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A primeira reunião preparatória para o conclave de cardeais, assembleia responsável por escolher um novo Papa após a renúncia de Bento XVI, acontecerá na próxima segunda-feira, confirmaram fontes do Vaticano.

O decano do colégio de cardeais, Angelo Sodano, já enviou cartas a todos os cardeais, tanto eleitores (com menos de 80 anos) como não eleitores. Ele pede o comparecimento na segunda-feira a partir das 8h30 GMT (5h30 de Brasília), para a primeira das reuniões, conhecidas como congregações gerais.

O encontro acontecerá na Ala Nova do Sínodo, onde o Vaticano organizar sínodos (assembleias de autoridades eclesiásticas) e conferências.

A partir de segunda-feira acontecerão várias congregações gerais, nas quais serão discutidos os problemas da igreja e que servirão para definir o perfil do futuro Papa.

Alguns temas que devem ser abordados são a reforma da cúria romana (o governo da Igreja) e a investigação interna sobre o caso "Vatileaks" (vazamento de documentos confidenciais do Vaticano), assim como os escândalos e polêmicas dos últimos anos.

Na lista figuram o ato de acobertar a pedofilia, a corrupção, a secularização em muitas regiões, a influência de outras religiões e os problemas morais relacionados com a família.

O conclave pode começar na semana de 11 de março com o objetivo de ter um novo Papa para a Páscoa, a festa mais importante do calendário católico.

Entre os nomes apontados como favoritos para suceder Bento XVI estão o italiano Angelo Scola, o canadense Marc Ouellet, o austríaco Christoph Schönborn, o húngaro Peter Erdö, o brasileiro Odilo Scherer, o ganense Peter Turkson e o filipino Luis Antonio Tagle.

Bento XVI tornou-se nesta quinta-feira o primeiro papa a renunciar em 600 anos, encerrando um pontificado de oito anos marcado por dificuldades para conduzir a Igreja Católica em meio a escândalos de abuso sexual e para promover um novo despertar da fé cristã diante de um mundo indiferente.

A jornada do 265º papa rumo à aposentadoria começou com uma emocionada despedida no Vaticano, com os prelados católicos ajoelhados para beijar o anel papal de Bento XVI uma última vez.

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O assessor mais próximo do papa chorou enquanto percorria ao lado de Bento XVI o caminho até a saída do Palácio Apostólico.

Enquanto os sinos dobravam na Praça São Pedro e nas torres das catedrais romanas, Bento XVI seguia de helicóptero para o retiro de Castelgandolfo, nas colinas ao sul de Roma.

Pouco antes, em um discurso de despedida a seus cardeais no Vaticano, Bento XVI buscou atenuar a preocupação em relação ao futuro do alto comando católico. Ele prometeu "obediência e reverência incondicionais" a seu sucessor.

Ele pediu aos cardeais que trabalhem em união para que o Colégio de Cardeais soe "como uma orquestra", onde "a concordância e a harmonia" possam ser alcançadas, numa clara mensagem ao conclave que vai escolher o próximo líder de um rebanho estimado e 1,2 bilhão de católicos.

O papa pediu aos cardeais - os chamados "príncipes" da igreja católica - que deixem suas diferenças de lado na escolha do próximo pontífice e prometeu orar por eles.

Depois de deixar o Vaticano de helicóptero, já em Castelgandolfo, Bento XVI dirigiu-se aos fiéis católicos pela última vez como papa e disse a seus seguidores que inicia agora o último estágio de sua vida como um "simples peregrino".

O papa também despediu-se dos fiéis em sua conta no microblog Twitter: "Obrigado pelo amor e pelo apoio. Que vocês sintam sempre a alegria de colocar Cristo no centro de suas vidas".

Pouco depois das 20h locais (16h em Brasília), ao dobrar de sinos, os integrantes da Guarda Suíça em Castelgandolfo fecharam os portões do palácio de verão, encerrando simbolicamente um papado que entrará para a história pela forma como terminou: com a renúncia do pontífice, ao invés de sua morte.

No momento da troca de guarda, os integrantes da Guarda Suíça entregaram a responsabilidade pela proteção de Joseph Ratzinger à polícia do Vaticano. Em frente ao retiro papal, fiéis gritavam "viva o papa".

Bento XVI deixa para trás uma Igreja em crise. Nos últimos anos, o Vaticano tornou-se mais famoso por suas intestinas disputas de poder do que pelo exercício dos princípios cristãos. O próprio mordomo do papa vazou documentos que expuseram as divisões internas e as intrigas no alto escalão da burocracia vaticana.

Na segunda-feira da próxima semana, os cardeais católicos se reunirão no Vaticano com o objetivo de estabelecer a data do início do conclave que elegerá o sucessor de Bento XVI. Enquanto o próximo papa não é escolhido, o Vaticano será administrado pelo cardeal camerlengo Tarcísio Bertone. As informações são da Associated Press.

