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O combate à fome no Brasil é o principal desafio para as políticas de desenvolvimento social do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, aponta relatório do Grupo de Transição (GT). O país tem 33 milhões de pessoas em situação de grave insegurança alimentar, conforme o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19. Para reverter esse quadro, o GT aposta na reorganização e na recomposição orçamentária das políticas de transferência de renda, de programas nutricionais e na oferta de serviços sociais.

Em 21 de dezembro, foi promulgada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição que garante a continuidade do pagamento de R$ 600 para as famílias beneficiárias do Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família. O governo eleito terá R$ 145 bilhões para além do teto de gastos, dos quais R$ 70 bilhões serão para custear o programa de transferência de renda, que terá um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos. A validade desses gastos extra-teto é de um ano.

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Na avaliação do Grupo de Transição, a implementação improvisada do Auxílio Brasil desarranjou o sistema de transferência de renda que funcionava há quase 20 anos. “Em razão de sucessivas mudanças, o programa perdeu o foco, tratou de maneira igual os desiguais e levou milhões de pessoas para filas nas portas dos serviços socioassistenciais”, indica o relatório. 

Entre os pontos críticos, estão as mudanças nas condicionalidades relacionadas à saúde e educação para recebimento do benefício. “O total de crianças menores de sete anos com acompanhamento vacinal passou de 68% em 2019 para 45% em 2022”, exemplifica.

O relatório também alerta para a necessidade de revisão do Cadastro Único para Programas Sociais, que tem apenas 60% dos dados atualizados. “O Cadastro também está desfigurado: das cerca de 40 milhões de famílias inscritas, 13,9 milhões compõem arranjos unipessoais”, diz o documento. De acordo com o GT, isso afeta não só a concessão do Auxílio Brasil, mas também a de outros programas que utilizam o cadastro, incluindo programas de transferência de renda de estados e municípios. 

Ainda sobre o Auxílio Brasil, o GT revela que R$ 9,5 bilhões de empréstimos consignados foram concedidos para beneficiários do programa e também do Benefício de Prestação Continuada (BPC) às vésperas da eleição.

“Essas pessoas terão até 40% do valor de seu benefício comprometido, mesmo que não permaneçam no programa. A medida, claramente eleitoreira, vai na contramão das políticas de proteção social, colocando em risco benefícios futuros”, critica o texto.

O documento destaca ainda a necessidade de retomar a atuação coordenada entre os ministérios “para promover o desenvolvimento social com redução da pobreza e das desigualdades e a erradicação da fome no país”. 

Orçamento

O relatório aponta que o orçamento de 2023 do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) teve redução de 96% na comparação com o de 2022 - que já era menor do que o de 2018. Estão previstos R$ 50 milhões no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). 

Segundo os analistas, o valor não é suficiente para cobrir um mês de funcionamento dos equipamentos de proteção básica e especial e das unidades de acolhimento. “Há risco real de paralisação do SUAS”, diz o texto. Além disso, eles lembram que a rede física é praticamente a mesma de 2016 e a oferta de serviços socioassistenciais encolheu apesar do quadro de empobrecimento do país. 

“A rede SUAS está sobrecarregada, com sistemas administrativos defasados, alta rotatividade de profissionais e baixos salários, ao mesmo tempo em que ocorre um aumento da demanda pelos serviços socioassistenciais.”

Órgãos colegiados

O GT Desenvolvimento Social relata que a maioria das alterações dos programas de transferência de renda e dos serviços socioassistenciais foi feita sem pactuação com órgãos colegiados, como o Conselho Nacional de Assistência Social e a Comissão Tripartite. “Houve grande fragilização da relação com estados e municípios”, assinala o texto.

Sobre a política de segurança alimentar e nutricional, o grupo analisa que houve “um completo desmantelamento”. “O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) foi desativado e a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan) não teve nenhum papel relevante durante todo esse período”, diz o documento. 

Outros programas

O GT pontua que houve aumento das pessoas em situação de rua nas grandes e pequenas cidades, mas, apesar disso, os Centros Pop estão concentrados em cidades de grande porte e há insuficiência de equipes no Serviço Especializado em Abordagem Social.

O tempo médio para concessão do BPC passou de 78 para 311 dias, segundo levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU). A fila de espera tem mais de 580 mil pessoas. 

O Programa Cisternas, que atende famílias com tecnologias sociais de acesso à água, contabiliza menos de mil cisternas entregues em 2022. Anteriormente, mais de 1 milhão de famílias foram beneficiadas.

Já o Programa Fomento Rural, por sua vez, teve “orçamento reduzido e desvios de função”, segundo o relatório. O GT critica a adoção de mecanismos de compra ineficientes para a aquisição de cestas básicas e acrescenta que há um “passivo enorme de prestação de contas, a partir de 2023”. 

Equipamentos públicos de segurança alimentar, como restaurantes populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos, centrais de distribuição de alimentos da agricultura familiar, têm recursos irrisórios para 2023. 

Um segundo mandato para Justin Trudeau ou uma mudança rumo ao conservador Andrew Scheer? Os canadenses votam nesta segunda-feira (21) para decidir quem formará o seu próximo governo, em eleições legislativas cheias de suspense.

Os primeiros centros de votação abriram em Terre-Neuve e Labrador, no leste do país, às 11h GMT (8h de Brasília). O Canadá tem seis fusos horários e os últimos eleitores votarão no oeste (Colúmbia Britânica) até 02h00 GMT de terça-feira (23h00 desta segunda no horário de Brasília).

Os primeiros resultados, porém, são esperados a partir das 23h GMT (20h de Brasília) desta segunda-feira.

Um total de 27,4 milhões de canadenses estão registrados para definir os 338 legisladores. Se os resultados das pesquisas forem confirmados, a votação encerrará a maioria absoluta garantida por Trudeau desde a sua vitória em 2015.

Após 40 dias de campanha, os dois grandes partidos que se alternam no poder desde 1867 terminam como começaram: em empatados nas intenções de voto, algo que não era visto em décadas, de acordo com analista.

As pesquisas mais recentes dão aos liberais de Trudeau (centro) entre 31% e 34% das intenções de voto e aos conservadores (direita) entre 32% e 33%.

De acordo com as projeções, estes números não permitirão que nenhuma das principais formações supere a barreira dos 170 assentos que garantem a maioria absoluta.

No domingo, com voz rouca depois de participar de dezenas de comícios, Trudeau defendeu um segundo mandato: "Precisamos de um governo progressista forte que una os canadenses e lute contra as mudanças climáticas, não uma oposição progressista".

- Fator juventude -

Em caso de governo minoritário, o futuro primeiro-ministro, liberal ou conservador, deverá ter o apoio de partidos menores para obter a maioria na Câmara dos Comuns.

Formações como o partido Novos Democratas (NPD) de Jagmeet Singh, terceiro nas pesquisas (20%), ou os independentistas do Bloco de Quebec, liderados por Yves-François Blanchet, serão fundamentais.

Último grande partido na disputa, os Verdes de Elizabeth May transmitiram sua mensagem de urgência climática, embora a questão ambiental tenha sido uma das dominantes nos debates.

Aos 47 anos, Trudeau não tem mais a vantagem da juventude - já que Scheer e Singh têm 40 anos - nem da novidade, fatores que o levaram ao poder em 2015 contra o conservador Stephen Harper.

Além disso, o líder liberal termina seu mandato afetado por vários escândalos. Sua popularidade caiu após um caso de interferência política em um processo judicial e pela publicação de fotos dele fazendo blackface.

Ao longo da campanha, Trudeau defendeu sua gestão: economia sólida, legalização da maconha, imposto sobre o carbono, acolhida de milhares de refugiados sírios, acordos de livre comércio assinados com a Europa e Estados Unidos e México.

Por sua vez, Scheer prometeu retomar o equilíbrio orçamentário e reduzir os impostos com um objetivo simples: "devolver o dinheiro aos bolsos dos canadenses".

O jovem conservador, pai de cinco filhos e formação católica, também tentou compensar sua imagem opaca com uma série de ataques contra Trudeau. Mas não escapou da polêmica: por sua hostilidade pessoal em relação ao aborto, a revelação tardia de sua dupla cidadania canadense e americana ou suspeitas de que ordenou uma campanha contra seu rival Maxime Bernier.

Os ministros do futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, reúnem-se nesta quinta-feira (27) em Brasília. Serão duas etapas de reuniões: inicialmente para capacitação e outra ministerial. A segunda reunião, a ministerial, será no gabinete de transição, que funciona no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Antes pela manhã, haverá um encontro na Escola Nacional de Capacitação Pública (Enap), utilizada com freqüência para cursos destinados a funcionários graduados da União.

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O ministro extraordinário da Transição, Onyx Lorenzoni, confirmado para a Casa Civil, deve coordenar as atividades. Não foram divulgados os temas nem detalhes sobre os participantes.

As reuniões ocorrem a cinco dias da posse de Bolsonaro, no próximo dia 1º de janeiro de 2019. A expectativa é que o presidente eleito e sua família desembarquem em Brasília no sábado (29) já para se preparar para as cerimônias.

Bolsonaro passou o feriado do Natal na Restinga da Marambaia, região litorânea do Rio de Janeiro. A previsão é que ele retorne ainda hoje para a capital fluminense.

A ex-senadora Marina Silva (Rede) afirmou que a cultura indígena está ameaçada com o que chamou de “visão retrógrada” do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL). Em publicação no Twitter, Marina disse que querer transformar índio em branco desrespeitoso.

“A cultura indígena brasileira infelizmente está ameaçada por uma visão retrógrada que permeia a maioria do futuro governo”, salientou Marina. “Essa lógica de querer transformar os índios igual aos brancos ou eliminá-los é um sinal claro de negação do processo civilizatório de respeito à diferença”, complementou a ex-candidata a presidente pela Rede.

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Marina fez o comentário após a pastora e advogada Damares Alves ser anunciada como titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. A pasta ficará responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Para se ter uma ideia, a futura ministra é fundadora do Movimento Atini - Voz Pela Vida, uma organização que se apresenta com a missão de "promover a conscientização e a sensibilização da sociedade sobre a questão do infanticídio de crianças indígenas".

O Ministério Público Federal no Distrito Federal denunciou a instituição em 2015 por “manifestações de caráter discriminatório à comunidade indígena" em um filme que eles divulgaram e trata do infanticídio indígena. Os procuradores pedem que a ONG seja condenada a pagar R$ 1 milhão.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) quer dialogar com o futuro governo sobre a situação do pacto federativo e outros assuntos que impactam nas contas das prefeituras. Entre as reivindicações dos municípios, está a liberação de recursos para dar andamento a obras paradas.

Segundo o presidente da entidade, Glademir Aroldi, a União deve aos municípios cerca de R$ 35 bilhões, referentes ao chamado “Restos a Pagar”, sendo que 80% dos pagamentos pendentes são de obras paralisadas. “Não é uma cobrança, eu estou querendo discutir com o governo para encontrar uma alternativa, talvez não iniciar novas obras sem concluir as obras que foram iniciadas”, disse Aroldi.

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O presidente da CNM disse que um dos gargalos são as obras de creches que em muitas cidades foram iniciadas e não finalizadas. A entidade já entregou a situação destas unidades para o Tribunal de Contas da União e os tribunais dos estados.

“Obra paralisada foi um recurso investido e como a obra paralisou, não conseguiram concluir. Quem está sofrendo com isso é a população brasileira, é sinônimo de desperdício de dinheiro público”, disse Aroldi.

Pacto federativo

A entidade destaca que o maior interesse do movimento municipalista neste momento é a regulamentação do pacto federativo, que expressa as competências e obrigações de cada ente da federação. A CNM também quer discutir a questão dos recursos necessários para cumprir as obrigações municipais.

A entidade sugere ao novo gestor que adote o modelo “fundo a fundo”, em que os recursos são depositados diretamente para a prefeitura, sem a intermediação de ministérios ou outras instituições do governo. O objetivo é flexibilizar e dar agilidade ao processo de aplicação dos recursos. Aroldi adiantou que a equipe de Bolsonaro se mostrou favorável a esta mudança.

“Nós precisamos discutir a federação como um todo e acho que a Confederação tem muito a contribuir com o futuro governo. E deste espaço de diálogo que precisamos ter para discutir todos os assuntos”. Na área da educação, a preocupação da CNM é com relação à continuidade do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). A política, que conta com uma parte de recursos da União, foi implementada em 2007 e vence em 2020. Em muitos municípios, o fundo é a principal fonte de recursos para manter os serviços de educação, principalmente para pagamento de pessoal. 

Saúde

Na área da saúde, o desafio é colocar em funcionamento várias unidades de pronto atendimento (UPAs). Aroldi explica que a abertura deste tipo de equipamento da saúde depende de critérios, como manter médico 24 horas, que em muitos casos o município não consegue custear sem apoio do estado ou da União.

Durante a campanha eleitoral, a CNM se reuniu com a assessoria de Jair Bolsonaro para apresentar as principais demandas dos municípios. Desde o primeiro turno, foram feitos cinco encontros com os assessores de Bolsonaro. As sugestões também foram apresentadas à campanha de Fernando Haddad (PT). A expectativa é que a confederação volte a se reunir com a equipe do presidente eleito na próxima semana.

O recuo da cotação do dólar para níveis próximos a R$ 3,50 começa a preocupar a equipe do vice-presidente Michel Temer. A avaliação é que, abaixo desse valor, alguns produtos brasileiros perdem competitividade no mercado internacional. Dessa forma, fica em risco o processo de recuperação das contas externas iniciado no ano passado.

De janeiro a abril deste ano, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 13,249 bilhões, ante déficit de US$ 5,059 bilhões em igual período de 2015. É fato que esse desempenho se deu mais pela queda das importações. Mas as exportações ensaiam uma reação. Neste ano, os volumes de vendas de produtos básicos avançaram 23%, a de produtos semimanufaturados avançaram 15,7% e os manufaturados, 12,7%.

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"Há uma certa inquietude entre os exportadores, porque o câmbio a R$ 3,50 não dá o mesmo ânimo exportador quanto o câmbio a R$ 4", comentou o ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) Roberto Giannetti da Fonseca. Ele tem colaborado com o PSDB na elaboração de propostas para a área.

As exportações são vistas, pela equipe de Temer, como um pilar para a recuperação da economia. Foi por essa razão que o vice-presidente convidou o senador José Serra (PSDB-SP) para comandar um Ministério das Relações Exteriores vitaminado, que teria a parte comercial fortalecida com a migração de parte da estrutura do que hoje é o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

O restante seguiria para o Ministério do Planejamento e a pasta seria extinta. Essa ideia, porém, enfrentou resistências das entidades representativas da indústria, de forma que Temer agora está reavaliando a mudança.

Os exportadores sabem que o governo não poderá, de imediato, garantir um dólar mais favorável a eles. Isso porque o Banco Central precisa aproveitar a cotação menor para perseguir outros dois objetivos: buscar um alívio na inflação e tentar desmontar operações de swap cambial, que ameaçam impor prejuízos bilionários ao Tesouro Nacional.

Feito isso, haveria espaço para um eventual governo Temer operar uma flutuação cambial "mais livre e confiável". Só então, avalia Giannetti, os exportadores poderão esperar uma valorização gradual do real ante o dólar, para a faixa dos R$ 3,80 a R$ 4.

Reintegra

Para garantir a competitividade das exportações brasileiras nesse período, o governo poderia elevar as alíquotas do Reintegra, sugeriu Giannetti. Esse programa garante às empresas um ressarcimento pelos resíduos tributários existentes nas exportações.

Hoje, a alíquota é 0,1% das vendas, o mínimo previsto em lei. O ideal seria retornar a alíquota para 3% ou, dependendo do produto, 5%.

Com isso, o governo estaria corrigindo uma "frustração" imposta às empresas exportadoras quando, em outubro do ano passado, a alíquota caiu de 1% para 0,1%.

Segundo Giannetti, essa redução ocorreu de forma abrupta e surpreendeu as empresas, que já haviam fechado negócios contando com um ressarcimento maior. "Do jeito que está, o valor restituído do Reintegra é menor do que o custo de calculá-lo", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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