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Unidas sob o slogan "Cultive seus direitos", milhares de pessoas inundaram o centro de Santiago de verde, neste sábado (18), com uma imensa e pacífica marcha para exigir do governo de Sebastián Piñera a descriminalização do cultivo de maconha no Chile.

Realizada hoje também em outros países, a mobilização reuniu cerca de 80 mil pessoas em sua XV edição, relatou a Fundación Daya, uma das organizações apoiadoras da iniciativa.

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Em um comunicado, a Daya pede que o Chile adote "uma nova regulação sobre a maconha que seja justa, democrática".

Os chilenos querem que a opção de fumar maconha "seja uma decisão (sua), e não que passe pelo governo", disse à AFP Valerie Peñaloza, durante a passeata.

No Chile, o consumo de maconha em público é proibido, assim como seu cultivo.

A regulação desse mercado avança no mundo e na região, mas, na América do Sul, apenas o Uruguai autorizou o cultivo para uso pessoal e a venda da substância com fins recreativos.

O papa Francisco pediu perdão pelas feridas e ofensas provocadas à população da cidade chilena de Osorno, dividida pela designação do bispo Juan Barros - acusado de encobrir abusos sexuais -, em mensagem lida por seu enviado, Charles Scicluna, durante missa.

"O papa Francisco me encarregou de pedir perdão a cada um dos fiéis da diocese de Osorno e a todos os habitantes deste território por terem sido profundamente feridos e ofendidos", disse Scicluna durante a cerimônia realizada na Catedral San Mateo de Osorno, 930 km ao sul de Santiago.

Durante a ditadura, Augusto Pinochet foi nomeado presidente de honra do popular Colo Colo, enfrentou estrelas do futebol chileno e usou estádios como campos de tortura, deixando uma forte influência que torcedores e jogadores querem deixar para trás.

Após o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, Pinochet mirou o clube do coração, o Colo Colo, o mais popular do Chile e maior vencedor a nível nacional e internacional.

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Três anos depois de instaurado o regime, Pinochet ordenou a saída dos dirigentes do clube e colocou um consórcio econômico para gerir a equipe, recebendo em troca o título de presidente de honra.

Depois de 40 anos, cerca de cinquenta sócios e torcedores decidiram iniciar uma campanha para cancelar o que chamam de "decisão ilegítima" que manchou de sangue o clube. A ditadura de Pinochet deixou mais de 3.000 mortos e desaparecidos.

"É necessário reparar essa injustiça histórica", declarou à AFP, José Miguel Sanhueza, um dos torcedores que encabeça a campanha.

Como primeira medida, criaram o site www.fuerapinochet.cl, no qual pretendem recolher assinaturas e apresentar na próxima assembleia de sócios, em 20 de maio, uma petição para cancelar o registro no clube e Pinochet.

A condição de sócio de Pinochet "é uma mancha, pelos conhecidos e repudiáveis crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura militar", explica o site.

Cerca de 2.000 dos mais de 35.000 sócios do 'Cacique' já assinaram a petição, a três semanas da importante assembleia.

Pinochet chegou a prometer dinheiro para a conclusão do estádio do Colo Colo, situado no sul da capital Santiago e com capacidade para 48.000 pessoas, mas, depois de perder o plebiscito que acabou com sua ditadura, em 1988, a promessa foi esquecida.

Também atribuem a Pinochet vínculo com o Cobresal, recente campeão chileno, ao qual o ditador teria ordenado a fundação, em 1979, com o objetivo de controlar os sindicatos da então crescente industria de mineiração de cobre, no norte do país.

Os braços do regime militar alcançaram também a Federação Chilena de Futebol, nomeando em 1975 o general da polícia Eduardo Gordon como presidente da entidade até 1978.

- Jogadores contra Pinochet -

Pinochet teve como opositores diversos jogadores considerados estrelas do futebol chileno durante os 17 anos em que ficou no poder.

O mais conhecido foi o atacante Carlos Caszely, símbolo da luta contra ditadura e uma das caras visíveis da campanha de partidos de esquerda para acabar com o governo de Pinochet no plebiscito que acabou com o regime, em 1988.

"Caszely era uma estrela que tinha certas liberdades que outros não podiam ter. Em 1983, em plena ditadura, ele deu uma entrevista afirmando diretamente que Pinochet tinha que sair", explicou à AFP Daniel Matamala, famoso jornalista local e autor do livro "Goles e autogoles", que fala do vínculo entra o futebol e o mundo da política.

O atacante, depois de jogar na Espanha entre 1973 e 1978, retornou ao país para defender o Colo Colo, mas seu ódio pela ditadura acabou fazendo com que não fosse convocado diversas vezes para defender a seleção chilena, controlada por Pinochet.

Em 1988, durante a campanha contra o ditador, Caszely revelou que a mãe havia sido estuprada e torturada pela ditadura.

Outros jogadores sofreram o rigor da ditadura, como Mario Soto, considerado em 1976 o melhor zagueiro do Chile e impedido de jogar no Brasil por um decreto que não permitia a jogadores de seleção jogarem em outro país.

Pinochet também utilizou estádios como prisões para deter e torturar os opositores da ditadura. O maior deste centros foi o estádio Nacional, templo do futebol chileno onde cerca de 20.000 presos políticos ficaram.

"Pinochet teve uma influência muito evidente, com tentativas de manipular o futebol com fins políticos e teve as armas para fazer isso sem maiores interferências", resumiu Matamala.

Em coletiva à imprensa na tarde desta quinta-feira (19), o cônsul do Chile no Rio de Janeiro, Samuel Ossa, achou que a punição do Brasil aos 88 chilenos detidos ontem (18) após invadirem o Maracanã ontem foi branda. Os torcedores foram processados com base no Estatuto do Torcedor, por invasão e tumulto dentro de instalações esportivas e têm até a meia-noite de domingo para deixarem o país, sem chances de voltar até o fim da copa, do contrário serão deportados.

“Eles cometeram um erro inaceitável. Como qualquer visita, não podemos por os pés em cima da mesa. Estamos agradecidos às autoridades brasileiras pela compressão e pela facilidade de ter deixado que saiam em 72 horas. Eles teriam que ser presos e deportados, então saiu barato [para os detidos], pois obviamente estar na prisão é o pior que há”, comentou ele. De acordo com o diplomata, a maioria dos chilenos envolvidos reconhece que errou e que merece pagar pelo que fez.

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Ossa explicou que além dos chilenos, foram presos um boliviano e um colombiano. Dois dos chilenos detido são residentes no Brasil e continuarão no País, mas não poderão assistir aos jogos da Copa. A Embaixada do Chile informou que não arcará com custos de passagens de volta dos chilenos. "Vamos ajudar a contatar as famílias por telefone ou internet para que de alguma forma tenham a possibilidade de cumprir com o prazo da saída", disse Ossa.

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