Bento XVI chegou nesta quinta-feira de helicóptero a Castel Gandolfo, onde fez seu último pronunciamento como Papa ante centenas de fiéis visivelmente emocionados.

"Não sou mais pontífice, e sim um peregrino", afirmou o Papa, para depois abençoar os fiéis.

Bento XVI deixou o Vaticano a bordo do helicóptero branco, de propriedade do Estado italiano, que decolou às 16H07 local com direção à residência de veraneio papal localizada 25 km ao sul, enquanto tocavam os sinos de todas basílicas de Roma.

Antes de sua partida do Vaticano, foi divulgado a última mensagem do Twitter pessoal do papa.

"Obrigado por vosso amor e seu apoio", afirma a mensagem.

"Coloquem Cristo no centro de vossas vidas", acrescenta o texto.

Antes de partir do Vaticano, o papa, se apoiando em sua bengala, saudou brevemente seus colaboradores que se reuniram para se despedir dele.

Bento XVI deixou o Vaticano com destino ao retiro de Castelgandolfo, nas proximidades de Roma, na tarde desta quinta-feira, para encerrar seu papado. O papa emérito, como passará a ser chamado a partir da confirmação de sua renúncia, seguiu abordo de um carro até o helicóptero que o leva neste momento a Castelgandolfo.

Bento XVI passará as últimas horas de seu pontificado em Castelgandolfo, onde deve ser recebido por uma multidão de fiéis que reza o terço enquanto aguarda sua chegada. A renúncia de Bento XVI entrará em vigor às 20h locais de hoje (16h em Brasília). As informações são da Dow Jones.

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Bento XVI deixou o Vaticano com destino ao retiro de Castelgandolfo, nas proximidades de Roma, na tarde desta quinta-feira, encerrando seu papado. O papa emérito, como passa a ser chamado a partir da confirmação de sua renúncia, seguiu abordo de um carro até o helicóptero que o levará a Castelgandolfo.

O Vaticano minimizou os comentários do cardeal australiano George Pell, que afirmou que a decisão de Bento XVI de renunciar foi "levemente desestabilizadora". Segundo a Santa Sé, o cardeal não tem experiência com a mídia.

O cardeal Pell disse à Australian Broadcasting Corp. que o papa "estava bem ciente de que (sua atitude) foi uma quebra na tradição, levemente desestabilizadora". Os comentários foram interpretados pela mídia italiana como uma crítica incomum ao papa.

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Pell comentou a decisão do papa, afirmando que "ele sentiu que por causa de sua fraqueza e doença...ele simplesmente não tinha a força para liderar a igreja".

O porta-voz do Vaticano, reverendo Thomas Rosica, disse que é precipitado o Vaticano comentar o que os cardeais dizem e que os jornalistas não deveriam se aproveitar dos cardeais que, segundo ele, não têm experiência com a mídia. As informações são da Associated Press.

Quem irá suceder Bento XVI? Embora as deliberações do conclave sejam um dos mistérios mais bem guardados do mundo, vários nomes circulam no Vaticano.

Odilo Scherer - brasileiro de 63 anos, arcebispo de São Paulo, a maior diocese da América Latina. É considerado um conservador moderado com carisma.

Claudio Hummes - brasileiro, arcebispo emérito de São Paulo de 78 anos, teólogo reconhecido, provém do país mais católico do mundo, onde o próximo papa deverá celebrar neste ano a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Manteve uma atitude muito comprometida com o povo brasileiro durante a ditadura militar e soube conservar esta sensibilidade social sem entrar em conflito com o Vaticano.

João Braz de Aviz - brasileiro, ex-arcebispo de Brasília de 65 anos, membro do movimento Focolares, famoso por sua proximidade com as comunidades religiosas de todo o mundo, trabalha no Vaticano desde o início de 2011 dirigindo a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Jorge Mário Bergoglio - argentino de origem italiana, sensível aos problemas sociais de sua diocese. Em 2005, durante o primeiro conclave, foi o mais votado, atrás de Joseph Ratzinger (Bento XVI), mas sua idade elevada, 77 anos, como no caso de Hummes, pode ser um obstáculo para ser eleito.

Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga - hondurenho de 70 anos, arcebispo de Tegucigalpa, considerado um ortodoxo em questões doutrinárias, mas moderno em suas ações, perdeu popularidade a partir de 2009, quando se mostrou favorável ao golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya.

Angelo Scola - arcebispo de Milão de 72 anos. Teólogo reconhecido e favorável ao diálogo entre religiões.

Peter Erdo - húngaro de 60 anos, arcebispo de Budapeste desde 2002, recebeu o título de cardeal em 2003 e desde 2006 preside as Conferências Episcopais Europeias.

Christoph Schönborn - austríaco de 68 anos, "protegido" de Bento XVI. Figurava entre os grandes favoritos até 2010, quando pediu a abertura do debate sobre o celibato.

Luis Antonio Tagle - filipino, arcebispo de Manila, de 57 anos, um dos cardeais mais jovens do Colégio Cardinalício. Apreciado pelo Papa, é muito popular em seu país, o mais católico da Ásia.

Marc Ouellet - canadense, ex-arcebispo de Quebec, de 67 anos, conhecido por seu rigor ao liderar uma das dioceses mais laicas de seu país, preside a Pontifícia Comissão para a América Latina e é apreciado pelos países do Sul, sobretudo pelos latino-americanos, onde residiu e conhece muito bem o idioma.

Timothy Dolan - americano, arcebispo de Nova York, de 63 anos, conhecido por seus talentos midiáticos e por sua franqueza. É considerado um conservador modernista.

Peter Turkson - ganês de 64 anos, presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz. Considerado progressista, mas polêmico por suas críticas recentes aos muçulmanos.

Principais datas do pontificado de Bento XVI.

19 de abril de 2005: O cardeal alemão Joseph Alois Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, 78 anos, eleito papa, sucede João Paulo II.

13 de maio: Bento XVI lança o processo de beatificação de João Paulo II (concluído em 1º maio de 2011).

18-21 agosto: Preside em Colônia sua primeira Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

--- 2006 ---

25 de janeiro: Publicação da primeira encíclica, "Deus é amor", seguida por "Salvação pela esperança", em novembro de 2007, e "A caridade na verdade", em julho de 2009.

25-28 maio: Peregrinação ao campo de extermino de Auschwitz-Birkenau (Polônia).

9-14 setembro: Início de uma polêmica no mundo muçulmano após um discurso ligando o Islã à violência na universidade de Ratisbonne (Alemanha). No dia 17, apresenta suas desculpas aos muçulmanos.

--2007--

13 de abril: Publicação do primeiro volume de sua obra "Jesus de Nazaré". Os dois outros foram publicados em 2011 e 2012.

9-13 de maio: Vem ao Brasil para dar início à 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe.

--2008--

15 de abril: Encontro nos Estados Unidos com vítimas de pedofilia. Ele repete este gesto na Austrália, em julho de 2008, no Vaticano, em abril de 2009 e em Malta, em abril de 2010.

--2009--

24 de janeiro: Retira as excomunhões de quatro bispos fundamentalistas nomeados pelo arcebispo Lefebvre, entre eles o britânico Richard Williamson condenado ao ostracismo por suas recentes declarações negando a existência do Holocausto.

17-23 de março: A caminho da África (Camarões e Angola), o Papa critica a distribuição de preservativos que, segundo ele, não podem resolver o problema da Aids.

8-16 de maio: Visita a Jordânia, Israel e os Territórios palestinos. Faz um apelo por um Estado palestino e denuncia o antissemitismo.

--2010--

17 de janeiro: Na sinagoga de Roma, ressalta que Pio XII salvou judeus "de maneira discreta".

16-19 de setembro: Primeira visita de Estado de um Papa ao Reino Unido desde o cisma anglicana de 1534. Bento XVI beatifica o cardeal Henry Newmann.

--2011--

16 de maio: Diretiva sobre a pedofilia pedindo que os padres acusados sejam levados à Justiça.

14 de setembro: a Santa Sé propõe aos integristas uma reintegração se aprovarem um "preâmbulo doutrinal" contendo os fundamentos doutrinários da Igreja, entre eles o Vaticano II.

--2012--

28 de março: Em visita à Cuba, o Papa pede respeito às "liberdades fundamentais" e condena o embargo americano.

2 de julho: Nomeação de um novo guardião do dogma no Vaticano, arcebispo Gerhard Ludwig Müller, criticado por suas posições muito conservadoras.

29 de setembro: Ex-mordomo do Papa, Paolo Gabriele, é acusado de "roubo agravado" de documentos confidenciais - o escândalo do Vatileaks. Foi condenado a um ano e meio de prisão, mas recebeu indulto papal em 22 de dezembro.

12 de dezembro: Papa lança com sua nova conta no Twitter seus primeiros tweets "urbi et orbi".

-- 2013 --

11 de fevereiro: Bento XVI anuncia renuncia a partir de 28 de fevereiro invocando idade.

13 de fevereiro: denuncia a "hipocrisia religiosa" e "as divisões do corpo eclesiástico" em sua última grande missa.

22 de fevereiro: Segundo a imprensa italiana, uma investigação confiada a três cardeais depois do escândalo Vatileaks revelou a existência na Cúria de um "lobby gay", que estaria sendo vítima de chantagem.

25 de fevereiro: o Papa autoriza que o próximo conclave de cardeais se reúna antes de 15 de março.

27 de fevereiro: última aparição pública de Bento XVI na Praça de São Pedro do Vaticano.

28 de fevereiro: Bento XVI, doravante chamado Papa Emérito, deixa o Vaticano e se recolhe em meditação em Castel Gandolfo, onde permanecerá até se mudar para um convento especialmente adaptado para ele.

No dia da renúncia oficial do Papa Bento XVI, a presidente Dilma Rousseff faz a sua primeira manifestação sobre o fato. Em nota divulgada pelo Blog do Planalto, às 6h15 de Brasília (9h15 em Roma), a presidente Dilma manifestou seu "respeito pela decisão de Vossa Santidade de renunciar à Cátedra de S. Pedro". Citou, ainda, gestos em relação ao Brasil que, na sua avaliação, significariam "apreço" distinguido ao País nestes últimos anos: "A escolha de Aparecida do Norte para sediar a V CELAM, que ensejou a sua visita ao País; a canonização do primeiro Santo brasileiro, Dom Antonio Galvão de França; assim como a histórica decisão de realizar a Jornada Mundial da Juventude na cidade do Rio de Janeiro".

As afirmações têm por objetivo dar uma demonstração de que não há mal-estar entre a Igreja e o governo. Entre integrantes da Igreja no Brasil, o consenso era de que Dilma guardou mágoas da campanha de 2010, quando Bento XVI enviou mensagem com uma posição da Igreja contra o aborto aos bispos do Maranhão, que o visitaram na ocasião.

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Quando ele anunciou que renunciaria, a presidente se silenciou, gerando críticas de vários setores, inclusive na Igreja, que a presidente tentou dissipar enviando o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ao lançamento da Campanha da Fraternidade, em 13 de fevereiro, na sede da CNBB. Dilma encerra a mensagem ao Papa desejando que "essa nova fase de recolhimento o encontre com saúde e paz".

O sucessor de Bento XVI será eleito antes do feriado da Semana Santa, em 28 e 29 de março, afirmou nesta quarta-feira o cardeal peruano Juan Luis Cipriani, um dos 116 eleitores do conclave papal.

"A eleição irá ocorrer certamente antes da Semana Santa, e assim penso que será", disse sem titubear Cipriani, de 69 anos, em declarações por telefone à rádio peruana RPP de Roma.

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"As reuniões de coordenação não começaram e ainda não foi decidido quando o conclave começará, mas espero claramente que antes da Semana Santa tenhamos conosco o novo Santo Padre", reiterou Cipriani, único cardeal do Opus Dei na América Latina.

"Peço ao Espírito Santo que nos ajude", afirmou o também Arcebispo de Lima e um dos homens da Cúria romana próximo ao cardeal Tarcisio Bertone, número dois do Vaticano e braço direito de Bento XVI.

O cardeal peruano admitiu que a Igreja católica se encontra "em um momento muito importante", embora tenha evitado pronunciar a palavra crise e enumerar os desafios deste grupo religioso no âmbito da eleição do novo Papa.

"Estamos em um momento muito importante. Não podemos esconder as muitas circunstâncias que tornam mais difícil a tarefa (da eleição) do Santo Padre, mas nenhuma delas nos leva a ter pouca fé", afirmou Cipriani sem entrar em detalhes.

O cardeal ultraconservador afirmou que "a igreja é uma instituição humana e divina. A divindade está na fé e a parte humana nos leva a trocar ideias" entre os cardeais nos dias anteriores ao conclave.

"Evidentemente, aproveitamos estes dias para poder conhecer melhor a situação da igreja e, em especial, de Roma, para tentar encontrar a melhor solução" na eleição, afirmou o cardeal Cipriani.

Normalmente, o conclave deve começar entre 15 e 20 dias depois que for declarada a "sede vacante", que neste caso terá início na quinta-feira às 20h00 locais (16h00 de Brasília), mas o Papa expressou seu desejo de adiantar a data, sem fixá-la formalmente.

O Papa Bento XVI fez uma emocionada despedida nesta quarta-feira perante uma enorme multidão que acompanhou sua última audiência geral na praça de São Pedro, relembrando momentos de "alegria e luz" durante seu papado, mas também períodos de dificuldade, quando "parecida que Deus estava dormindo".

Uma multidão estimada em 150 mil pessoas, muitas com faixas nas quais se lia "Grazie" (Obrigado) tomou a praça para dar adeus a Bento XVI e ouvir seu último discurso como pontífice.

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Durante o encontro, que ele realizou a cada semana por oito anos para ensinar o mundo sobre a fé católica, o papa agradeceu seu rebanho por respeitar sua decisão de se aposentar.

Bento XVI claramente apreciou a multidão e deu uma longa volta ao redor da praça em carro aberto, parando algumas vezes para beijar e abençoar algumas crianças levadas a ele por seu secretário. No total, 70 cardeais participaram do evento.

Mas o papa saiu rapidamente, dispensando a típica sessão de encontro com os fiéis que acontece após a audiência. O Vaticano disse que simplesmente havia muitas pessoas que queriam dizer adeus ao pontífice.

Tendo em vista o momento histórico, Bento XVI também mudou a agenda e não deu sua típica aula de catecismo de todas as quartas-feiras. Em vez disso, ele fez de sua última aparição pública na basílica de São Pedro algo pessoal, explicando mais uma vez por que ele se tornou o primeiro papa em 600 anos a renunciar e pedindo que os fiéis rezem por seu sucessor.

"Amar a igreja significa também ter a coragem de tomar decisões difíceis e dolorosas, sempre mantendo o bem da igreja em mente, não o próprio", declarou ele.

Ele lembrou que o papa não tem privacidade. "Ele pertence sempre e para sempre a todos, à toda a igreja", mas lembrou que a aposentadoria não vai significar a volta à vida privada, mas uma nova experiência de serviço à igreja por meio da oração.

Bento XVI lembrou que quando foi eleito papa, em 19 de abril de 2005, perguntou se Deus realmente queria aquilo. "É um grande peso que vocês colocaram sobre minhas costas", disse ele na época.

Durante seus oito anos de pontificado, Bento XVI disse que "eu tive momentos e alegria e luz, mas também momentos que não foram fáceis...momentos de mares turbulentos e ventos fortes, como tem acontecido na história da igreja quando parece que Deus está dormindo". Mas ele declarou que nunca se sentiu sozinho, que Deus sempre o guiou e agradeceu seus cardeais e colegas por seu apoio e "compreensão e respeito a esta importante decisão". As informações são da Associated Press.

O Papa Bento XVI confessou nesta quarta-feira que nos últimos oito anos viveu dias agitados, mas incentivou milhares de fiéis, reunidos na Praça de São Pedro para ouvir sua última mensagem como pontífice, a confiar em uma Igreja "viva", que Deus não deixará afundar.

O Papa escolheu para a ocasião histórica mencionar os Evangelhos e garantiu que é "consciente da gravidade e da novidade" de sua renúncia, a primeira de um Papa em sete séculos.

Bento XVI, de 85 anos, afirmou que se sentiu como São Pedro com os apóstolos na barca no lago da Galileia.

"Mas eu sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua e ele não a deixa afundar", disse.

Às vésperas da renúncia histórica, Bento XVI foi aclamado por uma multidão calorosa nesta quarta-feira. Ao longo de uma despedida emocionante, ele insistiu que "Deus não deixa afundar o barco" da Igreja.

Diante de quase 150.000 pessoas que aplaudiam e seguravam bandeiras de diversos países e cartazes com a palavra "obrigado" em todas as línguas, Joseph Ratzinger citou "as águas agitadas" de seus oito anos de pontificado.

Por ocasião de sua última audiência pública, ele também expressou confiança na Igreja e nos fiéis que encontrou nos cinco continentes, a quem agradeceu em diversas línguas, do português ao árabe, do italiano ao polonês.

"Estou muito comovido e vejo a Igreja cheia de vida", disse várias vezes, em resposta às aclamações da multidão que gritava seu nome em italiano, "Benedetto, Benedetto!"

Durante o pontificado, reconheceu, fazendo alusão aos escândalos e controvérsias (pedofilia e Vatileaks, especialmente), que "houve também momentos nada fáceis, nos quais as águas estavam agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o senhor parecia dormir".

"Deus guia sua Igreja, a apoia sempre e também nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão da fé", insistiu numa última recomendação, pedindo que os 1,2 bilhão de católicos rezem pelos cardeais que vão eleger seu sucessor em conclave no próximo mês.

O Papa falou sobre a decisão de renunciar, que nem sempre foi bem compreendida, até mesmo por católicos.

"Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis", disse.

"Eu não vou voltar à vida privada, a uma vida de viagens, de encontros, de recepções, de conferências, etc...Eu não abandono a cruz, mas fico de uma nova forma perto do Senhor crucificado. Eu não assumo mais o poder da responsabilidade do governo da igreja, mas continuo no serviço da prece. São Bento (fundador da grande ordem contemplativa dos beneditinos), cujo nome eu trago como papa, me trará um grande exemplo", disse.

Antes da audiência, ele deu uma volta pela majestosa Praça de São Pedro no papa-móvel sem cobertura. Ele pareceu frágil e curvado, mas sorridente e emocionado, prestes a completar 86 anos, nesta que foi sua 348ª e última audiência geral. Ele parou várias vezes ao logo do caminho para beijar bebês e crianças.

Na quinta-feira, Joseph Ratzinger deixará o Vaticano, sem cerimônia, para se retirar sob o título de "Sua Santidade Bento XVI, papa emérito", e seguirá para a residência de verão de Castelgandolfo. Depois ele deve ficar em um mosteiro, longe dos olhos do mundo, na colina do Vaticano.

Com uma simplicidade correspondente a seu temperamento, o papa encerra suas funções na quinta-feira às 16h00 de Brasília. Nenhuma cerimônia foi prevista.

O Papa Bento 16 está saudando peregrinos na Praça de São Pedro pela última vez antes de se aposentar. A autoridade da Igreja Católica acenou para dezenas de milhares de pessoas que se reuniram para se despedirem dele.

"Eu jamais vou me sentir só", disse o Papa, acrescentando que agradece a Deus pelas pessoas que foram colocadas em seu caminho ao longo de sua jornada. "Dei esse passo com serenidade de espírito", afirmou sobre a renúncia.

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Ao chegar na Praça, Bento 16 foi conduzido ao redor do local em um veículo aberto nas laterais, cercado por guarda-costas. Em um ponto, ele parou o carro para beijar um bebê entregue a ele por seu secretário.

A Praça de São Pedro estava transbordando de peregrinos e curiosos, que se acotovelavam para encontrar o melhor lugar para acompanhar o evento desta quarta-feira nas telas de televisão gigantes colocas no local. Cerca de 50 mil ingressos foram solicitados para a última audiência pública de Bento 16 no cargo de Papa. A imprensa italiana estima que o número de pessoas na Praça possa ser o dobro. As informações são da Associated Press.

Apesar da guinada radical na luta contra a pedofilia durante os oito anos do papado de Bento XVI, os abusos cometidos por sacerdotes ainda são um dos mais importantes temas pendentes da Igreja Católica, que mancham não apenas a sua imagem no mundo, mas também a relação com seus próprios fiéis.

"Compartilho totalmente a afirmação de que Bento XVI foi o Papa da 'tolerância zero'", afirma à AFP o sacerdote espanhol Antonio Pelayo, colaborador da publicação especializada Vaticaninsider.

"Nos últimos anos do papado de João Paulo II houve hesitação. Pensava-se que era melhor ajudar estes sacerdotes, não dar publicidade ao tema. Mas quando Joseph Ratzinger era cardeal, não compartilhava esta linha, e quando foi Papa tampouco. É justo reconhecer isso", lembra.

Uma opinião compartilhada pelo prestigiado vaticanista italiano Marco Politi, apesar de um fim de papado marcado por novas revelações que parecem deixar em um segundo plano os esforços dos últimos oito anos.

"Durante seu pontificado, o Papa Ratzinger deu o sinal para uma guinada radical, condenando sem desculpas os crimes e os bispos que permaneceram inertes, pedindo publicamente perdão às vítimas e se reunindo com elas em todo o mundo", escreve Politi em seu blog, lembrando, no entanto, os "contragolpes subterrâneos" a esta política dentro do Vaticano.

Mas, nos dias anteriores ao conclave para eleger o novo Papa após a histórica decisão de renunciar de Bento XVI, as associações pedem novamente justiça e exigem que os cardeais suspeitos de encobrir casos de pedofilia não participem do encontro.

Há vários nomes no alvo, como o do cardeal de Los Angeles Roger Mahony, destituído de suas funções por ter protegido sacerdotes acusados de abusos sexuais, o do ex-arcebispo da Filadélfia Justin Francis Rigali, o do cardeal belga Godfried Danneels ou o do irlandês Sean Brady.

"O cardeal Roger Mahony não tem que se apresentar no conclave", pediu recentemente a ONG italiana "La caramella buona", que protege os menores. Algo que contradiz as vozes autorizadas do Vaticano, como a do ex-promotor contra a pedofilia do Vaticano, Charles Scicluna, que na segunda-feira lembrou na imprensa italiana que os cardeais têm "o direito e o dever" de participar.

Ainda na segunda-feira, embora se trate de um caso que não envolva menores, a renúncia do cardeal Keith O'Brien, o representante máximo da igreja católica no Reino Unido, acusado de atos impróprios, coloca novamente no olho do furacão o comportamento sexual de alguns sacerdotes.

Mudança de rumo

"Durante este pontificado, a atmosfera dentro da Igreja no tema dos abusos de menores realmente mudou. O Vaticano aceitou processos, abriu investigações em profundidade e agiu com mão de ferro contra os sacerdotes condenados", lembra Scarpati.

Foi o caso dos escândalos que explodiram durante o papado de Ratzinger, começando pelo da igreja da Irlanda em 2009, quando um relatório revelou que por mais de três décadas os líderes eclesiásticos protegeram os autores de abusos e não os denunciaram à polícia. Não foram os únicos, e também ocorreram casos na Alemanha, Bélgica, Holanda e, mais recentemente, no Chile.

Uma das decisões mais emblemáticas de Bento XVI foi a de obrigar em maio de 2006 Marcial Maciel, o fundador da congregação mexicana Legionários de Cristo, falecido dois anos depois, a "renunciar de qualquer ministério público" e "a se retirar para uma vida de oração e penitência" pelas acusações de pedofilia contra ele.

Entre outras medidas, o Papa reforçou em 2010 as sanções contra a pedofilia com procedimentos acelerados para os casos mais urgentes, o aumento de dez para vinte anos do período de prescrição ou a condenação da pornografia infantil.

"O que ainda precisa ser feito é que todas as conferências episcopais sejam coerentes com esta linha do Papa, e com o próximo que vier. Será muito difícil voltar atrás pela grande pressão da opinião pública dentro e fora" da Igreja, afirma o espanhol Antonio Pelayo.

Enquanto o mundo ainda avalia os impactos da renuncia papal, que não ocorria há mais de 598 anos, no próximo dia 28 de fevereiro, o papa Bento XVI deixa o Pontificado após sete anos. Depois de uma renúncia inesperada e de muitos questionamentos sobre o motivo que fizeram Bento XVI deixar o cargo, é preciso analisar o que o Papa bento XVI deixa como legado aos católicos e à Igreja.

Diferentemente de João Paulo II, o papa Bento XVI não foi um bom gestor, nem tampouco um bom pastor da igreja. Em publicação do G1, portal de notícias da Globo, “o papado do conservador alemão foi marcado por algumas crises, com várias denúncias de abuso sexual de crianças e adolescentes e acobertamento por parte do clero católico em vários países, que abalou a igreja, por um discurso que desagradou aos muçulmanos e também por um escândalo envolvendo o vazamento de documentos privados por intermédio de seu mordomo pessoal, o chamado ‘VatiLeaks’, que revelou os bastidores da luta interna pelo poder na Santa Sé”.

Não seremos hipócritas de acreditar que os casos de abuso aconteceram apenas no pontificado de Bento XVI. Esse é um problema de décadas, bem como seu acobertamento. Contudo e excluindo o seu papel conservador, inquisidor e reprovável contra a Teologia da Libertação, Bento XVI foi um papa diferente de todos os anteriores em virtude de sua extraordinária formação intelectual. Membro de várias academias científicas da Europa, e com oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, o Santo Padre sempre foi um estudioso.

Bento XVI e João Paulo II se tornaram amigos enquanto ainda eram cardeais, durante o conclave de 1978, que elegeria, após oito escrutínios, Karol Józef Wojtyła ao cargo. Foi então que Joseph Alois Ratzinger foi nomeado pelo então Papa João Paulo II como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Ambos tinham personalidades totalmente diferentes. João Paulo II criou uma nova abertura e sensibilidade para os problemas da religião, para a necessidade da dimensão religiosa na vida do homem, e, para Bento XVI, o Papa polonês, sobretudo, mostrou de novo a importância do Bispo de Roma.

Com a renúncia e a formação inédita de um conclave para eleger o novo Papa, enquanto o anterior está vivo, as perguntas se voltam para o que irá acontecer com Bento XVI. Com que título ele passará a ser tratado? E como o pontificado deverá ser conduzido pelo novo Papa, sabendo que Bento XVI continuará na Igreja.

As dúvidas começam com a mudança na reunião do conclave, já que este sempre esperou entre 15 e 20 dias após a morte do Papa, para só então se reunir e eleger o nome pontífice. Mas as leis da doutrina católica continuam iguais: o novo Papa deve ser eleito em até 30 escrutínios com 2/3 dos votos ou após o trigésimo escrutínio, o escolhido é eleito pela maioria simples. Ou seja, metade dos Cardeais mais um.

Para finalizar, talvez o que tenha faltado a Bento XVI tenha sido a comunicação. A provável causa da má imagem do Papa é porque as pessoas não sabem o quão antigos eram os problemas da igreja Católica e ele, por sua vez, não comunicou os esforços feitos para “limpar” as coisas. Desejo, aqui, boa sorte ao novo pontífice, principalmente pelo desafio de transmitir a um público mais amplo e enfrentar as diferenças culturais. 

 

O Vaticano respondeu algumas das questões sobre o futuro do papa Bento XVI após a renúncia, dizendo que ele será chamado de "papa emérito" e vai continuar a usar batina branca. O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, disse nesta terça-feira que o próprio Bento XVI tomou as decisões.

O título do papa e o que ele vai usar têm sido questões importantes desde que ele anunciou ao mundo que renunciará na próxima quinta-feira.

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Embora não vá mais usar seus sapatos vermelhos, Bento XVI tomou gosto por um par de sapatos artesanais marrons que ganhou em Leon, México, quanto esteve no local durante visita feita em 2012. Ele vai usá-los durante a aposentadoria. As informações são da Associated Press.

O papa Bento XVI mudou as regras do conclave que vai eleger seu sucessor, de forma que os cardeais podem adiantar a data do início da reunião se todos chegaram a Roma antes da transição de 15 dias que costuma separar dois pontificados.

Bento XVI assinou o documento, divulgado nesta segunda-feira, com algumas alterações em relação à lei de 1996 do Vaticano que regula a eleição de um novo papa. Trata-se de um dos último atos do papa antes da renúncia, na quinta-feira.

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A data do início do conclave é importante porque a Semana Santa começa em 24 de março, sendo a Páscoa no dia 31 de março. Para que um novo papa já tenha sido escolhido durante o mais solene período litúrgico da igreja, ele teria de ser empossado até domingo, 17 de março, uma data muito apertada caso o conclave tenha início apenas no dia 15 de março. As informações são da Associated Press.

O Papa Bento XVI decidiu entregar "exclusivamente" a seu sucessor o relatório secreto elaborado por três cardeais sobre o vazamento de documentos confidenciais do pontífice, o escândalo conhecido como "Vatileaks".

"O Santo Padre decidiu que os resultados deste relatório, cujo conteúdo apenas Sua Santidade conhece, permaneçam exclusivamente à disposição do novo Pontífice", informa uma nota oficial do Vaticano.

O cardeal Keith O'Brien renunciou nesta segunda-feira ao cargo de arcebispo de Saint Andrews e Edinburgh, afirmando que não vai comparecer ao conclave de cardeais que vai eleger o sucessor do papa Bento XVI.

Em comunicado, o clérigo disse que sua renúncia apresentada em 18 de fevereiro, foi aceita pelo papa. A medida segue-se à publicação de uma matéria num jornal britânico, no final de semana, que sugere que o cardeal teve relações "inapropriadas" com seminaristas quando era responsável por uma diocese décadas atrás.

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"Eu peço a Deus bênçãos para meus irmãos cardeais que em breve se reunião em Roma para eleger o sucessor (de Bento XVI). Eu não me juntarei a eles pessoalmente para este conclave", disse o cardeal em comunicado.

"Eu não quero que a atenção da mídia em Roma seja concentrada em mim, mas sim no papa Bento XVI e em seu sucessor", acrescentou.

O'Brien contesta as acusações divulgadas pelo jornal britânico segundo as quais três padres e um ex-padre apresentaram queixas ao Vaticano, alegando que o cardeal agiu inapropriadamente com eles.

Já o comunicado do Vaticano, com apenas numa frase, não faz referência às acusações. O Vaticano confirmou a renúncia de O'Brien, que foi aceita de acordo com o código canônico em razão da idade do cardeal, que faz 75 anos - a idade normal na qual os bispos renunciam - em 17 de março. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

O acordo que rege as relações entre o Vaticano e o Brasil, conhecido como concordata, teria sido feito entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Bento XVI por motivos eleitoreiros e também como uma estratégia do PT para "acalmar os católicos", diante de sua aproximação com grupos evangélicos. Hoje, o tratado é alvo de uma ação no Supremo Tribunal Federal por inconstitucionalidade (mais informações nesta página).

A sinalização dessa intenção teria sido feita pelo vereador José Américo (PT), atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo, em uma conversa colhida por diplomatas americanos sobre o "difícil equilíbrio" que o PT tem sido obrigado a promover na busca pelo apoio de evangélicos e de católicos.

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Essas informações constam de um telegrama enviado pelo Consulado-Geral dos Estados Unidos em São Paulo a Washington no dia 9 de novembro de 2009. Esse documento é um dos mais de 130 telegramas vazados pelo site WikiLeaks e obtidos com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Ao fazer uma avaliação do governo Lula e do PT, a diplomacia americana aponta para as relações do partido com os eleitores cristãos. "O PT parece estar colocando em prática uma estratégia religiosa", indicou. "Nos últimos anos, o PT trabalhou de forma cuidadosa para equilibrar seus atos tanto com apoiadores da Igreja Católica quando com as novas e emergentes igrejas evangélicas", diz o documento.

Segundo o telegrama, o apoio que o PT recebia de parte dos católicos brasileiros era "histórico". "Mas, na medida em que o partido foi ganhando apoio entre os evangélicos, a Igreja Católica esfriou suas relações com o PT". "O vereador do PT de São Paulo, José Américo, citou a recente concordata assinada entre Lula e o Vaticano como uma manobra-chave, estratégica para acalmar os católicos", continua.

Segundo o embaixador do Brasil na Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, Lula prometeu a Bento XVI, durante sua passagem pelo Brasil, em 2007, que o tratado seria assinado e ratificado durante o seu governo, o que acabou ocorrendo. Naquela visita, porém, o então chanceler Celso Amorim optou por viajar ao Canadá, num sinal interpretado pelo Vaticano como uma rejeição do ministro ao acordo.

Mobilização

Outro assunto que a diplomacia americana aborda, a respeito da estratégia do PT para manter seus apoios, é a utilização de jovens padres para mobilizar o eleitorado. "Américo também apontou para a potencial influência política dos católicos carismáticos, muitas vezes representados por jovens padres que cantam e são apresentadores com talento, e para um forte potencial para mobilizar votos para o PT", afirma o texto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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