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O cardeal australiano George Pell, absolvido em abril em um caso de pedofilia na Austrália, chegou a Roma nesta quarta-feira (30) após uma ausência de mais de três anos, constatou a AFP.

O ex-secretário de Economia do papa Francisco acenou brevemente para os jornalistas presentes no aeroporto romano de Fiumicino, antes de entrar em um carro sem dizer uma palavra.

Ao contrário do que alguns meios de comunicação italianos afirmam, nenhum encontro do papa com o bispo Pell, de 79 anos, está programado, indicou o Vaticano à AFP.

O prelado australiano deve, teoricamente, observar uma quarentena de 14 dias. Desde sua absolvição em um caso de pedofilia e sua libertação da prisão, Pell vive em sua arquidiocese de Sydney.

O homem, famoso por seu conhecimento dos assuntos econômicos, foi nomeado em 2014 pelo papa Francisco para chefiar uma nova Secretaria da Economia, responsável pelo controle das finanças e das despesas nas várias administrações da Santa Sé.

A tarefa despertou grande resistência interna em uma Cúria Romana (governo do Vaticano) acostumada a uma grande autonomia financeira. O cardeal foi condenado em março de 2019 a seis anos de prisão por estupro e agressão sexual contra dois coroinhas em 1996 e 1997 na Catedral de São Patrício em Melbourne, da qual era arcebispo.

Sua condenação, confirmada em apelação, foi finalmente anulada pelo Tribunal Superior da Austrália, que o absolveu em abril de cinco acusações de violência sexual, em razão do benefício da dúvida. Pell, que ficou preso mais de um ano, foi então libertado da prisão e disse que o julgamento possibilitou reparar "uma grave injustiça".

O cardeal George Pell estava a par dos abusos sexuais contra menores de idade na Igreja australiana desde os anos 1970, mas não fez nada para afastar os padres envolvidos - afirma uma investigação publicada nesta quinta-feira (7).

Pell, que foi tesoureiro do Vaticano, foi acusado de abusos sexuais contra menores e passou mais de um ano detido. No mês passado, foi absolvido de todas as acusações pela Alta Corte australiana e liberado da prisão.

O relatório da Royal Commission - comissão de investigação pública que ouviu milhares de testemunhas - foi concluído em 2017, mas havia muitas partes censuradas para não influenciar os julgamentos em curso e que agora foram publicadas.

A comissão determinou que, em 1973, quando era padre na diocese rural de Ballarat, estado de Victoria, Pell já sabia que Gerald Ridsdale, um padre católico agora detido, levava meninos para passeios noturnos no campo.

"Naquele momento, já tinha conhecimento de abuso sexual contra menores", afirma o relatório.

"Também estamos convencidos de que, em 1973, o cardeal Pell não apenas estava ciente dos abusos sexuais a crianças por parte do clero, como também considerou medidas para evitar situações que provocassem rumores sobre o tema", completa o documento.

Os investigadores afirmam que "é provável que soubesse das transgressões sexuais Ridsdale" em 1977, quando Pell participou em uma reunião que debateu a transferência do padre para outra paróquia.

Pell, que em 1973 morou com Ridsdale e o apoiou em seu primeiro julgamento em 1993, afirma que não lembra de acusações contra ele quando estava em Ballarat.

Em um comunicado, o cardeal declara que está "surpreso com algumas opiniões da Royal Commission", que segundo ele "não são baseadas em provas".

A comissão também determinou que Pell deveria ter tentado expulsar outro padre, Peter Searson, depois de receber uma lista de reclamações de uma delegação de professores em 1989, quando Pell era vice-arcebispo de Melbourne.

Searson foi objeto de várias queixas entre os anos 1970 e 1990, incluindo sobre abusos sexuais de meninos e por seu comportamento "desagradável, agressivo e violento", de acordo com a comissão.

Pell admitiu que sua investigação poderia ter sido "um pouco mais agressiva" para recomendar medidas ao arcebispo, mas a comissão considera que ele deveria ter atuado contra Searson em 1989. Veio a fazer isso somente em 1997.

Em seu comunicado desta quinta-feira, Pell alega que a delegação de professores "não mencionou agressões sexuais, nem pediu a saída de Searson".

Searson se declarou culpado em 1997 de agredir fisicamente um menino, mas nunca foi acusado por abusos sexuais. Morreu em 2009.

Em 2012, quando foi anunciada a investigação da Royal Commission, Pell, então arcebispo de Sydney, disse que os abusos na Igreja Católica eram "exagerados".

A investigação ouviu mais de 4.000 supostas vítimas de abusos sexuais em instituições religiosas e concluiu que, em algumas dioceses, mais de 15% dos padres eram agressores.

Pell, de 78, passou mais de um ano na prisão após a condenação em dezembro de 2018 por abusos sexuais de dois coroinhas na década de 1990, quando era arcebispo de Melbourne.

