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O governo americano quer negar a residência permanente aos imigrantes que se beneficiam de políticas públicas como tíquetes-alimentação, ou auxílio-moradia - informou o Departamento de Segurança Interna no sábado (23).

Na campanha eleitoral de 2016, o presidente Donald Trump prometeu dificultar a imigração para os Estados Unidos, assim como reduzir o número de concessões de "green cards" no país.

O DHS explicou que, sob a nova proposta, ser um atual, ou ex-receptor, de certas ajudas sociais será considerado "um fator de peso altamente negativo" para considerar uma solicitação de "green card", o visto de residência permanente nos Estados Unidos.

"A regulamentação proposta instrumentará uma lei aprovada pelo Congresso que busca promover a imigração autossuficiente e proteger os recursos finitos, assegurando que não se tornem cargas para os contribuintes americanos", afirmou a secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen.

Hoje, já se pede aos imigrantes que se candidatam ao "green card" que provem que não serão "uma carga pública".

A nova norma inclui um amplo espectro de benefícios não monetários que poderiam contar negativamente, como tíquetes-alimentação, auxílio-moradia e descontos em receitas médicas para população de baixa renda.

De acordo com o DHS, a norma afetaria pouco mais de 382.200 imigrantes que solicitam "green card" todo o ano.

Desembarcam nesta quinta-feira (20), às 14h,na Base Aérea do Recife, uma nova família de imigrantes venezuelanos. Composta por três pessoas- um homem, uma mulher e uma criança de 4 anos - o grupo se junta aos outros 99 imigrantes refugiados no Estado de Pernambuco. 

Ao chegarem, serão levados para alojamentos em residências geridas pela ONG Aldeias Infantis, em Igarassu, que já abriga dois outros grupos de venezuelanos. A hospedagem tem estrutura para acolher 10 pessoas em cada quarto e possui sete casas com cinco dormitórios cada.  

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A chegada da família foi retardada, em relação ao grupo que chegou na última terça-feira (18), por conta da capacidade da aeronave. 

Por Lídia Dias

Quase uma centena de venezuelanos partiram de Lima em direção a Caracas neste sábado, em um retorno atípico financiado pela gestão do presidente venezuelano Nicolás Maduro e que as autoridades peruanas descreveram como "operação de propaganda" do governo venezuelano para tentar encobrir a crise humanitária que o país sul-americano está vivenciando.

O avião da estatal venezuelana Conviasa levantou voo com 90 venezuelanos, entre eles doentes, mulheres grávidas e crianças. Sandybell Barrios, um venezuelano de 30 anos que fazia parte do grupo, comentou que estava voltando a seu país porque não encontrou emprego formal no Peru e sofreu assédio sexual nas ruas de Lima, enquanto sobrevivia vendendo café. "Eu tomei a decisão de ir ao meu país porque, embora esteja passando por uma crise, acho que todos os países passaram por crises", disse.

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Outros venezuelanos entrevistados durante a semana, enquanto realizavam os procedimentos para retornar à Venezuela, indicaram que a decisão de retornar não era fácil, mas era melhor estar na Venezuela, onde tinham uma rede familiar que poderia ajudá-los.

O Peru tem uma taxa de informalidade de trabalho superior a 70% e, de acordo com pesquisas da Organização Internacional para as Migrações, 85% dos venezuelanos que emigraram para o país estão trabalhando em condições informais.

Este foi o terceiro voo do plano de retorno de imigrantes do governo venezuelano

chamado "Regresso à Pátria". O primeiro saiu do Peru em 28 de agosto, com 89 pessoas. Outro voo semelhante foi feito a partir do Equador na quarta-feira, com 92 imigrantes.

O Peru chamou os voos de retorno de "operação de propaganda" do governo de Maduro. O vice-ministro do exterior peruano, Hugo de Zela, declarou na última quarta-feira que o avião que partiria de Lima no sábado com venezuelanos corresponde "mais ou menos ao número de venezuelanos que, na taxa atual, chega ao Peru em meia hora". O Peru tem mais de 414 mil venezuelanos, de acordo com as autoridades de imigração do país.

Mais de 1,6 milhão de venezuelanos deixaram seu país desde o início de 2015 e 90% deles ficaram na América do Sul, segundo estimativas da ONU. A Organização dos Estados Americanos (OEA) considera que este é o "maior êxodo do Hemisfério Ocidental". O governo da Venezuela não reconhece esses números. Esta semana, Maduro disse que não há mais de 600 mil venezuelanos que deixaram o país e afirmou que "mais de 90% estão arrependidos". Fonte: Associated Press

Mãos cruzadas, olhos fixamente fechados e Ahmed parece não se abalar com nenhum barulho. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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Faltam quinze minutos para o meio-dia e a preparação sagrada tem início. É preciso deixar o ofício de lado e preparar os ajustes necessários para a purificação do corpo. Ahmed Mahmoud, 34, avisa ao companheiro de trabalho que vai se ausentar e leva com ele uma garrafa de água sanitária e um par de chinelos. Ele se encaminha ao banheiro e poucos minutos depois retorna ao local de trabalho. O tênis deu lugar a sandália limpa e seu corpo tem cheiro de sabonete. Rapidamente, ele recolhe um pedaço de papelão de dentro de um caixote e o alinha no chão em um local já pré-determinado com uma bússola. Descalço e com os joelhos apoiados na superfície do material e o rosto virado para o leste, na direção de Meca, Ahmed inicia pontualmente, 12h, a segunda oração (Salát Addohr) das cinco que deve realizar ao longo de seu dia. Mãos cruzadas, olhos fixamente fechados e Ahmed parece não se abalar com nenhum barulho.

A circulação de pessoas aumenta com a chegada do horário de almoço, o ruído dos carros é intenso, o anúncio de preços mais baixos e promoções não param de ser ditas pelos comerciantes; os olhares se arregalam de estranhamento quando visualizam a oração islâmica em público. Cochichos, comentários e pouca sutileza dos novatos que circulam pela área. Por outro lado, quem trabalha por lá já se acostumou com o momento de oração de Ahmed. O cenário é o famoso Mercado de Prazeres, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife.

