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Enquanto as articulações seguem nos bastidores, as eleições para o Governo de Pernambuco se aproximam em um cenário ainda em aberto. Há 15 anos no poder, o PSB busca eleger mais um candidato, entretanto esbarra na falta de renovação. Já a oposição até conseguiu se renovar nos municípios, mas não conseguiu se unificar para o projeto de 2022. Em entrevista ao LeiaJá, a cientista política Priscila Lapa analisou a condição dos principais concorrentes ao pleito.

A eleição de 2020 revelou novos gestores e reafirmou o apoio de outros nomes fortes em seus respectivos colégios eleitorais. Priscila lembra que o eleitorado contemplou candidatos com um perfil mais jovem e discurso mais atualizado, e com bom trânsito entre o meio político e o empresarial. O resultado das urnas dá indícios da preferência dos pernambucanos para 2022.

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Diferente de 2018, quando Paulo Câmara foi reeleito pela falta de concorrência, para a próxima disputa, o PSB chega apagado. “Esse vazio de renovação de lideranças é muito comum em partidos que ficam muito tempo no poder, porque você acaba tendo a reeleição, que acaba tendo a continuidade do projeto político, mas ao mesmo tempo você envelhece a legenda, como aconteceu com PT e PSDB no âmbito nacional”, recorda.

Até então, o nome cotado pela sigla é de Geraldo Julio, ex-prefeito do Recife e atual secretário de Desenvolvimento Econômico do estado. Sem carreira política, em um primeiro momento, seu perfil 'político-gestor' até agradou, mas a nova conjuntura pede visões mais atuantes. “Ele não é um político bom de cena, e nunca foi. Passou oito anos na Prefeitura, que diga-se de passagem não foi uma gestão desastrosa”, sugere a especialista, que o enxerga como uma 'figura apagada' após deixar o comando da capital com uma avaliação negativa.

“Fazer Geraldo Julio emplacar vai ser um trabalho árduo para o PSB, porque ele tá longe de ser um nome péssimo, mas também não é um bom nome ao mesmo tempo”, indica. Para Priscila, o partido precisa reconhecer seus erros e melhorar a estratégia se quiser chegar competitivo em 2022. “O PSB foi muito identificado por políticas de Segurança, de Educação, e hoje, qual a grande bandeira do partido? Isso não tá claro”.

De olho no Interior

As principais ameaças para a atual gestão vêm do Interior. No Sertão, o prefeito de Petrolina Miguel Coelho (MDB) foi reeleito com mais de 76% dos votos, a melhor avaliação entre as grandes cidades do Nordeste. Nas costas, o apoio da família em Brasília, além dele preencher os requisitos de renovação, ampla capacidade de gestão para oxigenar a cena empresarial e ter "certo alinhamento conservador. Ainda que não seja o perfil do eleitorado pernambucano".

Contudo, outros fatores podem atrapalhar a construção do seu palanque. “O grupo político a que ele pertence tá muito longe de ser uma unanimidade. Pelo contrário, é um grupo extremamente controverso, sobre o qual respinga muito conflito político. O próprio Fernando Bezerra Coelho [senador e pai do prefeito] é alguém que veio de outra linha, muda de lado, não é um político muito agregador do ponto de vista de alianças locais”, pontuou a estudiosa.

Ela lembra sua distância do contexto metropolitano e o desconhecimento prático dos problemas da capital, que podem dificultar sua campanha, junto com as recentes operações da Polícia Civil, que identificaram desvios milionários nos recursos federais da Educação em Petrolina, nos últimos cinco anos.

De Caruaru, no Agreste, Raquel Lyra (PSDB) ganha força com um perfil semelhante ao de Miguel. Mulher, jovem e com gestão bem avaliada que conferiu a reeleição no 1º turno, a tucana também tem boa relação em Brasília, mas deve esbarrar na dificuldade de apoios para sustentar sua campanha por questões partidárias. “Também tem esse desafio de ser profundamente identificada com o interior, mas isso pode ser equalizado com a figura de um vice e outros nomes de apoio. É preciso começar a construir essa imagem mais metropolitana a partir de hoje”, indica.

Aliança PT e PSB

Com fôlego renovado após as anulações dos processos contra Lula, o PT pode se apoiar na narrativa de 'injustiçado' para emergir no cenário. “Não vejo o PT como carta fora do baralho, ele tem sua pujança eleitoral também. Agora, no âmbito estadual virou um caos desde a definição da candidatura de Marília Arraes”, disse a cientista. A candidatura da deputada à Prefeitura do Recife resultou em uma ruptura interna e a campanha contra o primo João Campos (PSB) foi marcada por um embate de 'ativação de emoções negativas'.

Vale destacar que a política é pragmática e, recentemente, Paulo Câmara surgiu como possibilidade de vice candidato do ex-presidente Lula à Presidência. Um movimento de reaproximação das siglas rachadas no âmbito estadual. “Essa aproximação só é possível com Humberto Costa ou outra liderança mais alinhada com Humberto. Ele agora vai ganhar protagonismo participando da CPI da Covid e isso pode fazer com que ele seja o nome do PT para uma aliança com o PSB ou candidatura própria”, destaca.

Outros nomes correm por fora, mas ainda têm tempo de preparação. Conhecido como "alguém que sempre tem esses voos", o deputado Daniel Coelho (Cidadania) sofre com a falta de apelo entre as camadas mais populares. "É um nome que tem um apelo e uma identificação com determinado perfil do eleitorado, mas tem dificuldade em uma visão mais majoritária”, acredita.

O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), também figura a disputa pelo seu bloco político e diante da reeleição com boa votação, apesar de não ter sido a esperada.

Ele é sustentado pela pauta evangélica, que pode perder o fôlego no cenário político até as eleições de 2022. “A chegada dessa agenda evangélica na política brasileira é irreversível. Para sempre ou por um bom tempo ela vai integrar esse espaço de representação, mas outros temas e acontecimentos se tornaram relevantes e podem ofuscar essa pauta de cunho evangélico e aí um candidato com identificação com esse seguimento pode não ser suficiente”, complementou Priscila.

 

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