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Nesta terça-feira (17), no Brasil, é comemorado o Dia do Profissional de Propaganda. O objetivo é reconhecer a criatividade, técnica e esforço dos profissionais responsáveis por campanhas publicitárias. O LeiaJá separou uma lista de filmes inspirados nos bastidores de marcas de sucesso, confira: 

Air: A História Por Trás do Logo (2023): Dirigido por Ben Affleck e estrelado por Matt Damon, o filme é baseado na parceria sucesso entre a marca Nike e o jogador de basquete Michael Jordan, durante os anos 1980. A história é ambientada no início da carreira do astro da NBA, mostrando as tensas negociações, junto à mãe do atleta - interpretada por Viola Davis. O elenco também conta com Jason Bateman, Marlon Wayans, Chris Tucker e Chris Messina.

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Onde assistir: Amazon Prime Video 

Tetris (2023): O longa original da Apple TV+ é inspirado na história real do vendedor de games norte-americano, Henk Rogers (Taron Egerton) e sua descoberta do jogo Tetris, em 1988. Quando ele decide expandir os negócios da marca a nível mundial, acaba se deparando com o conflito da Cortina de Ferro.

Onde assistir: Apple TV + 

Coco antes de Chanel (2009): Protagonizado por Audrey Tautou (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), com direção de Anne Fontaine (A Garota de Mônaco). O filme conta a história da lendária estilista francesa e criadora da marca Chanel, Gabrielle "Coco" Chanel. Na trama, a jovem é amante e consultora de moda de um rico herdeiro. Cansada das regras do estilo feminino, ela utiliza as roupas do amante para dar início à sua própria linha.

Onde assistir: Amazon Prime Video, Apple TV+

A Rede Social (2010): Protagonizado por Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e Justin Timberlake, o filme tem a direção de David Fincher. O drama biográfico conta a história do criador do Facebook, Mark Zuckerberg - interpretado por Jesse Eisenberg. O longa foi indicado a oito categorias no Oscar e venceu três: Melhor Roteiro Adaptado, Trilha Sonora e Montagem.

Onde assistir: Netflix, HBO Max

Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013): Estrelado por Tom Hanks e Emma Thompson (The Crown), o filme narra como Walt Disney transformou a personagem escrita por Pamela Lyndon Travers (1889-1996) em um dos clássicos do cinema. Determinado a cumprir a promessa que fez para suas filhas de dar vida à história da babá mágica, ele enfrentou uma batalha de cerca de 20 anos pelos direitos autorais. Dirigido por John Lee Hancock, o elenco também conta com Colin Farrell e Paul Giamatti. Em 2014, o longa foi indicado à "Melhor Trilha Sonora” no Oscar e no Grammy, além de Emma Thompson receber uma indicação de “Melhor Atriz de Drama”, no Globo de Ouro.

Onde assistir: Disney Plus

A Paramount Pictures divulgou o primeiro trailer de “Bob Marley: One Love”, filme biográfico sobre o ícone do reggae. Protagonizado pelo ator Kingsley Ben-Adir (Uma Noite em Miami), o longa tem previsão de estreia nos cinemas em 11 de janeiro de 2024.

O vídeo mostra como Marley lidava com o sucesso da banda The Wailers e conta a história da tentativa de assasinato do artista e sua esposa Rita Marley, interpretada por Lashana Lynch. Além dos bastidores do show pela paz e como era estar perto da lenda da música, ver sua dor, tristezas, alegrias e redenção.

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Com direção de Reinaldo Marcus Green (King Richard), as filmagens aconteceram na Inglaterra e em Kingston, capital da Jamaica - em locais que o músico realmente esteve, como Trench Town e Bull bay. A família de Bob Marley está envolvida na produção. Nas redes sociais, um dos filhos dele, Ziggy Marley falou sobre o objetivo do filme:

“Você ouviu a música e acha que conhece o homem, mas realmente entende o que ele passou e os momentos que o transformaram na pessoa que ele se tornou. [...] É uma criação artística da qual nos orgulhamos e queremos que você aproveite para se divertir, mas também para se inspirar. [...] Para nós representa a continuação da mensagem e crescimento de Bob. Com este lançamento, esperamos inspirar não apenas os fãs de longa data, mas também a geração mais jovem, dando-lhes um veículo que abre as portas para explorar a vida e a música de Bob e, ao fazê-lo, expandir sua mensagem universal de unificação, justiça e paz em todo o mundo. terra. Fazemos isso com propósito…”, disse em uma postagem no Instagram.

Foi revelado o primeiro teaser do filme Nosso Sonho, que conta a história da dupla Claudinho e Buchecha. O longa é estrelado por Lucas Penteado (Claudinho) e Juan Paiva (Buchecha). A estreia nos cinemas está prevista para o dia 21 de setembro.

A trama retrata a história dos dois jovens de uma comunidade no Rio de Janeiro, que conquistaram o público nos anos 1990 com hits do funk melody como “Só Love”, “Quero Te Encontrar” e a faixa que nomeia a cinebiografia: “Nosso Sonho”.

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A direção é de Eduardo Albergaria, com produção musical do próprio Buchecha. O elenco também conta com Clara Moneke (Vai na Fé), Tatiana Tiburcio, Nando Cunha, Lellê Landim, Isabela Garcia e Antonio Pitanga.

