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Uma técnica de tortura em que os dedos das mãos de pessoas encarceradas são fraturados já foi identificada em cinco estados pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Segundo o órgão, a prática foi encontrada a partir da atuação da Força Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), ligada ao Ministério da Justiça. 

Coordenadora do MNPCT, a advogada Carolina Barreto Lemos revelou que o órgão começou a perceber a disseminação dessas ocorrências em locais de incursões realizadas pela FTIP, como Rio Grande do Norte e Ceará. Há registros, ainda, de presos com dedos quebrados em Roraima, Amazonas e Pará. 

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                                                            Presidiários mostram as mãos lesionadas              Foto: Acervo do MNPCT (2019)

“Por óbvio, isso é uma forma completamente ilícita, não é algo que possa se justificar a partir de nenhum viés, não há nenhuma justificativa legal, isso se configura muito claramente enquanto um crime. Um crime de tortura porque é uma forma de castigar, de impor um castigo ilegítimo, injustificado, para além do castigo que é a própria privação de liberdade”, avalia a advogada. Acrescenta que a prática de se fraturar dedos está completamente fora dos padrões de uso proporcional da força. 

Liderada por policiais penais federais, que coordenam os policiais penais mobilizados, a FTIP foi criada para ser empregada na resolução de crises, motins e rebeliões, no controle de distúrbios e no reestabelecimento da ordem e da disciplina nos sistemas prisionais. A força-tarefa foi empregada pela primeira vez no país em 2017, na Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, diante de uma crise que resultou na morte de 26 presos. 

A advogada lembra da declaração de Mauro Albuquerque, apontado por ela como um dos mentores da técnica de quebrar dedos. Ele defendeu a ação durante audiência pública na Câmara Municipal de Natal (RN), em 12 de setembro de 2017, após denúncias de maus-tratos contra presidiários no estado, quando era secretário estadual de Justiça e da Cidadania, conforme consta em relatório produzido pelo MNPCT, em 2019. 

Albuquerque afirmou, durante a audiência, que “quando se bate nos dedos – falo isso não é porque não deixa marca nos dedos não... porque deixa marca – é para ele não ter mais força para pegar uma faca e empurrar num agente [policial], é para não ter mais força para jogar pedra”, aponta o relatório. 

A FTIC não só fazia as intervenções nos momentos específicos de crises, mas realizou também treinamento de policiais penais nos estados, o que levou a uma repetição das ocorrências para além da atuação da própria força, ressalta a coordenadora do Mecanismo. 

“E, com isso, dissemina-se as técnicas para além da sua atuação, a própria técnica de quebrar os dedos. Tanto é que, no fim do ano passado, em novembro, o órgão vai ao Rio Grande do Norte, que era o local que teve treinamento pela FTIP, apesar de a força não estar lá mais naquele momento, e identifica novamente [essa técnica] sendo usada”, relatou Lemos. 

Tortura

Segundo a coordenadora do MNPCT, o uso dessa forma de tortura ainda não foi superado, inclusive porque a força-tarefa continua existindo e atuando, no entanto, com outro nome.

“A equipe não deixou de existir, ela mudou de nome, atualmente está sendo chamada de Focopen, que é Força de Cooperação Penitenciária. Se não me engano, mas completamente ela continua atuando, e, até onde a gente saiba, partindo dos mesmos os parâmetros anteriores”, diz. 

A presidenta do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT) do Ceará, Marina Araújo, confirma que a ação de fraturar os dedos das pessoas no cárcere não se trata de ocorrência pontual no estado e que a prática de tortura nas unidades prisionais cearenses é um fato identificado há alguns anos como padrão sistemático. 

“Tanto quebra-dedos como posições de tortura são identificados, inclusive, como práticas que estão institucionalizadas, como sanções disciplinares que as pessoas internas hoje têm sido submetidas pela Administração Penitenciária a cumprir como procedimento disciplinar”, afirma. 

Em ofício enviado na última quinta-feira (6) ao governo do estado do Ceará, a CEPCT - junto a outras entidades contra a tortura - denuncia 33 casos de tortura no período de um ano (julho de 2022 a junho de 2023), recebidos pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Execução de Medidas Socioeducativas do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. 

“O contexto de tortura foi identificado por diversos órgãos locais e familiares, tem sido denunciado exaustivamente, cotidianamente, e esse cenário já foi documentado e comprovado em diversos relatórios de órgãos inclusive nacionais. Como exemplo, a gente tem um relatório de 2019 do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura que identificou uma série de práticas de tortura e tratamento cruel dentro das unidades prisionais. Este mesmo cenário foi constatado pelo relatório de inspeções do Conselho Nacional de Justiça no ano de 2021”, revela Marina.  

As denúncias do ofício incluem ainda 26 mortes de internos nas unidades prisionais cearenses entre 2019 e 2021, com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); e cinco suicídios de agentes penais cearenses somente no ano de 2021, conforme aponta o relatório da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado. 

Os dados do CNJ - que apontaram as 26 mortes no sistema prisional do estado - são divergentes do que foi divulgado pelo governo, o que demonstra problemas em relação à transparência, segundo Marina.

“Foram identificadas pela Secretaria de Segurança Pública somente quatro mortes no mesmo período analisado pelo CNJ. Então, tem um ponto que é sobre a transparência de dados e sobre acesso à informação de casos de tortura e de mortes nas unidades prisionais que precisa também ser pontuado”, alerta. 

Combate

A coordenadora do MNPCT, Carolina Lemos, salienta que técnicas de tortura de modo geral são muito disseminadas pelo Brasil e que estão estruturalmente presentes na atuação das forças dentro do sistema prisional.

“Elas se repetem, ainda que não tenha tido um intercâmbio direto entre os estados. Então, às vezes o que a gente vê em Minas Gerais vai ter algo parecido com o Amazonas ou Paraná, porque tem uma disseminação dessas técnicas históricas”, analisa. 

Em relação ao combate e prevenção de tortura no país, Carolina aponta que é necessário um controle externo para atingir o objetivo. “É fundamental um trabalho sistemático e qualificado de prevenção dessas práticas por meio da ação fiscalizatória, que é você fazer as visitas não anunciadas, chegar de surpresa nas unidades para ver o que está acontecendo de fato”, salienta. 

Além do controle por meio das Defensorias Públicas e dos Ministério Públicos, ela destaca a importância dos Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura estaduais, além do nacional, que tem a função exclusiva de fazer visitas regulares, produzir relatórios e recomendações para as autoridades. 

Segundo a advogada, a ideia dos mecanismos é que as visitas regulares a espaços de privação de liberdade contribuam para uma mudança na medida em que esses espaços que estão longe dos olhos do público vão ser sujeitos a um olhar externo regular. 

“A natureza preventiva se dá justamente com essa possibilidade de estar sempre sujeito a um olhar externo. É claro que o Brasil é um país de tamanhos continentais, então, mesmo um órgão nacional, ele sozinho não dá conta disso porque não consegue estar tão sistematicamente em 27 unidades da federação”, diz. Acrescenta que é fundamental também que os estados tenham seus mecanismos estaduais, que existem hoje em apenas seis unidades da federação. 

De acordo com essa medida, o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT) do Ceará tem trabalhado pela aprovação de projeto de lei sobre o tema, para criar um Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, um órgão autônomo com peritos especializados para garantir as visitas e a prevenção à tortura em unidades de privação de liberdade no estado. A minuta do projeto está desde 2018 nas mãos do Poder Executivo para que apresente à Assembleia Legislativa, informa o comitê. 

“Outro ponto também fundamental é destacar que somente a instalação de câmeras nos fardamentos de policiais penais não vai resolver o problema. A gente acredita que as condições de apuração e investigação, e também de reparação das vítimas e das suas famílias, bem como a responsabilização, são pontos principais para se garantir”, assegura a presidenta do comitê Marina Araújo. 

Para ela, é importante fortalecer as estruturas de órgãos de fiscalização da atividade policial como a controladoria geral de disciplina, a delegacia de assuntos internos, e essas estruturas precisam estar fortalecidas pelo Poder Executivo, preconiza. 

Governo

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP) informou, em nota, que considera as acusações infundadas e que “repudia a tentativa de ataque coordenado contra as políticas de ressocialização em larga escala da população privada de liberdade do Ceará”. Segundo a secretaria, o sistema recebe visitas regulares de instituições fiscalizadoras, como Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, além de entidades de controle social, e mantém uma Ouvidoria própria, vinculada à Ouvidoria do governo estadual. 

“O sistema prisional do Ceará virou um modelo de referência nacional em vários aspectos, com destaque para a ressocialização e a segurança física e emocional da sua população privada de liberdade. Entre os anos de 2009 até 2019, os presídios cearenses tiveram 210 presos assassinados. Desde que a SAP foi criada em 2019, esse número caiu para duas vidas perdidas de forma violenta, justamente nos primeiros meses de criação da pasta quando houve reação do crime perante a reorganização do sistema penitenciário cearense e assim permanece até hoje”, diz a nota. 

Segundo a SAP, o estado realizou, nos últimos quatro anos, em parceria com a Defensoria Pública do Ceará, mais de 125 mil revisões processuais entre os internos do sistema penitenciário do estado, o que contribuiu para a redução de 30 para 21 mil pessoas em regime fechado. A Secretaria da Administração Penitenciária  diz que foi a maior redução realizada no país.

 

Durante a rotina do home office, o desconforto bate após horas sentado em frente ao computador e aí começa as tentativas de encontrar uma nova posição confortável. O ‘destrave’ repentino quase sempre é acompanhado por estalos das diversas articulações. Seja por movimento voluntário ao se espreguiçar ou involuntariamente, será que o estalo é prejudicial? E de onde vem aquele som? O LeiaJá entrevistou ortopedistas para derrubar alguns mitos sobre o assunto.

"Às vezes a pessoa tá em uma posição que a articulação tá um pouquinho fora do lugar. Então quando você estala é como se a articulação 'entrasse' no lugar", comentou o presidente da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), Dr. Carlos Vicente Andreoli.

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O estalo é decorrente do movimento da articulação a partir do atrito entre dois ossos ou de um osso com o ligamento, por exemplo. Na maioria das vezes, ele é indolor e pode sinalizar certa 'frouxidão' articular, o que resulta na sensação de conforto após a manobra.

Articulações podem ficar grossas?

Esse alívio é ainda maior em casos de retrações ou tensões musculares, acrescentou o ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Dr. Sergio Piedade, que desmistificou que o estalo pode deformar ou engrossar as articulações de forma permanente.

Contudo, pontuou que pessoas mais compulsivas podem sofrer desgaste. "Manobras mais enérgicas podem levar ao estresse capsular ligamentar que leva a entorse e uma resposta inflamatória".

Dr. Andreoli destaca que tornar o estalo um hábito recorrente pode trazer dores à região e um inchaço momentâneo. "Uma pessoa que fica estalando o dedo o dia inteiro, várias vezes ao dia, pode ocasionar o desgaste da articulação gerando uma inflamação, que pode só inchar ou machucar a cartilagem de dentro".

O ortopedista lembra que é importante passar por uma avaliação médica em sinais de estalos dolorosos, pois podem ser um precedente para osteocondromas, um crescimento benigno do tecido que aumenta o atrito entre tendões e ligamentos.

"A gente faz uma radiografia para ver se tem algumas deformidades na articulação, no tecido ou alguma saliência óssea que acaba crescendo", recomendou. Piedade reforça que é importante ficar atento aos desconfortos e realizar alongamentos regulares.

Mas de onde vem o som?

"O jogo entre as estruturas que acaba provocando esse som", frisou Andreoli. O que causa o leve estampido é o resultado do movimento extra de torção. 

Esse movimento aumenta a distância entre as superfícies articulares e reduz a pressão interna da articulação ao gerar o alongamento da cápsula que as reveste, explica o Dr. Piedade, que concluiu que o estalo acaba liberando gases presentes no líquido articular, o sinovial, que eclodem e geram o barulho.

Estalar os dedos não traz benefícios aparentes, mas também não são tão perigosos para o público geral como se é falado. É importante respeitar seu corpo e evitar repetir diariamente, principalmente pessoas mais velhas ou que tenham tendência a desenvolver doenças como reumatismo ósseo.    

Nesta segunda-feira (14), em uma de suas conversas matinais com apoiadores aglomerados em frente ao Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se referiu ao ex-presidente Lula de forma pejorativa. Ele se apoiou na condição física do concorrente para atacá-lo.

"Não é somente aquele pessoal do ‘nove dedos’, não. Tem gente que ficou mal acostumada", comentou Bolsonaro após voltar a se queixar do cargo de Presidente.

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Ele ainda perguntou se algum dos presentes participou da sua 'motociata' em São Paulo, que reuniu milhares de pessoas sem máscaras de proteção no sábado (12). Na ocasião, ele realizou o trajeto com a placa tampada, não usou o capacete adequado e chegou a ser multado por descumprir as leis estaduais de enfrentamento a Covid-19.

Nenhum dos apoiadores disse que participou do evento e ele culpou o governador João Doria (PSDB) pela baixa adesão. “Ele não consegue administrar o estado dele e quer comandar o Brasil”, disse.

Ao receber a digitalização de um exame de ultrassom, a gestante Jemma Houston, de 21 anos, percebeu que a filha fez uma pose inusitada. Mesmo assim, a mãe garante que não se surpreendeu com o registro captado nessa quarta-feira (29) em um hospital da cidade de Paisley, na Escócia.

"Não esperava nada menos", conta a mãe ao revelar que em outros exames a criança já apareceu de pernas cruzadas e de cabeça para baixo. No registro que ganhou repercussão, o feto está com os dedos médio e indicador na frente do rosto, replicando uma das poses mais repetidas nas redes sociais.

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No Reino Unido, o gesto foi recebido como um ato 'rude'. "Ela provavelmente diz algo como: 'deixe-me dormir antes que tenha que enfrentar a vida'", brincou uma usuária do Twitter.

Você sabe onde cada um dos seus dedos dos pés está? Essa pergunta pode soar estranha, mas um estudo surpreendente divulgado nesta segunda-feira na revista Perception sugere que talvez você seja incapaz de fazê-lo.

Faça o teste: peça para alguém tocar dedo por dedo, sem olhar, e tente adivinhar qual dedo é qual. Não fique surpreso se errar - cerca de metade das pessoas que fizeram a mesma experiência foram incapazes de identificar os dedos corretamente.

"A proporção média de acertos para os segundo, terceiro e quarto dedos em humanos saudáveis ​​foi menor do que o esperado" em 57, 60 e 79 por cento respectivamente, explicou à AFP Nela Cicmil da Universidade de Oxford, co-autora do estudo.

O mesmo teste com os dedos das mãos produziu uma precisão de 99 por cento, enquanto que os dedos grandes e pequenos dos pés foram corretamente identificadas em 94 por cento dos casos.

Os testes foram realizados com um grupo de 19 voluntários saudáveis ​​com idades entre 22 e 34 anos, e resultou em algumas descobertas surpreendentes.

Foi muito comum, por exemplo, que as pessoas confundissem o segundo dedo do pé com o terceiro, e o terceiro com o quarto.

Eles também observaram uma ilusão "inesperada": quase metade dos participantes do estudo relataram espontaneamente terem sentido como se um de seus dedos estivesse "perdido".

"Sabíamos que algumas doenças poderiam causar este fenômeno de agnosia (incapacidade de reconhecer certos estímulos), mas as pessoas testadas eram saudáveis ​", disse Cicmil.

A agnosia é uma característica de muitas doenças neurológicas e psiquiátricas. Pacientes com síndrome de Gerstmann (uma doença neurológica) não conseguem distinguir os dedos sem olhar para eles.

Por um lado, se é normal errar na identificação de seus dedos do pé, tais testes não devem ser utilizados para diagnosticar danos cerebrais, apontou a pesquisadora.

E os resultados podem ajudar pessoas que sofrem de outras formas mais graves de agnosia ou imagem corporal equivocada.

"Uma melhor compreensão dos mecanismos cerebrais que levam a erros simples de representação do corpo, como no nosso estudo, vai nos ajudar a entender distúrbios de imagem corporal em casos mais complexos, como a anorexia", afirma Cicmil.

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