A mais de oito mil quilômetros de distância da sua terra natal, a cidade de Ismaília, localizada na margem ocidental do Canal de Suez, no Egito, o vendedor de frutas Ahmed Mahmoud Abo Elmgd chegou ao Brasil há quatro anos e desembarcou em Pernambuco. Quem conversa alguns minutos com o imigrante percebe que o português ainda escorrega e parece um trava-língua para quem falou árabe por toda a vida. O sotaque carregado ainda é muito forte e o aplicativo da traduções simultâneas instalado em seu celular é o companheiro de todas as horas. “Ajuda demais quando estou sem saber como falar uma palavra que só nordestino sabe”, diz.

Arte: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Conhecido pela clientela da feira como o homem das uvas mais doces e saborosas, o egípcio, que apesar de ser mais contido, gosta de conversar e falar principalmente da cultura de seu país. Ele contou que veio ao Brasil por causa de uma história de amizade e amor no Facebook. Em meados de 2012, Ahmed conheceu a esposa Daniela Carvalho, 34, no site e os dois foram bons amigos por cerca de um ano. “Eu não sabia falar português, mas usava o tradutor e a gente conseguia conversar bem”, explica. A amizade se tornou um relacionamento sério e o egípcio decidiu que era a hora de mandar uma passagem para a amada ir ao seu encontro no Egito. “Eu fui até o Cairo e fiquei esperando ela no aeroporto. Aquilo era comum para mim porque na minha terra a gente gosta muito de viajar e conhecer outras culturas. Se você procurar, tem egípcios em todos os cantos do mundo”.

Daniela e Ahmed viveram por cerca de um ano em Ismaília, antes de retornarem ao Brasil. No início, ele conta que a companheira morava junto com a família dele, mas não podiam dormir no mesmo quarto, já que a cultura islâmica é diferente e é preciso o casamento antes de qualquer relação amorosa ou carnal. “É a nossa lei e durante o processo em que ela esteve lá, fomos dar entrada em todas as documentações para casar. Embaixada do Egito, do Brasil e muitos papéis. A gente podia ir preso se ela dormisse comigo antes do casamento”, revela o egípcio. A papelada para a união dos dois demorou porque o Egito não faz parte da Convenção de Haia. Então, todos os documentos que serão usados no território egípcio precisam ser consularizados no Ministério das Relações Exteriores para terem validade fora do Brasil.

“Daniela teve que se converter ao islamismo para que a gente pudesse ficar junto. Fico muito feliz que ela é muçulmana e tento ensinar para ela todos os dias um pouco da religião e de como se portar”. Em 2014, o casal voltou ao Brasil e passou a viver em Prazeres. Ele conseguiu um trabalho em uma empresa privada no ramo deborracharia, mas as dificuldades clássicas que muitos imigrantes enfrentam no país logo apareceram. “Eu não tinha carteira assinada e há muita burocracia para conseguir emprego assim. Trabalhava muito com as mãos o dia todo e recebia pouco”, relembra Ahmed.

O filho Adam Ahmed Mahmoud Abo Elmgd Mahmoud, 2, o pai Ahmed Mahmoud e a esposa pernambucana Daniela Carvalho. Fotos: Arquivo Pessoal

Em meados de 2015, Daniela e Ahmed descobriram que estavam esperando um bebê e um tempo depois, ela deixou de trabalhar para cuidar da criança. O egípcio assumiu seu lugar na Feira de Prazeres, onde ela trabalhava desde a infância no negócio da família. Na sua barraca, há muitos caixotes. O egípcio afirma que aprendeu a trabalhar na feira com facilidade.

Laranja, abacaxi, manga, mamão e outras frutas que Ahmed nunca tinha ouvido falar agora são o seu ganha pão. Porém, o que mais vende é a uva sem semente. Desde então, há quase três anos, o egípcio trabalha de domingo a domingo em um expediente que se inicia às 6h e só tem fim por volta das 19h. O único dia que ele precisa se ausentar da feira é nas manhãs das sextas-feiras. Ele participa das orações coletivas no Centro Islâmico do Recife, localizado no bairro da Boa Vista. “Alguns dias da semana também acordo mais cedo ainda para ir na Ceasa comprar os produtos de qualidade”, conta.

Quando vivia no Egito com a família, ele trabalhava no ramo gastronômico, era cozinheiro. “Aqui é muito difícil oportunidade de carteira assinada para imigrante. Eu também não sei falar a língua muito bem e por enquanto o comércio é o meu trabalho. Aprendi a me comunicar aqui e sou grato a Deus por isso. O problema é que se eu ficar doente, não tenho como levar dinheiro para casa e pagar o aluguel”, lamenta. Um de seus sonhos é montar o seu negócio de comida árabe em Pernambuco para dar melhores condições a sua família e fazer o que mais gosta.

Laranja, abacaxi, manga, mamão e outras frutas que Ahmed nunca tinha ouvido falar agora são o seu ganha pão. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

No Egito, a maioria da população é muçulmana com uma porcentagem que varia de 80% a 90% conforme diferentes fontes. O restante é - 10% a 20% - em grande parte cristãos, a maioria pertencente à Igreja Ortodoxa Copta. Ahmed adora falar de seu país e de como as diferenças podem ser explicadas e traduzidas para os brasileiros sem o uso de violência ou intolerância. “Já sofri muito preconceito no Brasil porque não conhecem a minha cultura e minha religião. Chamam de homem bomba, que sou terrorista e vou explodir alguma coisa”, lamenta.

Apesar das piadas, da islamofobia e da falta de conhecimento e acolhimento de muitos brasileiros, o egípcio faz a ressalva de que não revida o preconceito que sofre de alguns. O choque de cultura é forte, confessa o egípcio, mas para ele isso não pode justificar a falta de tolerância. “Eu sempre fui ensinado na minha família que tenho de dar o exemplo para o outro. Muçulmanos são pessoas da paz e não de briga. Não posso ficar tratando ninguém mal porque ele não conhece minha cultura, sabe? Então eu explico, apresento e mostro tudo como é de verdade. Não somos terroristas”, complementa.