O primeiro disco da dupla foi lançado em 1996, eles possuem cinco álbuns no total, incluindo uma versão de músicas ao vivo. Em 2002, Claudinho sofreu um acidente de carro e faleceu. Atualmente, Buchecha segue carreira solo.

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Até o dia 25 de junho, fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o espetáculo “O Universo Está Vivo Como Um Animal”, inspirado na biografia do inventor Nikolas Tesla (1856-1943). As apresentações ocorrem às quintas e sexta-feiras, às 19h30; no sábado, 16h e 19h30; e aos domingos, às 18h.

A trama explora as ideias revolucionárias de Tesla sobre energia, magnetismo, eletricidade e democratização da luz a partir das criações do inventor e sua relação com o mundo contemporâneo. O espetáculo também traz uma canção original de Ná Ozzetti e Ney Matogrosso. Os ingressos custam entre R$15 (meia-entrada) e 30 reais (inteira), eles podem ser retirados no site: https://ingressos.ccbb.com.br/cidades 

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“Durante as nossas pesquisas, percebemos o quanto Nikola Tesla é um visionário. No século XX, ele já era responsável por ideias que nós experimentamos só agora como, por exemplo, a comunicação a distância e o acesso irrestrito à energia. Ele já vislumbrava a internet, o wi-fi, o telefone sem fio, questões que na época dele eram impraticáveis. A imaginação de um futuro mais democrático é um dos pilares da peça. Estamos em sintonia com Tesla na vontade de pensar nesse futuro, na esperança e na democratização de acesso às informações, articulando, na cena, arte e ciência”, afirma um dos dramaturgos, Fernando de Proença.

No próximo domingo (18), ás 16h, também haverá a exibição do documentário "Te(a)tralogia" (2021), que conta história do grupo responsável pela peça.

Ficha Técnica

Dramaturgia - Diego Marchioro, Fernando de Proença e Nadja Naira

Direção - Nadja Naira

Elenco - Diego Marchioro, Fernando de Proença, Edith de Camargo e Augusto Ribeiro

Iluminação - Beto Bruel 

Trilha sonora - Edith de Camargo

Cenário - Érica Storer e Angelo Osinski

Figurino - Luan Valloto

Coordenação de projeto - Diego Marchioro

Direção de produção - Cindy Napoli

Assistência de produção - Rebeca Forbeck 

Idealização - Rumo de Cultura, Diego Marchioro, Fernando de Proença e Isabel Teixeira

Serviço - Peça “O UNIVERSO ESTÁ VIVO COMO UM ANIMAL”

Data: Até 25 de junho de 2023

Horário: Quintas e sexta-feiras, às 19h30; sábado, 16h e 19h30; domingos, às 18h

Local: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro

Endereço: Rua Primeiro de Março, número 66 - Centro - Rio de Janeiro/RJ

O cantor e compositor Roberto Carlos continua em sua defesa pela preservação do direito dos artistas em manter o controle sobre as realização de biografias. Na semana passada, Roberto, por meio de seu Instituto Amigo, criado em dezembro, entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que possa participar das discussões do processo de publicação de biografias no Brasil.

Se o pedido for aceito, o instituto poderá participar na figura de "amicus curiae", ou seja como interessado na causa. E um dos principais benefícios será o de ter o direito à sustentação oral de seus argumentos no dia do julgamento, o que seria feito por Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos advogados do músico. Em audiência passada no Supremo, outras entidades participaram como "amicus curiae" como a Ordem dos Advogados do Brasil, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Academia Brasileira de Letras, que argumentaram favoravelmente aos biógrafos.

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Roberto Carlos pretende, com isso, confirmar seu parecer negativo contra a ação movida pela Associação Nacional dos Editores, que luta para modificar dois artigos do Código Civil que, segundo a entidade, permitem censura prévia, pois, possibilitam, entre outras ações, o proibição da publicação da obra, caso o biografado se sinta ofendido de alguma forma.

O instituto do cantor quer mostrar que a supressão desses artigos "viria a tolher direito de reparação de dano à honra e à imagem das pessoas biografadas", conforme detalha o pedido enviado ao Supremo. Atualmente, qualquer biografado consegue vetar o lançamento de obras sem autorização prévia. E o caso mais famoso envolve justamente Roberto Carlos que, em 2007, conseguiu na Justiça que fossem recolhidos 11 mil exemplares do livro "Roberto Carlos em Detalhes", escrito por Paulo César Araújo e editado pela Planeta.

No início deste mês, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que revoga essa autorização prévia. O texto foi enviado ao Senado e, em caso de nova aprovação, seguirá para sanção presidencial. Já a participação do Instituto Amigo na discussão do Supremo depende de uma aprovação da ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, que ainda não se manifestou.

A Câmara dos Deputados aprovou a liberação de publicação de biografias sem autorização prévia. O projeto cria a possibilidade de quem se sentir atingido em sua honra com a obra buscar um juizado especial em busca de uma decisão que retire da biografia o trecho questionado em edições futuras. Esse pedido andaria em paralelo a ações civis e criminais consideradas cabíveis pela pessoa que se julgar prejudicada. O projeto segue para votação no Senado. O tema chegou ao Congresso após um intenso debate no meio artísticos. Figuras públicas como Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque chegaram a se organizar em um grupo, o Procure Saber, para defender a necessidade de autorização com o argumento de que as obras poderiam ferir o direito a privacidade. Após divergências internas, Roberto Carlos acabou deixando o grupo.

