dos produtos de origem animal e vegetal no Estado, além de níveis microbiológicos e de toxidade seguros. A legislação, no entanto, não determina os índices de ácido cianídrico para a comercialização do produto.

De acordo com Ana Vânia, o trabalho de pesquisa teve diversas etapas, que envolveram desde a análise de amostras de tucupi comercializado nas feiras e supermercados da capital paraense e entrevistas com produtores artesanais, até o planejamento experimental, no qual o processo de fabricação foi reproduzido em laboratório para se chegar aos parâmetros estabelecidos como seguros. “Testes sensoriais para garantir o sabor característico do tucupi e o tempo de prateleira também foram observados”, explica.

Para entender os riscos e o que isso representa, é necessário conhecer o processo de fabricação e o tubérculo que dá origem ao tucupi. A mandioca (Manihot esculenta crantz) é uma raiz que apresenta glicosídeos cianogênicos em sua composição, pertencendo, dessa forma, ao grupo de plantas classificadas como cianogênicas. Os compostos cianogênicos (linamarina e lotaustralina) por si só não são tóxicos, mas liberam o ácido cianídrico (HCN), responsável pela toxidez, após a ação de enzimas (linamarase).

O tucupi é um coproduto da mandioca, obtido durante a fabricação da farinha. O tubérculo é descascado, higienizado e depois triturado, resultando em uma massa úmida que então é levada a uma prensa, que no processo de fabricação artesanal é um utensilio de palha chamado de tipiti.

Com a prensagem, obtém-se a massa mais seca que será torrada e transformada em farinha e um líquido residual conhecido como manipueira. É da manipueira que se fazem a goma (fécula) e tucupi. Para se chegar ao produto final, o tucupi, o líquido passa por um processo de fermentação e cozimento (cocção).

De sabor e cheiro marcantes, caracteristicamente ácido, o tucupi recebe temperos como alho e ervas aromatizantes regionais, tais como o coentro, chicória e alfavaca, antes de ser comercializado ou utilizado na culinária. Ao propor uma padronização, enfatiza Ana Vânia, a Embrapa não quer tirar a identidade do produto, mas sim trazer segurança a quem consome e, com isso, agregar valor e abrir a possibilidade de novos mercados.

A especialista defende que o charme do produto é ser artesanal e ter um toque especial, o gosto particular associado a cada fabricante, com os temperos de preferência. “Quando se fala em padronizar, na área de alimentos, é manter um nível mínimo de segurança. O tucupi começa a rodar o mundo e queremos um produto seguro em termos microbiológicos no que se refere a níveis de cianeto”, defende.

No caso do tucupi, destaca Ana Vânia, a pesquisa revelou que os produtos existentes no mercado não têm padrão de fabricação e não há tempo mínimo de fermentação e de cocção. Assim, cada fabricante prepara do seu jeito. Além da análise laboratorial, entrevistas com fabricantes revelaram que a variação de tempo de fermentação e cozimento era desproporcional, de dez minutos de fervura até o cozimento de duas horas. “Um produto seguro, somado às características marcantes presentes no tucupi, possui potencial para ganhar o mundo”, afirma.

Na Embrapa Amazônia Oriental, o trabalho foi desenvolvido pelas pesquisadoras Ana Vânia Carvallho e Rafaella de Andrade Mattietto, juntamente com a bolsista Ana Paula Rocha Campos, resultando em diversas publicações técnicas e uma tese de mestrado. A Embrapa espera que o resultado da pesquisa possa servir de embasamento para que os órgãos reguladores estabeleçam um padrão mínimo de comercialização, facilitando a inserção no mercado nacional de produtos artesanais. Mais informações sobre o tema, procure o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) da Embrapa, no endereço eletrônico www.embrapa.br/fale-conosco/sac/.

Informações da assessoria de comunicação da Embrapa.

Durante a última edição do encontro gastronômico realizado periodicamente em Sâo Paulo (O Mercado), a Lamas Bier, juntamente com Paulo Leite, proprietário do Empório Sagarana e o jornalista Marcelo Cury, fizeram algo inusitado: a Saison Saúva, uma cerveja feita com figos, tucupí negro e formigas saúvas.

A ideia de colocar os insetos na receita veio de Paulo Leite, depois que ele comeu as formigas e notou características cítricas no sabor, algo parecido com capim cidreira. Logo percebeu que poderia casar os figos, com o tucupi e as saúvas, e assim criar uma original saison belga, estilo de cerveja picante, cítrica e frutada.

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A Saison Saúva foi desgustada há três semanas no evento de aniversário do Empório Sagarana e teve ótima aprovação entre seus idealizadores. Inclusive, eles já pensam numa nova cerveja igualmente inusitada para ser produzida na próxima edição do O Mercado, que deve acontecer ainda em setembro.

 

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