"Já sofri muito preconceito no Brasil. Chamam de homem bomba, que sou terrorista e vou explodir alguma coisa. Não revido, mas procuro explicar". Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Ao falar sobre os conflitos no Egito, em 2011, conhecidos como “Primavera Árabe”, em que manifestações populares pediam a saída do presidente ditador Mohammed Hosni Mubarak, que se encontrava há 30 anos no poder do país, o imigrante egípcio diz que não participou dos movimentos e protestos. “Isso aconteceu em Cairo, eu moro um pouco mais afastado a cerca de 120 quilômetros. Trabalhava muito na época e minha família ficava em casa. Somos mais tradicionais porque a polícia é muito severa”, afirma. Para ele, a saída do Mubarak trouxe melhorias para o seu país e os conflitos diminuíram. O presidente do Egito, Abdel Fatah Al Sissi, foi reeleito para um segundo mandato com 97% dos votos.

“Lá não tem muita guerra, mas as pessoas espalham muitas coisas que não sabem. A situação está bem melhor e o turismo melhorou. O problema é que o jornal só mostra as coisas ruins”, comenta. Entre o atendimento de um cliente e outro, Ahmed lembra que nunca foi roubado na sua terra natal e que a violência é muito menor em comparação com Pernambuco. “Ladrão lá não rouba na luz do dia. As pessoas vendem ouro na rua, os bancos ficam abertos sem muita segurança. Aqui já fui roubado de bicicleta. Levaram o meu celular”. O Brasil foi o país com o maior número de cidades entre as 50 mais violentas do mundo em 2016, segundo a lista divulgada pela ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal.

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Para o vendedor, todos os egípcios são bons por natureza porque bebem da água do Rio Nilo. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

O imigrante, que já vive em Pernambuco há quatro anos, diz que trabalha muito e não tem tanto tempo para lazer, mas gosta da praia e dos shoppings. Saudoso, ele diz que existem pontos no Brasil que o lembram de seu país. A relação de amor do brasileiro pelo futebol é semelhante. Ahmed conta que, apesar do futebol africano não ter tanto status como o da Europa ou América do Sul, a disputa lá é acirrada e todos dão o sangue dentro de campo. “O time da minha cidade é muito bom, já ganhou a Copa da África algumas vezes”, orgulha-se. Mas, o ponto alto da conversa sobre o esporte mais querido dos dois países vem à tona quando falamos do ponta-direita e jogador do Liverpool, Mohamed Salah.

Craque da seleção egípcia e finalista da última Liga dos Campeões da UEFA, Salah é endeusado não só por Ahmed, mas por boa parte dos egípcios. “Ele faz muito por nós, na nossa terra. Constrói escolas, hospitais, paga salários e faz tudo o que pode para ter um Egito melhor a cada dia. Salah não faz isso porque ele tem dinheiro, sabe? Ele faz porque ele é bom, porque ele é egípcio. Nós temos isso em nosso sangue”, crava. Para o vendedor, todos os egípcios são bons por natureza porque bebem da água do Rio Nilo. “Quem come da nossa terra sagrada citada na Bíblia, é bom”, diz emocionado. Em Pernambuco, ele calcula que já conheceu quatro conterrâneos e são todos "irmãos de sangue". De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, são mais de 3 mil egípcios vivendo no país. A estimativa é que em 2018 o número seja maior.

Ahmed diz que não sabe de seu futuro, se será no Brasil ou na terra amada, mas sente muita saudade da família e da cultura, principalmente. “Brasil me acolheu bem, as pessoas gostam de mim e não sei se ainda consigo voltar a morar longe porque tenho família aqui agora. Mas quero visitar meus pais ano que vem, levar meu filho e minha esposa”, conta. Ele também procura ensinar árabe para o pequeno filho; dessa forma, quando o menino estiver mais velho, poderá escolher onde quer morar. “Ele é muito esperto. Eu ensinei a ele todos os animais e o garoto aprendeu tudo já”.

O imigrante de traços fortes e espontaneidade leve espera que financeiramente a vida melhore, mas entrega nas mãos da fé o seu futuro. Os sonhos ainda são muitos, entre eles visitar a cidade de Meca, na Arábia Saudita, considerada a mais sagrada no mundo para os muçulmanos. A peregrinação é um dos cinco pilares do Islã que todo fiel deve cumprir pelo menos uma vez em sua vida se tiver meios para isso. Caso continue morando em Pernambuco, Ahmed Mahmoud quer abrir um restaurante próprio para trabalhar no ramo da comida árabe e continuar apresentando um pouco de sua cultura aos brasileiros. “Um dia quem sabe eu consigo ter meu próprio negócio e trabalhar com o que amo”, finaliza.

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Como a presença de alguém da realeza pode alterar o cotidiano das pessoas? O trânsito é modificado, seguranças ocupam as ruas nos locais onde vossa alteza vai passar. As crianças ensaiam suas apresentações, os grandes da sociedade vestem suas melhores roupas, os músicos afinam seus instrumentos para fazer uma apresentação sensacional.

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 Os governantes não deixam de marcar presença. Cada momento é decidido cuidadosamente, criteriosamente, para que nada fuja do controle. As falas, as programações, tudo impecável.

O cerimonial, o sentimento e a felicidade tomaram de conta dos japoneses, de seus descendentes e dos paraenses que nunca viram de perto uma personagem de tamanha magnificência. A presença de alguém da realeza modifica o ambiente. Modifica o comportamento das pessoas. Modifica tudo. É possível que seja diferente?

Neta mais velha do imperador Akihito, a princesa do Japão, Mako Akishino, esteve no Brasil para comemorar os 110 anos da imigração japonesa. Na manhã de um sábado, 28 de julho, Mako se encontrou com representantes das entidades Nikkeis, japoneses nascidos fora do Japão e japoneses que vivem regulamente no exterior, na Associação Pan-Amazônia Nipo-Brasileira (APNB), em Belém. Para recepcionar a chegada da princesa, além dos alunos da escola de língua japonesa Ceko, a orquestra sinfônica da Universidade Federal do Pará (UFPA) também esteve presente.

A confraternização foi o último evento da visita que a princesa fez ao Estado do Pará, onde se reuniu com o governador Simão Jatene, na sexta-feira (27), e visitou, no mesmo dia, o município de Tomé Açu, nordeste paraense, que possui a terceira maior colônia japonesa do país. A princesa também visitou os mercados de carne e de peixe do Ver-o-Peso, na capital.

Em seu discurso, a princesa Mako disse que está feliz em visitar o país. “O Brasil é um país pelo qual eu sempre senti amizade, desde de criança, apesar da longa distância geográfica e agradeço essa calorosa recepção”, afirmou.

