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O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, afirmou ser contra a inclusão definitiva do volume morto na capacidade do Sistema Cantareira, defendida pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e que já estudava cancelar a autorização que permitiu o uso emergencial da reserva profunda entre 2014 e 2015.

Em entrevista publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, afirmou que as duas cotas do volume morto (água que fica abaixo do nível dos túneis de captação) devem ser incorporadas definitivamente ao sistema, o que ampliaria a capacidade do Cantareira em 29,3%. "Não há nenhuma razão para você considerar o tamanho do seu reservatório menor do que na prática você pode usar", disse.

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"Qualquer regra de operação de um reservatório deve ser feita para gerar segurança hídrica. Não pode estar vinculada a interesses comerciais e financeiros de usuários, como a Sabesp", disse Andreu. "Você ganha um cheque especial, precisa entrar nele e até paga um preço caro por isso, mas consegue sair. Agora, quer incorporá-lo ao seu patrimônio. Não faz sentido."

Segundo Andreu, essa proposta já foi descartada em 2015 em discussão com o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgão regulador estadual. Ele afirma que a utilização do volume morto, que durou 19 meses, decorre de autorização extraordinária que deve ser cancelada quando todos os reservatórios atingirem o nível mínimo de 20% do volume normal - o pior deles tem 14,8%. "Um novo acesso do volume morto dependerá de novas regras", disse Andreu.

A inclusão do volume morto no sistema poderia ajudar a Sabesp a manter os limites pré-crise de retirada de água do sistema na renovação da outorga do Cantareira, adiada para maio de 2017, e até evitar restrição na captação no caso de uma nova seca. Hoje, a Sabesp retira do manancial 19 mil litros por segundo. Antes da crise eram até 33 mil l/s. Na conta defendida por Kelman, o Cantareira tinha no domingo, 21, 38,3% da capacidade. Sem a reserva, tinha 20,2%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O nível do Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento da Grande São Paulo, voltou a subir neste sábado. Os reservatórios operam com 28% da capacidade, ante 27,7% ontem. O porcentual considera as duas cotas do volume morto como se fossem do volume útil. O Cantareira é responsável por abastecer 5,2 milhões de pessoas. As informações são da Companhia de Abastecimento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

No manancial da Guarapiranga, houve aumento de 0,5 ponto porcentual no nível, para 88,9% do total. Alto Tietê e Alto Cotia subiram 0,2 ponto porcentual, para 22,7% e 81,4% da capacidade, respectivamente.

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Com relação às reservas do Sistema Rio Claro, estas permaneceram inalteradas de ontem para hoje, em 70,2% do total. Já no Rio Grande, houve queda de 0,7 ponto porcentual, para 98,3%.

Após São Paulo ter chuvas acima da média histórica neste mês de novembro, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou nessa segunda-feira (16) que a probabilidade de que o Sistema Cantareira recupere sua capacidade e deixe de precisar usar água do chamado volume morto até o início do próximo período seco, no fim de abril, é de 97,6%%. Na capital, choveu 149,7 milímetros até esta segunda-feira, 16% acima da média histórica. Só em três dias não houve precipitações.

Segundo nota oficial veiculada pela empresa, a estimativa foi feita "com base na série histórica de afluências ao Cantareira". A Sabesp explicou que os dados abrangem registros que datam de 1930 na bacia da Cantareira, antes mesmo da construção da represa.

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Nesse período, dois anos - 1953 e 2014 - tiveram afluência abaixo do que seria atualmente necessário para encher o volume morto até o mês de abril. No entanto, a empresa ressalta que a população deve continuar o esforço de redução do consumo.

Considerado o principal sistema hídrico de São Paulo, o Cantareira voltou a ficar estável nesta segunda-feira, segundo relatório da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Já o Alto Tietê, que atravessa crise severa, perdeu volume de água represada e não registra aumento há seis dias. Apenas o Guarapiranga e Alto Cotia subiram.

Responsável por abastecer 5,2 milhões de pessoas, o Cantareira operava ontem com 17,5% da capacidade. A pluviometria acumulada neste mês, na área do reservatório, está em 96,8 mm. O volume é cerca de 13% maior do que o esperado pela média histórica.

A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) divulgou, nesta terça-feira (13), o início do rodízio de abastecimento de água em Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco. Devido à estiagem que atinge a região, a cidade passará por um regime de rodízio de 24 horas, com o intuito de preservar o manancial de Cachoeira II, principal fonte abastecedora. 

“Resumindo, os bairros ficarão um dia sem água e seis com, salvo os novos loteamentos que se localizam no final da rede, e já estavam em regime de rodízio, terão interrupção de três dias”, explicou o gerente-regional do Pajeú, Luciano Freitas. Com volume total de 21 milhões de metros cúbicos, Cachoeira II está atualmente com 19,4% de sua capacidade e, segundo simulações da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), é provável que atinja o volume morte até julho de 2016.

