Tópicos | índios

Cerca de cinco mil pessoas participaram nesta segunda-feira de um protesto organizado por sindicatos, associações e entidades de classe contra a ampliação em cerca de 720% da reserva indígena Kayabi no município de Apiacás, em Mato Grosso. A área que até 1999 era de 127 mil hectares passou para 1,053 milhão de hectares, que vai de Apiacás até Jacareacanga (PA). O decreto de homologação da área ampliada foi publicado no Diário Oficial da União em abril. Cerca de 350 famílias serão atingidas e terão de deixar a área.

Os manifestantes bloquearam a MT-206 num trecho de ponte sobre o Rio Paranaíta. De acordo com o produtor Jeremias Prado Santos, o bloqueio começou na madrugada desta segunda e impediu o acesso ao canteiro de obras da Usina Teles Pires. Por causa da manifestação, o comércio e órgãos públicos não funcionaram.

##RECOMENDA##

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a terra foi reconhecida como pertencente aos kayabi em 1915 e foi destinada a posse permanente dos grupos indígenas Kayabi, Mundurucu e Apiacá. Em 1974 foi demarcada com 47 mil hectares e em 1987 a área foi ampliada, com base em estudos antropológicos, para 127 mil hectares. Estudo posterior indicou a necessidade de ampliar para 1,053 milhão de hectares.

Os produtores alegam que as terras pleiteadas neste decreto presidencial foram colonizadas, vendidas e tituladas no início da década de 1960 pelo governo de Mato Grosso, com registro em cartório há mais de 50 anos.

Segundo Prado, "na abrangência de sua ampliação no município de Apiacás não existem índios". "A população não aceita esta ampliação." De acordo com o produtor, no Pará, à margem direita do Rio São Benedito, há uma ocupação por 150 produtores e suas famílias há mais de 30 anos, numa área de 35 hectares. "(Eles) Também não aceitam tal ampliação." Os manifestantes alegam ainda que a portaria do Ministério da Justiça de outubro de 2002 que permitiu a ampliação foi embasada "em laudo antropológico fraudulento". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A violência contra os povos indígenas aumentou entre 2011 e 2012, de acordo com relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O número de índios assassinados no País passou de 51 para 60 no período. Mais da metade desses casos (37) foram registrados em Mato Grosso do Sul, o principal foco de conflitos fundiários envolvendo produtores rurais e grupos indígenas em todo o Brasil.

O relatório, divulgado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, aponta um crescimento generalizado das diferentes formas de violência pesquisadas, que vão de ameaças de morte à falta de assistência em saúde e educação. Os casos classificados como violência contra o patrimônio, que envolvem invasões e exploração irregular de terras indígenas, passaram de 99 para 125, o que representa um aumento de 26%. O número de vítimas na categoria denominada "violência contra a pessoa" foi o que mais cresceu, com uma variação de 237%. Passou de 378 para 1.276 casos, incluindo vítimas de ameaças de morte, homicídios, tentativas de assassinato, racismo, lesões corporais e violências sexuais.

##RECOMENDA##

Na avaliação do filósofo Roberto Liebgott, um dos pesquisadores que trabalharam na consolidação dos dados reunidos por agentes do Cimi e na redação do texto final do relatório, a maior parte dos casos de violência envolve disputas fundiárias. "Está havendo uma ofensiva muito grande de setores ligados ao agronegócio contra os direitos indígenas", disse. "O objetivo é impedir a demarcação das terras que eles reivindicam."

Os principais focos de conflitos, segundo Liebgott, estão localizados nas Regiões Sul e Centro-Oeste. São áreas nas quais as demandas indígenas se arrastam há muito tempo, o agronegócio está mais organizado e o preço das terras aumenta cada vez mais. Na região da Amazônia, conforme ele, as investidas contra os índios são feitas sobretudo por empresas madeireiras e mineradoras. "A maior parte das grandes reservas de madeira que ainda existem estão em áreas indígenas. A pressão é cada vez maior", afirmou. "A expectativa de exploração mineral em terras indígenas também provocando um cerco cada vez maior aos grupos que vivem nessas áreas."

