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Publicada na respeitada revista científica “The Lancet”, uma carta elaborada a partir das pesquisas realizadas por seis cientistas de 5 universidades dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, aponta 10 motivos que sugerem a transmissibilidade do o SARS-CoV-2, o novo coronavírus, pelo ar.

Os chamados “aerossóis”, classificados como pequenas partículas que ficam em suspensão no ar depois de serem expelidas por alguém contaminado, seriam a causa central da presença do vírus para além das superfícies.

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Ainda de acordo com o estudo, a alta incidência de casos nos quais pessoas assintomáticas transmitiram a doença (pelo menos 59% em uma escala global), reforça a teoria.

Para ratificar a carta, foram estudados diversos eventos “superespalhadores” do vírus ao redor do mundo, e a partir disso, especialistas apontaram a fala, processo responsável pela produção de milhares de partículas de aerossóis, como a principal forma de disseminação da Covid-19.

Os pesquisadores também dizem ter capturado o vírus no ar em duas situações específicas. A primeira delas em experimentos de laboratório, onde o coronavírus permaneceu infeccioso por até 3 horas.

No segundo caso, foram identificadas partículas do SARS-CoV-2 em amostras de ar de quartos ocupados por pacientes com Covid-19, mesmo com ausência de intubação.

Há controvérsias

O tema tem sido considerado controverso na comunidade científica, visto que a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera esse tipo de contágio possível apenas sob condições específicas, a exemplo de procedimentos médicos.

Embora uma série de estudos anteriores não tenha conseguido atingir o mesmo feito, isso já era esperado, segundo os especialistas.

O fenômeno ocorre porque colher a amostragem de vírus presente no ar é tecnicamente desafiador, já que os métodos de amostragem para a coleta de partículas finas é pouco eficaz.

Por que usar a máscara é importante?

Em contraste com a transmissão do novo coronavírus apenas por gotículas, a carta alerta para novas medidas de prevenção, que incluem o uso indispensável de máscaras, sobretudo em ambientes fechados, ainda que exista o distanciamento adequado. Admitir a possibilidade do vírus ser transmitido pelo ar, significa prestar mais atenção em sistemas de ventilação, filtragem de ar, tempo gasto em ambientes fechados, e também alerta para a necessidade de proteção de alto grau para equipes de saúde e trabalhadores da linha de frente.

Em casos de máscaras profissionais, como a N95 e a cirúrgica, siga a orientação do fabricante. Para quem faz uso de máscaras caseiras, a indicação é utilizá-las por até quatro horas. Repare também no estado da peça: se estiver suja, manchada ou molhada, melhor substituí-la antes do prazo.

Confira os 10 pontos levantados na carta:

1. Eventos 'superespalhadores' do vírus

2. Transmissão fora do mesmo ambiente (caso na Nova Zelândia)

3. Transmissão por assintomáticos

4. Transmissão é maior em ambientes internos

5. Transmissão em hospitais

6. Vírus viável já foi encontrado no ar

7. Vírus em filtros de ar e dutos

8. Estudos com animais em gaiolas

9. Não há evidências consistentes do contrário

10. Provas de outras formas dominantes de contágio são limitadas

Até dentro das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19 existem grupos que conseguem se sair melhor ou pior que outros no Brasil. A população preta, desempregada - ou em trabalhos informais - que vive em áreas mais precárias e com difícil acesso aos serviços de saúde de qualidade é a mais impactada pelos resultados da doença que já matou mais de 362 mil brasileiros.

Segundo pesquisa da revista científica The Lancet, publicada neste mês de abril, as dificuldades socioeconômicas afetaram fortemente o curso da pandemia no país, mais do que a idade e as comorbidades das pessoas infectadas. Dentro dessas desigualdades, a população preta/parda do Brasil é a que mais morre em decorrência do vírus - podendo estas mortes estarem relacionadas às diferenças na sustentabilidade ao Covid-19 e no acesso aos cuidados de saúde, incluindo cuidados intensivos para essa população.

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A análise do The Lancet reforça que os negros e pardos brasileiros têm, em média, menos segurança econômica, são menos propensos a ficar em casa e trabalhar remotamente e representam uma proporção substancial de profissionais de saúde. Além disso, comparando os índices de vulnerabilidade socioeconômica dos estados aos registros de casos e mortes provocadas pelo novo coronavírus, o levantamento mostra que as regiões mais pobres do Brasil, como o Norte e o Nordeste, foram as mais impactadas.

A cidade de Manaus, Amazonas, por exemplo, viveu o pior cenário pandêmico do país entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano. Sem oxigênio e com hospitais lotados, a grande demanda obrigou que as equipes de saúde precisassem realizar ventilações manuais para manter os pacientes vivos, enquanto familiares, amigos e até artistas de outros Estados lutavam para conseguir oxigênio para os manauaras que, sem esse suporte, iam morrendo ‘asfixiados’ por conta de um sistema de saúde colapsado. 

