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Em plena quinta-feira (20), data que marca a comemoração da Consciência Negra, uma imagem de Iansã, orixá da cultura do Candomblé, foi quebrada na Faculdade de Direito do Recife (FDR) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), situada no Centro da capital pernambucana. A estátua foi colocada em um móvel próximo à entrada do prédio por integrantes do movimento estudantil Zoada, justamente para enaltecer a cultura afro e mostrar Iansã como símbolo de resistência negra. Ainda não há informações concretas sobre quem quebrou a estátua.

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De acordo com uma integrante do Zoada, a estudante de direito Brisa Lira, a imagem foi dada de presente a Faculdade na última segunda-feira (17), como parte das ações que o movimento desenvolveu ao longo da semana em homenagem ao Dia da Consciência Negra. Segundo ela, alguns estudantes não concordaram com a colocação da estátua ao lado de uma santa de origem católica. “Eles disseram que era uma falta de respeito e feria a imagem da santa católica. Eles também falaram que Iansã era pagã”, declarou Brisa. A cabeça de Iansã foi quebrada e colocada ao lado do corpo.

A assistente da diretoria da FDR, Rejane Gomes, confirmou que vários requerimentos foram oficializados por alunos que não aceitaram a imagem de Iansã na instituição de ensino. Porém, por ter sido um ato da comemoração do Dia da Consciência Negra, a diretoria resolveu manter a estátua até o acontecido desta quinta-feira. Ainda segundo Rejane, por volta das 6h, um vigilante viu a imagem e ela ainda estava intacta. Já por volta das 8h, um estudante identificou que a cabeça da estátua estava quebrada e colocada ao lado do corpo. “A universidade é laica e isso gerou algumas reclamações”, disse a assistente da diretoria, justificando que a santa católica que já estava no móvel situado na entrada da Faculdade é um símbolo de fundação da instituição de ensino e por isso nunca havia sido retirada.

Em relatório enviado aos professores e servidores da Faculdade de Direito, a diretora da instituição, Luciana Grassano, justificou que a santa católica e a Iansã foram retiradas do móvel para evitar mais problemas. “Diante do cenário de desrespeito a fé e a religião, retirei as imagens”, disse a diretora. Por curiosidade, outra imagem foi colocada no móvel: um Papai Noel. Colado nele, há uma carta assinada pelo movimento “Ocupe-se”.

 

Segundo a diretoria da FDR, uma reunião com professores e servidores está marcada para o dia 28 deste mês. Na ocasião, será discutida a colocação de imagens religiosas nas dependências do prédio. A diretoria também informou que nenhum objeto pode ser colocado no espaço físico da Faculdade sem a devida autorização documentada através de requerimento.

Ainda em entrevista ao LeiaJá, a integrante do Zoada, Brisa Lira, afirmou que boa parte dos participantes não são adeptos ao candomblé. A própria estudante se diz ateia e garantiu que colocar a Iansã na Faculdade foi “apenas um ato político”. “Meu sentimento em relação ao acontecido é de total intolerância política”, completou Brisa. Nossa reportagem procurou estudantes que não concordaram com a imagem de Iansã no prédio, porém, nenhum deles foi encontrado. Confira também: Dia da Umbanda completa dois anos com pouco a comemorar.

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