O ingresso do senador Fernando Bezerra Coelho no PMDB estremeceu a política interna do partido gerando um imbróglio entre a direção estadual e a nacional. Presidente do PMDB em Pernambuco, o vice-governador Raul Henry afirmou que não se imaginava que o parlamentar fosse entrar na legenda sob a condição de atuar como comandante das ações políticas e realinhar a sigla. Em conversa com o LeiaJá, Henry classificou a postura como "arrogância" e reforçou que não aceitará a intervenção do ex-pessebista.
"Nunca colocamos objeção a entrada dele, muito pelo contrário. Agora ninguém imaginava que ele fosse entrar no partido e fazer um discurso de que veio com a condição de vir para mandar, destituir a direção regional para ele assumir o comando e dar uma nova linha política ao partido", salientou. "Isso é inaceitável. Não vamos aceitar, vamos resistir. Isso é uma violência, uma falta de respeito, absoluta arrogância e insensibilidade com pessoas que sempre respeitaram ele. Não vamos admitir isso", acrescentou.
##RECOMENDA##O poder de decisão para Bezerra Coelho, entretanto, foi diretamente expressado pelo presidente nacional do partido, senador Romero Jucá (RR), durante a cerimônia de filiação na última quarta-feira (6). Jucá disse que Bezerra entrava no partido com "uma missão: a disputa pelo governo de Pernambuco". Raul Henry disse que apenas a Executiva pode deliberar sobre o assunto. "Ele não tem [poder de decisão]. É a executiva nacional que define isso. Conversei com alguns componentes e notei o oposto, um sentimento de solidariedade conosco. Quem tem liderança se coloca no lugar de quem está sendo violentado", argumentou.
Outro questionamento que surgiu dentro do PMDB de Pernambuco sobre a presença de Bezerra no partido diz respeito às acusações que pesam contra o senador na Lava Jato. Ele é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Um dos que apontou as denúncias foi o vereador do Recife, Jayme Asfora. Ele chegou a dizer que a entrada de FBC "empobrecia" o partido.
O presidente estadual não quis alimentar as ponderações, mas frisou que os peemedebistas pernambucanos "sempre andaram de cabeça erguida". "Em Pernambuco o PMDB tem uma cara, uma identidade política, um conjunto de lideranças que pode andar nas ruas de cabeça erguida. Nunca fiz política fazendo acusações a quem quer que seja. Na vida democrática há os órgãos que investigam. Denúncias têm que ser apuradas, denunciados têm direto inviolado à sua defesa e ninguém deve ser pré-julgado ou execrado antes de um julgamento justo", amenizou.
Caso Bezerra Coelho conquiste a titularidade da condução do PMDB, Raul Henry além de perder a presidência também ficará sem a aliança com o governador Paulo Câmara (PSB). Isto porque, o plano do senador é de desbancar a reeleição do pessebista. Em 2014, Bezerra Coelho foi preterido pelo ex-governador Eduardo Campos ao deixá-lo para a vaga de senador e indicar Câmara para a disputa do Palácio do Campo das Princesas.
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