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A vitória de João Doria nas prévias do PSDB para disputar a Presidência da República em 2022 lançou ainda mais pressão política e dúvidas sobre os próximos passos de dois ex-presidenciáveis do partido, Aécio Neves e Geraldo Alckmin. Rivais de Doria, ambos se opuseram à ascensão do governador de São Paulo e, derrotados internamente, se veem agora com pouco espaço de poder, às voltas com especulações de que deixarão o partido.

No tucanato, as alas aecista e alckmista trabalharam majoritariamente pelo triunfo de Eduardo Leite, governador gaúcho suplantado por Doria nas prévias. Aécio e seus aliados rejeitam a debandada, apesar do ambiente hostil e das cobranças por expurgo. Mas Alckmin pode ter sua decisão precipitada.

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Aliados dizem que não há mais condições de ele permanecer na legenda. Ele já conversava com partidos de centro-direita, como o PSD, e até de esquerda, como o PSB, sendo considerado peça-chave no xadrez eleitoral das disputas pelo Palácio do Planalto e pelo Palácio dos Bandeirantes.

O PSDB concluiu suas prévias inéditas com mágoas não cicatrizadas e desentendimentos explícitos. Um cenário de "união" pregado pela direção nacional é visto como distante para integrantes da velha guarda do PSDB. Durante os últimos meses, a troca de farpas mais dura foi protagonizada por Doria e Aécio - identificado pelo entorno do governador como incentivador da rebeldia da bancada bolsonarista no PSDB da Câmara.

Doria já defendeu publicamente a expulsão do mineiro por causa das suspeitas de corrupção no caso JBS. Aécio reagiu. Ele acusou o rival de liderar um projeto pessoal e disse que o PSDB correria risco de se tornar um "partido nanico" com a candidatura do governador de São Paulo à Presidência.

Influenciado por Aécio, o diretório de Minas Gerais apoiou Leite, que se vencesse poderia ter fortalecido o poder atualmente exercido por Aécio de forma discreta na sigla. Com o cenário oposto, sua influência no partido pode se ver fragilizada. Mesmo diante desse quadro, o mineiro nega a possibilidade de deixar o PSDB.

A posição foi reafirmada neste domingo (28), por um de seus aliados, o presidente da sigla em Minas e deputado federal, Paulo Abi-Ackel (MG). Ao Estadão/Broadcast Político, Abi-Ackel afirmou que "nenhum de nós" pensa em sair do PSDB. "E sei que posso falar pelo ex-governador Aécio Neves. Não cogitamos deixar o PSDB, até porque fomos nós que o construímos ao longo dos últimos 30 anos", afirmou o deputado.

Embora ninguém cogite hoje que Aécio atue na campanha de Doria, seus aliados calculam que o agora pré-candidato do PSDB precisará do apoio de Minas para pacificar o partido e evitar defecções na rota das eleições. Abi-Ackel também reforçou o desafio que Doria terá nos próximos meses para demonstrar ter "condições de liderar uma candidatura viável na terceira via" nos próximos meses. "A bola está com ele", disse o deputado, para quem a ala de apoio a Eduardo Leite "de certa forma" se sente vitoriosa com os 45% de votos conquistados pelo gaúcho nas prévias.

Um dos temores correntes entre aliados de Doria é que seus inimigos na legenda trabalhem para que o PSDB desista de ter candidato próprio a presidente. Questionado se o êxito de Doria na eleição interna concretizaria a candidatura própria, Abi-Ackel indicou que ainda há muitas discussões internas ao longo da fase pré-eleitoral e destacou o protagonismo da seção de Minas Gerais.

"Vamos imaginar que Doria seja capaz de unificar o partido e tornar-se viável. Para isso, Minas será fundamental, porque provamos ter força, unidade e entusiasmo com o partido. Demos para Eduardo quase 100% dos votos de filiados, militantes, prefeitos e vices, vereadores, deputados. Foi uma bela demonstração de força", disse.

Já para o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, a definição de Doria como pré-candidato deve selar seu destino fora do PSDB. Alckmin guarda o desejo de concorrer mais uma vez ao Palácio dos Bandeirantes no próximo ano, a contragosto de Doria. O atual governador apoia os planos eleitorais do vice-governador Rodrigo Garcia, egresso do DEM, e queria forçar uma disputa de primárias locais, o que Alckmin rejeita. Alckmin foi padrinho político de Doria, mas sofreu o que considera um processo de "traição" ao ver Doria tentar disputar o Planalto ainda em 2018, furando a fila tucana, e depois apoiando Bolsonaro na mesma campanha, quando Alckmin naufragou.

Aliados apostam que não existem mais chances de Alckmin permanecer no partido e que ele deve seguir para outro para viabilizar sua candidatura ao governo de São Paulo. Alckmin, que encabeça a corrida eleitoral em São Paulo de acordo com pesquisas eleitorais, já flerta com alguns, como o PSD, de Gilberto Kassab.