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Além de Cachoeira II, o município de Serra Talhada também é abastecido pela Adutora do Pajeú. Há a possibilidade de o calendário de abastecimento ser mais rigoroso, caso a situação não seja revertida. A seca que atinge a região é considerada a pior nos últimos 50 anos.

Projeções feitas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, mostram que o Sistema Cantareira pode recuperar o volume morto ainda neste ano. Caso chova dentro da média histórica nos próximos meses, aponta a simulação, o principal manancial paulista voltará a operar no azul (acima do nível zero) a partir de 22 de dezembro.

Neste cenário, segundo cálculos do Cemaden, o Cantareira chegaria ao final da estação chuvosa, em 31 de março de 2016, com 42,2% de sua capacidade normal, excluindo as reservas profundas. Uma situação bem mais confortável que a registrada no mesmo período durante a crise hídrica: -10,3% em março deste ano, e 13,4% em 2014. No ano pré-crise (2013), o índice estava em 62,1% naquela data.

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O volume morto começou a ser usado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em maio de 2014 como uma saída do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para não decretar rodízio no abastecimento de água para a região metropolitana, onde 8,8 milhões de pessoas dependiam do Cantareira antes da crise. Em um ano, a operação que bombeia a reserva estocada abaixo do nível das comportas já havia consumido R$ 120 milhões, incluindo as obras físicas.

As projeções do Cemaden constam do relatório do dia 8. O órgão, que faz esse monitoramento desde maio de 2014, considerou em seus cálculos que o volume de água retirado do Cantareira para atender a Grande São Paulo e a região de Campinas seja de 17 mil litros por segundo neste mês (a média atual é de 14,8 mil l/s), 13,5 mil l/s em novembro, conforme determinação dos órgãos reguladores, e 17 mil l/s entre dezembro e março.

Segundo as simulações, feitas com base em dados diários de precipitação e evapotranspiração potencial da água no manancial, o Cantareira pode recuperar o volume morto ainda mais rápido, em 63 dias, caso chova 25% acima da média nos próximos meses, e em 53 dias, se a chuva superar o esperado em 50%. Neste último caso, o sistema chegaria ao final de março com 100% da capacidade, segundo o Cemaden.

Dados da Sabesp mostram que na última estação chuvosa, de outubro de 2014 a março deste ano, choveu no Cantareira 1.020 milímetros, 16,3% abaixo da média histórica (1.161 mm). Já na estação seca, de abril a setembro, o cenário melhorou e a precipitação acumulada na região foi apenas 2,1% abaixo do esperado, 389,3 mm, ante 397,5 mm de média. Neste mês, até a última sexta-feira, havia chovido 32,4% do esperado.

Mesmo se chover 25% abaixo do esperado nos próximos meses, mantida a exploração do sistema, com o racionamento de água feito na Grande São Paulo, o Cantareira pode recuperar o volume morto em 108 dias, ou seja, no dia 24 de janeiro, situação melhor do que a registrada na mesma data este ano. Caso as chuvas fiquem 50% abaixo da média, a primeira cota do volume morto deve durar 176 dias. Ou seja, no início de abril de 2016, o sistema voltaria a usar a segunda reserva, que foi recuperada em fevereiro deste ano.

Contraponto

Projeções do especialista em recursos hídricos Samuel Barrêto, gerente da ONG internacional The Nature Conservancy (TNC), mostram um cenário futuro para o Cantareira menos otimista do que os apresentados pelo Cemaden. Segundo ele, se chover dentro do esperado nos próximos meses, o sistema só deve atingir 40% da capacidade, considerado o nível de segurança do manancial, entre 2018 e 2020. "Essa projeção considera o padrão histórico de precipitação e o padrão atual de consumo de água. Por isso é importante o alerta para a população de que a crise não passou e as pessoas devem continuar mobilizadas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se o volume morto é o cheque especial, como afirmam especialistas em recursos hídricos, faz um ano que o Sistema Cantareira estourou seu crédito e sobrevive no vermelho. Foi no dia 11 de julho de 2014 que o estoque de água que fica acima do nível das comportas, chamado volume útil, se esgotou de vez.

Desde então, toda água captada pela Sabesp para abastecer parte da Grande São Paulo sai da reserva profunda das represas. Inédita, essa captação, contudo, já havia começado antes, em 16 de maio, na Represa Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, porque o estoque nela acabou antes.

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Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), se chover dentro da média nos próximos meses, o volume morto se recupera em 200 dias. Até ontem, contudo, só havia chovido 44% do esperado para o mês de julho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Inaugurada" há um ano como uma solução pontual para a crise hídrica, a captação de água do volume morto do Sistema Cantareira, feita para evitar o colapso no abastecimento da região metropolitana, já custou R$ 120 milhões à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e ainda não tem data para acabar.

