A defesa de João Victor Ribeiro de Oliveira, motorista responsável por provocar uma colisão no bairro da Tamarineira, no Recife, que resultou na morte de três pessoas e deixou duas gravemente feridas fez um apelo para que a sentença do réu seja justa. João Victor está sendo julgado nesta terça-feira (15), por um júri popular, na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no bairro de Joana Bezerra, área central do Recife.
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O acusado foi identificado como o condutor que avançou o sinal causando a 'Tragédia da Tamarineira', em novembro de 2017. Em conversa com a imprensa, o advogado Bruno Aguiar afirmou que durante o julgamento eles não vão alegar inocência ou negar a alta velocidade e o avanço do sinal.
"Não tem como ser inocente. A defesa não vai negar os fatos, não vai negar a velocidade, não vai alegar que não teve autoria, isso aconteceu. Mas existe, no ordenamento jurídico, lei específica que trata de casos como esse. E que em nenhum momento apareceu. Talvez por isso se tenha uma parte da verdade, a verdade não está completa no processo, a verdade processual não está completa, vai ser completada agora", declarou Bruno.
O advogado afirmou que a mãe de João Victor está acompanhando o julgamento e salientou que a família dele também sofre com as consequências da tragédia.
“Foram várias famílias destruídas. As famílias das vítimas foram destruídas e a gente sente muito por isso, mas a do autor também foi destruída. Já vinha sofrendo, de fato, e está muito abalada. Ninguém queria que acontecesse e aconteceu. Ele deve ser julgado de forma certa, para que isso tenha uma solução mais justa. Se fala tanto em justiça, se pede tanta justiça e é o que nós também vamos pedir aqui”, esclareceu.
De acordo com Bruno Aguiar, a defesa arrolou 18 testemunhas, mas ainda está em conversa com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) - o acusador do processo - para ver quantas pessoas serão ouvidas. Indagado se a defesa tentaria retirar a acusação de triplo homicídio, o que agrava ainda mais a pena, o advogado optou por não entrar em detalhes.
João Victor é réu por triplo homicídio doloso duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio. Na época do acidente, ele tinha 25 anos e de acordo com a investigação, havia ingerido bebida alcoólica. O réu foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva decretada logo em seguida.
O caso
Na colisão, a esposa Maria Emília Guimarães, de 39 anos, o filho Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, de três anos, e a babá Rosiane Maria de Brito Souza, grávida de quatro meses, morreram. A filha mais velha do casal, Marcelinha, hoje com nove anos, sofreu um grave traumatismo craniano e ficou internada por dois meses após o acidente, e faz tratamento até hoje. A menina vive com o pai, o advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, de 49 anos, e único outro sobrevivente da tragédia.
De acordo com a Polícia Civil, João Victor havia ingerido álcool por muitas horas consecutivas, em uma festa local, misturando, inclusive, bebidas como cerveja e uísque. Perícias técnicas apontaram que o veículo conduzido pelo estudante de engenharia estava a 108 quilômetros por hora, quando o máximo permitido na via em que ele trafegava é de 60 quilômetros por hora.
A batida aconteceu por volta das 19h30, no cruzamento da Estrada do Arraial com a Rua Cônego Barata, no bairro da Tamarineira. Ainda de acordo com a polícia, o veículo onde viajava a família de quatro pessoas e a babá, que estava grávida, seguia pela Estrada do Arraial, no sentido Casa Forte, na mesma região, quando o outro carro avançou o sinal e causou a colisão. A caminhonete da família estava a cerca de 30 quilômetros por hora.