O tema está em debate no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o Sindicato Nacional dos Editores de Livros questiona um artigo do Código Civil que tem sido usado em decisões judiciais para sustentar decisões de censura prévia de publicações.

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A mudança aprovada na Câmara altera o artigo questionado no STF. O Código Civil passaria a deixar expresso que "a ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística e profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade".

Os deputados, porém, incluíram uma ressalva de que por decisão de juizado especial é possível retirar trechos em edições futuras. Pelo texto aprovado, "a pessoa que se sentir atingida em sua honra, boa fama ou respeitabilidade" poderá fazer a requisição, sem prejuízo de pedidos de indenização e eventuais ação penais. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi o articulador da mudança, mas ele pretende que no Senado seja feita nova mudança para que seja possível barrar a publicação de trechos em eventuais reimpressões.

Relator da proposta, Alessandro Molon (PT-RJ) acredita que foi encontrado um equilíbrio entre os argumentos de defesa do direito à privacidade e à liberdade de expressão. "Esse acordo permitiu uma fórmula que equilibra esses direitos em aparente oposição", disse o petista. Uma das poucas vozes a se manifestar contra a proposta, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) argumentou que cabe ao Judiciário definir qual dos direitos deve prevalecer na análise individual de cada obra. "Não cabe à lei dar prevalência a um direito em relação ao outro", argumentou.

O deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) defendeu após a votação uma nova alteração a ser feita no Senado. Ele sugere que seja restringida a possibilidade de recorrer a juizados especiais para evitar que ações repetidas sejam apresentadas em vários foros com a intenção de prejudicar o autor da publicação, que teria dificuldade em fazer uma defesa eficiente. Ele destacou que a prática de ações em vários foros já foi usado no caso de publicações jornalísticas.

O Plenário da Câmara dos Deputados votará em regime de urgência, na semana que vem, o Projeto de Lei 393/11, que autoriza a publicação de biografias de personalidades públicas sem autorização do biografado ou seus herdeiros. Mas o pedido do exame do texto em plenário representa, na verdade, uma reação dos deputados contrários ao projeto, que já tinha sido examinado nas comissões da Câmara em caráter conclusivo - ou seja, já estava pronto para ser enviado diretamente ao Senado.

O projeto que entra em questão foi debatido numa comissão especial. É de autoria do deputado Newton Lima (PT-SP) e modifica o Código Civil (Lei 10.406/02) para permitir a publicação de biografias de personalidades públicas sem necessidade de autorização prévia, como estava sendo a regra no País.

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A urgência foi aprovada na noite de terça, após recurso do deputado Marcos Rogério (PDT-RO). "Não tenho a intenção de criar obstáculos para a votação, mas de discutir uma lei que coloca em risco a vulnerabilidade das pessoas. Há deputados com propostas diferentes", disse Rogério. O deputado considera que o texto, conforme foi aprovado nas comissões, constitui uma "ofensa à Constituição"" e que cabe somente ao Judiciário aplicar a lei nesses casos.

Marcos Rogério, que já tinha se manifestado contrário à mudança na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), acabou conseguindo um "terceiro turno" para o tema, que alega estar sendo "apequenado" no texto aprovado na Câmara. Ele quer que seja apresentado aos deputados, e debatido, um novo projeto contendo emenda do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). A emenda trata do uso dos juizados especiais em processos relacionados a injúria e difamação nas obras de biografia. Caiado processou o jornalista e escritor Fernando Morais por uma referência feita a ele no livro Na Toca dos Leões, lançado em 2005.

"Sou contra toda e qualquer forma de censura, mas a favor das garantias constitucionais que asseguram o direito à intimidade", disse Marcos Rogério, que diz que a nova lei impede que o biografado, sendo ofendido, possa recorrer. "Não temos o direito de abrir mão dos freios".

A proposta que será debatida foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em abril do ano passado. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) afirma que o direito à publicação da biografia de um cidadão cuja vida se tornou pública é também um direito à informação. "Além da liberdade da expressão e do direito à privacidade está o direito à informação do cidadão de conhecer a vida de uma pessoa pública", diz. "É preciso também observar que quando se está na vida pública o direito à privacidade é reduzido e sempre haverá espaço para ação por injúria, calúnia ou difamação".

Editoras

Diretor do grupo Objetiva, membro da Associação Nacional de Editores de Livros (Anel) e um dos maiores defensores da liberação das biografias, Roberto Feith diz que não tem nada contra a agilização nos processos de calúnia e difamação, especialmente se esta for a fórmula para aprovar o fim da censura prévia. "Mas a verdade é que em vez de criar uma exceção para processos de calúnia, uma espécie de gatilho jurídico, o ideal seria buscar a celeridade em todos os processos, sem distinção, aprovando a súmula vinculante e outras medidas estruturais", avalia. "Mas somos o país dos fóruns privilegiados e dos direitos especiais, e o mais importante neste momento é o Congresso deliberar sobre a questão da censura às biografias."