A violência é estimulada pela morosidade do governo na definição das demarcações. Essa morosidade, assinalam os pesquisadores, se agravou na gestão da presidente Dilma Rousseff. O relatório aponta que, do total de 1.045 terras indígenas registradas no País, 339 (32%) ainda não tiveram nenhum tipo de providência. Por enquanto, são apenas reivindicações indígenas. Outras 293 (28%) estão em estudo. Destas, 44 estão paradas na administração federal, à espera de uma decisão de Dilma.

O texto enfatiza que o atual mandato foi o que menos homologou terras indígenas no recente período de democratização, com a média anual de cinco aprovações. "O governo federal tem de, urgentemente, saldar a dívida histórica com os povos indígenas", disse o secretário executivo do Cimi, Cleber Buzatto, ao se referir às demandas por terras.

O Ministério Público Federal de Mato Grosso, através da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3), obteve manutenção da sentença que suspendeu a ordem de reintegração de posse da área na Fazenda Remanso Guaçu que está ocupada por índios da comunidade guarani-kaiowá Yvy Katu. A fazenda está situada em Japorã (MS), município do sudoeste de Mato Grosso do Sul, a 484 km da capital Campo Grande. A decisão de reintegração de posse determinada pela Justiça Federal de Naviraí foi suspensa em março deste ano pelo Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF-3). O proprietário recorreu, mas o TRF-3 agora manteve a suspensão.

O MPF/MS explica que a área de 260 hectares ocupada atualmente pelos indígenas foi demarcada judicialmente em 2004 e corresponde a 10% do total da fazenda. Segundo os procuradores, os índios estão no local há oito anos e já foi demonstrado também pela Fundação Nacional do Índio (Funai) que a comunidade deve permanecer na área até o final do processo de demarcação de suas terras ou, no mínimo, até o julgamento final da ação judicial.

##RECOMENDA##

Os procuradores contestam o argumento do proprietário da fazenda de que não haveria qualquer situação de risco à vida, ordem ou segurança na desocupação dos índios. Eles alegam que os riscos são inegáveis, pois o comando de desocupação poderá criar situação de instabilidade social na região, gerando um ambiente de hostilidade e conflito entre indígenas e proprietários rurais.

Os procuradores dizem que a demarcação administrativa da Terra Indígena Yvy Katu está em estágio avançado. "Apesar de ainda não ter sido finalizado, o processo administrativo de demarcação encontra-se perto do seu fim. A demarcação física da área já foi realizada, estando o processo prestes a ser enviado ao presidente da República para a homologação", afirma o MPF/MS.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, negou nesta quarta-feira que seu gabinete seja "palco de agitações" e rebateu as criticas da bancada ruralista de que o governo seja omisso na questão da demarcação de terras indígenas. "Não é um governo fraco, é um governo que age", respondeu, ao participar de audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Após ouvir dos parlamentares que o governo é responsável pelos conflitos no campo e por ter funcionários do gabinete participando de protestos, Carvalho evitou responder o que chamou de "provocações". Segundo ele, os povos indígenas também o acusam de não promover as demarcações. "Não subestimem a firmeza dos nossos propósitos", afirmou.

##RECOMENDA##

Para o ministro, há muita falta de informação sobre o assunto. Citando o Mato Grosso do Sul, ele garantiu que a área a ser demarcada será de 2,6% do território e não 30%. "Não vamos fazer a paz pisando em cima de direitos", concluiu.

A BR-174, principal via de acesso ao Estado de Roraima, ficou fechada em dois trechos, durante parte desta sexta-feira, devido a protestos encabeçados por produtores e populares contra as demarcações de terras indígenas. A manifestação bloqueou o acesso na fronteira com a Venezuela, na cidade de Pacaraima, e na saída para Manaus (AM), em Boa Vista.

