Tópicos | COP27

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu a cidade de Belém, capital do Pará, como candidata do Brasil e da Amazônia para sediar a cúpula climática das Nações Unidas (ONU) em 2025, a COP30.

Essa intenção já havia sido antecipada pelo petista durante a COP27, no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, em novembro passado, mas ainda havia dúvidas se o Brasil candidataria o Amazonas ou o Pará, os dos maiores estados da Floresta Amazônica.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

"O Itamaraty formalizou Belém como cidade que está disputando a candidatura para realizar a COP30", diz o petista em um vídeo divulgado pelo governador do Pará, Helder Barbalho.

"Quero agradecer pelo gesto do governo federal. Belém e o estado do Pará estarão de portas abertas para debater a Amazônia, para discutir o clima no mundo e encontrar soluções", afirma o governador.

A candidatura faz parte do projeto de Lula de recolocar o Brasil em um papel de liderança nos debates sobre o clima, tema minimizado pelo governo de Jair Bolsonaro.

O país já poderia ter sediado a COP em 2019, mas o líder de extrema direita abriu mão de receber a cúpula climática.

A candidatura brasileira para a COP30 tem o apoio do presidente da França, Emmanuel Macron, que disse em novembro que esperava "ardentemente" ver o evento na Amazônia. 

*Da Ansa

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, propôs nesta quarta-feira (16) que a 30ª conferência do clima da ONU, programada para 2025, aconteça na Amazônia brasileira e anunciou a criação de um Ministério dos Povos Originários, ao chegar à COP27 no Egito.

Recebido com aplausos por centenas de pessoas em Sharm El-Sheikh, Lula prometeu uma "luta muito forte" contra o desmatamento da Amazônia, que avançou com grande força nos quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro, e que conversará "muito" com os povos indígenas.

##RECOMENDA##

Vamos "acabar com o processo de degradação que nossas florestas tropicais estão vivendo", disse.

Lula afirmou que o futuro Ministério dos Povos Originários é uma medida de justiça, para que os indígenas "não sejam tratados como bandidos".

Faltando seis semanas para a tomada de posse em 1º de janeiro, Lula iniciou sua agenda diplomática no Egito com encontros com o enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, e com o negociador chinês, Xhi Zhenhua, além de outras reuniões bilaterais.

"O Brasil está de volta", assegurou Lula, de 77 anos. "O Brasil não pode ficar isolado como esteve nos últimos quatro anos, com um governo que não fez nenhum esforço para conversar com o mundo", acrescentou.

Seu discurso aconteceu no pavilhão instalado na COP27 pelo consórcio Amazônia Legal, que reúne os nove estados da bacia amazônica.

A poucos metros de distância estava o pavilhão oficial do governo Bolsonaro, que também mantém uma agenda ativa de atos públicos.

Amazonas ou Pará

Lula declarou que apresentará ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a proposta para que a reunião climática de 2025 "aconteça no Brasil, na Amazônia".

Ele disse que há "dois estados aptos" para organizar o encontro, Amazonas e Pará.

Durante o evento, o governador do estado do Pará, Helder Barbalho, leu uma carta conjunta dos governadores da bacia amazônica, na qual pedem a Lula "maior celeridade na tramitação dos apoios internacionais".

O tema dos apoios internacionais é um dos pontos centrais da participação de Lula na COP27, depois que Noruega e Alemanha, os principais contribuintes do Fundo Amazônia, anunciaram a intenção de desbloquear os fundos congelados desde 2019, devido à política de Bolsonaro.

Convidado pelo presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, Lula chegou na terça-feira (15) no balneário de Sharm el-Sheikh.

Os delegados presentes na COP estão em complicadas negociações sobre a possível criação de um fundo de perdas e danos causados pelas mudanças climáticas.

Kerry, "feliz" 

"Fiquei feliz em encontrar ontem à noite (terça-feira) com o presidente eleito Lula e fiquei animado pela forma como ele falou, para enfrentar o problema de uma vez por todas, para preservar a Amazônia", afirmou Kerry nesta quarta-feira.

"Trabalharemos de forma diligente para alcançar este objetivo ao lado de nossos aliados, Noruega, Alemanha e outros países que estão profundamente comprometidos com isto há muito tempo", acrescentou.

O desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou 75% na comparação com a década anterior durante o mandato de Jair Bolsonaro

Após a vitória de Lula, Noruega e Alemanha anunciaram que estão dispostas a retomar a ajuda financeira para preservar a floresta amazônica no Brasil. O apoio foi interrompido em 2019, pouco depois da chegada de Bolsonaro ao poder.

A Noruega é o maior contribuinte do Fundo Amazônia e, segundo o Ministério do Meio Ambiente do país, há atualmente US$ 641 milhões disponíveis.

Grandes esperanças

Antes de sua chegada, Lula enviou várias figuras de confiança para preparar o terreno, como as ex-ministras do Meio Ambiente Marina Silva (2003-2008) e Izabella Teixeira (2010-2016).

O Brasil concentra 60% da Amazônia, um dos principais "sumidouros" de CO2 do planeta, distribuída em nove países e essencial no combate às mudanças climáticas.

O desmatamento do lado brasileiro, segundo dados oficiais, atingiu o nível máximo em 15 anos no período 2020-2021, devido ao estímulo à mineração e às atividades agropecuárias pelo governo Bolsonaro.

A devastação representa quase metade das emissões de gases do efeito estufa do país, segundo a ONG Observatório do Clima.

Presente no discurso de Lula, a deputada federal eleita e líder indígena Sônia Guajajara fez um apelo ao presidente eleito para "pensar com a população as políticas sociais" do Brasil.

Ela pediu a Lula, em particular, que conclua em seus primeiros meses de governo a demarcação de cinco territórios indígenas.

Marina Silva defendeu com veemência a criação de uma nova Secretaria Nacional para coordenar a ação climática entre vários ministérios e destacou a meta de reflorestamento de 12 milhões de hectares.

A conferência da ONU termina oficialmente na sexta-feira (18).

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, nesta semana, da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP27), em Sharm el-Sheikh, no Egito. Na manhã desta quarta-feira (16), horário da tarde no país africano, o futuro mandatário demonstrou interesse em oferecer o Brasil como sede para a conferência em 2025 e disse que fará a oferta ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). 

[@#video#@] 

##RECOMENDA##

“Não temos que medir esforços para convencer as pessoas que uma árvore em pé vale mais que uma árvore derrubada. Não vamos discutir queimadas e desmatamento só em Brasília, vamos conversar com os prefeitos, ver que recursos são necessários”, acrescentou o petista. 

Também nesta primeira etapa da COP27, Lula participou do ato "Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática". Participaram os governadores Waldez Góes (PDT-AP) Gladson Cameli (PP-AC), Mauro Mendes (União-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO), e Marcos Rocha (União-RO). A comitiva, porém, é bem maior, e conta com nomes como Simone Tebet (MDB-MS), Marina Silva (Rede), Janja, esposa do presidente eleito; e outras participantes. 

Lula foi convidado para a COP27 pelo presidente do Egito, Abdel Fatah al Sisi. Durante dois dias no país africano, ele participa de pelo menos quatro eventos públicos, incluindo um discurso nesta quarta-feira às 12h, além de reuniões com políticos, líderes indígenas e representantes da sociedade civil. 

[@#podcast#@] 

 

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi recebido com aplausos por centenas de pessoas ao chegar nesta quarta-feira no pavilhão brasileiro da COP27.

Lula participa como convidado especial da presidência egípcia da conferência do clima da ONU. Ele deve discursar em um evento com a presença de governadores de estados brasileiros da região amazônica.

O pequeno pavilhão "Amazônia Legal", instalado na COP27 pelos nove estados brasileiros que pertencem à bacia amazônica, estava lotado uma hora e meia antes do início do evento.

O pavilhão não é o oficial do Estado brasileiro, que fica a poucos metros de distância, instalado pelo ministério do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro.

Ativistas, indígenas e muitos jornalistas estavam presentes para ouvir o primeiro discurso de Lula na conferência do clima, momento que gera grande expectativa na COP27.

No local estavam presentes a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e as líderes indígenas Sônia Guajajara e Célia Xakriabá, todas eleitas deputadas federais nas eleições de outubro.

"O Brasil está de volta ao mundo para debater a questão climática", escreveu Lula em sua conta no Twitter, seis semanas antes da posse.

A população mundial ultrapassa 8 bilhões de pessoas nesta terça-feira (15), segundo a estimativa oficial da Organização das Nações Unidas, que considera este "um importante marco no desenvolvimento humano" e um lembrete, em meio à COP27, de "nossa responsabilidade compartilhada de cuidar de nosso planeta".