Ele sempre negou as acusações e foi absolvido pelo Alto Tribunal australiano, após um segundo processo de apelação.

O cardeal George Pell, que já foi um dos prelados mais poderosos do Vaticano, saiu da prisão nesta terça-feira (7), após vencer no Tribunal Superior da Austrália uma longa batalha judicial envolvendo acusações de pedofilia.

Pell, 78 anos, saiu da prisão de Barwon, na região de Melbourne, no banco de trás de um carro preto, encerrando um período de detenção iniciado em março de 2019.

O cardeal australiano foi absolvido de cinco acusações de abuso sexual contra dois coroinhas, ambos com 13 anos, na década de 90.

A sentença na máxima instância judicial do país é uma vitória definitiva para Pell, que sempre alegou ser inocente.

"Não quero que minha absolvição traga de volta a dor e a amargura que muitos sentem. Já houve suficiente dor e amargura", mas foi reparada "uma injustiça grave", declarou Pell ao comentar a decisão.

"Meu julgamento não era um referendo sobre a Igreja Católica ou sobre como as autoridades eclesiásticas da Austrália trataram o crime de pedofilia na Igreja. A questão era se eu havia cometido estes atos horríveis, e não foi esse o caso".

O ex-secretário da Fazenda do Vaticano havia sido condenado em março de 2019 a seis anos de prisão por violência sexual contra dois adolescentes em 1996 e 1997, na catedral de São Patrício de Melbourne, na qual era arcebispo.

Mas nesta terça-feira, o Tribunal Superior da Austrália, em Brisbane, concluiu que há "uma possibilidade significativa de que uma pessoa inocente seja condenada porque as provas não estabeleceram sua culpabilidade no nível probatório requerido".

Os sete magistrados do Tribunal Superior estabeleceram que o tribunal inferior se "omitiu sobre se havia uma possibilidade razoável de o crime não ter sido cometido, de modo que deveria existir uma dúvida razoável sobre a culpabilidade".

A Suprema Corte do estado australiano de Victoria rejeitou nesta quarta-feira (21) o recurso apresentado pelo cardeal George Pell contra sua condenação por agressão sexual de menores, mantendo assim o ex-número três do Vaticano na prisão.

Pell, ex-arcebispo de Melbourne e Sydney, de 78 anos, foi condenado a seis anos de prisão por agressões sexuais a dois coroinhas de 13 anos na Catedral de Melbourne nos anos 1990.

"Seguirá cumprindo sua condenação de seis anos de cárcere", disse a presidente do tribunal, Anne Ferguson, recusando as objeções dos advogados do ex-arcebispo.

Uma multidão formada por vítimas, militantes, advogados e jornalistas aguardava o veredicto nas proximidades da corte, onde foi formada uma longa fila para entrar no prédio, após mais de dois meses de deliberações entre os três juízes responsáveis pela análise do pedido.

Pell, presente no tribunal nesta quarta-feira, abaixou a cabeça em várias ocasiões enquanto Ferguson lia a decisão, celebrada no exterior do prédio por vítimas, militantes e advogados.

Segundo os juízes, Pell poderá solicitar a liberdade condicional dentro de três anos e oito meses, ou recorrer da decisão na Suprema Corte da Austrália.

Pell, que alega inocência, é o maior representante da Igreja Católica a ser condenado por pedofilia. Em dezembro, ele foi considerado culpado de cinco acusações, incluindo ter forçado um garoto de 13 anos a fazer sexo oral em 1996 e ter se masturbado esfregando-se em outro jovem.

Os eventos ocorreram na sacristia da Catedral de São Patrício, em Melbourne, da qual Pell foi arcebispo, onde as duas vítimas se esconderam para beber o vinho da missa. Dois meses depois, Pell colocou um dos adolescentes contra a parede e tocou seu órgão genital.

Os advogados do cardeal encaminharam 13 objeções à decisão de primeira instância, incluindo a de que era "fisicamente impossível" que os supostos atos tenham acontecido em uma catedral lotada.

Também questionaram os períodos em que as agressões sexuais teriam acontecido, alegando que eram "impossíveis" se considerados os deslocamentos dentro da catedral.

Também afirmaram que a pena imposta era questionável, porque se baseava no depoimento de um única vítima sobrevivente. Uma das vítimas de Pell morreu de overdose em 2014 sem nunca ter revelado publicamente os abusos.

O sobrevivente, agora adulto e cujo nome não pode ser divulgado por motivos legais, afirmou que os "estressantes quatro anos de batalha legal o levaram a lugares dos quais temia não conseguir retornar".

O homem disse que a morte do amigo por overdose o motivou a quebrar o silêncio.

"Depois de assistir o funeral de meu amigo de infância [...] sentia responsabilidade de dar um passo à frente", afirmou em um comunicado lido por seu advogado.

A advogada do pai da vítima falecida afirmou que ele sente "como se tivessem retirado um peso de cima".

"Sente que hoje se fez justiça. Tem uma verdadeira sensação de alívio porque George Pell está atrás das grades", afirmou à AFP a advogada, Lisa Flynn.

O Vaticano afirmou em um comunicado que Pell tinha o direito de apresentar o recurso de apelação.

"Neste momento, junto com a Igreja da Austrália, a Santa Sé reafirma a solidariedade com as vítimas de abusos sexuais e seu compromisso em perseguir, por meio das autoridades eclesiásticas competentes, os membros do clero que cometeram abusos", afirmou um porta-voz do papa Francisco, que não se referiu à investigação aberta sobre este caso pelo Vaticano no início do ano.

Os três juízes rejeitaram os argumentos sobre supostos erros de procedimento durante o julgamento de Pell.

Os advogados do cardeal têm prazo de 28 dias para decidir os próximos passos.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou que o país vai retirar de Pell a condecoração da Ordem da Austrália.

Antes da queda em desgraça, Pell viveu uma rápida ascensão. Foi nomeado arcebispo de Melbourne, posteriormente de Sydney e, em 2003, entrou para o poderoso Colégio de Cardeais, o que permitiu que votasse nos conclaves que escolheram os papas Bento XVI e Francisco.

Em 2013, Francisco o selecionou para integrar o conselho de nove cardeais (C9) responsável por ajudá-lo a reformar a Cúria. E em 2014 o pontífice o nomeou secretário de Economia, o que transformou o australiano no número três da Santa Sé.

Mas durante o julgamento, a Santa Sé aproveitou uma ordem que estabelecia o silêncio dos meios de comunicação sobre o processo para afastar Pell de suas funções, sem apresentar explicações. Após a condenação, o australiano foi destituído do carto de secretário de Economia do Vaticano e perdeu o posto no C9. O Vaticano também abriu uma investigação sobre as ações do cardeal.

O processo de apelação da sentença contra o cardeal australiano George Pell, ex-número dois do Vaticano, condenado em primeira instância por agressões sexuais contra menores entre 1996 e 1997, começou nesta quarta-feira (5) (noite de terça (4) no Brasil) em um tribunal de Melbourne.

Pell, de 77 anos, e seus advogados alegam que a sentença proferida em dezembro por cinco casos de agressão sexual contra duas crianças, membros de um coral na catedral de Melbourne, era questionável porque se baseava apenas no testemunho de uma única vítima sobrevivente.

Além disso, alegam, o juiz desconsiderou evidências da defesa no processo. Ao chegar nesta quarta-feira para se apresentar a três juízes do tribunal, Pell vestia o colarinho clerical.

Uma das vítimas de Pell morreu de overdose em 2014 e nunca revelou os abusos. O juiz de primeira instância Peter Kidd disse que os crimes de Pell foram "descarados", "desagradáveis" e um abuso de poder "extremamente arrogante".

Uma segunda série de acusações contra o dignatário de 77 anos - derivados de supostos abusos em uma piscina na década de 1970 -, foi retirada no começo deste ano.

As audiências da apelação estão previstas para quarta e quinta-feira, embora os três juízes vão ter pela frente um processo que pode se estender por várias semanas antes de tomar uma decisão.

Os três juízes podem rejeitar a apelação, determinar um novo julgamento ou absolver Pell, mas qualquer decisão só poderá ser apelada na suprema corte australiana.

Antes das audiências desta quarta-feira, os três juízes visitaram a Catedral de Melbourne para tentar entender as evidências que serão consideradas.

A defesa alega que os tempos em que teriam ocorrido as agressões sexuais são impossíveis, se considerados os deslocamentos dentro da catedral.

A sessão de apelação na Suprema Corte de Melbourne, que será transmitida ao vivo, despertou expectativas entre seus partidários, que acreditam que foi um bode expiatório e não teve um julgamento justo.

O caso será presidido por três juízes: a presidente da Suprema Corte do estado de Victoria, juíza Anne Ferguson, o presidente da Corte de Apelações, o juiz Chris Maxwell e o juiz Mark Weinberg.

O chefe de Finanças do Vaticano, cardeal George Pell, se apresentou nesta terça-feira (25) a um tribunal na Austrália, onde enfrenta acusações não divulgadas de abuso sexual.

O cardeal de 76 anos se apresentou a corte para uma primeira audiência, principalmente administrativa, depois que o papa Francisco deu uma licença para que pudesse se defender.

Pell foi arcebispo de Melbourne entre 1996 e 2001 e depois se tornou arcebispo de Sidney até 2014, quando foi para o Vaticano, convocado pelo papa Francisco para administrar as finanças da Igreja Católica.

A polícia australiana acusou Pell de delitos de abuso sexual, sem dar mais detalhes sobre as acusações, explicando a necessidade de preservar a integridade do processo judicial.

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