As mãos que pegaram na lavoura há quase 100 anos, quando da chegada ao Brasil, estavam lá para saudar a jovem princesa de 28 anos. “Estou muito feliz em estar vivendo este momento. É uma emoção incrível”, disse Tamotsu Iwasaka, que tem 100 anos de idade e foi um dos primeiros imigrantes a chegar ao país. “Sinto-me muito orgulhosa pela minha descendência japonesa. Admiro muito o respeito que eles têm, não só pelas pessoas, mas em relação a tudo, ao meio em que eles vivem. Acho isso muito bonito, muito nobre”, declara a neta de japonês Cristiane Takada.

A emoção é compreendida; as modificações, toleráveis; as cerimônias são convenientes. O momento é de festa. Há 89 anos os primeiros japoneses chegavam ao Pará e de lá para cá cresceram em número e fortaleceram o desenvolvimento cultural e financeiro do Estado. Depois da visita, a princesa retornou ao Japão.

Por Rosiane Rodrigues.

O presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou paralisar o governo se os democratas não apoiarem seu projeto de reforma das leis de imigração, incluindo a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México. Em uma publicação feita na manhã deste domingo no Twitter, ele afirmou que "estaria disposto a 'paralisar' o governo se os democratas não nos derem os votos para a Segurança de Fronteiras, que inclui o Muro!"

Segundo ele, o país deveria passar a adotar um sistema de imigração "baseado no mérito" e se livrar do sistema de "Loteria". "Precisamos de grandes pessoas vindo para o nosso país!"

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Trump também defendeu a prática de separar as famílias, "há consequências quando as pessoas cruzam nossa fronteira ilegalmente, tenham filhos ou não". Segundo ele, muitos estão apenas usando crianças para seus próprios fins. "O Congresso deve agir para consertar as PIORES e MAIS ESTÚPIDAS leis de imigração em qualquer lugar do mundo", disse.

A declaração foi feita dias após o governo norte-americano informar que mais de 1.800 crianças separadas na fronteira entre os EUA e o México foram reunidas a suas famílias depois de uma ordem de um juiz federal. No entanto, centenas de crianças ainda permanecem separadas.

O serviço de resgate marítimo da Espanha informou que resgatou neste domingo 123 imigrantes do norte da África tentando atravessar o mar Mediterrâneo. As pessoas foram retiradas de 12 diferentes embarcações interceptadas pelas equipes de salvamento no Estreito de Gibraltar.

Estes resgates se somam aos quase 1 mil imigrantes resgatados pela Espanha entre sexta e sábado na perigosa travessia entre a costa africana e a europeia.

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A Espanha recebeu mais de 20 mil imigrantes em 2018. A repressão por parte das autoridades da Líbia e a recusa do governo italiano em deixar atracar barcos de salvamento nos portos do país têm tornado mais difícil para os imigrantes chegarem à Itália.

As máfias de tráfico humano agrupam pessoas em pequenas embarcações, impróprias para o mar aberto. Mais de 1.500 pessoas morreram até agora neste ano tentando atravessar o Mediterrâneo.

Fonte: Associated Press

Aproximadamente 70 milhões de pessoas com 16 anos ou mais deixariam o Brasil se pudessem. Entre os jovens de 16 a 24 anos, o número dos que iriam embora do país chega a 62%, ou seja, 19 milhões de brasileiros, o equivalente a população de Minas Gerais.

Os números foram apontados em uma pesquisa realizada pelo Datafolha em todo o Brasil com 2.090 entrevistados. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

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De acordo com o levantamento, o desejo de sair do país é maior entre os que têm nível superior e os que possuem renda familiar acima de cinco salários mínimos. Sobre os destinos, Estados Unidos é o mais citado, com 14%, e em seguida Portugal, com 8%. O país americano é lembrado principalmente pelos mais jovens, enquanto Portugal é considerado um destino viável entre os mais escolarizados e mais ricos.

Em 2017 o número de vistos para imigrantes brasileiros nos EUA foi de 3.366, o dobro de 2018, quando iniciou a crise global. Já os pedidos de cidadania portuguesa dispararam, somente no consulado de São Paulo houve 50 mil concessões desde 2016.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira, 18, a terceira fase da Operação Piratas do Caribe para desarticular o ramo internacional de uma rede de "coiotes" responsável pelo envio ilegal de crianças e adolescentes aos Estados Unidos.

A ação é resultado de uma cooperação com a Bahamas e EUA, contando com o apoio a agência de imigração americana, a ICE (Immigration and Customs Enforcement). No Brasil, a operação é conduzida pela PF em Rondônia.

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São cumpridos dois mandados de prisão e três de buscas e apreensão no Brasil e no exterior. Uma das prisões tem como alvo o principal "coiote" envolvido no envio ilegal de crianças e adolescentes aos EUA por meio da prática conhecida como "cai cai".

Nesse modelo, segundo a PF, o "coiote" promove o "ingresso de adultos ilegalmente acompanhados de crianças ou adolescentes, para que assim esses adultos não sejam imediatamente deportados".

Por causa da política de tolerância zero do atual presidente americano, Donald Trump, essas crianças eram separadas de seus pais e mantidas em abrigos do governo. De acordo com a PF, o grupo criminoso movimentou mais de R$ 25 milhões ao enviar anualmente cerca 150 adultos e 30 crianças aos EUA.

Os mesmos alvos também são investigados pelo desaparecimento de 12 brasileiros que tentavam a travessia de barco entre as Bahamas e EUA.

No curso da investigação, foi ainda constatado que muitos brasileiros transportados pelo grupo acabaram morrendo enquanto tentavam a travessia - inclusive com suspeita de assassinatos.

Histórico

A Operação Piratas do Caribe iniciou suas investigações para apurar o desaparecimento de um brasileiro ao tentar ingressar nos EUA.

A PF descobriu que os imigrantes ficavam em cidades com aeroportos internacionais até receberem a ordem de embarque para as Bahamas - facilitada por um agente de imigração.

No país caribenho, os imigrantes aguardavam vários dias para tentar fazer a travessia de barco e assim ingressarem clandestinamente nos Estados Unidos.