Para a ONU, “esse crescimento sem precedentes” – havia 2,5 bilhões de habitantes em 1950 – é resultado “de um aumento progressivo da expectativa de vida graças aos avanços na saúde pública, nutrição, higiene pessoal e medicina”.

Mas o crescimento da população também apresenta enormes desafios para os países mais pobres, onde é mais acentuado.

A Terra tinha menos de 1 bilhão de pessoas no século XIX, mas levou apenas 12 anos para crescer de 7 para 8 bilhões. E levará cerca de quinze anos para chegar a 9 bilhões, em 2037, um sinal de sua desaceleração demográfica.

A ONU projeta um “pico” de 10,4 bilhões na década de 2080 e uma estagnação até o final do século.

- Comportamento mais do que número -

O planeta ultrapassa 8 bilhões de habitantes em meio à conferência mundial do clima, a COP27, no balneário egípcio de Sharm el Sheikh.

A reunião volta a evidenciar a dificuldade dos países ricos, maiores responsáveis pelo aquecimento global, e dos pobres, que pedem ajuda para enfrentá-lo, de chegar a um acordo para tentar reduzir de forma mais ambiciosa as emissões de gases de efeito estufa derivadas da atividade humana.

Mas, "embora o crescimento demográfico amplifique o impacto ambiental do desenvolvimento econômico", a ONU enfatiza que "os países onde o consumo de recursos materiais e as emissões de gases de efeito estufa por habitante são maiores geralmente são aqueles onde a renda per capita é mais alta e não aqueles onde a população está aumentando rapidamente".

“Nosso impacto no planeta é determinado muito mais por nosso comportamento do que por nossos números”, disse à AFP Jennifer Sciubba, pesquisadora residente do Wilson Center, com sede em Washington.

- Índia à frente da China -

E é nos países que já apresentam alta concentração de pobreza que o crescimento populacional apresenta grandes desafios.

“A persistência de altos níveis de fertilidade, que impulsionam o rápido crescimento populacional, é ao mesmo tempo um sintoma e uma causa do lento progresso em matéria de desenvolvimento", escreve a ONU.

A Índia, um país de 1,4 bilhão de habitantes, se vai se tornar o mais populoso do mundo em 2023, superando a China. O país deve experimentar uma explosão de sua população urbana nas próximas décadas com megalópoles já superpopuladas e infraestrutura essencial precária.

Em Mumbai, cerca de 40% da população vive em favelas, áreas pobres superlotadas, formadas por habitações precárias e improvisadas, a maioria sem água encanada, eletricidade e saneamento.

Os números globais escondem uma imensa diversidade demográfica. Mais da metade do crescimento populacional até 2050 virá de oito países, segundo a ONU: República Democrática do Congo (RDC), Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia.

E até o final do século, as três cidades mais populosas do mundo serão africanas, Lagos (Nigéria), Kinshasa (RDC) e Dar es Salaam (Tanzânia).

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva realiza neste momento exames de rotina no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, antes de sua viagem para a COP27 no Egito, nesta segunda-feira.

Em 1 hora, seu médico, Roberto Kalil, deverá divulgar um boletim sobre os exames realizados, que ocorrem normalmente a cada seis meses, informou a assessoria do presidente. Na viagem para a conferência do Clima, Lula estará acompanhado da esposa, Rosângela Lula da Silva, o ex-ministro Celso Amorim e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

##RECOMENDA##

A ex-candidata a presidente pelo MDB, Simone Tebet, e o ex-ministro Aloizio Mercadante, não deverão mais viajar para o evento no Egito, devido aos trabalhos que realizam na equipe de transição de governo. Fazem parte também da comitiva de Lula, as ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira, que já estão na COP27.

Depois da COP27, o presidente eleito deve fazer uma visita a Portugal, a convite do primeiro-ministro António Costa, e retornará em seguida ao Brasil.

As relações do Brasil com outros Países foram totalmente fragilizadas durante o governo Bolsonaro (PL) e desde a campanha eleitoral, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), trazia à tona a intenção de reposicionar o Brasil nas relações internacionais. 

Essa disposição do petista foi, inclusive, abordada por ele no último debate antes do segundo turno das eleições. Ele falou que, se eleito, iria visitar outros países na busca de um diálogo para restabelecer as relações. Os Estados Unidos e a França, que têm uma relação fragilizada com Bolsonaro, reconheceram a eleição de Lula rapidamente. Os EUA, por exemplo, fizeram isso 40 minutos após o resultado da eleição, no dia 30 de outubro, quando os primeiros diálogos de Lula com o exterior já foram iniciados. 