Além de acompanhar a tramitação no Congresso, Feith conta que os editores também aguardam com expectativa o parecer da ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lucia e a votação do plenário do STF da Ação Direta de Inconstitucionalidade relativa às restrições às biografias. "O ideal seria avançarmos nas duas frentes."

Ao lado da Associação Nacional de Editores de Livros, criada em 2012 especialmente para tratar da questão das biografias - mais especificamente para entrar com essa ação de inconstitucionalidade junto ao STF contro o artigo 20 do Código Civil Brasileiro, conhecido como a Lei das Biografias, está, desde fevereiro, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ela ingressou no processo como parte interessada e também defende que biografias sejam lançadas sem a autorização prévia de biografados ou herdeiros.

O STF, porém, não tem prazo para o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin). O assunto mobiliza o mercado editorial há pelo menos quase dois anos, mas o assunto ficou público quando um grupo de artistas incluindo Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, se pronunciaram contra a liberação de biografias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Caetano Veloso fez uma declaração de amor a Roberto Carlos em sua coluna, no jornal O Globo, publicada no domingo (10), e pediu perdão pelas "trombadas" que resultaram no racha do grupo Procure Saber, criado, entre outros, para defender a publicação de biografias diante de autorização prévia. "Mesmo que ele nunca mais queira me ver, continuarei amando quem fez Fera Ferida e Esse Cara Sou Eu", escreveu Caetano sobre Roberto.

Foi uma reação à saída de Roberto do Procure Saber, motivada pela coluna anterior do baiano no mesmo jornal - Caetano acusou o Rei de posar como tal, enquanto ele e outros músicos apanhavam da mídia na questão defendida pela associação.

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"Minhas trombadas nascem de querer quebrar algum esquema cristalizado que me impacienta", escreveu Caetano na coluna de hoje, citando depois a ex-mulher, Paula Lavigne, primeira porta-voz do grupo, papel que Roberto propôs que fosse assumido por seus advogados. "Paulinha não gostou do que escrevi sobre o Rei", continua. "Mas acho que não tomo jeito, não vou mudar, esse caso não tem solução. Eu tinha feito muito esforço para defender a parte que acho defensável de uma causa que me estranha. Peço perdão", finaliza.

Roberto teria se magoado pela exposição pública a que foi submetido. "Não é bem assim o nosso jeito de trabalhar, somos mais discretos, afinal defendemos também a privacidade no sentido profissional", dizia o texto assinado pelo empresário de RC, Dody Sirena, sobre a saída do cantor do movimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Academia Brasileira de Letras vai entrar nesta semana como 'amicus curiae' na Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), no processo movido pelos editores de livros no Supremo Tribunal Federal contra a censura prévia nas biografias. Isso significa que a ABL, mesmo não fazendo parte do caso, voluntaria-se a oferecer informações que possam ajudar a corte a decidir.

Com isso, a entidade fará parte da ação e se manifestará formalmente a favor da tese da Adin nos autos. Ela também vai se manifestar quando a ação for a julgamento pelo plenário do STF. O Instituto Histórico e Geográfico é outra instituição que já havia feito isto. A iniciativa foi apoiada pelos imortais em votação semana retrasada passada.

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A medida demonstra como os editores estão se reforçando na briga pela Lei das Biografias, como estão sendo chamadas as mudanças propostas na Câmara pelo deputado federal Newton Lima (PT-SP).

Já o lado oposto, formado essencialmente pela Associação Procure Saber, enfrenta uma série de discussões internas. Em sua coluna publicada ontem, 3, no jornal O Globo, Caetano Veloso, um dos integrantes do grupo (ao lado de Roberto Carlos, Gilberto Gil, Chico Buarque e outros), criticou publicamente a atitude de Roberto, que "só apareceu agora, quando da mudança de tom" na discussão sobre as biografias.

Ele se refere à entrevista que Roberto concedeu ao Fantástico na semana retrasada, quando declarou ser a favor das publicações sem autorização prévia. "RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei. É o normal da nossa vida. Chico era o mais próximo da posição dele; eu, o mais distante", escreveu Caetano.

Caetano afirmou também que o advogado de Roberto, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tido como novo porta-voz e que sugeriu o fim da Procure Saber, "não fala oficialmente pela associação". "Bem, o mínimo que posso dizer é que justamente meu desprezo pela ideia de cuidar de minha imagem como quem a programa para obter aprovação é o mesmo que me leva a tender para a liberação das biografias e a olhar com desconfiança para o conselho do especialista", escreveu Caetano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em vídeo divulgado na noite de ontem, 29, na internet, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Gilberto Gil, artistas do grupo Procure Saber, reforçaram a crença no "direito à privacidade e à intimidade", mas disseram que nunca quiseram exercer "qualquer censura" contra biógrafos. "Queremos, sim, garantias contra ataques, excessos, mentiras, aproveitadores", disse Gil.

O vídeo assinala um abrandamento na opinião do grupo que, liderado por Paula Lavigne e integrado ainda por artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque, provocou polêmica ao se opor ao projeto de lei, atualmente no Congresso, que derruba a necessidade de autorização prévia para a publicação de biografias. No domingo, 27, em entrevista ao Fantástico, Roberto Carlos já havia se colocado a favor da lei, mas com "ajustes", mas sem especificar quais seriam eles.

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O vídeo divulgado ontem também não é claro no que diz respeito a como seria possível fazer conviver o direito à privacidade com o direito à livre expressão. "Não é uma decisão fácil, mas ela passa por um juízo íntimo e julgamos ter o direito de saber o que de privado, de particular, existe em cada um de nós", disse Roberto Carlos, secundado por Erasmo: "Esse ponto não podemos delegar a ninguém além de nós."

Ao mesmo tempo, porém, Erasmo se colocou de forma clara contra a censura prévia. "Se nos sentirmos ultrajados, temos o dever de buscar nossos direitos, sem censura prévia, sem a necessidade de que se autorize por escrito quem quer falar de quem quer que seja."

Roberto Carlos disse confiar "que o sistema judicial há de encontrar uma maneira de conciliar o direito constitucional à privacidade com o direito também fundamental de informação".

Gilberto Gil também negou que o Procure Saber defenda a proibição de livros. Para ele, "o exercício do direito à intimidade não significa exercer censura". "Ao contrário, é um fortalecimento do direito coletivo. Só existiremos enquanto sociedade se existirmos enquanto pessoas. Quando nos sentimos invadidos, julgamos que temos o direito de nos preservar e de certa forma preservar a todos que de alguma maneira não têm, como nós, o acesso à mídia, ao judiciário, aos formadores de opinião."

Gil falou ainda da natureza do trabalho do artista, "que passa a vida a tentar interpretar os sentimentos das pessoas"; foi seguido, no tema, por Roberto Carlos, que aproveitou para mandar recado aos biógrafos. "Passamos a vida a falar de amor e do amor, e nem por isso nos tornamos experts no assunto."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Líder do PR na Câmara dos Deputados e um dos principais defensores do projeto que acaba com a necessidade de aprovação prévia para publicação de biografias, Anthony Garotinho (RJ), disse nesta segunda-feira, 28, que independentemente do apoio do cantor Roberto Carlos, a proposta deverá ser aprovada pelo Parlamento.

No domingo, 27, o artista, que conseguiu proibir na Justiça a comercialização de sua biografia não autorizada, declarou em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, que é favorável à proposta que tramita na Câmara. "Com Roberto Carlos ou sem Roberto Carlos, a censura vai ser derrubada", afirmou Garotinho.

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O projeto estava pronto para ir a votação na última semana, mas o acúmulo de matérias em pauta impediu que os deputados apreciassem a proposta. Os deputados chegaram a aprovar o pedido de tramitação em caráter de urgência do projeto.

Nesta semana, a pauta está trancada pelo projeto que trata do Marco Civil da Internet e não há previsão para que o assunto seja discutido em plenário. "Vai ter de resolver o problema do Marco Civil, que não é fácil de ser votado", comentou o líder, prevendo que a discussão se prolongará devido ao conflito de interesses envolvidos na regulação da internet no País. "O Marco Civil vai se arrastar", emendou.

Além do projeto de lei, a proibição da publicação de biografias não autorizadas também é discutida na Justiça.

Em 2011, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros impetrou uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o artigo 20 do Código Civil, que prevê a proibição. Biógrafos e editores evocam a liberdade de expressão para justificar a mudança da regra. O STF deve discutir o assunto em audiência pública prevista para o fins de novembro.

Não durou sequer 24 horas a disposição da Câmara dos Deputados em priorizar a votação do projeto que libera a publicação de biografias não autorizadas no País. Com uma pauta de votações cheia e o impasse na discussão da proposta que altera o indexador da dívida de Estados e municípios, o projeto ficou em segundo plano e, na melhor das hipóteses, pode ser votado em plenário só em novembro.

Logo no início da manhã, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), admitiu que teria dificuldades para levar o assunto ao plenário ontem, 23. Como a pauta volta a ficar trancada a partir de segunda-feira, 28, com o projeto que trata do novo Marco Civil da Internet tramitando em caráter de urgência, a apreciação da matéria das biografias não deve ser analisada nem na próxima semana.

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Os deputados têm pressa em resolver a polêmica sobre biografias de artistas e gostariam de votar o assunto antes da audiência pública convocada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o final de novembro. No projeto em trâmite na Câmara, a ideia é liberar de forma expressa a publicação sem autorização prévia de biografias de pessoas públicas. Uma emenda do líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), prevê um rito sumário para ações judiciais que peçam a retirada de trechos das obras considerados caluniosos ou ofensivos. Segundo Caiado, decisões sobre eventuais reparações e indenizações seguiriam o rito normal da Justiça.

A mobilização dos parlamentares acontece após o embate entre editores e artistas que se agruparam no Procure Saber para defender o modelo atual. O projeto das biografias já foi aprovado, em caráter terminativo, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Houve, no entanto, um recurso para que a proposta fosse votada em plenário.