"Além de todos os conhecidos riscos que envolvem a imigração ilegal para outros países, os coiotes escondiam os reais perigos envolvidos na travessia como a passagem pela região do Triângulo da Bermudas, famosa pelo alto índice de tempestades, naufrágios e desaparecimento de embarcações e aeronaves", diz nota da PF divulgada nesta quarta-feira, 18.

Os ministros do Interior da União Europeia (UE) devem examinar nesta quinta-feira na Áustria novos projetos para impedir a chegada de migrantes a suas costas, na primeira reunião do bloco sob a presidência austríaca, que defende opções radicais para o tema.

Reunidos em Innsbruck, os ministros devem detalhar a ideia, ainda vaga mas polêmica, das "plataformas de desembarque" na África para receber os migrantes resgatados no Mediterrâneo, ideia apresentada em um encontro de cúpula celebrado no fim de junho em Bruxelas.

As chegadas de migrantes registraram uma queda drástica desde 2015, mas o tema imigração provoca tensão dentro e entre os Estados membros da UE.

O ministro austríaco de extrema-direita Herbert Kickl (FPÖ, partido que integra a coalizão de governo com os conservadores em Viena) receberá nesta quinta-feira o colega italiano Matteo Salvini, também de extrema-direita e que defende uma postura inflexível na questão.

Salvini, líder do partido Liga, proibiu que os barcos das ONGs que socorrem os migrantes no Mediterrâneo entrem nos portos italianos.

Ele deve pedir aos sócios europeus que não enviem aos portos italianos navios atualmente em missão internacional.

Horst Seehofer, líder do partido bávaro conservador CSU, que desafiou a autoridade da chanceler alemã Angela Merkel sobre a imigração, também comparecerá à reunião de Innsbruck, considerada "informal" e sem a previsão de anunciar qualquer decisão.

O ministro alemão suspendeu provisoriamente a ameaça de rejeitar unilateralmente os migrantes na fronteira com a Áustria, o que poderia provocar um efeito dominó fatal no espaço Schengen.

O governo de Portugal decidiu regularizar a situação de aproximadamente 30 mil imigrantes que entraram legalmente no país, mas que não têm como comprovar, e que trabalham há cerca de um ano no país.

O propósito é conceder autorização de permanência para aqueles que entraram sem visto, e que, por isso, não conseguem legalizar a situação no país. Entre os imigrantes há brasileiros, chineses, nepaleses e indonésios.

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Sem o documento de entrada legal, os imigrantes não conseguem ser reconhecidos como imigrantes legalizados.

A democrata Maxine Waters, representante da Califórnia, pediu o impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio aos protestos contra a política imigratória do atual governo.

Já a senadora democrata Kamala Harris, eleita também pela Califórnia, falou sobre como os filhos de imigrantes afastados de seus pais carregarão um trauma para toda a vida.

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Milhares de manifestantes se reuniram em Los Angeles para protestar. O cantor John Legend fez uma apresentação ao grupo no sábado.

Nesta quinta-feira (28), a atriz Susan Sarandon, de 71 anos, foi detida com mais 575 mulheres que protestavam contra a política de imigração de tolerância zero da gestão de Donald Trump, em Washington, na capital dos Estados Unidos.

Susan usou o Twitter para comunicar a prisão. "Presa. Mantenha-se forte, continue lutando", escreveu.

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No local da manifestação, a americana publicou mensagens de apoio aos pais imigrantes que estão sendo obrigados a se separarem dos filhos. “Ação poderosa e bonita com centenas de mulheres dizendo que exigem a reunificação de famílias separadas pela política imoral. Isto é democracia”.

Ainda na rede social, Susan Sarandon compartilhou uma imagem que traz uma mulher com uma mensagem ironizando o pedido para que o presidente Trump seja deportado. A detenção da atriz do filme "Lado a Lado" foi temporária.

1.336 de brasileiros foram recusados de entrar em Portugal no ano passado, segundo informações do Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo 2017, publicado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), em Lisboa. O número de impedidos representa 62,3%.

O número de imigrantes de diversos países que foram negados de entrar no país cresceu 37,1% em relação a 2016. Foram mais de 18 milhões de pessoas impedidas na fronteira do país, aproximadamente 17% a mais do que no ano anterior.

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Além da brasileira, as nacionalidades que mais sofreram rejeição de entrada foram a angolana (148), paraguaia (131), moldava (45) e venezuelana (40).

O filme "Sicário: Dia do Soldado" não poderia ser mais oportuno: estreia este fim de semana no Brasil e nos Estados Unidos, no momento em que o governo de Donald Trump tenta conter a crise provocada pela separação de mais de 2.000 crianças de seus pais sem documentos.

A segunda parte do filme destaca justamente a humilhação e os maus-tratos sofridos por várias pessoas que tentam atravessar a fronteira entre México e Estados Unidos, incluindo muitos menores de idade não acompanhados.

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Seu protagonista Josh Brolin afirmou à AFP que foi uma "experiência visceral" observar a crise, na qual crianças terminaram em jaulas ou abrigos localizados a milhares de quilômetros de distância de seus pais.

Brolin, 50 anos, afirma que não é contra a política de "tolerância zero" a respeito da imigração clandestina e até se arrisca a dizer que "neste momento parece como se Trump teria feito algo bom". Mas provocar o sofrimento de crianças supera qualquer limite.

"O que você vai fazer com as 2.000 crianças que foram separadas? Toda esta situação parece muito insensível para mim".

A trama de "Sicário: Dia do Soldado" começa com a suspeita do governo dos Estados Unidos de que cartéis de droga de México ajudam extremistas a cruzar a fronteira.

Brolin interpreta o agente da CIA Matt Graver, que recruta o misterioso Alejandro (Benicio Del Toro) para provocar uma guerra entre os grupos de criminosos com o sequestro da filha de um chefão do tráfico (Isabela Moner).

O filme dirigido por Stefano Sollima mostra muito do mundo na fronteira, o narcotráfico, o tratamento das pessoas e sobre a política externa americana.

- Amor pelas crianças -

O tema da separação das crianças também afeta Brolin porque sua terceira esposa, a atriz Kathryn Boyd, está grávida de uma menina.

O ator não troca uma fralda há muitos anos: o filho e a filha de seu primeiro casamento, com Alice Adair, têm 30 e 25 anos, respectivamente. Mas ele garante que está pronto.