##RECOMENDA##

O presidente eleito foi convidado para participar da Conferência das Nações Unidas (COP 27) deste ano, realizada no Egito. O encontro, que terá a participação de 175 países e suas respectivas lideranças mundiais, discute a importância do desenvolvimento e do meio ambiente. Bolsonaro, no entanto, não estará presente neste evento, assim como não esteve na COP 25 e 26. Ele teria se queixado da decisão de Lula de ir ao evento e o chamou de “usurpador”, segundo informou Josias de Souza, do portal Uol. 

De acordo com o doutor em ciência política e professor Antônio Lucena, havia um interesse do mundo em tratar sobre determinados temas com o Brasil, mas a agenda estava empacada com o governo Bolsonaro, que tinha/tem uma política externa baseada na do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Então, questões de negacionismo em relação à pandemia, críticas a políticas de clima, dificuldades de articulação de um lado ao outro fazia parte da política de Bolsonaro. A diferença é que os Estados Unidos são uma superpotência, e o Brasil é uma potência regional que tem algumas dificuldades de projeção internacional”, explicou. 

Para o especialista, essas primeiras articulações de Lula com outros Países são de grande destaque para o Brasil. “É importante para a reinserção do Brasil nos grandes fóruns internacionais, e também ampliar a sua capacidade de diálogo com outros países". 

No discurso oficial de Lula no dia 30 de outubro, quando eleito, voltou a dar destaque às relações exteriores e falou sobre reconquistar a credibilidade, previsibilidade e estabilidade do Brasil diante do mundo. O cientista político Antônio Lucena corroborou e afirmou que a probabilidade de reposicionamento do Brasil é real. Segundo ele, a política externa de Bolsonaro emulada à de Trump não trouxe sequer muitos benefícios ao Brasil com os Estados Unidos além da indicação para a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e o Brasil ter sido classificado como parceiro extrarregional da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). 

“Mas o próprio governo Trump na época restringiu as exportações de aço no Brasil, foi mais duro com relação a uma série de outros combustíveis, o que terminou gerando uma dificuldade de relacionamento com o Brasil e outras portas que poderiam ter sido abertas com outros Países e não foram. O que vimos foi um maior universalismo centrado no pragmatismo, sem repetir os alinhamentos ideológicos que eram puramente de ocasião, mas que não traziam benefícios de ganhos de comércio e coisas dessa ordem para o País”, criticou Lucena. 

O doutor em ciência política destacou a importância de o Brasil ter a própria característica de uma relação cordial e amistosa com a maioria dos Países democráticos do mundo, e observou que algumas relações não são possíveis e podem ficar abaladas. “A gente pode ver, talvez, alguma divergência do Brasil com a Rússia em relação à Ucrânia, mas outros aspectos também podem estar presentes. Com essa nova possibilidade de relacionamento, o Brasil pode, inclusive, trazer recursos para nós. Um exemplo é que, durante a campanha presidencial, Joe Biden disse que haveria a possibilidade de um fundo de 20 bilhões de dólares para a Amazônia. A própria Noruega, que tinha bloqueado o Fundo da Amazônia, vai liberar recursos em 1º de janeiro, quando vai ter o próximo governo”, afirmou, ao mencionar que o Brasil estava com recursos travados “por causa de um comportamento errático do governo Bolsonaro”. 

Ele lembrou, ainda, que Bolsonaro criticava a ideologização das relações internacionais durante a campanha presidencial de 2018 e dizia que seria mais pragmático. “O que aconteceu é que as relações internacionais do Brasil se tornaram extremamente ideologizadas durante o governo Bolsonaro sem, muitas vezes, levar em consideração o aspecto comercial pragmático, que é importante nesse sentido”, salientou. 

Questionado sobre a probabilidade de Lula fazer a mesma política externa feita em 2003, quando foi eleito presidente pela primeira vez, o professor esclareceu que os condicionantes eram outros e que era um novo governo, então, é uma perspectiva difícil de ser trabalhada no momento. “O Brasil vivenciou o superciclo das commodities e isso trouxe muitos benefícios. A gente vai iniciar um período fiscal muito ruim no próximo ano, que está ‘perdido’ pela necessidade do reajuste e reorganização da casa. Então, vamos precisar organizar bem a casa para poder sair à rua e esse é o processo que deve ser observado. Mas é claro que o Brasil deve ter uma política mais pragmática", asseverou. 