Roberto Feith, membro da Associação Nacional dos Editores de Livros, torce para uma rapidez na votação na Câmara, mas acredita que a Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), que está no Supremo, com a ministra Carmen Lucia, seja mais madura do que o projeto do deputado federal Newton lima (PT-SP). "Está muito bem detalhada, um estudo bem feito." / COLABOROU JULIO MARIA

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Diante da demora do Supremo Tribunal Federal (STF) em resolver a polêmica sobre biografias de artistas, a Câmara dos Deputados tentará construir a solução em votação prevista para a noite desta quarta-feira, 22. A ideia é liberar de forma expressa a publicação sem autorização prévia de biografias de pessoas públicas, mas com uma ressalva prevendo rito sumário para ações judiciais que peçam a retirada de trechos das obras em novas edições. Se aprovado, o projeto segue para o Senado e pode ter o trâmite concluído antes mesmo da audiência pública convocada pelo STF para o final de novembro para debater o tema.

O texto que irá a votação altera o Código Civil para dizer que "a ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações com finalidade biográfica" de quem tenha trajetória "pessoal, artística ou profissional" com dimensão pública. Atualmente, como no caso do cantor Roberto Carlos, decisões judiciais têm restringido algumas publicações e ordenado sua retirada das livrarias e demais pontos de venda.

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A proposta, porém, trará uma ressalva que será colocada a pedido do líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), um dos 72 deputados que assinou o recurso que atrasou em seis meses a conclusão do trâmite. Passará a ter tramitação em juizados especiais, para dar mais celeridade, processos pedindo a retirada de trechos de obra que, na visão do biografado, atinjam sua "honra, boa fama ou respeitabilidade". Nestes casos, novas edições não poderiam conter os trechos considerados ofensivos pela justiça. Tal rito não se aplicaria a indenizações e ações penais por crimes contra a honra, que continuariam com tramitação normal. A emenda tem apoio do autor do projeto, o deputado Newton Lima (PT-SP).

Caiado argumenta ser preciso ter esse rito mais rápido para evitar a perpetuação de informações tidas como caluniosas. O deputado relata um processo que move desde 2005 para tentar retirar trecho de uma obra na qual se atribui a ele uma declaração de que desejaria esterilizar todas as mulheres nordestinas. Caiado ganhou a ação em duas instâncias, mas o processo se arrasta em recursos. "Somente um rito sumário pode impedir que se perpetuem injustiças."

Autor do recurso, o deputado Marcos Rogério já adianta que pretende levar outras emendas a plenário. Ele quer incluir a possibilidade de retirada da obra de circulação quando se considerar que houve invasão da privacidade do biografado. Na visão dele, tal direito está na Constituição e não pode ser revogado.

A mobilização no Congresso ocorre após o embate entre editores e artistas que se agruparam no Procure Saber para defender o modelo atual. No Supremo, o tema é alvo de uma ação da Associação Nacional dos Editores e só deverá ir a julgamento em 2014. A tendência na Corte, segundo a avaliação de ministros, é de "maioria acachapante" a favor das biografias não autorizadas. Caso o Congresso conclua a tramitação antes do julgamento, a ação pode perder o objeto. Nesse caso, caberia aos artistas contrários à nova lei contestá-la no Supremo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), afirmou nesta terça-feira, 22, que a Câmara vai votar, nesta quarta, 23, a urgência do projeto de lei que autoriza a publicação de biografias não autorizadas. O mérito da proposta das biografias poderá ir a voto ainda na quarta-feira), pontuou Guimarães, desde que os deputados consigam dar vazão à pauta agendada, que está carregada.

Além da urgência das biografias, está prevista a votação de matérias como o projeto que garante um piso mínimo para os agentes comunitários de saúde e do que estabelece normas de segurança em casas de show.

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O PT, de acordo com Guimarães, vai votar favoravelmente à urgência e ao mérito do projeto que trata da biografias. Os líderes concordaram em apresentar uma emenda prevendo uma análise mais acelerada pela Justiça em casos de questionamentos de trechos por parte do biografado. Proposta pelo líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), a emenda vai estabelecer um "rito sumário" para que passagens de uma biografia que contenham trechos considerados pela Justiça caluniosos ou ofensivos sejam retirados da obra mais rapidamente. Ainda segundo Caiado, decisões sobre eventuais reparações e indenizações seguiriam o rito normal da Justiça.

Os deputados decidiram pautar o projeto depois da polêmica ao redor da publicação de biografias não autorizadas. O grupo Procure Saber, do qual participam músicos como Roberto Carlos e Caetano Veloso, defende a autorização prévia para a publicação de biografias, o que gera críticas de setores que consideram isso uma forma de censura.

O projeto que os deputados decidiram pautar para esta quarta já foi aprovado, em caráter terminativo, na Comissão de Constituição e Justiça. Houve, no entanto, um recurso para que a proposta fosse votada em Plenário. Nesta terça, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), mencionou que uma Comissão Geral poderia ser realizada para debater o tema, mas, após a reunião, os líderes decidiram levar a proposta ao Plenário.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, defendeu ontem, 14, a livre publicação de biografias não autorizadas e, ao mesmo tempo, o pagamento de indenizações financeiras "pesadas" no caso de violação comprovada de direitos do biografado. O ministro afirmou que censura prévia é "ruim, ilegal, inconstitucional" e disse ser contrário à retirada de biografias das livrarias.

Barbosa participou do terceiro dia do 8.º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, na PUC-Rio. O ministro fez um discurso de 15 minutos e respondeu a perguntas de jornalistas.

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"Não acho razoável a retirada de livros do mercado. O ideal seria a liberdade total de publicação e que cada um assuma os riscos. Se violou os direitos de alguém, vai ter que responder financeiramente. Com isso, se desperta a responsabilidade dos que escrevem. Se houver violação dos direitos do biografado, ele ou a família podem pedir indenização. Sinto desconforto na situação de um grande artista, músico, compositor ainda vivo, que se vê diante de uma biografia devastadora. Defendo indenização pesada em casos como esses", disse Barbosa. O ministro contou que chegou a comprar a biografia Roberto Carlos em Detalhes para dar de presente antes de o livro ser retirado do mercado, em 2007.

Questionado sobre o movimento de artistas que reivindicam autorização prévia dos biografados, Joaquim Barbosa disse que "não há censura prévia no Brasil" e fez referência também a casos de decisões judiciais que impedem publicação de reportagens.

"Censura prévia é ruim, não é permitida, é ilegal, não é constitucional. Infelizmente, em toda sociedade há aqueles que cometem erros. Esse casos pontuais de censura são desvios, erros cometidos por alguns", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Conhecido pelo seu estilo de não ter “papas na língua” quando quer dar sua opinião, Alceu Valença fez duras críticas em sua conta no Facebook sobre a questão das biografia encampada pelo grupo Procure Saber, formado pelos músicos Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Erasmo Carlos, Djavan e Roberto Carlos.

“Definitivamente, a questão não é financeira. A ideia de royalties para os biografados ou herdeiros me parece imoral. Falem mal, mas me paguem…(?) é essa a premissa???”, declarou Alceu, que completou em seguida: “Nem tudo pode se resumir ao vil metal! Com todo o respeito pelas opiniões contrárias, este é o meu posicionamento. Viva a democracia!”.

De acordo com produtora Paula Lavigne, presidente da diretoria e porta-voz do grupo Procure Saber, a intenção da entidade é batalhar para que seja mantida a exigência de autorização prévia para a comercialização dos livros.

Confira abaixo o pronunciamento de Alceu, na íntegra:

Pare, repare, respire, reveja, revise sua direção… Eu compus essa letra para o disco Maracatus, Batuques e Ladeiras, que lancei em 1994. Desde ontem, um assunto tomou conta dos meus pensamentos. No fim da manhã, recebi um telefonema de uma jornalista que solicitava minha posição acerca da polêmica que vem acontecendo em torno da autorização ou não de biografias. Como já estava na hora de buscar meu filho no colégio, pedi para ela me ligar à tarde. Dali em diante, fiquei remoendo o assunto e aguardando seu novo contato, o que não veio a acontecer.

A questão não é simples. Pesei costumes e comportamentos. Refleti sobre o tempo e a história. Considerei valores e conceitos. Cheguei a uma conclusão que envolve 4 pontos essenciais:

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Ética. O assunto até parece démodé, mas deveria estar intrinsecamente no centro de diversas situações que vivemos hoje em dia. Inclusive, neste caso. Óbvio que o conceito é subjetivo e, até, utópico. No entanto, sem a sua prática, o desequilíbrio é evidente. Fala-se muito em biografias oportunistas, difamatórias, mas acredito que a grande maioria dos nossos autores estão bem distantes desse tipo de comportamento. Arrisco em dizer que cerceá-los seria uma equivocada tentativa de tapar, calar, esconder e camuflar a história no nosso tempo e espaço. Imaginem a necessidade de uma nova Comissão da Verdade daqui a uns 20 anos…

Assim entramos em outro conceito, igualmente amplo, delicado e precioso: liberdade de expressão. Aliás, tão grandioso que deveria estar na frente de qualquer questão. O que é pior: a mordaça genérica ou a suposta difamação?

Eficiência e celeridade processual são princípios que devemos reivindicar para garantia dos nossos direitos. Evitar a prática de livros ofensivos e meramente oportunistas através do Poder Judiciário é uma saída muito mais eficaz e coerente com os fundamentos democráticos.”                 

Um livro sobre a construção da cultura no Brasil dos anos 60. A moda, os diálogos, a família, a influência dos artistas no desenho da nova adolescência. Seu título: Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude. A autora: Maíra Zimmermann, historiadora e professora de moda que conseguiu publicar o que era originalmente sua tese de mestrado, feita com subsídios da Fapesp. A contracapa traz um texto da cantora Wanderléa: "Parabéns, Maíra! Seu maravilhoso trabalho traz muitos elementos pertinentes da trajetória desse tempo tão rico em contradições, transformações e encantamento".

Cinco dias depois do lançamento, uma notificação emitida pelo advogado Marco Antonio Bezerra Campos, que representa Roberto Carlos, chegou a suas mãos. "Verificou-se que o referido livro relata a história da Jovem Guarda que, conforme a própria apresentação do livro dispõe, foi ‘liderado por Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa’". Segue: "Por conta disso é que o livro traz uma série de situações que envolvem o notificante e traz detalhes sobre a trajetória de sua vida e de sua intimidade". Ao final, grifa: "Sendo assim, cumpre seja cessada a comercialização do referido livro, bem como ordenado o recolhimento dos exemplares à disposição, no prazo de 10 dias, sob pena das medidas judiciais cabíveis."

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A obra de Maíra, enviada por ela à reportagem, não é uma biografia nem não cita detalhes da vida íntima de seus principais personagens abordados: Roberto, Erasmo e Wanderléa, que apresentavam o Programa Jovem Guarda, na TV Record, entre os anos de 1965 e 1967. Uma imagem do trio aparece caricaturizada na capa. "Meu foco é a construção da cultura nos anos de 1960. Fala da Jovem Guarda como movimento de transformação de costumes. Não há menção à vida íntima dos artistas."

Ontem, por telefone, o advogado de Roberto, Marco Campos, falou com a reportagem. Seu primeiro argumento foi de que o problema era a caricatura da capa do livro que mostrava o cantor, mesmo motivo publicado ontem pelo jornal Folha de S. Paulo. Mas o texto da notificação, além de citar a caricatura da capa como um problema, vai adiante ("traz detalhes sobre a trajetória de sua vida e de sua intimidade"). Campos passou a falar então da necessidade de um pedido de autorização para a publicação, o que Maíra não teria feito. "O que causou a oposição de Roberto ao livro foi o fato de a autora não ter pedido autorização para publicá-lo. Mas ele (Roberto Carlos) não pediu a retirada do livro." Confrontado novamente com o texto da notificação assinada por ele mesmo ("seja ordenado o recolhimento dos exemplares à disposição, no prazo de dez dias, sob pena das medidas judiciais cabíveis"), Campos voltou a afirmar o contrário: "Não vamos pedir a retirada."

Os advogados de Maíra e da editora Estação das Letras e Cores, responsável pela publicação, responderam à notificação de Roberto Carlos com uma contranotificação: "A autora da obra tem o direito constitucional de informar a sociedade brasileira acerca dos fatos relacionados ao movimento cultural Jovem Guarda." O longo documento termina com a decisão de não retirar os exemplares das lojas. "Não havendo qualquer sinal de violação aos direitos à imagem, à honra ou mesmo à privacidade do senhor Roberto Carlos, não há como se acolher os requerimentos formulados na notificação."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A aprovação pela Câmara dos Deputados, na terça-feira, da publicação de biografias não autorizadas foi classificada pelo historiador Paulo César Araújo como o primeiro passo para o estabelecimento da plena liberdade de expressão no Brasil. Araújo faz parte do time de pesquisadores e autores que viram o trabalho, no caso dele de 15 anos, na Justiça por iniciativa dos biografados ou, mais frequentemente, de seus herdeiros.

Ele é autor de "Roberto Carlos em Detalhes", obra lançada em dezembro de 2006 que vendeu 47 mil exemplares até que o retratado, descontente, fizesse um acordo com a Planeta cerca de seis meses depois do lançamento. Os livros foram recolhidos, a editora se comprometeu a não fazer uma nova edição e deu os 11 mil exemplares que restaram a Roberto Carlos. O autor, de mãos abanando, passou a frequentar festivais literários para falar sobre essa questão que já afligiu, aqui, Ruy Castro, João Máximo e Fernando Morais, entre outros.

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"O que estava em ameaça era a sobrevivência de um dos mais populares gêneros literários, que é também uma obra de história. Como historiador, sei que alguém pode contar a história de uma sociedade por meio de suas estruturas econômicas e sociais, das lutas de classe ou a partir de seus personagens. E não existe uma biografia sem que o autor tenha a liberdade de escrever sem precisar falar com o personagem e também se não puder falar sobre a vida pessoal dele. Terá só um ensaio."

Hoje, quatro exemplares estão à venda no Estante Virtual por valores entre R$ 190 e R$ 360, mas Paulo César Araújo não ganha nada com isso. Ele espera agora a decisão final - a proposta ainda tramitará no Senado - para tentar publicar seu livro por outra editora.

A notícia da aprovação do projeto e a expectativa de que os senadores compartilhem da mesma opinião não vai contribuir diretamente para que outra biografia importante, e proibida, volte às livrarias. No início de março, as herdeiras de Noel Rosa desistiram do processo que moviam contra João Máximo e Carlos Didier, que lançaram, em 1990, "Noel Rosa - Uma Biografia", pela UnB. Foram cerca de 20 anos de batalha judicial. Os autores, portanto, teriam tranquilidade para procurar nova editora.

"Mas isso tudo chegou muito tarde para nós. Hoje os parceiros não têm uma opinião muito afinada com relação à possibilidade de reedição do livro. Não digo que ele não será reeditado, só que será mais difícil porque não temos o mesmo convívio", conta João Máximo. "Não tenho projeto para esse livro do Noel Rosa, a não ser que alguma editora se interesse a ponto de tentar uma reaproximação dos dois autores."

Máximo não acredita que alguma editora vai querer relançar seu livro porque não seria um projeto barato - o volume traz muitas fotos. Mas os leitores esperam. Os exemplares remanescentes da edição original chegam a custar até R$ 700 também no site Estante Virtual.

Recentemente, João Máximo teve problema semelhante. Ele quis reeditar "Gigantes do Futebol Brasileiro", de 1965, com perfis de 22 jogadores e a editora Civilização Brasileira exigiu autorização de todos. "Tive que ir atrás das famílias, a viúva de Jair Rosa Pinto não autorizou. As editoras ficam com muito medo dessas coisas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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