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A crise de oxigênio em Manaus foi o ponto mais caótico da pandemia no Brasil. A desordem expôs a incapacidade do Governo Federal e da gestão estadual em garantir a vida de pacientes que morreram asfixiados em uma onda de contágio após as festas de fim de ano de 2020. Não bastasse os indícios da explosão de casos ainda em dezembro, a falta do insumo obrigou a transferência de internados na UTI para outros estados e submeteu familiares a uma corrida contra o tempo para encontrar cilindros que sustentassem a luta dos parentes contra a Covid-19. Inevitavelmente, o sistema funerário entrou em colapso.

Os dias 14 e 15 de janeiro foram os mais preocupantes. A tragédia do início de 2021 pode ser descrita pelas aglomerações que tomaram a entrada dos hospitais em um mutirão de socorro para transportar os cilindros.

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Os equipamentos com o insumo chegavam nos carros de familiares e até dos próprios médicos, pois as ambulâncias estavam ocupadas como leitos e as poucas unidades de oxigênio que restavam no comércio eram disputadas por filas extensas que lotavam as distribuidoras.

Antes da pandemia, o consumo diário de oxigênio na capital amazonense era de 14.000 m³. Em janeiro deste ano, o índice multiplicou para 76.500 m³ por dia.

Decreto derrubado pelo negacionismo

Após a experiência da disparada de casos graves em abril, no dia 23 de dezembro o governador Wilson Lima (PSC) percebeu o risco e decretou o fechamento do comércio não essencial para o dia 26 e proibiu eventos de fim de ano. 

Uma forte onda de protestos foi estimulada por declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras personalidades que menosprezaram o vírus. A pressão fez com que a decisão fosse suspensa, mesmo com a suspeita da circulação de uma variante local mais transmissível.

Câmaras frigoríficas voltam aos hospitais

Assim como em abril, ainda em dezembro, câmaras frigoríficas voltaram a ser instaladas próximo aos principais hospitais de Manaus: o Pronto-Socorro 28 de Agosto, o João Lúcio e o Platão Araújo. Dias depois, o terreno do cemitério do Tarumã foi expandido em mais mil vagas para receber mais corpos.

Pedido de ajuda ao Governo Federal

A previsão se cumpriu e, ciente de que a produção local de oxigênio não daria conta, o Governo do Estado enviou um pedido de socorro ao Ministério da Saúde no dia 8 de janeiro. O relatório da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) aponta que no documento "foi relatado um colapso dos hospitais e falta da rede de oxigênio. Existe um problema na rede de gás do município que prejudica a pressurização de oxigênio nos hospitais estaduais”.

Após a solicitação, a Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou aviões para buscar o suprimento em outros estados e começou a transportar cilindros em gás, ainda em quantidade inferior à necessidade da população doente.

No entanto, ainda que exigisse uma maior competência logística, o ideal seria transportar o insumo em estado líquido, pois cada litro de oxigênio líquido pode ser convertido em 860 litros de oxigênio gasoso.

Aviões da FAB com oxigênio enviados no dia 17 de janeiro/Divulgação

Uma das grandes dificuldades de Manaus se dá pela dificuldade de conexão com estados vizinhos e os suprimentos passaram a chegar de balsa e avião. No dia 11, 50 mil m³ chegaram por rio e, no dia 13, mais 22 mil m³ de modo aéreo.

Com a alta demanda no Brasil, a White Martins, principal fornecedora de oxigênio, alegou dificuldade para a produção. Ainda assim, conseguiu elevar a fabricação diária na capital para 28 mil m³ e empresas menores como a Carbox e Nitron também foram importantes para o controle da operação. 

Apoio da Venezuela

Entre os dias 11 e 13 de janeiro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, esteve na cidade para promover o tratamento precoce, que já havia sido descartado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por ser ineficaz. No dia 17 de janeiro, a FAB centralizou a logística de oxigênio líquido a partir de Brasília e uma carreta com 107 mil m³ doados pela Venezuela chegou à Manaus dois dias depois.

Caminhão tanque enviado pela Venezuela para a crise no Brasil/Reprodução/Twitter

Mobilização de artistas

A série de decisões erradas das autoridades e ao desrespeito dos manauaras contra o pior momento do vírus comoveu o país. Ainda no dia 14, o humorista Whindersson Nunes encabeçou uma campanha de doação de oxigênio e convocou artistas para ajudar. Devido aos entraves logísticos, ele também doou respiradores pulmonares para acelerar o socorro.

Outros famosos que ajudaram na recuperação da crise em Manaus foram Gusttavo Lima, Tirulipa, Tatá Werneck, Felipe Neto, Paulo Vieira, Marcelo Adnet, Paulo Coelho, Simone, Tierry, Marília Mendonça, Wesley Safadão, Bruno Gagliasso, Sabrina Sato, Pyong Lee, Thelminha Assis, Paola Carosella, Diego Ribas, Maria Gadu, Jorge & Mateus, Dennis DJ, Glória Pires e Orlando Morais, Antônio Fagundes, Otaviano Costa, Gaby Amarantos, Fabiula Nascimento, Hugo Gloss, Klara Castanho, Ana Hikari e Evelyn Montesano.

PGR pede investigação por omissão

Pazuello já era alvo da Polícia Federal (PF) quando voltou a Manaus no dia 23. A investigação foi requerida pela Procuradoria Geral da República (PGR) sob o argumento de que o Ministério da Saúde recebeu informações sobre o possível colapso em dezembro, mas só enviou representantes em janeiro.

O ministro só retornou ao epicentro da crise no dia 12 de fevereiro e concluiu o ciclo de três viagens à Manaus no intervalo de um mês.

Com o caos levado ao interior, ao menos, 500 pacientes foram enviados para tratamento em outros estados e o ministro foi convocado para explicações no Senado e n Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.





O ministro Pazuello foi convocado ao Senado para falar sobre o controle do Plano Nacional de Imunicação/Pedro França/Agência Senado

Pazuello se explica no Senado

No Senado, Pazuello disse que o documento recebido no dia 8 de janeiro apenas citou a "falta de oxigênio" e justificou que "rede de gases são os tubos de gases e não o oxigênio que vai dentro. Pressurização entre o município e o estado é regulação entre um e outro”.

Até o momento ninguém começou a responder criminalmente pelas vidas perdidas em Manaus. O projeto da própria Secretária de Saúde do Amazonas indica que, ainda em novembro, o Estado sabia que não teria capacidade de produção de oxigênio suficiente. A gravidade da omissão e o número de mortos pela crise não chegou a ser calculada oficialmente.

A falta de cilindros para oxigênio, que teve aumento de mais de 100% no consumo em relação a 2020, fez com que alguns donos de cervejarias da região sudoeste do Paraná paralisassem parte da produção e emprestassem os equipamentos para hospitais que atendem pacientes com Covid-19.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que não há desabastecimento nas unidades hospitalares próprias. A situação no Estado tem sido crítica e nesta segunda-feira (15) o Paraná registra 1.320 pacientes aguardando por transferência, sendo 612 UTI e 708 para enfermarias.

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Sobre o fornecimento de oxigênio, a Sesa informa que "o consumo dobrou com um aumento de mais de 100% em toda a rede". "A Sesa está monitorando a questão. A secretaria também vem discutindo há tempos com fornecedores acerca da capacidade de atendimento do insumo, que sinalizaram a garantia de cobertura. Dados apurados mostram que houve um aumento de mais de 100% na demanda por oxigênio", informou por meio da assessoria.

Já a falta de cilindros fez com que as cervejarias Formosa, Insana e Schafbier doassem 17 cilindros de oxigênio para o Hospital Regional Estadual de Clevelândia, usados nas fábricas para fermentação. No total foram doados três cilindros de um quilo, três de sete quilos e 11 de 10 quilos.

Em suas redes sociais, a Cervejaria Insana chamou a atenção para a situação local. "Durante a próxima semana, nossa produção estará interrompida pela doação de cilindros à prefeitura de Clevelândia. Convidamos os amigos cervejeiros a fazerem o mesmo pela sobrevivência dos que mais necessitam. Acima de qualquer coisa, salvar vidas é a prioridade."

Sobre a pandemia, a Sesa informou que "todos os leitos estão além da capacidade máxima ofertada pelo Estado, mas os esforços estão sendo mantidos. Sabe-se que embora receba todo o atendimento hospitalar necessário, estatisticamente 25% dos pacientes que internam não resistem às complicações causadas pela covid-19, portanto a Sesa reforça que as medidas de prevenção devem ser mantidas, mesmo com leitos 'disponíveis'. Em janeiro a média de pacientes diariamente nesta fila, seja por enfermaria ou leito de UTI era de 40/45 pessoas", concluiu.

Em Manaus, a corrida por oxigênio está longe de ter fim. Daniela Cardoso é jornalista e em sua página no Instagram tem narrado sua saga para abastecer os cilindros de oxigênio da irmã e da mãe. "Tem gente que está na fila desde a madrugada de ontem (segunda-feira, 18). Eu continuo aqui (início da tarde desta terça-feira, 19) e eles ainda não começaram a chamar as pessoas que vão entregar o seu cilindro", relatou Daniela, que já estava há pelo menos 5 horas no local, uma empresa de gás no Distrito Industrial, na zona sul de Manaus.

As empresas estão adotando diferentes métodos para suprir a demanda, algumas recebem os insumos vazios e entregam no dia seguinte, através de um sistema de ficha. Em alguns locais de abastecimento apenas 50 cilindros são disponibilizados para a população, os demais vão para hospitais da cidade. "Para ficar na fila eu já fui na empresa quatro vezes, e já fiquei um dia inteiro, hoje tem uma pessoa que foi buscar, pela primeira vez, e é um cilindro pequeno", explica a jornalista, cansada na procura de atendimento médico, enquanto a mãe teve um piora em seu quadro, na manhã desta terça-feira.