Esse valor inclui todas as obras civis, como a construção de diques e dragagem, a compra de equipamentos e até o gasto com óleo diesel para os geradores de energia que garantem o funcionamento das bombas 24 horas. O custo se aproxima dos R$ 130 milhões que a Sabesp prevê gastar com a transposição de água da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê, considerada a principal obra para evitar o rodízio neste ano.

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Foi no dia 15 de maio de 2014, às 10h35, que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acionou pela primeira vez as bombas flutuantes instaladas na Represa Jacareí, em Joanópolis, para sugar uma reserva de água represada abaixo do nível dos túneis de captação. "Nós entendemos que com esses 182 milhões (de metros cúbicos), nós passaremos o período seco e chegaremos às próximas chuvas", disse Alckmin durante o evento de inauguração da obra, na margem da represa. Segundo a Sabesp, o bombeamento efetivo da primeira cota do volume morto, de 182,5 bilhões de litros, começou no dia 16.

À época, o nível do Cantareira, que ainda abastecia 7,3 milhões de pessoas só na Grande São Paulo, estava em 8,2% da capacidade, ainda acima de zero. Ontem, o sistema operava com - 9,5% da capacidade, atendendo 5,4 milhões de pessoas.

Mesmo com o programa de bônus para estimular a economia pela população, a transferência de água de outros sistemas e o racionamento causado pela redução da pressão e pelo fechamento da rede, o volume útil do Cantareira, que é o estoque de 982 bilhões de litros acima do nível das comportas, acabou no dia 10 de julho, no fim da Copa do Mundo e início da campanha eleitoral. Naquele período, Alckmin já se recusava a falar de "volume morto", temendo desgaste político com o termo técnico cunhado pelo setor elétrico. "É reserva técnica", advertia aos jornalistas.

O tucano dizia que o planejamento da Sabesp considerava o cenário "mais conservador" e não seria necessário usar mais água do volume morto, cuja reserva total aproveitável se aproxima de 400 bilhões de litros. Na ocasião, a projeção mais pessimista feita pelo governo usava como referência a seca de 1953, quando a vazão dos rios era duas vezes maior do que a registrada em 2014. Hoje, por exemplo, a seca de 1953 virou o cenário mais otimista para a Sabesp.

Agravamento

A primeira cota do volume morto acabou no dia 15 de novembro, ao custo de R$ 80 milhões. Segundo a Sabesp, outros R$ 40 milhões tiveram de ser desembolsados para captar mais 105 bilhões de litros de uma segunda cota, que quase se esgotou no início de fevereiro deste ano, quando havia menos de 5% de todo o estoque disponível. Foi quando voltou a chover acima da média, recuperando o segundo volume - o que aconteceu no dia 24 daquele mês.

Segundo um relatório divulgado anteontem pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, caso a pluviometria fique 50% abaixo da média, como aconteceu em abril, e a retirada de água para atender a Grande São Paulo e o interior seja mantida no padrão atual, a segunda cota do volume morto seria utilizada por mais 163 dias. Apenas se a chuva atingir a média, nos próximos meses, o volume morto poderá ser 100% recuperado no fim de dezembro deste ano.

Segundo a Sabesp, "a saída do Cantareira do nível da reserva técnica depende diretamente do regime de chuvas e do andamento das obras emergenciais e estruturantes que estão em andamento". Com o incremento de mais 5 mil litros por segundo no sistema de abastecimento da Grande São Paulo previsto até setembro, a Sabesp pretende reduzir a exploração do manancial.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Documento assinado pelo presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, reconhece que era possível ter operado o Sistema Cantareira de forma mais segura nos últimos três anos e evitado a captação do volume morto do manancial e amenizado o atual racionamento de água na região metropolitana.

No ofício enviado na semana passada ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) para a renovação da outorga do Cantareira, prevista para outubro, a Sabesp defende a manutenção do direito de captar até 31 mil litros por segundo do sistema pelos próximos dez anos, conforme definido no acordo de 2004. As regiões de Campinas e Piracicaba têm uma cota de até 5 mil l/s.

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Para justificar a viabilidade da exploração de até 36 mil l/s do manancial mesmo após a pior seca em 84 anos, a Sabesp sugere alterar as regras de operação do Cantareira e apresenta um modelo que "antecipa reduções gradativas de retirada de água com base em um indicador do estado do sistema". Ou seja, se a entrada de água nas represas cai, a captação para o abastecimento também cai.

Segundo a Sabesp, se a regra proposta agora tivesse sido aplicada a partir de 2012, quando as vazões afluentes ao Cantareira começaram a ficar abaixo da média histórica, não teria sido necessário retirar água do volume morto. A reserva profunda começou a ser captada em maio de 2014, e até hoje o sistema opera abaixo do nível mínimo de captação. Ontem, o índice era de -9,6% da capacidade - ou 19,7%, incluindo a reserva.

