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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) descartou, nesta segunda-feira, 2, a possibilidade de instituir imposto sobre grandes fortunas, tabelamento de preços ou aumento de carga tributária no Brasil.

"Alguns querem que eu taxe grandes fortunas no Brasil. É um crime agora ser rico no Brasil. Alguns querem que se aumente a carga tributária, que se tabele preços. Nós somos aquilo que nós produzimos", disse em discurso na cerimônia do lançamento do programa Água nas Escolas.

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Apesar das afirmações contra o aumento de impostos, a proposta de reforma tributária apresentada pelo Planalto prevê cobrança de 20% sobre lucros e dividendos, o que incidiria sobre os ganhos de empresários e acionistas do País.

Um dia depois da marcha organizada pelo Movimento Brasil Livre em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff chegar ao Congresso Nacional será a vez dos grupos oposicionistas que compõem a Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos se reunirem nesta quinta-feira, 28, com políticos de oposição. Eles exigirão, entre outras coisas, a rejeição à taxação de grandes fortunas e impostos sobre heranças, pautas que não constavam entre as reivindicações dos grupos que foram às ruas em abril e maio nos protestos anti-Dilma.

Atualmente tramitam 12 projetos na Câmara neste sentido. As propostas são ventiladas pelo governo para ajudar no esforço de equilibrar as contas e podem entrar no pacote de ajuste fiscal.

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O principal grupo da "Aliança" é o Vem Pra Rua, que é fundado por grandes empresários e executivos do mercado financeiro. O grupo se recusou a participar da marcha que saiu de São Paulo a Brasília e apoia a iniciativa do PSDB de entrar com uma ação penal contra a presidente em vez de pedir o impeachment, como defende o MBL.

No material de divulgação do encontro, o Vem Pra Rua informa que a pauta da reunião é a revisão dos pleitos da Carta do Povo Brasileiro, documento entregue pelo grupo aos parlamentares de oposição em abril. A versão antiga do texto não constava a rejeição à taxação das grandes fortunas e imposto sobre herança.

No mesmo informe, distribuído nesta quarta à imprensa, o Vem Pra Rua informa que 40 grupos fazem parte da Aliança. No entanto, ao menos dois deles ouvidos pelo Estado - o Acorda Brasil e o Quero Me Defender - afirmaram que não estão na frente.

"Colin (Buttfield, um dos líderes do Vem Pra Rua) me ligou e pediu para eu participar, mas resolvi ficar longe de tudo. Estou sabendo por você que eles têm essa proposta (de pedir a rejeição da taxação a grandes fortunas)", o líder do Quero Me Defender, Cláudio Camargo.

A Aliança também pede o "desinhchaço" da máquina administrativa e defendem o projeto do PMDB, patrocinado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que prevê a redução do número de ministérios.

Em conversa com o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, informou que está em estudos e deve ser enviado em breve ao Legislativo um projeto alternativo à proposta de taxação de grande fortunas. O encontro ocorreu esta semana no gabinete de Renan e contou com a participação de um pequeno grupo de senadores da base aliada.

O modelo em estudos pela equipe do ministro é o adotado pelos ingleses, em que há uma tributação sobre as heranças. Conforme antecipou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o governo estuda a criação de um imposto federal para taxar a renda dos contribuintes obtida por meio de doações e heranças e outros tipos de transferências que não envolvam a venda de ativos. É uma forma de ampliar a base de tributação no País e atingir contribuintes com renda mais elevada. Para ser aprovada, uma medida desse tipo exigirá mudança na Constituição Federal, por meio de emenda constitucional e dois turnos de votação.

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A pressão para se criar um projeto de taxação de grandes fortunas entrou em pauta pelas mãos de integrantes da cúpula do PT, que tentam dissipar o desgaste com o ajuste fiscal proposto pelo Palácio do Planalto. As medidas anunciadas pelo governo atingem benefícios trabalhistas e previdenciários, o que poderia provocar rusgas com a base sindical, onde o partido detém grande parte do eleitorado. A tributação sobre as heranças seria uma forma de também dividir com "o andar de cima" o ônus dos ajustes.

No encontro com os senadores, Levy também pediu orientação sobre o envio da proposta que reduz o benefício fiscal de desoneração da folha de pagamentos. No início do mês, o presidente do Senado, Renan Calheiros, devolveu a Medida Provisória que tratava sobre o tema. Na avaliação dos senadores presentes no encontro, a matéria deve ser enviada por meio de um Projeto de Lei com pedido de urgência com o mesmo texto da MP.

Dessa forma, o governo demonstraria uma postura "assertiva" sobre o tema. Os parlamentares ressaltaram, entretanto, que durante a discussão no Congresso a proposta deverá passar por mudanças não sendo aprovada da forma como foi encaminhada pelo Executivo.

Divisão

O ministro Joaquim Levy também demonstrou, na reunião com Renan, preocupação com a divisão das comissões mistas que irão tratar das Medidas Provisórias que contém o ajuste fiscal.

A previsão inicial era de que os colegiados fossem instalados ainda esta semana, quando seriam iniciadas as discussões de seis MPs que contêm mudanças em questões econômicas, entre elas a 664 e 665, que tratam dos ajustes nos benefícios trabalhistas e previdenciários. Também havia a previsão da instalação da MP 670, que prevê o reajuste escalonado da tabela do Imposto de Renda (IR).

Sem acordo, o início dos debates foi adiado. Um dos motivos do impasse, segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), é a possibilidade de a relatoria da MP do IR ficar com um partido de oposição, o PSDB.

"Pelo critério de divisão das relatorias, a medida provisória do Imposto de Renda ficaria com o PSDB. Mas o PMDB se comprometeu com o ministro Levy que iria relatar. Vamos tentar negociar com o PSDB", afirmou o Broadcast Político o senador Humberto Costa. "Se o PSDB for relatar, não vai levar. Vamos apresentar um pedido de preferência na comissão para votar o texto original da MP", ressaltou o petista.

No encontro de Levy e senadores, uma outra divisão das comissões foi apresentada. Nela a presidência do colegiado da MP do IR ficaria com o PT da Câmara e a relatoria com um partido da base aliada do Senado.

Salário mínimo

Durante a reunião, Levy recebeu uma ligação e após desligar o celular informou aos presentes que o governo contará com mais tempo para negociar o projeto que amplia a atual política de valorização do salário mínimo para as aposentadorias. Segundo Levy relatou, as discussões devem voltar a acontecer apenas no próximo mês de abril. O texto foi aprovado em plenário na última terça-feira, 10, mas ainda não foram analisados os destaques. O governo é contra a proposta. O impacto anual estimado aos cofres públicos com a medida é de R$ 2,5 bilhões.

As constantes idas ao Congresso para negociar propostas de interesse da área econômica têm rendido ao ministro a alcunha de novo "líder do governo". O cargo no Senado está vago desde o início das atividades no Legislativo em razão da falta de indicação de um nome por parte do PMDB. Na última terça-feira, Levy também foi a campo e negociou diretamente com os parlamentares proposta que trata do Imposto de Renda. Na ocasião, o ministro cedeu e concordou com um reajuste de 6,5% na tabela do IR deste ano para as faixas de renda menores, ou seja, para quem ganha menos.

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