A campanha eleitoral tem difundido diversos debates nas redes sociais. A disputa entre hashtags favoráveis e contrárias ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), criadas a partir da repercussão do marcador #elenão, segue mobilizando volume expressivo de publicações no Twitter de acordo com um estudo divulgado, nesta quarta-feira (26), pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
De acordo com o levantamento, entre 12 de setembro, quando os primeiros tuítes sobre o assunto surgiram, e a última segunda (24) foram aproximadamente 1,6 milhão de menções. As hashtags mais usadas foram: #elenão (1 milhão), #elenunca (390 mil) e #elesim (283,9 mil).
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Para o estudo, a FGV DAPP agrupou hashtags que se aproximavam discursivamente e observou sua evolução ao longo do período. De acordo com o divulgado, o primeiro grupo inclui os marcadores #elenão, #elenunca, #elejamais, #elenãoelenunca, #elemente e #nothim (e suas variações). Em conjunto, elas mobilizaram cerca de 1,2 milhão de postagens, ou seja, 75% do total monitorado.
A hashtag #elenão iniciou a partir de uma mobilização de mulheres contra a candidatura de Bolsonaro, como a criação do movimento no Facebook que repercutiu no Twitter. Com o passar dos dias, no entanto, a hashtag e suas variações começam a apresentar novos funcionamentos. Em alguns momentos, chegam a ser utilizadas por apoiadores de Bolsonaro, em expressões como “#elenão é corrupto” ou “#elenão é ladrão”, subvertendo a narrativa crítica anterior. Segundo o estudo, o pico de menções ao grupo de hashtags foi registrado no domingo (16), foram utilizadas em pouco mais de 8,3 mil tuítes por hora. O crescimento tem relação com o ataque à página contrária a Bolsonaro no Facebook, naquele fim de semana, atribuída a apoiadores do candidato.
Apoio de artistas
A partir do dia 17, começa a ganhar repercussão o uso das hashtags deste grupo por artistas, como as atrizes Deborah Secco e Leandra Leal e a cantora Pitty. O envolvimento de figuras públicas de fora da política no debate mobilizou entre os usuários do Twitter a expectativa de que outros artistas se posicionassem na disputa entre o #elesim e o #elenão. Exemplar desse movimento, a cobrança pela manifestação de Anitta tomou proporções expressivas. Apenas um dos marcadores de crítica ao silêncio da cantora — #anittaisoverparty — foi utilizado 214,2 mil vezes no período analisado, com pico em 19 de setembro.
A adesão da cantora ao #elenão, no último domingo, e a divulgação do posicionamento de outros artistas, além de postagens sobre as manifestações contra Bolsonaro convocadas para o próximo sábado (29) e sobre resultados de pesquisas de intenção de voto estão relacionados à tendência de crescimento de menções verificada na segunda-feira (24).
#Elesim, #elesnunca: as hashtags de apoio a Bolsonaro
A resposta dos perfis de apoiadores do candidato Jair Bolsonaro, a princípio timidamente organizada como focos de resistência dentro da própria hashtag #elenão, encontram novos marcadores a partir do dia 13 de setembro. Neste grupo, foram consideradas as hashtags: #elesim, #elesim17, #elesnunca, #elesnão #elesempre e #elasnão (e suas variações).
Logo no primeiro dia, as publicações mais retuitadas com tais hashtags davam conta da própria mobilização com o objetivo de “subir” a hashtag #elesim. Ou seja, eram tuítes que pediam a adesão à hashtag para fazer oposição ao marcador #elenão. Também surgem comparações entre Bolsonaro e Ciro Gomes, questionando quem seria o machista entre os dois. A hashtag #mulherescomBolsonaro é recorrente e a crítica ao grupo oposto — o das mulheres contra Bolsonaro — notabiliza-se, posteriormente, pela hashtag #elasnão, utilizada principalmente a partir do dia 23.
Dois picos de referências a este grupo de hashtags foram verificados no período de análise. O primeiro, em 14 de setembro, motivou cerca de 2 mil tuítes por hora. O segundo pico, registrado na última segunda (24), foi ainda mais significativo, com média de 2,5 mil tuítes por hora.
Além das referidas hashtags, ganhou destaque, nesta terça-feira (25), um outro marcador: o #elesimeno1turno, que já havia mobilizado 75,2 mil tuítes até as 14h. A hashtag reúne posts de apoio ao candidato do PSL e publicações que contestam o resultado da pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope e que mostra uma aproximação entre Bolsonaro e Fernando Haddad.
*Com a FGV-DAPP Diretoria de Análise de Políticas Públicas