O repórter fotográfico do LeiaJá, João Velozo, foi um dos dois brasileiros premiados do #createCOP27, uma competição da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (CPO27), que premiou vários trabalhos sobre mudanças climáticas ao redor do mundo. Os projetos servem de mensagem de que chegou o momento de os governos acabarem com as contribuições à mudança climática. 

A COP27 está sendo realizada no Egito desde o domingo (6), e vai até o dia 18 de novembro. Nomes importantes como o do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e do presidente da França, Emannuel Macron, estarão presentes no encontro.  

##RECOMENDA##

Na produção, o fotógrafo João Velozo mostra o resgate de animais afetados pela seca e pelos incêndios no pantanal brasileiro. Ele chegou a receber uma menção honrosa da Confederação e a sua reportagem está sendo exposta COP27. Você pode conferir a reportagem completa aqui

Velozo contou que a reportagem foi produzida no pantanal Norte, no Mato Grosso, e que durou 12 dias intensos de acompanhamento ao Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD) durante os esforços para atender os animais atingidos pela seca e pelos incêndios que tomaram o pantanal em 2021. 

“A seca fez com que o solo do pantanal se tornasse uma palha seca, o que favoreceu a propagação de incêndios. Logo no começo da transpantaneira, na ponte 3, um grande lago que era de jacarés, secou”, informou. 

[@#video#@]

O fotógrafo explicou que o incêndio fez com que os animais ficassem sem ter para onde ir, já que não tinha mais o lago. “Então, eles se aglomeraram na poça que se formou embaixo da ponte. Muitos morreram de fome e outros, por exposição ao sol. Ao longo dos dias a liderança percebeu que tinha que removê-los de lá e foi montada uma operação inédita no mundo em parceria com o Ibama. Em um dia foram removidos mais de 60 animais para outros rios da região”, detalhou. 

Para João Velozo, o reconhecimento da premiação é importante, sobretudo por ser natural de Caruaru, capital do agreste pernambucano, e uma das regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas, que é o semi-árido nordestino e “poder usar uma plataforma como a COP é uma honra e um privilégio”. 

João lembrou do princípio de tornado que se formou em Bonito, também no Agreste pernambucano, nesta semana, e salientou a necessidade de a população se atentar às mudanças climáticas. “A gente precisa entender que as mudanças climáticas já estão entre nós e de que é o nosso dever enquanto humanidade freá-las. Sinto que esse não é um reconhecimento só ao meu trabalho, mas à urgência de se pensar em respostas que englobem também as populações de Países do terceiro mundo. Nós existimos e precisamos ser ouvidos”.

[@#galeria#@]

Obras de arte sujas de sopa, interrupções de eventos esportivos, bloqueios de estradas: com ações inovadoras, os novos ativistas da desobediência civil instalaram o debate sobre o descaso climático e assumiram o risco de incomodar parte da opinião pública.

Os grupos "Just Stop Oil" no Reino Unido, "Ultima Generazione" na Itália ou "Dernière Rénovation" na França, ou ainda integrantes da Rede A22, presente em 11 países ocidentais e financiada pelo Climate Emergency Fund, estão intensificando suas ações.

Dois militantes colaram no sábado (05) suas mãos em pinturas de Goya, em Madri, e pintaram "+1,5ºC" na parede, referindo-se à meta de aquecimento global estabelecida pela comunidade internacional.

Em Paris, uma dúzia de militantes do Dernière Rénovation bloquearam o trânsito perto do Ministério da Economia francês, enquanto em Toulouse outros ativistas do grupo interromperam um jogo do torneio francês de rugby por cerca de 10 minutos, amarrando-se aos gols.

Já no aeroporto Schiphol de Amsterdã, ativistas bloquearam a área de estacionamento de aviões particulares por três horas.

"Estamos enfrentando o maior episódio de sofrimento e injustiça da história da humanidade e nossa janela de oportunidade está prestes a se fechar", explicou Dernière Rénovation em um manifesto.

Essas ações estão longe de ter apoio unânime, mesmo no campo ambiental.

"O clima merece mais do que esta caricatura idiota", reagiu o ex-candidato ecologista francês Yannick Jadot, após um ataque com sopa ao quatro "Girassóis" de Van Gogh.