O grupo convocou a sociedade a reivindicar, entre outras questões, a suspensão imediata de todos os processos de demarcação no Brasil e a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 215/2000, que concede ao Congresso Nacional a competência para homologar novas áreas.

##RECOMENDA##

No trecho Norte, município de Pacaraima, fronteira com a Venezuela, a manifestação foi comandada pelo deputado federal Paulo César Quartiero (DEM). A rodovia foi fechada com pneus às 19h desta quinta-feira, 13, e aberta apenas ao meio-dia desta sexta. Uma grande fogueira foi acesa no local, impedindo a passagem dos veículos, que formaram uma extensa fila na entrada da cidade.

O deputado explicou que o protesto também é direcionado à Polícia Federal que, segundo ele, tem ajudado a "provocar o esvaziamento da região". "Eles alegam que o município é área indígena e estão confundindo o combate aos ilícitos com a asfixia econômica do Estado. Aqui unimos a ocasião com a oportunidade. Participamos do protesto contra novas demarcações, e também com essas ilegalidades cometidas contra a população de Pacaraima", disse.

Já no trecho Sul, na saída para o Estado do Amazonas, os produtores iniciaram o protesto às 6h30 e seguiram até pouco depois do meio-dia. O produtor de grãos Agenor Faccio explicou que as manifestações tiveram como objetivo chamar a atenção da sociedade e autoridades, por meio da mídia, sem causar prejuízos à população que precisa utilizar as estradas.

"Nossa ideia é demonstrar nosso descontentamento com a forma com que são criadas as terras indígenas. Além do resto do Brasil, nossa preocupação é com o próprio Estado de Roraima. Não pelas terras que já foram demarcadas, mas quem disse que vão parar nisso? Não me surpreenderia se chegassem homologando outras terras", comentou.

A defesa do direito à propriedade e à segurança jurídica do produtor rural foi o tom da manifestação que reuniu mais de 5 mil donos de fazendas e representantes de entidades agropecuárias em Nova Alvorada do Sul (MS), a 120 quilômetros de Campo Grande.

A senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, disse que os produtores são tirados de suas terras e não conseguem voltar. "Se os índios foram injustiçados, hoje os injustiçados somos nós", afirmou.

##RECOMENDA##

A senadora também se posicionou a favor da reintegração de posse imediata das 66 fazendas invadidas por indígenas em Mato Grosso do Sul e pela legalização das terras ocupadas. Segundo ela, os produtores têm os títulos de posse dessas áreas. "Que se cumpra a lei e nos deixem produzir em paz".

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Eduardo Riedel, disse que não apenas o Mato Grosso do Sul, mas o Brasil vive um dos momentos mais críticos da produção rural. "Não vamos sossegar enquanto ainda houve uma propriedade invadida em MS".

Outro ponto levantado no manifesto foi a indenização de produtores rurais pela União nos casos das áreas serem destinadas aos indígenas.

Agricultores bloquearam seis trechos de rodovias no litoral e no noroeste do Rio Grande do Sul para pedir a suspensão da demarcação de terras para índios e quilombolas no Estado, nesta sexta-feira. A manifestação estendeu-se das 9 horas às 14 horas e alternou períodos de interrupção e de liberação ao tráfego. Mesmo assim formaram-se congestionamentos em alguns locais de protesto.

Em Osório, no litoral norte do Estado, pequenos agricultores ameaçados de despejo pela demarcação de uma área quilombola. As outras cinco manifestações ocorreram no noroeste do Estado e voltaram-se contra o reconhecimento de terras indígenas. Os caingangues e guaranis da região querem a devolução de áreas ocupadas por frentes de colonização ao longo do século passado. Os agricultores sustentam as terras que cultivam foram adquiridas de boa fé e têm títulos emitidos pelo Estado.