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A estudante Wendy Milla Brito iniciou nesta terça-feira uma campanha pelas redes sociais para levantar fundos para adquirir oxigênio e medicamentos para a mãe, a assistente bucal, Gizelle Brito. "Eu consegui dinheiro para comprar remédio hoje, mas tive que dar a minha azitromicina para minha mãe. Procurei oxigênio para doação, mas a maioria é para venda e os preços estão lá em cima". O uso de azitromicina contra covid-19, apesar de incentivado pelo governo federal, não tem comprovação de eficácia.

O professor de educação física Daniel Lima tem o pai e o padrasto infectados pelo coronavírus revezando oxigênio em duas casas. Daniel conseguiu reabastecer duas vezes antes da escassez do gás e outra nesta segunda-feira, com muita dificuldade. "A situação é tão ruim que tanto pai quanto padrasto usam o mesmo cilindro. É possível porque meu pai e padrasto moram em ruas paralelas, então quando meu pai está fazendo fisioterapia, quem usa é o meu padrasto", explica Daniel. "Dois amigos me procuraram quando faltou oxigênio nos hospitais de Manaus. Eu me sinto muito mal, minha cabeça dói, a culpa é grande, estou destruído mentalmente, pois eu não pude ajudar um cara que me ajudou. O pai de um morreu, não aguentou 30 minutos sem oxigênio."

Na manhã desta terça-feira (19), Whindersson Nunes avisou aos seguidores do Twitter que estava enviando oxigênio para Manaus, no Amazonas. O humorista garantiu na postagem que 217 cilindros do insumo já estava a caminho da capital amazonense. 

Assim que fez o anúncio, internautas parabenizaram Whindersson. "Parabenizo o humorista pela atitude de doar, certeza que está salvando muitas vidas. Mas não pensem que isso faz dele uma pessoa melhor do que você, ele só está doando o que tem. Você que não tem condições financeiras pode ajudar orando", comentou um dos usuários da rede social.

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Whindersson Nunes capitaneou na últuma semana uma mobilização na internet para conseguir arrecadar uma boa quantidade de cilindros de oxigênio, com destino aos hospitais de Manaus. A capital do Amazonas vem sofrendo um colapso no sistema público de saúde em relação aos altos índices de internações por Covid-19.

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A situação alarmante nos hospitais em Manaus chamou atenção de todo o País. No Recife, por exemplo, o elenco do Sport, em uma iniciativa encabeçada pelos experientes Patric e Thiago Neves, conseguiram a doação de 375 cilindros de oxigênio que serão enviados aos hospitais da região. A ação também contou com apoio de uma empresa da área de saúde e do projeto Transforma Brasil. 

Além de dar o exemplo, os jogadores pedem, por meio de suas redes sociais, que torcedores e mais pessoas também engajem para cooperar com a ação. Os atletas doaram 125 cilindros, enquanto os parceiros doaram os outros 250. 

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“Temos que fazer a nossa parte. Somos figuras públicas e podemos ajudar para que outras pessoas possam contribuir com a população de Manaus. Queremos dar o nosso auxílio para salvar vidas. É preciso ter sensibilidade neste momento com o que vem passando a população de Manaus”, disse o lateral Patric.

Os 12 meninos de um time de futebol e seu treinador que estavam presos em uma gruta na Tailândia desde 23 de junho foram encontrados com vida nesta segunda-feira (2).

O anúncio foi feito pelo governador da província de Chiang Rai, Narongsak Osatanakorn, responsável pelas equipes de resgate.

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Nesta segunda, os socorristas anunciaram que estavam a cerca de 400 metros do ponto em que se acreditava que os jovens, com idades entre 13 e 16 anos, e seu treinador de 25 buscaram refúgio, uma cavidade conhecida como "Pattaya Beach".

Para auxiliar na procura, os mergulhadores dispunham de 600 cilindros de oxigênio. Mas o procedimento foi lento porque, em alguns locais da caverna, as bombas de ar não passavam, e era necessário abrir caminho.

Uma equipe de cerca de mil pessoas participou das buscas, e havia ainda o auxílio de especialistas de outros países, como Estados Unidos, Japão, Reino Unido, China e Austrália.

O desaparecimento dos jogadores ocorreu em 23 de junho. Ao lado de seu técnico, o time realizava uma excursão ao complexo de cavernas de Tham Luang, que tem 10 km de extensão. Acreditava-se que eles haviam procurado refúgio na caverna após uma tempestade, mas as fortes chuvas alagaram e bloquearam a entrada do local.

Ainda assim, as equipes de emergência não perderam as esperanças, pois já haviam encontrado bicicletas, mochilas e chuteiras na entrada da gruta.

Da Ansa

Por volta das 12h desta quinta-feira (5), o Corpo de Bombeiros de Pernambuco foi acionado para controlar um incêndio na loja Martelinho de Ouro, especializada em reparação de veículos, na cidade de Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). A corporação informou que o incêndio foi ocasionado pela explosão de dois cilindros, que ficavam dentro do estabelecimento comercial. 

Ainda de acordo com os Bombeiros, ninguém ficou ferido e não há risco de explosão na loja. O fogo não chegou a comprometer a estrutura física da empresa. A causa do estouro dos cilindros ainda não foi divulgada. 

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