O União Brasil, fusão do DEM com o PSL, também entrou na disputa para abrigar o ex-governador. Recentemente, ele passou a ser cortejado para uma aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Seria filiado ao PSB e disputaria como candidato a vice-presidente. Apesar de já ter declarado que se sente "honrado" com o aceno petista e até elogiado Lula, algo que provoca ruídos no tucanato, a composição é considerada improvável por alckmistas.

Doria tem sido cauteloso ao falar sobre ambos. Ele tem elogiado a trajetória política do ex-governador e neste domingo citou as incertezas sobre a permanência do tucano na legenda. "Resta saber qual seu destino. Se for ficar no PSDB, será muito bem-vindo e será respeitado nos seus objetivos, obviamente, na dimensão que possui como homem público", disse em entrevista na CNN. Sobre Aécio, o governador de São Paulo se esquivou de comentários. A reportagem tentou contato com Aécio, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Alckmin também não retornou.

Sempre com uma postura aparentando firmeza, o presidente do Brasil Michel Temer (MDB) falou sobre o tratamento recebido com xingamentos durante visita, na terça-feira (1), no local do desabamento de um prédio no centro de São Paulo. O presidente disse que “não se incomodou minimamente” com as hostilidades sofridas.

O emedebista argumentou que, como estava na capital paulista, não teria como não visitar a área. “O mal seria eu não revelar a autoridade de presidente, temeroso de uma ou outra hostilidade, que sempre é negativa e não é útil. Acho que o país precisa tomar critérios de educação cívica, mas eu não me incomodei minimamente com isso”, disse após participar de um almoço no Itamaraty. 

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Temer chegou a dizer que sabia que, indo até o local da tragédia, passaria por alguma agressão. “Eu sabia que indo lá teria alguma hostilidade, mas eu não me incomodei. Eu fui lá, fiz declarações à imprensa, já havia falado com o ministro da Integração Nacional, já havia ligado pro Ministério das Cidades, coloquei-os todos nesta questão e, portanto, não tem problema nenhum”. 

O presidente ainda ressaltou que determinou que as famílias atingidas tivessem "toda a assistência necessária". 

Provocações, xingamentos e agressões físicas. A tradicional rivalidade entre torcedores brasileiros e argentinos tem ganhado contornos de hostilidade nestas Olimpíadas. O Portal LeiaJá conversou com alguns hermanos, após o jogo com o tenista argentino Juan Martín Del Potro, no Parque Olímpico, onde dois torcedores chegaram a trocar socos e pontapés.

Os amigos Elio Pinchila e Juanca Zanira lamentam a reincidência destes tipos de agressões. “Estávamos ontem na partida de futebol entre Argentina e Argélia e nos atiraram copos, além dos tradicionais xingamentos, como maricón”, disse Juanca. Para ele, o comportamento de alguns torcedores brasileiros não combina com o espírito olímpico.

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O casal Paolo e Patricia Verino também se queixaram da falta de respeito dos ‘brazucas’. “Muito hostil. Se eu venho com a bandeira da Argentina, eu venho torcer pela Argentina, não contra os outros. Isso já aconteceu algumas vezes aqui no Rio. Não gostamos”, afirmou Patricia, em concordância com o companheiro.

Há, porém, aqueles que veem com naturalidade a rivalidade exacerbada. “É normal, é uma rivalidade divertida e até engraçada. Os torcedores argentinos são muito barulhentos, assim como os brasileiros”, disse Matías Suárez. 

Com as galerias da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) cheias de aliados ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), o deputado estadual Edilson Silva (PSOL) foi vaiado ao chegar na Casa para participar da audiência pública promovida pela Frente Parlamentar em Defesa da Segurança Pública na manhã desta sexta-feira (6). 

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Ao contrário dos trâmites rotineiros da Alepe, Edilson Silva não foi convidado para participar da Mesa, mas foi citado pelo presidente da audiência, deputado Joel da Harpa (PROS), e vaiado novamente na citação. Além dele, membros da União Estadual de Pernambuco (UEP) que também estão no local são recriminados a cada tentativa de intervenção contrária.

Como presidente da Comissão de Direitos Humanos e um dos criadores da Frente, Silva disse em plenário que "discordava e combatia veementemente o retrocesso histórico" e pontuou que Bolsonaro é bem vindo a Pernambuco como pessoa, mas as suas "ideias e pregações não".

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"Enquanto democrata que sou, humanista e libertário vou continuar lutando para que o senhor Bolsonaro tenha todo o direito de defender suas ideias. Lamentavelmente ele prega um regime político onde as pessoas não têm direito de defender suas ideias. Ele prega a volta da Ditadura Militar", explanou ao som de vaias.  

Enquanto discursava, os adeptos a Bolsonaro ficaram de costas para a tribuna. "Somos contrários às pessoas que utilizam a liberdade e a democracia para fazer apologia ao estupro. Os que estão de costas para a Tribuna, estão de costas para a República", disparou.

Ao afimar não querer atrapalhar o trabalho da Frente, Edilson disse que deixaria o plenário da Casa. Ao sair, o deputado precisou ser escoltado pela segurança da Alepe.

 

O secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi hostilizado nesta sexta-feira, 2, de novo, num restaurante da capital paulista. Padilha teve de deixar o local às pressas, sob os gritos de "ladrão". Ele estava acompanhado de um funcionário da Prefeitura, quando foi reconhecido e alguns clientes começaram a tratá-lo hostilmente.

Um vídeo, gravado por um cliente, mostra Padilha deixando o local sob gritos. Um homem grita "Vai chorar para o Lula, vai beijar a mão do Lula" e é aplaudido por outros clientes. O secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo fala com os manifestantes, mas não é possível ouvir o que ele diz.

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O caso aconteceu no restaurante Aldeia, no Jardim Paulista, na zona oeste da capital. Um dos sócios do local, Antônio Siqueira, disse ter achado "uma falta de respeito" dos frequentadores. "Não gostei do modo como a turma o tratou. Foi uma falta de respeito, de educação, ele não tem culpa do que está acontecendo no País", disse.

Siqueira afirmou que o Aldeia é frequentado por políticos, que Padilha já teria ido ao estabelecimento outras vezes e que nunca havia tido dificuldades como esta. "Eu pedi desculpas a ele e o agradeci porque ele foi muito calmo, agiu muito bem diante dessa situação." De acordo com o sócio do restaurante, Padilha tentou explicar para os manifestantes que a atitude deles estava errada.

Em nota, o secretário de Saúde da Prefeitura afirmou que repudia qualquer manifestação de ódio e intolerância e que, no momento em que foi hostilizado, havia parado para almoçar ao lado do Complexo Regulador da Saúde Municipal, onde tinha uma reunião às 14 horas. "Posturas como essas apresentadas no vídeo, de pessoas que querem expulsar do convívio social quem pensa e age diferente delas, só me animam a continuar o trabalho a favor de quem mais precisa e a defender programas como o Mais Médicos, que beneficia mais de 70 milhões de brasileiros", disse no comunicado.

Restaurante de luxo

Não é a primeira vez que Padilha é hostilizado em público. Em maio, quando almoçava no restaurante Varanda Grill, nos Jardins, zona sul da cidade, um dos clientes, o advogado Danilo Amaral, se levantou, bateu com uma faca num copo de vidro e chamou atenção do salão inteiro para a presença dele.

"Queria saudar, aqui, hoje, dizer a vocês que temos a presença do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que nos brindou com o programa Mais Médicos, da presidente Dilma Rousseff, responsável pelo gasto de R$ 1 bilhão que nós, otários, pagamos até hoje." Foi aplaudido. Padilha até tentou rebater, mas foi ofuscado pelos aplausos.

Ter sentimentos de agressividade, cinismo ou hostilidade com relação aos demais pode dobrar os riscos de sofrer acidente vascular cerebral (AVC) em pessoas da meia idade ou adultos mais velhos, revelou um estudo divulgado nesta quinta-feira (10).

O estudo, publicado no periódico Stroke, da Associação Americana do Coração, também revelou que a depressão e o estresse excessivo aumentam o risco de derrame. Para fazer a pesquisa, mais de 6.700 adultos com idades entre 45 e 84 anos responderam a questionários sobre seu estado mental e comportamento.

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Essas pesquisas avaliaram estresse crônico, depressão, raiva e hostilidade nestes indivíduos durante dois anos. Os indivíduos não reportaram doenças cardíacas no início do estudo. Os menores níveis foram relacionados a uma incidência menor desses sintomas. Eles foram acompanhados entre 8 e 11 anos, um período no qual 147 tiveram AVC e 48, ataques isquêmicos transitórios (AITs), um bloqueio temporário do fluxo sanguíneo no cérebro.

Os cientistas descobriram que os indivíduos com os maiores níveis de hostilidade - medidos pela avaliação das expectativas cínicas de uma pessoa a respeito das motivações dos demais - foram mais de duas vezes mais propensos a sofrer AVC ou AIT, em comparação com aqueles que têm níveis mais reduzidos.

De forma similar, taxas elevadas de sintomas depressivos representam um risco 86% maior e os cronicamente estressados corriam um risco 59% maior de sofrer AVC ou TIA.

De forma surpreendente, a raiva não foi associada com qualquer risco maior de derrame. O estudo incluiu uma mistura ampla de indivíduos caucasianos, afro-americanos, hispânicos e asiáticos.

As associações entre a psicologia e o risco de AVC se manteve mesmo depois que os cientistas consideraram fatores como idade, raça, sexo, comportamento de saúde e outros fatores de risco conhecidos de AVC.

"Dão muita ênfase em fatores de risco tradicionais - níveis de colesterol, pressão sanguínea, tabagismo e assim por diante - e estes realmente são muito importantes, mas estudos como este mostram que as características psicológicas são igualmente importantes", disse a principal autora do estudo, Susan Everson-Rose, professora associada de medicina na Universidade de Minnesota, em Mineápolis.

"Em vista do envelhecimento da nossa população, é importante considerar estes outros fatores que podem representar um papel no risco da doença", destacou.

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