##RECOMENDA##

No maior bloqueio da região, centenas de manifestantes ocuparam a pista da ERS 135 em Getúlio Vargas e, a cada paralisação, distribuíram panfletos para pedir apoio dos motoristas à causa deles. Também houve protestos semelhantes na BR-285, em Mato Castelhano, na ERS 324, em Pontão, e na ERS 343, em Faxinalzinho e em Sananduva.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira um requerimento criando uma Comissão Externa para acompanhar as áreas no País onde há conflito entre produtores rurais e índios. O requerimento, de autoria do PSOL, previa inicialmente que os parlamentares acompanhassem a situação somente no Mato Grosso do Sul, onde uma reintegração de posse em uma fazenda culminou com a morte de um índio no último mês.

Ao perceber a resistência de alguns deputados, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que foi incentivado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a criar a Comissão. Por sugestão do DEM, o requerimento ampliou os limites de atuação do grupo para além do Mato Grosso do Sul e a proposta foi aceita pelos parlamentares.

##RECOMENDA##

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, criticou a convocação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para comparecer em até 30 dias na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. "Eu considero particularmente desnecessário fazer uma convocação", comentou a ministra após reunião com a liderança do governo na Casa.

Em tom de reclamação, Ideli disse que não é a primeira vez que um ministro do governo Dilma é convocado, embora todos tenham disposição de vir ao Congresso todas as vezes que são convidados. "Não precisava ser convocação", insistiu. Ideli garantiu que Carvalho virá à Câmara "com a maior tranquilidade", assim como ele virá ao Senado, onde foi convidado anteriormente.

##RECOMENDA##

A ministra enfatizou que a tarefa de Carvalho é fazer a intermediação com a sociedade civil e que ele tem feito isso "de forma exaustiva". Nas conversas com os índios, por exemplo, Ideli disse que o governo tem tratado o assunto com respeito e sempre buscando evitar os conflitos, mas que o País tem suas necessidades, entre elas a construção de usinas hidrelétricas, que "necessitam ser executadas e serão executadas".

Popularidade de Dilma

Ideli minimizou o resultado das pesquisas de intenção de voto para sucessão presidencial que apontam queda na popularidade da presidente Dilma Rousseff. "Gente, pesquisa sobe, desce, é da vida. O mais importante é o trabalho e o resultado do trabalho", respondeu.

Ela citou o discurso da presidente feito na manhã desta quarta-feira, quando ela disse que "aos advogados do apocalipse, de que o mundo vai cair na nossa cabeça, se preparem que tem muito trabalho e muita coisa boa para acontecer".

Índios terena e guarani-kaiowás estiveram reunidos na tarde desta quarta-feira no Palácio do Planalto com os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho; da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; da Justiça, José Eduardo Cardozo; e da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams; além de representantes da bancada sul-mato-grossense do Congresso Nacional. Depois de duas horas de reunião, os índios disseram que não vão desocupar as terras em Mato Grosso do Sul onde já estão.

"Acho que a necessidade de se indenizar a terra foi um ponto comum de todos aqueles que falaram. Existem várias alternativas. Há a disposição para que se busque uma solução definitiva sobre essas questões, desde áreas que foram confiscadas e as áreas hoje pretendidas pelas etnias indígenas", afirmou o senador Delcídio do Amaral (PT-MS). "A partir do momento em que o governo buscar uma solução para indenizar as áreas, nós vamos começar a mitigar esses efeitos, a distensionar o clima para trazer tranquilidade a todos, para as etnias, para os produtores de terra."

##RECOMENDA##

Uma nova reunião deve ocorrer nesta quinta-feira, 13, com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Para o senador sul-mato-grossense, o problema não será resolvido com uma "solução simples", mas advertiu que a situação está "sob controle" no Estado. "Não é numa penada que se resolve. Você tem que envolver outros poderes para primeiro equacionar o que está causando mais atrito, depois olhar a questão das aldeias e, em terceiro lugar, estabelecer uma política de demarcação forte, consistente, que não traga nenhum tipo de dúvida, não só sob o ponto de vista das terras, das etnias e dos produtores, mas também sob o ponto de vista jurídico", afirmou.

