O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, afirmou ser contra a inclusão definitiva do volume morto na capacidade do Sistema Cantareira, defendida pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e que já estudava cancelar a autorização que permitiu o uso emergencial da reserva profunda entre 2014 e 2015.
Em entrevista publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, afirmou que as duas cotas do volume morto (água que fica abaixo do nível dos túneis de captação) devem ser incorporadas definitivamente ao sistema, o que ampliaria a capacidade do Cantareira em 29,3%. "Não há nenhuma razão para você considerar o tamanho do seu reservatório menor do que na prática você pode usar", disse.
##RECOMENDA##"Qualquer regra de operação de um reservatório deve ser feita para gerar segurança hídrica. Não pode estar vinculada a interesses comerciais e financeiros de usuários, como a Sabesp", disse Andreu. "Você ganha um cheque especial, precisa entrar nele e até paga um preço caro por isso, mas consegue sair. Agora, quer incorporá-lo ao seu patrimônio. Não faz sentido."
Segundo Andreu, essa proposta já foi descartada em 2015 em discussão com o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgão regulador estadual. Ele afirma que a utilização do volume morto, que durou 19 meses, decorre de autorização extraordinária que deve ser cancelada quando todos os reservatórios atingirem o nível mínimo de 20% do volume normal - o pior deles tem 14,8%. "Um novo acesso do volume morto dependerá de novas regras", disse Andreu.
A inclusão do volume morto no sistema poderia ajudar a Sabesp a manter os limites pré-crise de retirada de água do sistema na renovação da outorga do Cantareira, adiada para maio de 2017, e até evitar restrição na captação no caso de uma nova seca. Hoje, a Sabesp retira do manancial 19 mil litros por segundo. Antes da crise eram até 33 mil l/s. Na conta defendida por Kelman, o Cantareira tinha no domingo, 21, 38,3% da capacidade. Sem a reserva, tinha 20,2%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.