"Eu amo crianças, amo estar perto de crianças. A ideia é maravilhosa".

Brolin é filho do ator James Brolin, casado há 20 anos com Barbra Streisand. Apesar de ter crescido em um ambiente de gravações, a interpretação não era sua prioridade até conseguir um papel no filme "Os Goonies" (1985), que muitos consideram um clássico.

Até então, sua adolescência era marcada por episódios de roubo de carros e uso de heroína.

O ator enfrentou problemas financeiros por anos e só conseguia papéis pequenos. Mas entrou para a lista de grandes nomes de Hollywood com "Onde os Fracos Não Têm Vez" dos irmãos Coen e recebeu uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante por "Milk" (2008).

Brolin se mostrou um ator versátil, trabalhando com diretores como Guillermo del Toro, Ridley Scott e Oliver Stone.

- "Verão de Brolin" -

Alguns anos depois, ele já fazia sucesso suficiente para rejeitar um papel no filme "Birdman", do mexicano Alejandro González Iñárritu, que venceu quatro estatuetas do Oscar, porque tinha uma viagem planejada para visitar o filho na Tailândia.

Mas ele admite que esta decisão provocou uma sensação de "e se...".

Nos últimos oito meses trabalhou no drama "Homens de Coragem" e em dois dos grandes sucessos de super-heróis do ano "Vingadores: Guerra Infinita" e "Deadpool 2".

Alguns jornalistas especializados afirmam que este é o "verão de Brolin".

"E o que acontece agora, o outono de Brolin?", pergunta, em uma piada que funciona em inglês porque outono é "fall", que também significa queda.

"Há altos e baixos e isto é OK, isto é o esperado".

Na agenda estão as sequências de "Deadpool" e "Vingadores", além de uma comédia para a plataforma de streaming Hulu baseada em sua vida e com o título provisório de "Untitled Josh Brolin Project" (Projeto sem título de Josh Brolin).

Sobre a possibilidade de um terceiro filme Sicario, ele diz que a ideia é atraente, mas não está 100% convencido.

"Parte de mim diz 'isto parece uma ótima ideia' e outra parte diz 'não sei'".

Quando Lidia Karine Souza fala no telefone com seu filho de nove anos - durante os 20 minutos por semana que lhes são permitidos -, ele suplica à mãe para que faça todo o possível para tirá-lo da custódia do governo dos Estados Unidos e voltar para ela.

A brasileira de 27 anos, que busca asilo nos Estados Unidos, vem tentando se reunir com o menino com todas as forças. Ela fez buscas por Diogo durante duas semanas, desde que foram separados na fronteira com o México no fim de maio. Quando ela deixou uma prisão no Texas no dia 9 de junho, preencheu 40 páginas de documentos que os agentes americanos disseram ser necessários para recuperar a guarda do filho.

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Então lhe disseram que as regras tinham mudado e que seria necessário que todos os membros da família dela que moram nos Estados fossem fichados. Mais documentos foram pedidos.

Não era a segurança que buscava para ela e o filho. Não era o sonho americano. "Isso... É um pesadelo", disse na quarta-feira (27), em um hotel de um subúrbio de Chicago, ainda aguardando para se reencontrar com Diogo, de quem jamais havia se separado por mais de uma semana antes de chegar aos Estados Unidos.

No dia anterior, advogados de Souza ingressaram com uma ação contra a gestão Trump para solicitar a imediata liberação da criança. Diogo está há quatro semanas em um abrigo contratado pelo governo em Chicago. Passa a maior parte do tempo sozinho, em quarentena por causa da catapora que contraiu. Ele passou seu nono aniversário sem a mãe.

Os advogados de Souza disseram que vão comparecer a uma audiência de emergência nesta quinta-feira (28), em um tribunal em Chicago, apesar de uma ordem de um juiz federal, emitida dois dias antes, obrigar o governo a devolver mais de 2 mil crianças de imigrantes ao convívio de suas famílias em um prazo de 30 dias - ou 14 dias, no caso de crianças de menores de cinco anos.

O advogado Jesse Bless, de um escritório de Boston especializado em imigração e que é um dos representantes legais da brasileira, disse não ter se empolgado com a decisão judicial, já que ela poderá fazer com que o governo adie os procedimentos ainda mais. "Temos dificuldade em ter confiança a essa altura", disse.

Por dias e semanas, alguns das centenas de pais separados de seus filhos na fronteira com o México pela gestão Trump têm enfrentado um dos mais complexos sistemas de imigração do mundo para conseguir reunir suas famílias.

Para muitos, tem sido uma luta desigual, frustrante e dolorosa. A maioria não fala inglês. Muitos não têm nenhuma informação sobre o paradeiro das crianças. Outros tantos dizem que as ligações para a central de informações do governo não têm sido atendidas.

Também há enormes desafios logísticos, e dúvidas sobre as confusas e descoordenadas práticas do governo americano. O Departamento de Justiça e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, responsáveis pela guarda das crianças, ainda não informaram de que forma pretendem cumprir a decisão judicial.

O diretor da União Americana das Liberdades Civis, Anthony Romero, disse que o prazo estipulado pelo juiz para a reunificação das famílias é realista. "É uma questão de vontade política, não de falta de recursos."

Dentre os fatores complicadores está o fato de que as crianças foram enviadas para abrigos em vários pontos dos Estados Unidos, a milhares de quilômetros da fronteira. Além disso, centenas de pais e mães já devem ter sido deportados sem os filhos.

A guatemalteca Elsa Johana Ortiz foi mandada de volta para casa sem o filho de oito anos, o que a obrigou a contratar um advogado americano. Ela mora em uma casa de tijolos aparentes nos arrabaldes da Cidade da Guatemala. "Enquanto ele não estiver comigo, não estarei em paz."

Em El Paso, no Texas, 36 pais e mães libertados no domingo de um centro de detenção iniciaram uma febril busca por seus filhos, utilizando uma única linha telefônica emprestada por uma organização beneficente.

Muitos deixaram o Texas em direção a Nova York, Dallas ou cidades da Costa Oeste para viver com outros membros da família, na esperança de que estabelecer residência facilite o retorno dos filhos. Muitos partiram apenas com sanduíches, certidões de nascimento e documentos do asilo em sacolas de compra.

Um desses imigrantes, o hondurenho Wilson Romero, de 26 anos, partiu de El Paso para a Califórnia, onde sua mãe se estabeleceu recentemente. Ele é pai de Nataly, de 5 anos, que, assim como o brasileiro Diogo, contraiu catapora no abrigo onde está desde maio.

Em Honduras, Romero trabalhava em uma fábrica têxtil que produz logotipos para marcas americanas. Ele disse ter deixado San Pedro Sula - uma das cidades mais violentas da América Latina - para que Nataly tivesse melhores oportunidades profissionais. Agora, só quer tê-la de volta. "Rezo a Deus para que seja logo", disse Romero, que tem uma tatuagem com o nome da menina no braço direito.

A brasileira Lidia Souza também tem uma tatuagem com o nome de Diogo no pulso. O advogado dela, Jesse Bless, disse que o governo americano também está pedindo a imigrantes que querem que seus filhos se estabeleçam com parentes ou amigos nos Estados Unidos documentos como contas de luz ou contratos de aluguel - o que muitos que chegaram recentemente não têm.

Souza pediu asilo aos Estados Unidos alegando ter a vida em risco no Brasil. "Vim por necessidade", afirmou. Depois que Diogo foi levado, ela não fazia ideia de onde ele estava, até que outra mãe imigrante disse ter ouvido falar de um garoto com esse nome em um abrigo em Chicago. Desde então, ela fala com o menino durante 20 minutos por semana, ao telefone. Agentes do governo lhe disseram que a liberação da criança deverá ocorrer no fim de julho. Ela tem esperança, no entanto, de que a ação judicial abrevie a espera.

A brasileira, que se mudou para a casa de parentes nos arredores de Boston, visitou Diogo pela primeira na terça-feira (26). Eles se abraçaram, e ela o beijou diversas vezes na cabeça e no rosto. Os dois choraram. "Eu estava com muita saudades de você", ela disse. Diogo afirmou estar "melhor agora", ao ser perguntado como estava se sentido. A visita durou uma hora. Depois o menino retornou para a custódia do governo americano. "Ele chorou muito na hora de dizer tchau", disse a mãe. "Ele pensou que ia para casa com a gente."

A inquietude dos republicanos pelo próximo tuíte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o temor de irritar os eleitores conservadores estão minando os esforços do partido na Câmara dos Representantes em torno do projeto de um amplo projeto de lei sobre imigração.

Os líderes republicanos querem votar a lei nesta semana, com pequenas modificações para agradar as alas moderada e conservadora do partido, que estão em desacordo. O mais importante, no entanto, é o respaldo político de Trump.

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As afirmações recentes do mandatário sobre o projeto e as mudanças abruptas de opinião dele tem tirado o sono do partido.

Na terça-feira, Trump disse a republicanos da Câmara dos Representantes que respaldava o projeto de lei "em 1000%" e o defenderia em comícios que tem feito pelo país. No entanto, na sexta-feira, o presidente disse que "os republicanos deveriam deixar de perder tempo com a imigração" e aguardar a eleição de novembro para voltar a debater o tema.

"Creio que a melhor forma de aprovar um projeto de lei é respaldar sistematicamente uma posição e ajudar a impulsioná-la", disse o deputado republicano Greg Walden, do Oregon. Perguntado sobre se Trump estava fazendo isso, o parlamentar se dirigiu rapidamente a uma porta e disse "isso é tudo que tenho a dizer".

Caso aprovado e sancionado, o projeto de lei vai permitir que os imigrantes que chegaram ilegalmente aos Estados Unidos quando crianças, conhecidos como Dreamers, tenham a possibilidade de serem naturalizados americanos.

Ao mesmo tempo, o projeto daria US$ 25 bilhões para a construção do muro na fronteira com o México, bem como impediria que as agências governamentais separassem as crianças imigrantes de seus pais detidos.

O pacote legislativo é produto de semanas de negociações entre os conservadores e os moderados do partido. Mas, apesar de algumas arestas terem sido aparadas, os legisladores republicanos não lograram êxito em reunir uma maioria. Ainda que concorde com vários pontos, a oposição democrata se opõe em bloco ao projeto.

Os republicanos não conseguiram superar suas divisões em uma época complicada para o partido: se aproximam as eleições legislativas e o tema da imigração captura a atenção do público há meses.

Os membros do partido, que se esforçam para manter o controle da Câmara dos Representantes, tinham esperanças de focar a campanha na economia e nos cortes de impostos. Fonte: Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo que as pessoas que entram ilegalmente no país devem ser enviadas de volta para casa "imediatamente, sem nenhum processo judicial".

"Não podemos permitir que todas essas pessoas invadam nosso país. Quando alguém chega, precisamos imediatamente, sem nenhum juiz ou processo judicial, levá-las de volta para onde vieram. Nosso sistema é uma piada para uma boa política de imigração e lei e ordem. A maioria das crianças vem sem seus pais", escreveu Trump, em sua conta no Twitter.

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A lei de imigração dos Estados Unidos fornece direitos a imigrantes presos na fronteira. Na maioria dos casos, eles podem ter uma audiência completa antes de serem deportados. Fonte: Associated Press.

Para os ativistas que fazem voluntariado em defesa dos imigrantes tirar proveito econômico deles é "repugnante". Mas o negócio da imigração ilegal no Texas gera cadeias prósperas e emprega credores, agiotas e advogados de pequeno porte.

Desde o último mês, o Texas esteve no centro do escândalo migratório gerado pela política de "tolerância zero" do presidente Donald Trump, que provocou a separação de mais de 2.300 crianças de suas famílias ao entrar no país ilegalmente, ou pedindo refúgio.

Mais de dois terços das detenções acontecem no Texas. No ano fiscal de 2017, a patrulha fronteiriça apreendeu 303.916 indivíduos na fronteira sul. Deles, 207.693 foram capturados no Texas, segundo o escritório de migração ICE.

Por isso, o Texas tem a maior quantidade de prisões para imigrantes.

Construído em 1983, o centro de detenção em Houston foi o primeiro privado da história moderna dos Estados Unidos. Seus donos, Corrections Corporation of America (CCA) e GEO Group, são as duas maiores corporações de prisões no país.

"Apreciamos muito a contínua confiança que o escritório de Imigração e Alfândega mostra em nossa companhia", disse em 2017 o presidente da GEO, George Zoley, no comunicado no qual informou de um novo contrato com o governo federal de 110 milhões de dólares.

Segundo o centro de pesquisa In The Public Interest (INPI), este esquema faz com que a prisão maciça por crimes menores - como a entrada ilegal - seja promovida na esfera privada.

As duas corporações, "juntas, gastaram mais de 10 milhões de dólares em candidatos políticos e quase 25 milhões em lobby desde 1989", assinalou um relatório de junho.

GEO e CoreCivic somaram lucros anuais de quatro bilhões de dólares em 2017, segundo documentos das duas empresas.

- 'É repugnante' -

"É uma indústria que acomoda um lobby a favor de sentenças mais longas (...) e mais severas, porque sempre que há uma cama ocupada, eles fazem dinheiro", disse à AFP a advogada de migração Jodi Goodwin, voluntária na ONG Migrant Center for Human Rights.

Segundo o ICE, no ano fiscal de 2017 a média de população diária de imigrantes era de 30.539 indivíduos. Neste ano fiscal, a cifra já alcança 50.379.

"É asqueroso. É repugnante", afirmou Goodwin.

O escândalo de separação familiar também trouxe à tona os operadores privados dos abrigos para onde vão as crianças quando afastadas de seus pais ou responsáveis.

Existem 31 abrigos para crianças no Texas, segundo o Texas Tribune. Deles, os mais conhecidos são os do Southwest Key Programs.

Esses abrigos infantis têm contrato com o Escritório de Reassentamento de Refugiados (ERR) e foram acusados de maltratar as crianças.

A revista Bloomberg informou que o Southwest Key receberá mais de 458 milhões de dólares do governo este ano.

- Imigrante? 20% para você -

"Isso é uma indústria e uma indústria em alta", declarou à AFP o economista William Glade, professor emérito da Universidade do Texas.

A pequena economia de cidades como McAllen, Hidalgo, El Paso, Laredo e Tornillo, na fronteira do Texas com o México, também tem a migração como epicentro: escritórios particulares de advogados migratórios e casas de empréstimos "somente com assinatura" são vistos nas ruas.

As lojas de empréstimo para pagar fianças (em inglês, "bail bonds") enchem o centro de El Paso. Esses negócios empresta dinheiro aos detidos que não podem pagar a fiança fixada pelo juiz para serem libertados enquanto seu caso é processado.

Segundo contaram os comerciantes, para crimes comuns os agentes de "bail bonds" cobram ao acusado cerca de 10% de comissão sobre o valor da fiança.

Mas quando se trata de casos migratórios, o prelo sobe fortemente: Lachica Bonds cobra 20% do valor da fiança aos estrangeiros acusados de entrada ilegal, mais 500 dólares para processar a informação.

E "a maioria das fianças migratórias são de 10.000 e 15.000 dólares, embora agora eu tenha uma de 25.000", disse à AFP uma funcionária que pediu anonimato.

Depois, quando os imigrantes são liberados, precisam usar uma tornozeleira eletrônica que monitora sua localização.

Essas tornozeleiras são vendidas às autoridades pela BI Incorporated, parte da corporação GEO Group. Seus funcionários no escritório de El Paso se negaram a informar à AFP o preço das tornozeleiras.

O garoto de 9 anos é o único brasileiro entre as 200 crianças e adolescentes que estão em um abrigo para imigrantes menores no Texas. Separado da mãe há 23 dias quando eles cruzavam a fronteira entre México e EUA, ele já fala português entremeado de espanhol, língua usada por colegas e professores.

Na quinta-feira, 21, ele conseguiu conversar por telefone pela primeira vez com a mãe, libertada da prisão no dia anterior. "Agora, o abrigo tenta encerrar o processo dele, com a obtenção de documentos que comprovem que a brasileira é mesmo sua mãe", disse o cônsul honorário do Brasil em Houston, Texas, Felipe Santarosa, que visitou o menino na sexta-feira, 22.

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Segundo ele, a mãe do garoto está em Massachusetts, onde tem parentes. O Estado é um dos principais destinos de brasileiros que imigram para os EUA e se instalam em comunidades na região de Boston. Muitos seguem passos de parentes.

Santarosa disse que está montando um "quebra-cabeças", no qual tenta identificar os brasileiros em abrigos no Texas e localizar seus pais, detidos em prisões federais. Até a sexta-feira, , ele havia determinado a identidade de quatro menores. Faltam quatro.

Um dos oito não estava incluído no número de 49 crianças e adolescentes brasileiros em abrigos de diferentes Estados americanos informado pelas autoridades do país ao consulado de Houston. Com isso, subiu para pelo menos 50 o total de menores que foram separados de seus pais na fronteira. A maioria deles, 29, está em abrigos de Chicago, a cerca de 2,5 mil quilômetros da fronteira com o México.

A diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty, a embaixadora Luiza Lopes, disse que três irmãos de 8, 10 e 16 anos mantidos no abrigo Estrella del Norte, no Arizona, serão soltos nos próximos dias. Presa no mesmo Estado, a mãe deu autorização para que os menores fiquem sob a guarda de parentes que vivem nos EUA. "Eles ficarão na casa de parentes até que saia uma decisão sobre a situação da mãe", afirmou a embaixadora. "Esperamos que nos próximos dias outros casos sejam encaminhados para uma solução."

Santarosa observou que o contato dos filhos com os pais nem sempre é imediato, já que os adultos estão em prisões federais e enfrentam uma série de restrições para se comunicar por telefone. Em sua visita de sexta, ele se encontrou com o garoto de 9 anos em uma sala de reuniões. "Ele disse que estava sendo bem tratado e tinha aulas em espanhol. Na conversa, ele misturava palavras em português e espanhol", observou Santarosa. Segundo ele, o menino também tem aulas de inglês.

A separação das famílias decorre da política de "tolerância zero" adotada pelo governo Donald Trump em abril. Desde então, todos os imigrantes que entram ilegalmente no país e são apreendidos passaram a ser processado por violações criminais, o que exige seu envio a prisões federais, onde não há estrutura para menores. Antes, eles eram alvo de procedimento de deportação. Os que estavam acompanhados de filhos costumavam ser libertados sob fiança e respondiam em liberdade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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