- Desespero -

"Há tantas pessoas tentando desacreditar a luta contra as mudanças climáticas, por que quer dar a elas mais munição?", perguntou o cientista político belga François Gemenne.

O acadêmico, que contribui para os relatórios científicos da ONU sobre clima, pediu mudanças nas ações e considerou o ataque às obras de arte como "catastróficas".

"Para os críticos, eu diria o seguinte: se você não gosta do que eles estão fazendo, não pare nas palavras e faça algo que pareça melhor, mais positivo e mais eficaz", disse Rupert Read, professor da Universidade de East Anglia e ex-porta-voz da Extinction Rebellion, outro grupo ambientalista adepto da desobediência civil.

Nessas ações, "o que conta é separar o objeto da ação para dizer: 'Ouça, vamos assumir tudo, até a arte mais sagrada, porque a morte nos espera se não fizermos nada'", comenta Xavier Arnauld de Sartre, geógrafo de Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica.

- Diversificação -

“No curto prazo, tem um alto custo de imagem”, reconhece o acadêmico, “mas, ao mesmo tempo, esses jovens podem querer assumir o radicalismo e fazer os radicais de ontem parecerem pessoas respeitáveis com quem você pode conversar”.

"Há muitos exemplos desse efeito na história", diz Read. "Mas você tem que ter cuidado, as ações também podem ser contraproducentes", aponta e adverte os ativistas: "sempre tentem fazer ações que façam sentido para as pessoas comuns e, se possível, que sejam bonitas".

"Não acho que essas ações causem mudanças de comportamento" na população, opina o sociólogo Stéphane La Branche, de Quebec, mas contribuem para a "diversificação" das formas de alertar sobre a emergência climática.

Diante do perigo e da urgência de agir, até onde vai a desobediência civil?

La Branche teme que seja apanhado por grupos que realizam ações violentas ao lado de não violentos, sob o risco de desacreditar os ambientalistas.

A conferência mundial do clima da ONU foi inaugurada, neste domingo (6), em Sharm El-Sheikh, no Egito, para tentar dar um novo fôlego à luta contra o aquecimento global e seus impactos, pelos quais os países emergentes e vulneráveis exigem compensação financeira, um assunto que estará na agenda de discussões.

"Vamos implementar (nossos compromissos) juntos, pela Humanidade e pelo nosso planeta", declarou o ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Choukri, que preside a COP27, a delegados de todo o mundo.

"Devemos ser claros, por mais difícil que seja o momento atual. A inação equivale à miopia e não retarda a catástrofe climática", afirmou, por sua vez, o presidente da COP anterior em Glasgow, Alok Sharma.

Esta 27ª Conferência do Clima da ONU (COP27) reúne cerca de 200 países durante duas semanas num contexto de catástrofes climáticas: inundações históricas no Paquistão, ondas de calor na Europa, furacões, incêndios, secas... Desastres para os quais os países mais pobres, os mais afetados, reivindicam compensação financeira.

Esta delicada questão de "perdas e danos" foi oficialmente adicionada à agenda de discussões em Sharm El-Sheikh durante a cerimônia de abertura, enquanto até então era apenas objeto de um "diálogo", previsto para durar até 2024.

"Esta inclusão na agenda reflete um sentimento de solidariedade e empatia pelo sofrimento das vítimas de desastres induzidos pelo clima", ressaltou Sameh Choukri.

O chefe da ONU-Clima, Simon Stiell, considerou como "crucial" esta questão de perdas e danos.

- Desconfiança -

"O sucesso ou o fracasso da COP27 será julgado de acordo com este mecanismo de financiamento de perdas e danos", alertou Munir Akram, embaixador do Paquistão na ONU e presidente do G77+China, que representa mais de 130 países emergentes e pobres.

A desconfiança dos países em desenvolvimento é forte, enquanto a promessa dos países ricos e desenvolvidos de aumentar para 100 bilhões de dólares por ano, a partir de 2020, sua ajuda aos países pobres para reduzir suas emissões e se preparar para os impactos ainda não é cumprida.

Acordo ou não sobre um mecanismo especial para financiar "perdas e danos" ou sobre um novo objetivo para os 100 bilhões a partir de 2025, as necessidades de financiamento são contabilizadas em "bilhões de bilhões", segundo Michai Robertson, negociador da Aliança de Pequenos Estados Insulares (Aosis).

Ele considera, porém, impossível sem o setor privado.

As negociações ocorrem num contexto de crise climática cada vez mais premente. A luta pelo clima é uma "questão de vida ou morte, pela nossa segurança hoje e pela nossa sobrevivência amanhã", insistiu perante a COP27 o chefe da ONU, António Guterres.

A conferência "deve estabelecer as bases para uma ação climática mais rápida e corajosa agora e nesta década que decidirá se a luta pelo clima será vencida ou perdida", alertou.

As emissões de gases de efeito estufa devem, de fato, cair 45% até 2030 para termos uma chance de limitar o aquecimento a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial, o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris.

Mas os compromissos atuais dos Estados signatários, mesmo que fossem finalmente respeitados, levariam a um aumento de 5 a 10% nas emissões, colocando o mundo em uma trajetória aumento de pelo menos 2,4°C até o final do século.

Um resultado muito distante do objetivo principal do Acordo de Paris de menos de 2°C em relação à época em que os humanos começaram a queimar combustíveis fósseis (carvão, petróleo ou gás), os grandes responsáveis pelo aquecimento global em grande escala.

Com as políticas atuais, um catastrófico +2,8°C está se aproximando.

"Infelizmente não está à altura do desafio", criticou António Guterres, lamentando que o clima tenha sido relegado ao segundo plano pela pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia, as crises econômica, energética e alimentar.

Nesse contexto, apesar dos compromissos assumidos na COP26, menos de trinta países elevaram suas metas, e a ONU não vê "nenhuma maneira crível" de atingir a meta de 1,5°C.

Mais de 120 chefes de Estado e de Governo são esperados na segunda e terça-feira para uma cúpula que deve impulsionar essas duas semanas de negociações.

Sem o presidente chinês Xi Jinping ou o americano Joe Biden, que passará rapidamente pela COP em 11 de novembro. A cooperação entre os dois principais emissores de gases de efeito estufa do mundo, cujas relações são tensas, é, no entanto, crucial.

Xi e Biden podem, no entanto, se encontrar em Bali na semana seguinte à margem do G20.

A questão do financiamento dos danos inevitáveis já causados pelas mudanças climáticas será abordada na COP27, de acordo com a agenda adotada por consenso neste domingo (6), na abertura da cúpula mundial do clima em Sharm El-Sheikh, no Egito.

Países pobres e vulneráveis, pouco responsáveis pelo aquecimento global, mas muito expostos às suas consequências devastadoras, vêm insistindo há meses para que esta questão de "perdas e danos" seja oficialmente colocada na agenda da COP.

##RECOMENDA##

Os países pobres pedem a criação de um sistema de financiamento específico, enquanto os desastres climáticos se multiplicam em todo o mundo, causando danos que já chegam a dezenas de bilhões de dólares.

No ano passado, durante a COP26 em Glasgow, diante da relutância dos países ricos, decidiu-se criar um quadro de "diálogo" sobre a questão do financiamento de perdas e danos, até 2024.

Mas durante a primeira sessão desse diálogo em junho, os países em desenvolvimento e vulneráveis denunciaram a falta de progresso e exigiram que o assunto fosse oficialmente colocado na agenda da COP27.

Finalmente, foi adicionado à agenda oficial da conferência a discussão de "questões relacionadas a acordos de financiamento em resposta a perdas e danos associados aos efeitos adversos das mudanças climáticas, incluindo o foco na gestão de perdas e danos".

Uma nota esclarece que os resultados dessas discussões não impedirão eventuais ações legais no futuro.

É em particular o medo de se expor a possíveis processos legais que torna os países ricos, em particular os Estados Unidos e a Europa, relutantes em reconhecer especificamente o conceito de perdas e danos.

Eles também acreditam que os "financiamentos climáticos" já possuem mecanismos suficientes para que as "perdas e danos" encontrem um lugar, sem adicionar complexidade.

O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Choukri, que preside a COP27, enfatizou que as discussões na agenda "não dizem respeito a responsabilidade ou compensação" e essas discussões devem se sobrepor às lançadas em Glasgow e visam levar à mesma data de 2024.

"Esta inclusão na agenda reflete um sentimento de solidariedade e empatia pelo sofrimento das vítimas de desastres induzidos pelo clima", continuou ele, agradecendo a todas as partes por sua "flexibilidade" e prestando homenagem aos "ativistas e à sociedade civil" que têm trabalhado durante anos nessa direção.

O chefe da ONU-Clima, Simon Stiell, chamou de "crucial" esta questão de perdas e danos na abertura da conferência.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando