O ano era 2017. O Santa Cruz estava na série B. Augusto fez uma grande temporada com o Campinense e chegava com expectativa alta sobre ele. Os anos se passaram, Augusto sofreu com lesões e não supriu o que se esperava dele. A relação que era de expectativa acabou virando um processo judicial.
O ano de Augusto com o Campinense colocou o atleta como um dos mais interessantes destaques da Copa do Nordeste de 2017. A temporada do jogador comprovava isso. Foram 21 jogos e 13 gols. Rápido, incisivo, tudo que o Santa procurava para reforçar seu ataque para a série B. O clube coral ainda precisou enfrentar forte concorrência - do Sport inclusive - para anunciar o atleta por três anos.
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A primeira temporada foi abaixo do que havia apresentado no Campinense. Na série B Augusto realizou 16 jogos e balançou a redes em três ocasiões. O Santa Cruz acabou rebaixado para série C. Augusto sofreu logo no primeiro ano com lesões musculares e muitos acreditavam que iniciando a temporada com o elenco, e em uma divisão inferior, Augusto seria destaque.
Mas as coisas continuaram complicadas em 2018 e a relação que era de expectativa passou a ser de cobrança. Principalmente, porque o Santa Cruz não cumpriu seu principal objetivo da temporada que era o acesso.
Augusto voltou a reclamar das lesões e não conseguiu engrenar. Apesar das dificuldades, Augusto ainda fez 24 jogos, mas marcou apenas dois gols. Muito longe dos 13 gols feitos com o campinense em 2017.
Mais uma temporada, expectativas renovadas. O jogador afirmou no início de 2019 que fez uma preparação física especial e começou o ano prometendo uma melhora do seu rendimento: "Acredito que aquele Augusto do Campinense pode retornar. Eu particularmente sei da minha capacidade e o quanto posso render. Fui prejudicado por inúmeras lesões desde que eu cheguei aqui. Espero que em 2019 eu volte a ser o Augusto do Campinense", afirmou ciente da pressão que sofria por um bom rendimento.
Augusto mais uma vez 'derrapou' na temporada e acabou por deixar o Santa Cruz. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo
Apesar de em 2019 o jogador ter atuado 27 vezes, o maior número de partidas em uma temporada da sua carreira, o atleta foi pouco participativo na temporada. Em um dado momento ele chegou a ser elogiado e ganhou sequência como titular, mas com a chegada de Milton Mendes perdeu espaço e mais uma vez ficou aquém do que se esperava dele.
Com outra temporada abaixo do esperado e com o Santa sendo eliminado precocemente da série C, Augusto e o clube decidiram então chegar a um acordo para deixar o clube, mas o que era amistoso se transformou em uma briga judicial. Atleta e clube chegaram a um acordo, mas Augusto voltou atrás e decidiu então mover uma ação judicial.
Em entrevista à Radio Jornal, Roberto Freire, coordenador do núcleo gestor coral, explicou o caso: "Negociamos com mais de 60 atletas. Augusto foi o primeiro jogador a negociar um acordo comigo. Em um gesto de confiança, paguei a primeira parcela no mesmo dia que ele acertou comigo. Depois houve a decisão dele de mudar o que é um direito”, disse.
“Essa foi uma decisão que ele tomou e me comunicou no dia seguinte do acordo quando eu já tinha feito o deposito. Fiquei extremamente chateado porque se sou eu, falava que não aceitei, que iria entrar com uma ação e devolvia o dinheiro. Paguei sem assinar contrato em um gesto de confiança", completou.
Mas Augusto rebateu ao Globo Esporte as afirmações feitas por Roberto Freire. “A gente jogou com o Náutico no dia 25 e no dia 30 (de agosto) fecharia dois meses de salário atrasados. A gente cobrava e eles não davam resposta. Isso é uma falta de respeito muito grande porque o que a gente conquistou na Copa do Brasil, de cota, não era para eles terem atrasado nenhum dia”, esbravejou.
Augusto revelou que a dívida de 2017 e 2018 chega a 176 mil reais e que em 2019 aceitou diminuir o seu salário: “Fiquei com o salário pela metade. Quando eu conversei com ele e ele me ofereceu 30% dos dois salários desse ano. É querer me tirar de palhaço né? Vários jogadores saíram chateados, mas aceitaram porque não queriam sair sem dinheiro. E eu pedi a ele pelo menos para ele me dar um mês. Que não tinha condições de aceitar 30% dos dois meses. E a gente acertou que ele ia me pagar um mês de salário. Só que dividido em três vezes”, disse.
“Eu recebi a entrada. Só que quando eu fui embora, esse acordo que a gente fez foi referente a 2019, os dois meses que faltava ele pagar. O restante a gente ia ver como fazia para assinar a rescisão. Eles queriam que eu abrisse mão de tudo para me deixar seguir minha vida. Eu não assinei documento nenhum sobre o acordo de 2019 até porque não sou moleque como ele. Eu sou um homem”, completou.
Augusto ainda mandou um print de uma conversa com o gestor coral em que ele visualizou e não respondeu atleta que cobrava o depósito do restante das parcelas. Como o gestor não se posicionou, Augusto decidiu tomar medidas judiciais.
Nesse clima nada amistoso, a relação Santa Cruz e Augusto nunca esteve perto de ser aquilo que clube e jogador esperavam. Agora ambos vão se encontrar nos tribunais.