Para Delcídio do Amaral, o governo não tem o objetivo de enfraquecer a Fundação Nacional do Índio (Funai). "A Funai não cuida só de demarcação de terras indígenas. A Funai é protagonista de trazer para o governo as demandas indígenas. O papel da Funai não é só demarcação. É muito mais amplo, como representante das etnias indígenas brasileiras", comentou Amaral.

Na avaliação do índio terena Lindomar Pereira, o posicionamento de não sair das áreas ocupadas está mantido. "Da nossa parte, permanecemos nas áreas ocupadas. Recuar, por enquanto, não", afirmou a jornalistas. "Temos a confiança e esperança de que daqui para frente conseguiremos achar uma solução", comentou. "O que queremos é nossa terra tradicional, onde nascemos e queremos morrer", reforçou o índio guarani-kaiowá Anastácio Peralta.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reafirmou nesta quarta-feira que o Ministério considera a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 de 2000, que passa para o Legislativo a incumbência de demarcar terras indígenas, inconstitucional. "Achamos que essa PEC é inconstitucional e fere a separação dos poderes. A demarcação de terras é uma função administrativa e compete ao Executivo", disse Cardozo.

Ele disse que não tratou da PEC no encontro que teve nesta quarta de manhã com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O ministro também foi questionado sobre como está a situação no Estado do Mato Grosso do Sul, que convive com tensões entre indígenas e fazendeiros. Ele disse que a situação ainda é tensa, mas melhorou em relação à semana passada. "O diálogo começou a render frutos", disse Cardozo. "Eu coloco muita esperança nessa pactuação. Posições extremadas, seja dos índios ou dos fazendeiros, não levam a nada", disse o ministro. "Não se apaga incêndio com gasolina".

##RECOMENDA##

A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (12), o requerimento de convocação do ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, para prestar esclarecimentos sobre a política indigenista do governo federal. O requerimento de autoria do deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS) foi aprovado por 25 votos favoráveis e 10 contrários, do PT e PMDB.

Os partidos que votaram contra queriam transformar a convocação em convite. Gilberto Carvalho teria aceitado participar da audiência como convidado no próximo dia 20 de junho (quinta-feira). No caso da convocação, a audiência deve ocorrer dentro de 30 dias.

##RECOMENDA##

O deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB-MS) argumentou, em defesa da convocação, que o ministro Gilberto Carvalho precisa explicar a declaração de que a presidente Dilma teria dito ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que teria sido melhor a Polícia Federal (PF) não ter cumprido a desocupação da Fazenda Buriti, em Sidrolândia (MS), onde morreu um índio vítima de tiro.

O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, deve ser o próximo integrante do primeiro escalão a ser convocado para prestar esclarecimentos na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados sobre a política indigenista do governo. O requerimento sobre a convocação será analisado nesta quarta-feira, 12, pela comissão. No mês passado a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, prestou esclarecimentos por mais de três horas aos deputados, quando ouviu duras críticas dos parlamentares ruralistas e assegurou que novas demarcações de terras indígenas teriam participação de outros órgãos do governo, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta terça-feira que o governo federal pode entrar com um pedido de reintegração de posse do edifício-sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, caso ele não seja desocupado por índios mundurucus. Os índios protestam no local contra a implantação de usinas hidrelétricas na região do Rio Tapajós, no Pará.

"Cabe a nós dialogar para que deixem o prédio. Caso não deixem, cabe a nós entrar com um pedido de reintegração de posse: quando você está no governo, você tem de zelar pela legalidade, institucionalidade. Vamos sempre apostando que o bom senso e o diálogo prevaleçam e a gente consiga, de fato, mais uma vez, uma saída negociada, como conseguimos em Belo Monte", afirmou Carvalho a jornalistas, ao participar de reunião no Ministério do Trabalho com centrais sindicais.

##RECOMENDA##

"A Funai está em negociação permanente com eles agora. De todo modo, está acertado com eles que eles saem amanhã de manhã de volta à sua terra. A gente tem de ter nessa hora muita tranquilidade, saber respeitar as culturas, as reações, e da nossa parte, insisto, vai haver uma teimosa posição de diálogo, respeito à lei."

O ministro disse considerar "natural" esse tipo de tensão e garantiu que o governo não abre mão da negociação. "A expectativa é que amanhã eles (mundurucus) voltem à terra deles, a gente considera natural que haja esse tipo de tensão, não vamos abrir mão da negociação. Se não houver diálogo, a responsabilidade não será do governo, será de quem se negar ao diálogo, mas persistiremos em não usar a violência, em fazer o diálogo, em levar a uma solução de consenso todos os empreendimentos", disse.

A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça Federal determinou a expedição de mandado de desocupação da terra indígena Marãiwatsédé, localizada no nordeste de Mato Grosso, que foi novamente ocupada pelos antigos moradores. Desde o início do mês, famílias que já haviam sido retiradas da terra declarada como de ocupação tradicional do povo Xavante retornaram ao local pela segunda vez, depois de encerrada a desocupação em janeiro deste ano.

Por decisão da Justiça, as polícias Federal, Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança deverão prestar "auxílio total e irrestrito durante todo o processo de execução da desocupação". A decisão judicial também determina que o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo seja comunicado "da insuficiência das ações implementadas pelos órgãos de segurança (a ele subordinados) para a manutenção do cumprimento da ordem judicial, para que adote as medidas cabíveis, sob pena de comunicação ao MPF para eventual apuração de responsabilidade".

##RECOMENDA##

A fim de atender às reivindicações das famílias que tentam retornar à terra indígena, o MPF pediu que o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) seja notificado para que informe sobre as medidas adotadas para o assentamento daqueles que se enquadram no perfil do programa nacional de reforma agrária, projeto Casulo ou outros programas sociais oferecidos pelo governo federal. "Depois de notificado, o Incra terá dez dias para prestar as informações", diz o MPF.

Soja

Segundo o MPF, a Fundação Nacional do Índio (Funai) obteve autorização para promover as medidas sanitárias adequadas às plantações de soja que ainda restam no interior da terra indígena. De acordo com o parecer técnico, as lavouras "sofreram diversos danos provocados pela ação do tempo e pela proliferação de pragas, o que tornou inviável a colheita, que demandava medidas para o controle sanitário".

A reserva Marãiwatséde, que tem 165 mil hectares e está localizada nos municípios de Alto Boa Vista, São Felix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia, foi homologada em 1998, por meio de um decreto presidencial, como terra indígena de ocupação tradicional do povo Xavante. A retirada dos não índios foi determinada por decisão judicial, a partir de ação ajuizada pelo MPF em Mato Grosso. "Em janeiro de deste ano, a Funai anunciou a conclusão do trabalho de desintrusão com a desocupação de todos os 619 pontos residenciais e comerciais que estavam localizados dentro da terra indígena", diz o MPF.

Um grupo de 145 índios das etnias mundurucu, xipaia, arara e caiapó ocuparam nesta segunda-feira a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília em protesto contra a falta de diálogo com o governo federal. Os índios querem ter poder de veto nas consultas prévias para a implantação de usinas hidrelétricas na região do Rio Tapajós.

A ocupação do prédio da Funai acontece no primeiro dia útil após o pedido de exoneração da presidente da fundação, Marta Maria do Amaral Azevedo, por motivo de saúde. "Os funcionários da Funai estão sendo orientados a deixar o prédio e amanhã não serão autorizados a entrar", afirmou a liderança indígena Valdemir Mundurucu.

##RECOMENDA##

Uma reunião entre os índios e o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, marcada para às 10 horas da manhã desta segunda-feira não aconteceu e os dois lados têm duas versões para justificar a sua não realização.

Os índios afirmam que não aceitaram a condição imposta pelo governo de formar uma comissão de dez representantes para a reunião em que discutiriam sobre as hidrelétricas. Além disso, dizem que foram recebidos por cerca de 10 homens do exército e 20 da Polícia Militar. "Dissemos que se quisesse conversar com todos, tudo bem, porque queremos que ouçam o que o secretário tem a dizer, avaliem e opinem. Mas o governo quer nos dividir, nos ameaçar", disse Mundurucu.

A secretaria-geral da Presidência informou afirmou, em nota, que as lideranças indígenas "se recusaram a participar da reunião, limitando-se a protocolar um documento na Presidência da República". No texto, Carvalho "lamenta a perda desta oportunidade de diálogo e reafirma sua disposição em continuar a negociação com vistas a realizar um amplo processo de consulta prévia sobre os empreendimentos hidrelétricos na região da bacia do rio Tapajós".

Pela manhã, durante um evento no Rio, Carvalho se posicionou sobre o problema dos conflitos entre indígenas e fazendeiros no MS e disse que o diálogo é o único caminho para resolver a questão.

"Do jeito que está a questão indígena no País, ou a gente consegue dialogar, pondo à mesa os indígenas, os fazendeiros ou famílias atingidas por demarcações (de terras) indígenas, e nos pomos de acordo, ou não tem saída, é guerra. Não queremos guerra", disse o ministro, ao participar da posse de oito comissões de representantes sindicais das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

O diálogo é o único caminho para resolver conflitos envolvendo a demarcação de reservas indígenas e fazendeiros, como a polêmica que abrange a ocupação da Fazenda Buriti, em Mato Grosso do Sul, afirmou nesta segunda-feira o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. A alternativa seria a guerra, completou.

"Do jeito que está a questão indígena no País, ou a gente consegue dialogar, pondo à mesa os indígenas, os fazendeiros ou famílias atingidas por demarcações (de terras) indígenas, e nos pomos de acordo, ou não tem saída, é guerra. Não queremos guerra. Então, o governo atuou nesses dias nessa perspectiva", disse, ressaltando que um eventual acordo deve respeitar a lei, "mas ao mesmo tempo, levar em conta os interesses das pessoas".

##RECOMENDA##

Carvalho demonstrou otimismo em relação ao fórum de negociação entre proprietários de terra e os índios terena no Estado, criado na quinta-feira, 6, e afirmou crer que poderá restabelecer o diálogo. "O próprio sofrimento trouxe o amadurecimento, dos dois lados", afirmou. "Não tem outro caminho: é o diálogo e a negociação", disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, ao deixar a cerimônia de posse de oito comissões de representantes sindicais das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí (RJ).

O efetivo de 110 homens da Força Nacional permanecerá 24 horas por dia nas áreas de acesso às fazendas e aldeias da região de Sidrolândia (MS), onde o indígena Oziel Gabriel morreu em conflito com as Polícias Militar (PM) e Federal (PF) no dia 30. Portaria do Ministério da Justiça determinou a permanência, inicialmente, por 30 dias, o que pode ser prorrogado. As tropas chegaram na quarta-feira, 5, no mesmo dia em que o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, visitou Mato Grosso do Sul e sobrevoou a área das fazendas invadidas pelos terenas. De lá para cá, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) fez o planejamento da ação na área.

Ficou definido que o patrulhamento na região será feito por 24 horas e envolverá revistas e abordagens, quando necessário. O efetivo não pretende fazer a reintegração de posse das áreas, mas assegurar a pacificação. Os índios permitiram a manutenção das tropas após reunião realizada nesta quinta-feira, 6.

##RECOMENDA##

Otoniel Terena, de 32 anos, irmão de Gabriel, afirmou acreditar que a presença dos homens da segurança nacional é necessária. "A gente estava sofrendo ameaça de pistoleiros, não tinha segurança nenhuma. Agora, acho que vai melhorar." No entanto, Terena disse que os indígenas estão "dando um voto de confiança" porque, de acordo com ele, a atuação da polícia no dia do confronto em que o irmão acabou morto foi "uma atrocidade". "Eles falaram que o objetivo deles aqui é diferente da Polícia Militar e da Federal", disse.

Segundo o produtor rural Vanth Vanni, dono da Fazenda Cambará, a Força Nacional ajudará. "Eles falaram que vão ficar aqui 24 horas por dia. Acho que não vou precisar tirar todo meu gado porque eles garantiram que vão cuidar", afirmou. Quanto à saúde do primo de Terena e de Oziel Gabriel, Josiel Gabriel, que está internado na Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande depois de ter sido baleado na terça-feira, 4, o hospital afirmou que, "com ou sem cirurgia", ele terá sequelas neurológicas e deverá ficar paraplégico. Não há risco de morte.

O juiz da 1ª Vara Federal em Mato Grosso, Sebastião Julier, determinou nesta sexta-feira que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Força Nacional auxiliem na retirada imediata dos invasores da terra indígena Marãiwatsédé. No dia 2 de maio, os invasores - por volta de 500 - retornaram depois de terem sido despejados da reserva entre o fim de 2012 e janeiro deste ano.

Em sua determinação, Julier afirma que "a renovação da invasão representa uma afronta à Justiça, e Estado Democrático de Direito que não pode se tolerado". Além da retirada, devem ser apreendidas de armas, veículos e demais bens dos invasores.

##RECOMENDA##

No dia 3, o Conselho Missionário Indigenista (Cimi) divulgou carta assinada pelo cacique Damião Paridzané, líder da comunidade xavante da terra indígena Marãiwatsédé, denunciando a invasão.

Marãiwatsédé é uma terra indígena localizada na região nordeste do Estado do Mato Grosso e sua demarcação data de 1992. Ao longo dos anos foi invadida por grandes e pequenos produtores rurais, políticos e magistrados que alegavam deter direito de propriedade sobre lotes comercializados da área.

A terra foi desocupada integralmente em janeiro deste ano com uso da força policial. Houve confronto e os posseiros chegaram a bloquear as rodovias de acesso à região em protesto contra a retirada.

A Justiça também determinou a destruição de lavouras de soja existente na reserva. A ação é necessária para fins de controle sanitário, especialmente da ferrugem asiática, segundo o juiz.

Após três horas e meia de reunião com índios terena, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou nesta quinta-feira a criação de um fórum para discutir a polêmica envolvendo a ocupação da Fazenda Buriti, no Mato Grosso do Sul, onde o índio Oziel Gabriel, de 35 anos, foi morto na semana passada.

"Vou propor a possibilidade de debatermos e chegarmos a um acordo sobre como pode ser solucionado esse conflito. A ideia é criar um fórum de negociação onde o governo federal vai estar presente", disse Cardozo a jornalistas. Ele prometeu discutir o assunto com o Conselho Nacional de Justiça, Ministério Público e com o governo do Mato Grosso do Sul. O fórum deve ser instalado dentro de 15 dias.

##RECOMENDA##

De acordo com Cardozo, os terena se comprometeram a não fazer novas ocupações, permanecendo nas terras em que já estão até o início da negociação. "É uma decisão que eles vão tomar e o Judiciário vai decidir. Nós fizemos apelo veemente para que nenhum ato de violência fosse praticado e se buscasse restaurar a legalidade", afirmou o ministro.

Cardozo e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, assinaram uma nota em que também assumem o compromisso de um "apuração rigorosa" e "imparcial" da morte de Oziel por meio de "inquérito policial, onde será feita perícia isenta".

Na avaliação do ministro, hoje a situação é de "arrefecimento do clima de tensão". "Posso estar enganado, mas já há um aceno para uma possibilidade de acordo. "Aqueles que acham que com radicalização se resolve o problema da questão indígena estão errando, estão inviabilizando uma solução para o problema. A ideia nossa é que todos nós sentemos em conjunto e discutamos as soluções possíveis e que sejam juridicamente admissíveis", afirmou Cardozo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando