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Flagrado negociando com Carlinhos Cachoeira ajuda financeira para sua campanha eleitoral em 2004, o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), negou nesta segunda que tenha favorecido a construtora Delta, mas admitiu a doação de R$ 150 mil do bicheiro para contratar um show do cantor Amado Batista para o encerramento de sua campanha.

O prefeito afirmou que seu comitê teria declarado a transação na prestação de contas à Justiça Eleitoral. "Penso que o comitê tenha declarado porque na ocasião (o show) era permitido e o que mais tinha de especial numa campanha era o show."

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A prestação de contas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não registrou a transação mostrada no vídeo. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram receitas e despesas totais do petista de R$ 503.675,00. Na despesa com cachês de animadores e artistas, o montante declarado é de R$ 50.760,00. Conforme o vídeo divulgado domingo pelo Fantástico, Silvio Roberto, identificado como assessor do prefeito, negociou a transferência de R$ 150 mil em contas pulverizadas. Raul disse que Roberto é apenas um amigo de longa data e que não tem autorização para falar nada em seu nome.

O prefeito disse considerar "ética e sem imoralidade" a negociação com Cachoeira. "É um modelo que o País tem", disse, ao defender que se apresentou como candidato e Cachoeira como empresário. Raul negou qualquer outra doação em valores para sua campanha pelo grupo do contraventor.

No encontro, Raul oferece a Cachoeira "uma série de oportunidades a serem exploradas, no campo imobiliário, transporte e a concessão de água". Contudo, o único contrato conhecido de uma empresa ligada a Cachoeira com a gestão do petista é da Delta, contratada para a coleta de lixo e limpeza urbana.

O prefeito defendeu que ao assumir o governo realizou dispensa de licitação para contratar a empresa Litucera para os serviços de limpeza urbana e coleta de lixo e em seguida realizou a licitação que escolheu a Delta. A empresa foi contratada em 1.º de setembro de 2009, por R$ 71.979.412,42 anuais até agosto de 2010. O contrato é alvo de investigação do Ministério Público Federal, mas o prefeito negou irregularidades na contratação.

O petista garantiu ainda que o encontro mostrado no vídeo foi o único que manteve com Cachoeira. Também garantiu que ficará à disposição da CPI para explicar a relação com o contraventor. "Vou me convidar a depor na CPI, porque na CPI vou ter o inteiro teor da conversa", afirmou o prefeito.

Responsável por assinar o maior contrato da empreiteira Delta no âmbito do governo federal, o da Transposição do Rio São Francisco, o diretor de Relações Institucionais da empresa, Laércio Vieira de Melo Junior, fez doação à campanha do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), nas eleições de 2010, segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É a primeira vez que aparece uma contribuição direta de algum diretor da empresa ao governador do DF. Institucionalmente, a Delta fez repasses ao PT, sem carimbo dos recursos para algum candidato.

A contribuição feita por Melo Junior foi no valor de R$ 1 mil, por meio de um cheque no dia 15 de setembro de 2010. Essa foi a única doação feita pelo representante da Delta nas últimas eleições, de acordo com o TSE.

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Segundo a assessoria de imprensa da empreiteira, a contribuição foi feita em um jantar de adesão à campanha de Agnelo, mas não significaria "doação" ao petista. "Nesses jantares, o ingresso pago é contabilizado como contribuição às campanhas", diz a empresa.

O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, afirma que Agnelo não se lembra do doador. "O governador Agnelo não é amigo e, pelo nome, não se lembra dessa pessoa." Braga afirma que a doação deve ter acontecido de forma voluntária, sem nenhum pedido de alguém ligado à campanha.

Segundo a Justiça Eleitoral, a Delta realizou doações de R$ 2,3 milhões, sempre a comitê partidários, não permitindo a identificação direta do candidato beneficiado. No caso do PT, a doação foi de R$ 1,1 milhão ao comitê nacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Relatório realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU) indica que o Ministério da Integração Nacional usou uma manobra para celebrar aditivos com o consórcio liderado pela Delta Construções no âmbito da Transposição do Rio São Francisco, driblando a regra que proíbe aumento superior a 25% em contratos.

A prática adotada foi a de retirar obras da lista de obrigações da empresa e aumentar o valor unitário dos itens que permaneceram no contrato. O ministério e a empreiteira negam qualquer irregularidade.

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Na visão da CGU, em relatório conclusivo fechado em setembro do ano passado, o ministério pagou mais por menos. "Em outras palavras, foi contratado um montante físico por um determinado valor, e, ao fim, está sendo executado um montante físico menor, por um valor maior", aponta a Controladoria. A mesma prática foi usada pela pasta em outros seis contratos da obra da Transposição, a maior do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e contestada pelo órgão de controle do governo federal.

O contrato da Delta com o Ministério da Integração é o maior da empreiteira com o governo federal, no valor total de R$ 265,3 milhões.

A empresa tem 99,5% do consórcio, que conta ainda com a EIT e a Getel. O contrato original era de R$ 223,4 milhões. Em março de 2010, um aditivo cancelou 23,8% das obras e aumentou em igual montante o valor a ser pago pela pasta. Essa foi a prática criticada pela Controladoria.

Posteriormente, em agosto de 2011, um novo aditivo foi celebrado, aumentando em 18,77% o valor da obra.

Depois das denúncias do envolvimento da empresa com o contraventor Carlinhos Cachoeira, o Ministério da Integração pediu à CGU a realização de uma nova auditoria para decidir se o contrato será mantido ou não. A previsão é que este trabalho só seja concluído no fim de julho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse nesta quarta que poderá haver atrasos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) sob responsabilidade da Delta Construções, após a Controladoria-Geral da União (CGU) declarar a empresa inidônea.

"Se for necessário, temos de pagar esse preço, mas não é esse o desenho original", disse Miriam, após cerimônia no Palácio do Planalto de anúncio de medidas para estimular a economia.

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"Cada um dos contratos será analisado pra ver se há algum problema. Se não houver, as obras continuam normalmente. Se houver, elas (as obras) vão ser substituídas por outra empresa", disse Miriam.

Questionada se isso não poderia encarecer as obras, a ministra respondeu: "Gente, se tiver irregularidade, tem de ser mudado."

Em portaria assinada no último dia 12, o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, declarou a empresa Delta Construções S/A inidônea para contratar com a administração pública.

O processo constatou responsabilidade da Delta nas irregularidades, entre as quais superfaturamento e desvio de dinheiro público, apuradas na Operação Mão Dupla, realizada pela Polícia Federal em conjunto com a CGU e o Ministério Público, em 2010

Antes mesmo da declaração de inidoneidade, obras da Delta já haviam passado por problemas.

Conforme informou o jornal "O Estado de S.Paulo" em maio, após o escândalo do contraventor Carlinhos Cachoeira vir à tona, a construtora demitiu 80% dos seus mil operários de um dos principais canteiros da transposição das águas do Rio São Francisco, no município cearense de Mauriti, encostou os 145 caminhões, escavadeiras e tratores e rompeu contrato com as empresas agregadas, que saíram da cidade sem pagar as contas nas oficinas, lojas de autopeças e imobiliárias familiares.

A prefeitura de Americana, a 126 km de São Paulo, suspendeu as obras do Parque Linear que vinham sendo realizadas por um consórcio liderado pela Construtora Delta, ligada ao contraventor Carlinhos Cachoeira. O município acatou recomendação do Ministério Público Federal (MPF) no sentido de interromper os trabalhos até a apuração de denúncias de irregularidades na execução do contrato. Financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as obras foram licitadas por R$ 74,9 milhões, mas há suspeita de medições excessivas e superfaturamento, conforme divulgou nesta quarta o MPF.

Uma perícia será realizada para avaliar se as obras já realizadas correspondem ao valor pago pelo erário. Além da construção do parque, o contrato previa a canalização de córregos e obras de drenagem na Avenida Brasil. A licitação, aberta em 2010 pela prefeitura, foi vencida pelo Consórcio Parque, integrado pela Delta e pela Construtora Estrutural. As denúncias de irregularidades foram levadas ao MPF por uma comissão da Câmara. De acordo com a comissão, o projeto civil foi alterado à revelia do Ministério das Cidades e o custo estaria 70% acima do previsto. Durante a investigação do MPF, a prefeitura rompeu o contrato alegando atraso superior a 120 dias nas obras.

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O acordo entre a prefeitura e o MPF assegura que as obras serão mantidas no estágio atual, podendo ser executados somente os serviços e as intervenções necessários à segurança da população. A perícia oficial ainda não tem data para ser realizada. A prefeitura alega que a licitação vencida pelo consórcio foi feita de acordo com a legislação e está colaborando com as investigações. Ao MPF, o Consórcio Parque informou ter seguido à risca o contrato até a paralisação das obras.

Suspeita de se beneficiar de uma rede de influência política para abocanhar obras e serviços nas três esferas de governo, a Delta Construções cresceu turbinada por contratos firmados principalmente com administrações do PT e do PMDB País afora.

A empreiteira, segundo documentos em poder da CPI do Cachoeira, declarou à Receita Federal R$ 3,1 bilhões em repasses públicos em 2009 e 2010, dos quais R$ 2,65 bilhões ou 85% vieram de órgãos comandados pelos dois partidos - que se articulam na CPI do Cachoeira para blindar a construtora.

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O cálculo foi feito pela reportagem, com base em informações lançadas pela Delta em seu Imposto de Renda e remetidas à comissão. Mais de 60 clientes públicos, entre órgãos federais, Estados e prefeituras de 15 unidades da federação, contrataram a Delta nos dois anos.

O governo federal e outras instâncias comandadas pelo PT enviaram nada menos que R$ 2 bilhões à empreiteira, segundo as declarações. O grosso saiu de contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (R$ 1,3 bilhão) e o Ministério da Saúde (R$ 124 milhões) - a principal obra contratada pela pasta, para a construção do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), contém sobrepreço de R$ 26 milhões, segundo a Controladoria-Geral da União.

Na esfera federal, também despontam como clientes de peso a Eletrobrás (R$ 47,4 milhões), os batalhões de Engenharia do Exército (R$ 38,6 milhões) e o Ministério da Integração Nacional (R$ 32,8 milhões).

Outros governos petistas carrearam mais R$ 337 milhões à empreiteira, a exemplo do Estado do Pará (R$ 138 milhões), à época sob o comando da então governadora Ana Júlia; e da Prefeitura de Goiânia, administrada por Paulo Garcia.

Pela caneta dos peemedebistas, a Delta recebeu mais R$ 659 milhões em 2009 e 2010, principalmente por meio de prefeituras e do Estado do Rio de Janeiro, cujo governador, Sérgio Cabral (PMDB), é amigo do acionista majoritário da empresa, Fernando Cavendish. A empreiteira informou R$ 538 milhões em valores provenientes de seis órgãos do governo Cabral. A capital fluminense, sob o comando de Eduardo Paes (PMDB), e outros quatro municípios administrados pela legenda enviaram mais R$ 60,1 milhões.

Fora PT e PMDB, governos de mais 10 partidos firmaram contratos com a Delta nos dois anos, no valor de R$ 450 milhões. Em terceiro lugar, aparecem os governos do PSB como os que mais destinaram verbas à Delta: R$ 136 milhões ao todo, a maior parte (R$ 73 milhões) por meio de contratos com o Estado de Pernambuco, berço da empreiteira. Em seguida, vêm as administrações do PSDB, por meio do Governo de São Paulo e da Prefeitura de Duque de Caxias, no Rio, (R$ 129 milhões); e do DEM, responsáveis, até 2010, pela Prefeitura de São Paulo e o Governo do Distrito Federal. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Envolvidos em denúncias de corrupção e fraude em suas empresas, a Delta Construções e o Banco Cruzeiro do Sul, os empresários Fernando Cavendish e Luis Felippe Índio da Costa estão entre as 77 pessoas físicas e jurídicas que serão julgadas amanhã pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no Rio, em processo que investiga negócios supostamente irregulares.

As transações suspeitas ocorreram entre corretoras e o fundo de pensão Prece, dos funcionários da Companhia Estadual de Água e Esgotos (Cedae), estatal de saneamento e distribuição de água do governo fluminense, com contratos futuros negociados na BM&FBovespa.

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As operações, que podem ter gerado perdas de R$ 17,3 milhões ao Prece, foram realizadas entre outubro de 2002 e outubro de 2003. Nos últimos três meses de 2002 a governadora era a atual deputado federal Benedita da Silva (PT-RJ). De janeiro a outubro de 2003 o Estado do Rio era governado por Rosinha Matheus, eleita no ano anterior.

De acordo com o inquérito da CVM, que regula o mercado nacional de capitais, a operação envolvia sete corretoras e distribuidoras: Cruzeiro do Sul CM, SLW CVC, Laeta DTVM, São Paulo CV, Novação, Bônus-Banval Commodities e Liquidez DTVM. Além delas, participaram indiretamente a Quality CCTVM e a Fair CCV, por meio da Cruzeiro do Sul e da Laeta. Também foram acusados, por falta de diligência, administradores e gestoras dos fundos como a Mercatto Gestão de Recursos e o Banco Schahin.

O esquema gerava ajustes diários negativos (perdas) para fundos exclusivos da Prece e ajustes positivos (ganhos) para certos clientes dessas instituições financeiras em contratos futuros de dólar, juros e índice Ibovespa. Alguns investidores eram pessoas próximas ao então gerente de investimentos da Prece, Carlos Eduardo Carneiro Lemos.

Fernando Cavendish teria participado como investidor e obtido ganho contumaz de R$ 529 mil de fevereiro a julho de 2003. Nos negócios intermediados pela corretora Novinvest, de acordo com processo da CVM, "ficou configurada a ocorrência de operações fraudulentas e de práticas não-equitativas" no mercado de valores mobiliários. Desde a segunda metade da década anterior ele vinha, à frente da Delta, participando de empreendimentos contratados pelo governo estadual e pela Prefeitura do Rio.

Índio da Costa é acusado por operações semelhantes realizadas pela Cruzeiro do Sul CM, da qual era o diretor responsável. A lei prevê penas como multa, inabilitação por até 20 anos ou cassação do registro de administrador de carteiras.

O inquérito aponta que o "esquema foi possível porque a especificação dos comitentes finais junto à BM&FBovespa ocorria apenas ao final do pregão, podendo, assim, ser realizada a distribuição dos negócios de acordo com o que se mostrasse mais conveniente". Na prática, as operações eram feitas nas duas pontas (compra e venda)e, ao fim, os clientes das corretoras ficavam com os ganhos, em prejuízo da Prece. A CVM checou a ter 93 acusados no caso, mas firmou alguns acordos com alguns deles para pôr fim ao processo.

Os dois ex-diretores da Delta Construções investigados por envolvimento com a organização do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, movimentaram 785 contas da empreiteira a partir de 1991. Relatório do Departamento de Prevenção a Ilícitos Financeiros do Banco Central revela a frequente atuação de Cláudio Dias Abreu, ex-chefe da empresa no Centro-Oeste, e Heraldo Puccini Neto (Sudeste) sobre ativos financeiros da empresa, inclusive os de sua matriz, no Rio de Janeiro.

Remetido à CPI do Cachoeira, o documento, ao qual o Grupo Estado teve acesso, mostra que Abreu atuou como procurador de 457 contas correntes, poupança e de investimento da Delta, entre 1991 e 2012, abertas em nove bancos. Puccini consta como representante da empreiteira em outras 328, a partir de 1995, em sete instituições. As informações contrariam a tese da empresa de que os dois dirigentes tinham atuação restrita às suas regiões.

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A enorme quantidade de procurações se justifica devido à exigência dos governos federal, estaduais e municipais de que cada obra contratada tenha uma conta específica. E sinaliza que a CPI terá dificuldade para analisar a imensa teia de movimentações financeiras. A comissão quebrou o sigilo bancário dos diretores e da própria Delta. O da matriz foi afastado em 29 de maio, mas, por ora, a maioria das instituições não remeteu as informações.

Criticado na comissão por apresentar dados incompletos, o Banco BMG entregou nesta sexta aos parlamentares mais documentos, aos quais o Grupo Estado teve acesso. A empreiteira mantinha duas contas na instituição, abertas no Rio de Janeiro. Elas, no entanto, eram usadas para recebimento de créditos e transferências a contas da própria empresa.

Entre 6 de fevereiro de 2004 e 18 de abril deste ano, a Delta repassou, em mais de 100 operações eletrônicas, cerca de R$ 300 milhões do BMG às suas contas em oito outras instituições. Procurado pela reportagem, o banco, em nota, sustentou que não faz recebimentos nem pagamentos em espécie e que, no caso da empreiteira, não houve repasses a terceiros. "O BMG jamais se recusou a prestar qualquer tipo de informação que lhe tenha sido solicitada por autoridade competente", acrescentou.

Proibida a partir de agora de assinar novos contratos com o governo federal, após ser declarada inidônea por ato da Controladoria-Geral da União (CGU) publicado nesta quarta-feira no Diário Oficial da União (DOU), a construtora Delta terá seus contratos em andamento analisados um a um dentro de verdadeiro processo de "pente fino". Se as obras estiverem atrasadas ou paralisadas, por exemplo, os serviços também poderão ser suspensos, a critério do administrador público. Porém, se elas estiverem bem encaminhadas, a opção será por seguir com o serviço, para não prejudicar o andamento dos investimentos.

De acordo com as conclusões da CGU, ficou plenamente demonstrado que houve "prática de atos ilícitos materializados no pagamento de diversas vantagens e benefícios indevidos, caracterizados como propinas, atentando contra a necessária idoneidade da referida empresa para contratações públicas". A Delta é investigada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a atuação do contraventor Carlinhos Cachoeira.

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De acordo com levantamento feito em abril pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a Delta tem 99 contratos ativos em serviços de construção e manutenção, no valor total de R$ 2,6 bilhões. Outros 19 estavam paralisados, somando R$ 350 milhões.

Na semana passada, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, comentou que a Delta vinha cumprindo regularmente seus contratos com o DNIT, não havendo razão para suspendê-los. O DNIT faz um monitoramento constante do andamento das obras. A maior parte dos contratos ativos da Delta com o DNIT vence em dezembro.

Por outro lado, o governo havia parado de assinar contratos novos com a empresa desde o final de abril, quando a CGU iniciou o processo que poderia culminar com a declaração de inidoneidade. Como, de fato, ocorreu agora. Desde então, houve licitações em que a Delta saiu vencedora, mas mesmo assim não foi contratada.

O ministro informou também, na ocasião, que o governo tem "plano B e plano C" para o caso de a Delta paralisar ou atrasar as obras sob sua responsabilidade. Havendo problemas, a ordem é iniciar imediatamente uma nova licitação. Dessa forma, serão minimizados os atrasos. A alternativa clássica é chamar o segundo ou terceiro colocado no processo licitatório, mas esses nem sempre têm interesse em assumir a obra, pois o valor do contrato fica defasado.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirmou nesta terça-feira na CPI do Cachoeira que jamais recebeu doação de campanha da Delta Construções. Segundo ele, a empreiteira tem ligações com outros grupos políticos no Estado. O governador disse que, se recebeu recursos da Delta, foi por meio de empresas ligadas ao grupo.

Perillo fez questão de minimizar a influência da empreiteira no Estado. A Delta detém, disse, apenas 4% dos contratos em Goiás. Segundo ele, a Delta recebeu R$ 14 milhões no ano passado e R$ 4 milhões, este ano.

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O governador disse que jamais houve qualquer direcionamento do seu governo à empreiteira. Disse também que o ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB), contratado pela Delta no Estado, não lhe fez qualquer pedido em favor da empresa. Perillo disse, porém, ter sabido que Garcez esteve com pessoas do seu governo, tratando de interesses da Delta. "Não há um ato do governo, que não seja absolutamente regular", afirmou.

O ex-diretor da construtora Delta na região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi libertado da prisão na madrugada deste sábado (9), segundo noticiou a Globo News. A decisão de soltar o empresário foi da juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília. Informações da Polícia Federal dão conta que Abreu estaria envolvido com o esquema de jogos ilegais de Carlinhos Cachoeira.

Segundo o advogado de Cláudio Abreu, Fabrício de Aquino, a liberação do seu cliente do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, aconteceu depois das 2h. A ordem de soltura chegou na noite da sexta-feira (8) ao presídio. Abreu estava recluso no Complexo desde 25 de abril. Contra o executivo pesam suspeitas de corrupção e formação de quadrilha.

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MP - O pedido de soltura do executivo foi contestado pelo Ministério Público. No entanto, a magistrada considerou que a liberdade de Abreu não representa risco à ordem pública, já que ele está afastado da construtora Delta.

Planilha de financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à Delta Construções mostra que a empreiteira recebeu R$ 139 milhões entre 2010 e 2012, período das investigações que deram origem à Operação Monte Carlo. O valor representa mais da metade do total de empréstimos - R$ 249,7 milhões - obtido pela construtora, suspeita de envolvimento com integrantes da organização de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Só no governo da presidente Dilma Rousseff, segundo documentos obtidos pela reportagem, foram mais de R$ 119 milhões, sendo R$ 75,1 milhões em 2011. É o maior valor desde 2001, início das operações financeiras da construtora com o banco.

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Investigada pela CPI do Cachoeira, a empresa teve o sigilo bancário quebrado pelos parlamentares. O valor da dívida da Delta com o sistema BNDES-Finame é de R$ 160,3 milhões, com vencimentos até 2020.

A análise dos dados mostra que, no período em que a Delta irrigou contas de empresas suspeitas de serem de fachada, o BNDES emprestou R$ 20,5 milhões à empreiteira, por meio das operações indiretas. Relatórios da Polícia Federal registram empresas cuja única fonte de renda identificada eram os repasses da Delta. Entre elas estão a Alberto e Pantoja Construções, que recebeu R$ 26,2 milhões, e a Brava Construções, com R$ 13 milhões. Ambas eram gerenciadas por Geovani Pereira, tesoureiro de Cachoeira e operador financeiro do esquema do contraventor, que está foragido.

Os empréstimos feitos pela Delta fazem parte do Finame, linha específica para compra de máquinas e equipamentos. A empreiteira assinou 701 contratos, que variam de R$ 2,1 mil a R$ 4,3 milhões. Mas a checagem do uso do dinheiro, segundo o banco, é feita depois, por amostragem.

De acordo com o BNDES, esse financiamento utiliza recursos do banco repassados por meio de agentes financeiros. A aquisição das máquinas pode ser feita pelo intermediário diretamente com o fornecedor ou por reembolso. A taxa de juros dos contratos da construtora varia entre 4,5% e 15,75% ao ano.

Principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta foi a empresa que recebeu o maior volume de recursos do governo nos últimos três anos. Foram R$ 2,4 bilhões em obras e serviços. A construtora tem mais de 300 contratos com 23 Estados e o Distrito Federal. Além de construção civil, a empreiteira atua em coleta de lixo, concessão de rodovias e construção de linhas de transmissão de energia.

Em nota, a Delta informou que o Comitê Executivo que passou a gerir a empresa decidiu que só voltará a se manifestar publicamente após a resposta da Justiça do Rio sobre o pedido de recuperação judicial. Na segunda-feira, a empresa entrou com a medida para evitar a falência, depois que a holding J&F Participações desistiu da compra da empreiteira, alegando "crise de confiança e credibilidade".

Durante a negociação da venda da Delta para a holding, o governo barrou um requerimento da oposição para convocar o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e representantes das empresas. Os parlamentares queriam obter esclarecimentos sobre a compra com a justificativa de que o frigorífico JBS, uma das principais empresas da holding, recebeu aportes milionários do banco nos últimos anos.

O BNDES afirmou que não iria se pronunciar sobre valores e contratos da Delta. Em relação à dívida, o banco informou que caberá aos agentes financeiros contratados acompanhar o andamento dos empréstimos. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Em sua primeira decisão individual sobre um tema polêmico, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou ontem à noite um pedido da Delta Construções para que fosse suspensa a quebra nacional dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empresa. A quebra dos sigilos foi decretada pela CPI do Cachoeira.

O despacho de Rosa Weber, negando uma liminar à Delta, é um péssima notícia para a empresa, que ontem protocolou um pedido de recuperação judicial.

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Na ação protocolada na semana passada no STF, a Delta argumentou que a decisão da CPI do Cachoeira não foi devidamente fundamentada. Segundo a defesa, a CPI investiga fatos relacionados à atuação da Delta na região Centro Oeste. Por esse motivo, de acordo com os advogados, a quebra de sigilo não deveria atingir toda a empresa, que atua em mais de 20 Estados. A defesa também alegou que a quebra de sigilos envolveu um período muito longo, de janeiro de 2002 a março deste ano.

A crise de confiança apontada pela holding J&F para cancelar a compra da Delta Construções não impediu que a empreiteira ganhasse novas licitações e aditivos em obras por todo o País no mês de maio. Mesmo com um diretor preso, outro foragido, os dois principais executivos afastados, os sigilos fiscal, bancário e telefônico quebrados pela CPI e sob a ameaça de ser considerada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU), a empresa de Fernando Cavendish ampliou seu faturamento no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na Prefeitura do Rio de Janeiro nos últimos 30 dias.

A superintendência do Dnit em Mato Grosso do Sul foi mais longe. No dia 16, homologou o resultado da concorrência n.º 276/2011-19, vencida pela Delta, cujo valor é de R$ 30,9 milhões. O edital estabelece execução de obras de revitalização em trechos das rodovias BR-163, BR-267 e BR-463, mas ainda não há data prevista para o início das empreitadas. O processo de licitação foi iniciado em janeiro e o preço inicial era de R$ 35,4 milhões.

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A Delta ainda faturou novas verbas para obras do Dnit em andamento em outros cinco Estados no mês passado. Anteontem, o Diário Oficial da União publicou extrato com o quinto termo aditivo em favor da empreiteira para a conservação e recuperação da BR-242.

Com valor inicial de R$ 4,4 milhões, o serviço contratado pela Superintendência do Dnit na Bahia em 2008 já rendeu R$ 5,4 milhões à construtora - segundo o Portal da Transparência, do governo federal. Os demais aditivos publicados nos últimos 30 dias foram destinados para obras da Delta no Espírito Santo, Pará, Piauí e Tocantins.

Considerada a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Delta foi a empresa que recebeu o maior volume de recursos do governo federal nos últimos três anos. Foram R$ 2,4 bilhões em obras e serviços nesse período. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os advogados da Delta pediram nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) que suspenda a quebra nacional dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empresa decretada pela CPI do Cachoeira. Para tentar convencer o STF, a defesa sustenta que as investigações da CPI deveriam ficar restritas à região Centro-Oeste.

Na ação, cujo pedido de liminar deverá ser decidido nos próximos dias pela ministra Rosa Weber, os advogados afirmam que a Delta tem mais de 30 mil funcionários atuando em mais de 20 Estados. E, segundo eles, a CPI é destinada a apurar supostas atividades ilícitas do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tido por parlamentares como "o maior bicheiro do Centro-Oeste" e atuante em cinco Estados.

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Além disso, a defesa argumenta que no pedido de quebra de sigilo havia a informação de que Cachoeira era ligado ao então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. "Ou seja, tal requerimento restringia a atuação de Carlos Cachoeira na região Centro-Oeste e abordava suas ligações com um ex-representante da Delta atuante naquele mesmo espaço geográfico", alega.

Os advogados concluem que a quebra dos sigilos não foi devidamente fundamentada já que a CPI investiga fatos de uma região específica, mas determina uma devassa de âmbito nacional. "A citação de reportagens jornalísticas sobre o suposto crescimento do faturamento da empresa Delta, por si só, não é fundamento para se devassar as ligações telefônicas efetivadas pelos 30 mil funcionários da impetrante, sob o genérico e abstrato argumento de que toda a atividade da empresa estaria sob suspeição", completa a defesa.

O executivo que havia sido nomeado para presidir a construtora Delta na época do anúncio de compra pela J&F, há menos de um mês, permanecerá na holding mesmo após a desistência do negócio, garantiu o presidente da J&F, Joesley Batista.

Humberto Junqueira de Farias havia sido nomeado presidente da Delta Construções em 11 de maio. Ele havia passado pela Renuka, companhia indiana do setor sucroalcooleiro, e pelo Grupo Camargo Corrêa.

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A J&F é a holding que controla a empresa de alimentos JBS, a de higiene e limpeza Flora, a de papel e celulose Eldorado Brasil e o banco Original.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), disse na manhã desta quarta-feira que "não teme" a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Delta Construções, aprovada na terça-feira pela CPI do Cachoeira do Congresso Nacional. Foi a primeira vez que Cabral falou sobre o caso desde 27 de abril, quando vieram à tona fotos dele em festas em Paris com secretários estaduais e com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta e seu amigo pessoal.

A empreiteira já recebeu R$ 1,49 bilhão em contratos com o governo do Rio durante a gestão Cabral. As fotos das confraternizações em Paris foram reveladas pelo blog do deputado federal Anthony Garotinho (PR), adversário de Cabral.

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Cabral irritou-se ao ser perguntado por um jornalista se ele temia a quebra do sigilo da Delta. "Por que eu temeria? Acho até um desrespeito da sua parte me perguntar isso. Uma coisa é a relação pessoal que eu tenho com empresários ou não empresários. Outra coisa é a impessoalidade da decisão administrativa. Essas ilações são de uma irresponsabilidade completa, um desrespeito completo com a minha pessoa, com a administração que a gente vem fazendo aqui, com os meus secretários de Estado. Porque os secretários partem sempre da premissa e reconhecem a gestão impessoal que a gente tem feito, da imparcialidade e da autonomia dos secretários. Eu duvido que algum secretário meu diga: `bom, o governador um dia ligou para pedir a nomeação de A, B ou C, ou para influenciar em qualquer decisão administrativa'. Por que eu temeria?".

Cabral disse ainda que não vai se oferecer para ser ouvido na CPI do Cachoeira, como fez o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), nesta terça-feira. "O governador de Goiás tem as razões dele e eu respeito. Há 250 mil gravações e meu nome não aparece em nada. Não é o fato de uma amizade que me levaria a ir em qualquer lugar, mas eu respeito o governador de Goiás e tenho certeza que ele terá a oportunidade de se defender". Cabral participou nesta quarta-feira da inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Alemão, que vai atender cerca de 20 mil moradores dos morros do Alemão e da Pedra do Sapo, na zona norte do Rio.

O empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, não pretende pedir habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF) e nem ficar calado caso venha a ser convocado a prestar depoimento à CPI do Cachoeira no Congresso.

A afirmação é de seu novo advogado, o criminalista Técio Lins e Silva, que passou a representá-lo no início da semana. Ele substitui José Luis Oliveira Lima, que permanecerá como advogado da J&F - holding que está comprando a construtora. "Onde quer que seja chamado, ele comparecerá para prestar a sua obrigação de cidadão, colaborando com as autoridades ou com quem quiser ou com quem estiver investigando em qualquer área ou instância", explicou o advogado. "Esse é o desejo dele".

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Lins e Silva fez questão de informar que, por enquanto, está apenas dando assistência jurídica a Cavendish, pois o empresário "não é alvo de nenhum processo penal, ele não responde a nenhum inquérito policial, ele não é indiciado na CPI. Sobre ele, pessoa física, não há nenhuma acusação. Portanto, ele não precisa de advogado criminal. Mas vou dar assistência justamente para protegê-lo e ajudar a esclarecer as acusações", explicou o advogado.

De acordo com o criminalista, apesar da disposição em colaborar, Cavendish é hoje "uma pessoa combalida". O empresário tem se queixado, inclusive, de ter sido abandonado pelos amigos.

Além de ter se tornado um dos protagonistas do principal escândalo político do momento, desde que a Operação Monte Carlo da Polícia Federal revelou as ligações da empresa com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Cavendish passou por uma tragédia pessoal há menos de um ano.

Um acidente de helicóptero no litoral da Bahia durante as comemorações pelo seu aniversário matou sua mulher, Jordana, e mais seis pessoas. A tragédia tornou pública a relação de intimidade entre o empresário e o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), que acompanhava o empresário nos festejos em um resort de luxo.

A divulgação de fotos de outras festas e jantares de Cavendish e Cabral em Paris e Montecarlo tornou o peemedebista um dos governadores cotados a depor na CPI. "Ele perdeu a mulher e está tendo que cuidar de duas crianças. Também perdeu a empresa, perdeu muitos amigos, que, por incompreensão, se afastam nessa hora. Ele está em condições emocionais muito precárias. É uma pessoa combalida pelos acontecimentos. Mas ele tem uma personalidade muito forte e vai conseguir sair dessa", afirmou Lins e Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Escutas telefônicas da Polícia Federal mostram a preocupação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido) em esconder sua relação com a Delta Construções. Segundo a PF, o parlamentar era uma espécie de "sócio oculto" da empresa. Em 8 de maio de 2011, o senador liga para Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e menciona uma possível doação legal que teria recebido da empreiteira nas eleições de 2010 e demonstra estranhamento e preocupação.

"Eu acho que eles fizeram uma doação oficial para mim", diz, referindo-se à construtora Delta, de acordo com relatório da PF. O contraventor tranquiliza o senador: "Fez não. Você tá doido?!" Demóstenes então completa: "É. Fez não, né? O João Gualberto que me ligou aqui. Se não fez é melhor ainda. Vou dar uma checada nisso." Cachoeira volta a negar a doação. "Fez não, moço." Minutos depois, Cachoeira liga para o senador. "Foi uma outra empresa." Demóstenes comemora. "Ok. Beleza. Maravilha."

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A apreensão é tanta que o contraventor liga novamente após dois minutos. "É uma usina de álcool. Uma usina não sei o quê", diz. Aliviado, o senador responde que agora é hora de trabalhar para segurar qualquer investigação no Congresso. "A semana vai ser quente, mas depois esfria."

A prestação de contas apresentada pelo senador ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que ele recebeu R$ 390 mil de cinco usinas de álcool.

A conversa ocorreu durante uma crise envolvendo a empreiteira após reportagem da revista Veja, que abordava contratos de consultoria da Delta Construções com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT). Os parlamentares da oposição cobravam a presença de Fernando Cavendish, então presidente da Delta, no Congresso. As escutas da PF mostram que Demóstenes cumpriu a promessa e atrapalhou o andamento das apurações e preservou a Delta, a pedido do contraventor.

Orientação

Depois de conversar com o senador, Cachoeira liga para Cláudio Abreu, então diretor da Delta Centro-Oeste, e passa orientações. "Tá triste, Cláudio? Levanta a cabeça. Passa. Demóstenes ligou e falou que a imprensa nacional está atrás dele. Fala para o Fernando (Cavendish) que o Álvaro Dias (senador do PSDB) vai pedir a convocação dele, mas que não tem. O máximo que sair é convite. Ele vai se quiser, (fala) que é para ele não se preocupar." E completa: "A oposição vai subir em cima. Ele (Demóstenes) quer que a Delta se adiante. Põe uma nota amanhã cedo, na parte da manhã. O mais rápido possível para não dar muita moral para esse fato. Não alastrar".

Nesta terça, Demóstenes prestará depoimento no Conselho de Ética do Senado para apresentar sua versão. O script de sua defesa está traçado: a intenção é destacar sua biografia técnica, contribuições nas comissões temáticas, passando ao largo das declarações polêmicas. O senador pretende, ainda, ressaltar os votos obtidos em Goiás e se deter nos argumentos levantados pelo relator do caso na comissão, senador Humberto Costa (PT-PE). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A CPI do Cachoeira decidiu nesta quinta-feira adiar a tentativa de votação da quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico da matriz da Delta Construções e do pedido de convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

A decisão contou com o apoio em peso dos parlamentares do PSDB, do PT e do PMDB. Prevaleceu o entendimento da maioria de que a votação dos requerimentos será o primeiro item da pauta da CPI, na próxima terça-feira.

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Os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Kátia Abreu (PSD-TO) foram os que mais pressionaram, sem sucesso, para votar hoje os pedidos, logo após os depoimentos do ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) e de auxiliares do contraventor Carlinhos Cachoeira, Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e Jairo Martins de Oliveira.

"Dos depoimentos que virão, só iremos ouvir o silencio", afirmou Randolfe Rodrigues. "Temos que avançar na quebra de sigilo (da Delta)", disse. "Nós começamos a perceber aqui dentro a bancada da Delta", afirmou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), ao questionar a votação dos colegas.

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