Além disso, afirma Kelman, as vazões retiradas do Cantareira, de acordo com o modelo proposto, "seriam significativamente maiores do que as efetivamente praticadas e apresentam valores que, se sabe hoje, podem ser administrados até com certa facilidade". Segundo o cálculo, a captação hoje poderia ser até 10 mil l/s maior, o suficiente para abastecer mais 3 milhões de pessoas.

Para isso, segundo o modelo, a retirada de água para atender até então 14 milhões de pessoas na Grande São Paulo e no interior deveria ter sido menor que a praticada durante 19 meses desde 2012. Em setembro daquele ano, por exemplo, quando a entrada de água foi de apenas 10,8 mil l/s, 52% abaixo da média, a retirada deveria ter sido reduzida para 32 mil l/s, em vez dos 37 mil l/s praticados, que resultaram em um déficit de 68,4 bilhões de litros, ou 7% da capacidade do sistema.

Forte redução

Na prática, porém, a redução mais expressiva só começou em março de 2014, por ordem do DAEE e da Agência Nacional de Águas (ANA), que cobraram diminuições durante a estiagem de 2014. A Sabesp, porém, só reduziu mais a partir de outubro, mês em que o racionamento ficou mais crítico.

Em nota, a Sabesp informou que a proposta "parte de uma premissa na qual o Sistema Cantareira não se esgotaria ao longo de toda esta crise hídrica" e que, "se tivesse a possibilidade de adivinhar o futuro e saber exatamente o que ocorreria" a partir de 2012, "teria tomado todas as medidas possíveis para preservar o sistema em níveis acima das reserva".

"Na ocasião do início da crise, os sistemas possuíam níveis normais e não havia indícios de que a crise assumiria as proporções que assumiu. A Sabesp sempre zelou pela operação responsável do sistema e executou várias ações para continuar garantindo o abastecimento da população da região metropolitana, mesmo com a grande restrição de retirada imposta pela crise, que reduziu a produção do sistema em quase 18 mil l/s", afirma a estatal. A empresa diz que, se a regra atual for mantida, perderá 18% da água do Cantareira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo com as chuvas acima da média em fevereiro e março, o Sistema Cantareira não vai conseguir recuperar totalmente o volume morto até o fim de abril, admitiu pela primeira vez o governo Geraldo Alckmin (PSDB). Projeção feita pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) revela que o principal manancial paulista deve encerrar o próximo mês com nível 6% abaixo de zero, ou seja, ainda na reserva profunda.

"Poderemos atingir um total armazenado em torno de 420 bilhões de litros, ao fim de abril, 65 bilhões de litros abaixo do 'zero' do volume útil por gravidade", afirmou o superintendente do DAEE, Ricardo Borsari, em ofício encaminhado ao presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, no dia 20 deste mês.

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O volume de água é o mesmo registrado em 21 de agosto do ano passado. Os dois órgãos são responsáveis pela gestão conjunta do Sistema Cantareira.

O manancial, formado por quatro represas, tem 1,47 trilhão de litros, dos quais 982 bilhões fazem parte do volume útil, porque ficam acima do nível dos túneis de captação e podem ser retirados por gravidade, e 485 bilhões, do volume morto, que só podem ser captados por bombas.

Destes, 287,5 bilhões de litros foram liberados em duas cotas para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) abastecer a região metropolitana, onde 5,6 milhões de pessoas ainda dependem da água do sistema.

Na segunda-feira, 30, o Cantareira operava com 18,9% da capacidade, segundo a Sabesp, que inclui as duas cotas do volume morto no cálculo. Na prática, contudo, o nível estava em -10,4%, se considerada a quantidade de água da reserva profunda usada como negativo, como quer o Ministério Público Estadual (MPE). No sábado, o Estado mostrou que o sistema tem atualmente 57% menos água do que há um ano, déficit de 243 bilhões de litros.

O documento faz parte das negociações entre a ANA, do governo Dilma Rousseff, e o DAEE, do governo Alckmin, para definir a retirada de água do Cantareira. Por causa das discordâncias entre os órgãos, desde 15 de março o manancial é operado pela Sabesp sem uma regra estabelecida.

O presidente da agência federal quer definir uma metodologia de operação e metas futuras de armazenamento até 30 de novembro.

No ofício, Borsari diz que a projeção considera a manutenção das atuais condições de entrada de água (60% das médias mensais históricas) e retirada (10 mil litros por segundo), como ocorre desde fevereiro. Neste cenário, o volume morto só será recuperado no dia 22 de julho, segundo o simulador lançado em janeiro pelo Estado.

Justiça

Em ação civil movida em 2014, o MPE pede que os gestores do Cantareira e da Sabesp operem o manancial para que ele chegue ao fim de abril com 10% positivos, mesmo índice registrado em 30 de abril do ano passado. O governo Alckmin afirma que essa meta é impossível de ser atingida.

Após duas liminares terem sido concedidas e depois derrubadas pela Justiça, o juiz federal Wilson Zauhy Filho decidiu, na semana passada, suspender o processo até o dia 11 de maio, quando o DAEE se comprometeu a entregar, em juízo, os estudos da proposta que será feita pela Sabesp para a renovação da outorga do Sistema Cantareira e as respostas às propostas feitas pela ANA para a gestão do manancial durante a crise.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O volume de água do Sistema Cantareira, que abastece cerca de 6,5 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, apresentou viés de alta nesta quarta-feira, 11, atingindo a marca de 13,7% de sua capacidade de reservação. Desta forma, o reservatório passa a ter praticamente a mesma quantidade de água de quando a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) acrescentou a segunda cota de volume morto ao cálculo, em 24 de outubro de 2014.

Naquela época, o governo do Estado anunciou que 105 bilhões de litros da chamada segunda "reserva técnica" haviam sido adicionados ao manancial, que, então, contava com apenas 3% de sua cota normal. Isso fez a reservação atingir 13,6%.

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Os dados da Sabesp indicam que entre terça-feira, 10, e quarta-feira a pluviometria acumulada da região do Cantareira foi de 26,6 milímetros, o que corresponde a quase 20% de toda a chuva esperada para março, que é de 178 mm. Até agora, já choveu 127,1 mm na área.

Todos os outros cinco grandes sistemas de abastecimento hídrico da Grande São Paulo também tiveram alta. O Guarapiranga, que passou de 70,4% de sua capacidade de reserva para 71,6% no período, foi o que mais cresceu. Em seguida, está o Alto Cotia, que elevou-se para 52,3%. Na terça-feira, o volume era de 51,4%.

Os Sistemas Alto Tietê e Rio Grande tiveram acréscimo de 0,3 ponto porcentual de água entre um dia e outro, subindo, respectivamente, de 19,9% para 20,2%, e de 92,4% para 92,7%. Já o Sistema Rio Claro aumentou 0,2 ponto porcentual, atingindo o patamar de 39,8%.

Apesar do aumento da quantidade de água acumulada nos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana, a crise hídrica ainda está longe do fim. A situação pode se agravar após o fim de março, quando a quantidade de chuvas deve diminuir consideravelmente na região.

O reservatório de Santa Branca, na Bacia do rio Paraíba do Sul, deixou nesta terça-feira (24) o volume morto (nível abaixo da linha das turbinas para a produção de eletricidade), onde estava desde 25 de janeiro. Agora, nenhum dos quatro reservatórios abastecidos pela água do rio Paraíba do Sul está usando o volume morto.

Ao todo, o conjunto de reservatórios está com 7,57% de sua capacidade total, segundo boletim divulgado nesta quinta-feira (26) pela Agência Nacional de Águas. Santa Branca tem 0,24% de seu volume útil. Paraibuna tem 1,97%, Jaguari tem 8,6% e Funil, 34,3%. Apesar da melhora do cenário, em função das chuvas que atingiram o Sudeste nos últimos dias, o governo do Rio mantém o alerta à população para que economize água.

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Caso não chova nos próximos 30 dias, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) prevê a utilização do volume morto (água abaixo do nível de captação) da Barragem de Botafogo, em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Atualmente, os reservatórios da barragem que abastece a área norte da RMR (Abreu e Lima, Olinda, Igarassu, Paulista) estão em nível crítico, com apenas 16% da sua capacidade. A expectativa dos técnicos é que a utilização do volume ocorra quando este índice atingir 14%.

No início de dezembro, a Compesa já havia anunciado um sistema de racionamento para a barragem. Os técnicos previam que, reduzindo a quantidade de água captada, os reservatórios chegariam ao inverno com nível entre 12% e 14%.

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Para acessar o volume morto, a Compesa pretende utilizar bombas submersas fixadas em uma balsa e fazer o bombeamento à vazão de 200 L/s, quando o nível da barragem estiver abaixo da última tomada de água. A balsa só será usada quando o nível da barragem não permitir mais a captação por gravidade através da comporta localizada na torre da tomada de água. “A partir desta data, se não chover, a única alternativa será usar o volume morto da barragem. A medida é preventiva e demonstra a nossa preocupação com o abastecimento de água para que a população da área norte da RMR não sofra mais prejuízos”, explicou o diretor Regional Metropolitano da Compesa, Fernando Lôbo.

A Barragem de Botafogo possui o pior volume de armazenamento de água da RMR. Esta é a segunda pior crise do sistema desde a sua inauguração, em 1980. Sob o efeito do El Niño, em 1999, o reservatório atingiu 8% da sua capacidade e precisou usar o seu volume morto. Mesmo em crise, o Sítio Histórico de Olinda contou com esquema especial de abastecimento diário durante todo o Carnaval.

Medidas – Além de se preparar para utilizar o volume morto da barragem, a Compesa está buscando recursos financeiros com o Ministério da Integração para a execução de obras emergências para atender essa região. Um dos projetos é a transposição do Rio Capibaribe para a Barragem de Botafogo, que envolve uma captação a fio d’água por canal de aproximação, uma estação elevatória (sistema de bombas) e 6.600 metros de adutora nos diâmetros que variam de 900 a 600 mm até um riacho contribuinte do manancial.

Segundo Fernando Lôbo, esse sistema terá capacidade para transferir as vazões de 400, 800 ou 1200 L/s, dependendo da época do ano. De acordo com a Compesa, o investimento será de cerca de R$ 30 milhões e o projeto já está finalizado.

Outro empreendimento para reforçar o abastecimento é a obra de ampliação do sistema adutor a partir do Rio Arataca, cujos dados hidrológicos indicariam a possibilidade de uma vazão de 1000 L/s, valor superior ao retirado atualmente pela companhia, que é de 450 L/s. Atualmente, o Termo de Referência para a contratação do projeto está em elaboração.  

Com informações da assessoria

A chuva que atingiu o Sudeste durante o fim de semana fez com que um dos quatro reservatórios da bacia do rio Paraíba do Sul que abastecem o Estado do Rio saísse do volume morto. O reservatório Paraibuna, que desde 21 de janeiro estava usando água do volume morto, passou de -0,19% de sua capacidade, na quinta-feira (5), para 0,08% ontem. O reservatório de Santa Branca, que também estava no volume morto desde 26 de janeiro, continua negativo: estava em -3,84% na quinta e passou a -3,87% no domingo.

O volume total do sistema passou de 1,21% para 2,17%, de quinta a domingo. Os outros dois reservatórios dessa bacia são o Jaguari, que está com 3,19% de sua capacidade, e o Funil, o único que fica no Estado do Rio, que está com 13,05%.

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta quinta-feira que a terceira cota do volume morto do Sistema Cantareira não será usada agora. "Nós não pretendemos utilizá-la. É uma reserva importante para o período de inverno", disse, durante a inauguração de uma unidade do Corpo de Bombeiros, em Hortolândia, região de Campinas. Serviços de meteorologia preveem que o inverno, que se inicia em 21 de junho, poderá ter índices menores de chuva do que a média histórica.

Em 2014, o inverno foi excepcionalmente seco e agravou a crise hídrica, levando o governo a usar a primeira cota do volume morto - a água que fica abaixo do sistema de bombeamento. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já utiliza a segunda cota para manter o abastecimento de 5,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo.

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Durante a viagem para o interior - ele esteve também em Iracemápolis, na mesma região - Alckmin pediu informações a assessores sobre o efeito das precipitações no Sistema Cantareira. Chovia forte na região e, em Campinas, foram registrados alagamentos. As chuvas têm ajudado a manter estável e até elevar o nível das represas, que operavam com 5,2% da capacidade.

O governador voltou a afirmar que não está decidido o racionamento de água em São Paulo. "Não existe previsão de rodízio. Nossa prioridade agora são obras", afirmou. Segundo ele, no momento o governo se concentra em obras que vão ajudar a superar a crise. Será iniciada nos próximos dias a interligação do Sistema Rio Grande, com a Represa de Taiaçupeba. A transferência de 2 metros cúbicos por segundo, na primeira etapa, será feita por bombeamento e vai reforçar o Sistema Alto Tietê, que abastece a região leste da capital e parte da Grande São Paulo. As obras devem terminar em maio.

O nível do reservatório de Paraibuna, o maior dos quatro que abastecem o Estado do Rio, chegou a zero nesta quarta-feira, segundo boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que torna irreversível o uso inédito de seu volume morto (não operacional).

O Paraibuna é apontado como a "caixa d'água" da bacia do rio Paraíba do Sul. Em relação à capacidade total do reservatório, o volume útil representa 56%, e o morto, 44%. O engenheiro Paulo Carneiro, que coordenou o Plano Estadual de Recursos Hídricos no ano passado, aponta, porém, dificuldades no uso do volume armazenado nessa parte reservatório, que não foi projetada para substituir a vazão do rio. "O uso do volume morto é inevitável, mas há uma série de dificuldades técnicas para isso. Os órgãos gestores ainda não informaram quando e como a água será retirada, nem qual será a vazão", disse Carneiro.

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O pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que o nível médio dos quatro reservatórios está próximo de 1% e diz que medidas de restrição serão necessárias para preservar o abastecimento humano.

O governo do Rio continua, porém, negando a hipótese de racionamento na região metropolitana. Em 22 de dezembro, quando os quatro reservatórios armazenavam 1,7% da sua capacidade, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou que as "vazões autorizadas poderão avançar sobre o volume não operacional, conhecido como volume morto, já nos próximos dias".

A bacia do rio Paraíba do Sul abrange 184 municípios, sendo 88 em Minas Gerais, 57 no Rio de Janeiro e 39 em São Paulo. O rio Paraíba do Sul resulta da confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem no Estado de São Paulo, a 1.800 metros de altitude. O curso d'água percorre 1.150km, passando por Minas, até desaguar em São João da Barra, no litoral norte do Rio.

O nível do Sistema Cantareira caiu para 5% de sua capacidade neste sábado, 0,1 ponto porcentual abaixo do índice registrado ontem e novo recorde negativo. Os dados são divulgados diariamente pela Sabesp. Não choveu no sistema nas últimas 24 horas e a pluviometria acumulada do mês é de 0,4 milímetros, bem abaixo da média histórica para outubro, de 130,8 milímetros. A Sabesp já pediu a autorização para o uso de uma segunda cota do chamado volume morto da represa, mas a Agência Nacional das Águas (ANA) deve liberar nova parcela da reserva técnica "em parcelas".

A Sabesp capta água do volume morto para abastecer a população da grande São Paulo desde maio, e a expectativa é de que a cota dure até o dia 15 de novembro.

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Ontem, a Sabesp entregou ao Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) o plano de projeção de demanda do Sistema Cantareira, e propôs menor retirada de água das represas. A companhia se comprometeu em reduzir imediatamente a retirada de água das represas de 19,7 m3/s para 19 m3/s. A partir de novembro, haveria nova redução, para 18,5 m3/s. Antes da atual crise hídrica, a Sabesp retirava 31 m3/s do sistema.

A diminuição da vazão é menor que a pré-acordada entre o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Sabesp em reunião do comitê anti-crise do Cantareira. Conforme esse pré-acordo, a partir de 30 de setembro a Sabesp deveria retirar do manancial no máximo 18,1 mil litros por segundo, índice que cairia para 17,1 mil litros por segundo a partir de 31 de outubro. A ANA chegou a divulgar o acordo, mas o acerto foi negado pela Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos.

Outras reservas - O Sistema Alto Tietê tem 10,7% de sua capacidade, 0,2 pontos porcentuais abaixo do nível registrado ontem. As chuvas também estão abaixo da média histórica para o mês na área do sistema. No acumulado do mês, a pluviometria é de 7,2 milímetros, bem abaixo dos 117,1 milímetros de média esperada até o final de outubro. O Sistema Guarapiranga tem 47,5% de sua capacidade, ante 48,1% registrados na sexta-feira. O Alto Cotia caiu de 33,3% para 33% de ontem para hoje, menos 0,03 pontos porcentuais.

Após refazer cálculos sobre os níveis das represas, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) anunciou nesta terça-feira, 19, que pretende retirar mais 106 bilhões de litros do volume morto do Sistema Cantareira. O principal manancial paulista atravessa a pior estiagem de sua história e, desde julho, opera exclusivamente com água da primeira cota da reserva profunda. Ontem, o sistema armazenava 124,7 bilhões de litros, o equivalente a 12,7% da capacidade.

Agora, segundo a concessionária, toda a segunda cota do volume morto será retirada das Represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista, que representam cerca de 80% da capacidade do Cantareira. No caso da primeira cota, de 182,5 bilhões de litros, a reserva foi dividida entre Jaguari-Jacareí (104,3 bilhões) e Atibainha (78,2 bilhões), localizada em Nazaré Paulista.

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Em julho, a Sabesp chegou a apresentar ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), gestor estadual do Cantareira, proposta para retirar 116 bilhões de litros da reserva, distribuídos entre o Jaguari-Jacareí e o Atibainha, conforme o Estado revelou. Com o novo plano, as duas maiores represas do sistema, consideradas o "coração do Cantareira", podem ficar com 3% da capacidade, considerando os volumes útil e morto, caso o estoque seja usado integralmente.

Em conferência com investidores e analistas do mercado financeiro, a Sabesp anunciou que os 106 bilhões de litros já haviam sido autorizados pelo DAEE e pela Agência Nacional de Águas (ANA), gestora federal do sistema. Depois, contudo, ponderou que o pedido "está em análise" pelos dois órgãos reguladores e recebeu aval apenas para a realização das obras necessárias para poder captar água do fundo das represas.

Na semana passada, a Sabesp contratou por R$ 6,4 milhões uma empresa para fazer limpeza e manutenção do canal subaquático nos reservatórios e está concluindo a compra de 19 bombas flutuantes por R$ 6,9 milhões para retirar mais água do volume morto. Ao todo, devem ser usados 286,5 bilhões de litros da reserva profunda. Segundo a Sabesp, o volume represado abaixo do nível das comportas é de 510 bilhões de litros.

Média histórica

Conforme cálculos feitos pela própria Sabesp, a primeira cota do volume morto pode se esgotar em outubro, caso a quantidade de água que chega aos reservatórios continuar muito abaixo da média histórica - neste mês, por exemplo, ficou 70,8% inferior. Questionada, a empresa não disse a partir de quando pretende usar a segunda cota do volume morto nem quanto ele pode durar.

O abastecimento de água sem a adoção de rodízio oficial está garantido até março de 2015, segundo a Sabesp. Aos investidores, a companhia destacou que, desde o início do ano, quando a crise foi anunciada, já reduziu em 10 mil litros por segundo o volume de água retirado do Cantareira. Dados divulgados ontem mostram que 46% dessa redução é resultado do remanejamento de água de outros sistemas, como Alto Tietê e Guarapiranga, para regiões antes atendidas pelo Cantareira. De acordo com a companhia, dos 8,8 milhões de pessoas que eram atendidas pelo manancial em crise, hoje 6,5 milhões estão recebendo água de seu volume morto. Outras 500 mil devem deixar a área de abrangência do Cantareira até o fim do ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A captação de água do volume morto do Sistema Cantareira ameaça trazer à tona poluentes depositados no fundo das represas, onde se concentram contaminantes que não são tratados por sistemas convencionais para o abastecimento. Três especialistas em biologia e toxicidade em corpos d’água fizeram o alerta ao Ministério Público Estadual (MPE), que abriu inquérito civil para investigar a crise hídrica do sistema responsável pelo abastecimento de 14,3 milhões de habitantes na Grande São Paulo e no interior.

"Quando se cogita fazer o uso do volume morto, por causa das condições emergenciais de necessidades hídricas, antes que esteja disponível para o abastecimento público, deve passar por análise criteriosa e tratamento adequado para atendimento dos padrões normatizados de qualidade de água", afirmam, em parecer, Dejanira de Franceschi de Angelis e Maria Aparecida Marin Morales, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Silvia Regina Gobbo, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).

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O documento embasou o pedido feito pelos promotores do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) para que a Agência Nacional de Águas (ANA), o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e a Companhia do Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informem quais os critérios de uso do volume morto. O MPE exige quais garantias foram pedidas para não haja movimentação do lodo das represas durante a captação e quais exames de qualidade da água serão feitos.

Segundo as pesquisadoras, "quanto mais baixo o nível dos reservatórios, maior é a concentração de poluentes, recomendando maiores cuidados com seus múltiplos usos". Entre os elementos citados que contaminam os mananciais há compostos inorgânicos (metais e outros agentes tóxicos), orgânicos altamente reativos com os sistemas biológicos (hidrocarbonetos aromáticos, biocidas e fármacos), microbiológicos (bactérias, fungos e protozoários patogênicos) e vírus.

"Muitos dos poluentes que contaminam os rios apresentam potencialidade de alterar o material genético dos organismos expostos, até mesmo do homem, e, consequentemente, desencadear problemas de saúde, como desenvolvimento de doenças crônicas (tais como alterações nas funções da tireoide, do fígado, dos rins), agudas (tais como intoxicações, alergias, diarreias), degenerativas (Parkinson, Alzheimer etc.) e o câncer", relataram as pesquisadoras da Unesp e da Unimep.

Para os promotores do Gaema, a mortandade de mais de 20 toneladas de peixe no Rio Piracicaba, em fevereiro, provocada pela baixa vazão do manancial, foi "apenas um dos primeiros indicadores visuais da gravidade da situação, que, se persistir, poderá acarretar em impactos gravíssimos, muitas vezes irreversíveis". Ontem, diante da situação, o MPE negou à ANA e ao DAEE pedido de prorrogação de 30 dias para que eles respondessem quais critérios serão adotados para a retirada da água do volume morto.

Autorizações.

A Sabesp informou que apenas se pronunciará sobre os questionamento após ser notificada pelo MPE. No entanto, a empresa afirmou que tem todas as autorizações ambientais para a execução da obra de captação de água do volume morto.

De acordo com a Sabesp, as obras foram iniciadas no dia 17 do mês passado nas Represas Atibainha, em Nazaré Paulista, e Jaguari, em Bragança Paulista. A intervenção vai custar R$ 80 milhões e será concluída em dois meses. "O volume de água que estará à disposição para abastecimento público é de 200 bilhões de litros. A reserva total é de 300 bilhões de litros", informou a Sabesp. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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