"Nossa análise apóia um esforço urgente por parte das autoridades brasileiras, para considerar como resposta nacional ao COVID-19, poder proteger melhor os pardos e os negros brasileiros, bem como a população dos estados mais pobres, de seu maior risco de morrer de COVID-19", publicou a revista.

Não bastasse os 13,7 milhões de infectados e mais de 362 mil pessoas que perderam a briga desigual para o vírus, no Brasil, a fome bate à porta de milhares de brasileiros que vivem o dilema diário sobre o que comer.

Pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade de Brasília (UnB) divulgaram que 59,4% dos lares brasileiros apresentaram algum grau de insegurança alimentar no último quadrimestre de 2020. 

Outros dois quintos dos lares diminuíram o consumo de alimentos importados, como carnes e frutas. Os pesquisadores mostram que a situação mais grave da insegurança alimentar está no Nordeste. Por aqui, 73% das casas não tinham o que comer, ou tiveram que diminuir drasticamente o que vinha na sua cesta básica.

Os resultados desta pesquisa, que considera a insegurança alimentar a incerteza do que irá comer, foram divulgados na última terça-feira (13), tendo sido feita entre novembro e dezembro de 2020. 

A insegurança alimentar só piora no Brasil. Foto: Fotos Públicas

O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) também indica que nos últimos meses de 2020, cerca de 19 milhões de brasileiros passaram fome.

Além disso, do total de 211,7 milhões de brasileiros, 116,8 milhões conviviam com algum grau de insegurança alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos suficientes dentro de casa.

No Alto do Pascoal, periferia localizada na Zona Norte do Recife, Ruth* sentiu na pele as dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19. Antes dos primeiros casos surgirem no Brasil, ela trocou as ruas do Recife e de João Pessoa, Paraíba, onde trabalhava como profissional do sexo, pelas cozinhas. Ela tinha conseguido um emprego, ainda na informalidade, mas que garantia um salário fixo, sem ter que ficar na espera de clientes.

“Todo mundo sabe que conseguir trabalho é difícil, ainda mais quando você é uma travesti. Ninguém quer dar oportunidade, então eu conseguia meu dinheiro com o meu corpo. Depois de um tempo a gente vai cansando e eu tinha conseguido a oportunidade de ser cozinheira - e como eu gosto de cozinhar - agarrei logo”, exclama Ruth. 

No entanto, depois de alguns meses nesse novo trabalho, ela lembra que os casos de Covid-19 começaram a crescer e a situação começou a “apertar”, não tendo mais garantido pelos seus patrões o salário. “A mulher só queria me dar comida, até quando eu pedia dinheiro para comprar o meu cigarro ela dizia que não tinha. Não estou podre pra ficar me humilhando, não. O jeito que eu encontrei foi voltar pras ruas, meu filho. Hoje mesmo eu fui pra um motel belíssimo, tô aqui com o meu dinheirinho e minhas duas carteiras de cigarro”, disse a profissional. 

Mesmo voltando para a prostituição, Ruth aponta que está passando por dificuldades, tendo que “correr atrás de comida”, seja ela ofertada pelo governo municipal ou por pessoas próximas que sabem das dificuldades que ela enfrenta dentro de casa. 

Neste momento de pandemia, o número de pessoas desempregadas no Brasil foi estimado em 14,3 milhões no trimestre encerrado em janeiro deste ano, o maior contingente desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgado no dia 31 de março, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em Pernambuco, entre janeiro e fevereiro 37.044 pessoas perderam o seu emprego. Além disso, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostra que, de abril até dezembro de 2020, 808.334 pessoas fizeram acordos trabalhistas no Estado. Esse número inclui contratos intermitentes, suspensão de trabalho e redução de 70%, 50% ou 25% do salário - tudo no período pandêmico.

O Auxílio Emergencial deve ser disponibilizado poucas pessoas, se comparado ao ano passado. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo

Auxílio Emergencial

Na nova fase do auxílio emergencial deste ano, apenas uma pessoa poderá acessar o benefício por família. Além disso, o valor médio das novas parcelas é de R$ 250, variando de R$ 150 a R$ 375, a depender do perfil do beneficiário e composição de cada família.

Segundo dados do Ministério da Cidadania, as famílias em geral vão receber R$ 250; a família monoparental, chefiada por uma mulher, vai receber R$ 375. Essa queda brusca nos valores recebidos pelas pessoas, que estão vivendo uma situação complicada com o desemprego e o desaquecimento da economia, deve ajudar, mas não como das primeiras vezes que o auxílio foi liberado, com valores variando entre R$ 300 e R$ 1.200.

Tendo que pagar água, luz, internet e aluguel, a manicure Sônia Pereira Barbosa, 47 anos, aponta estar vivendo um dos momentos mais difíceis de sua vida. Como não tem contrato com a empresa que trabalha, ela ganha pela quantidade de unhas que cuida. Na necessidade do isolamento social e das restrições impostas pelo governo de Pernambuco, Sônia se viu sem trabalho e sem dinheiro para comprar o básico.

“Desde quando a quarentena começou, pra mim ficou muito difícil porque eu trabalho como Microempreendedor Individual (MEI), então a empresa que eu trabalho não tem vínculo comigo. Eu ganho pelo que faço, então pra mim ficou muito difícil, principalmente por não ter minha carteira assinada”, explica.

Ela diz que junto com sua filha chegou a ter acesso ao auxílio emergencial prorrogado, que se encerrou em dezembro do ano passado. A junção do dinheiro recebido por mãe e filha ajudava a manter a casa onde moram, juntamente com mais duas crianças de 5 e 2 anos. 

Neste ano, sem trabalho certo, Sônia soube que apenas sua filha, de 22 anos, vai ter acesso ao auxílio, já que apenas um CPF por família vai ser beneficiado nesta nova rodada. O valor que a jovem deve receber é de R$ 375. A manicure está preocupada, sem saber como vai fazer para pagar o aluguel de R$ 400, pagar água, luz, internet, comprar o gás e ainda colocar comida na mesa com esse valor. “O que dá pra fazer com isso? É praticamente o valor do gás de cozinha”, lamenta a manicure. 

Essa segunda onda da pandemia deixa latente que as piores vítimas da crise sanitária são, ‘escancaradamente’, os trabalhadores temporários e mal pagos, aqueles que vivem na informalidade, não têm trabalho e vivem nas áreas mais pobres das cidades brasileiras, com destaque para o Norte e Nordeste do País.

*Nome fictício

A vacina russa Sputnik V tem eficácia de 91,6% contra a covid-19 em suas manifestações sintomáticas - é o que aponta uma análise dos testes clínicos publicada nesta terça-feira (2) pela revista médica The Lancet e validada por especialistas independentes.

O fármaco russo já está sendo administrado na Rússia e em outro países, como Argentina e Argélia.

"O desenvolvimento da vacina Sputnik V foi criticado por sua precipitação, o fato de que pulou etapas e por uma ausência de transparência. Mas os resultados apresentados são claros e o princípio científico desta vacina ficou demonstrado", afirmaram dois especialistas britânicos, os professores Ian Jones e Polly Roy, em um comentário publicado com o estudo.

"Isto significa que uma vacina adicional pode se unir ao combate para reduzir a incidência da covid-19", completam os pesquisadores.

Os primeiros resultados verificados corroboram as afirmações iniciais da Rússia, recebidas com desconfiança no ano passado pela comunidade científica internacional.

A Sputnik V ficaria, assim, entre as vacinas mais eficazes, próxima dos imunizantes da Pfizer/BioNTech e da Moderna (quase 95% de eficácia).

Nas últimas semanas, algumas autoridades na Europa solicitaram que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) avaliasse rapidamente a vacina russa.

Os resultados publicados na revista The Lancet procedem da última fase dos testes clínicos, a 3, que reuniu quase 20.000 voluntários.

Como acontece nestes casos, os resultados foram apresentados pela equipe que elaborou a vacina e conduziu os testes, antes de serem submetidos a outros cientistas independentes.

Os dados mostram que a Sputnik V reduz em 91,6% o risco de desenvolver sintomas de covid-19.

Os participantes no teste realizado entre setembro e novembro receberam duas doses, ou um placebo, com três semanas de intervalo.

No total, 16 voluntários dos 14.900 que receberam a vacina foram diagnosticados como casos positivos de covid-19, ou seja, 0,1%, contra 62 dos 4.900 que receberam um placebo (1,3%).

Um estudo publicado pela revista médica The Lancet afirma que o crescimento populacional deve ser menor nos próximos anos e o pico de população deve ocorrer na década de 2060, com 9,7 bilhões de pessoas. A partir daí, a humanidade irá se reduzindo lentamente até chegar a 8,8 bilhões em 2100.

De acordo com o estudo, a chave dessa queda se dá pela educação feminina, que será mais generalizada e precoce, segundo os cientistas do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington (IHME, na sigla em inglês). "Nossas conclusões sugerem que as tendências contínuas no nível educativo feminino e o acesso à anticoncepção, acelerarão a redução da fertilidade e o crescimento demográfico lento", afirma o estudo.

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Esse tombo se deverá a uma drástica redução da taxa de fertilidade na África subsariana, parte dedicada ao Sul do Deserto do Saara, e à rápida redução populacional prevista para a Ásia e Europa Central e Oriental. Os demógrafos calculam que as populações cairão pela metade em 23 países e territórios, incluindo Espanha, Japão, Tailândia, Itália, Portugal e Coreia do Sul. Além disso, outros 34 países terão uma grande redução de habitantes, incluindo a China, que passaria de 1,4 bilhão para 732 milhões de habitantes.

O Brasil, hoje com aproximadamente 210 milhões de habitantes, chegaria a um pico de 235 milhões em 2043, para então cair a 164,75 milhões no final deste século.

O futuro que esse estudo propõe é o de um planeta majoritariamente idoso em 2100, onde os maiores de 65 anos beiram os 2,3 bilhões, em comparação com apenas 1,7 bilhão de indivíduos menores de 20 anos. Haverá o dobro de pessoas maiores de 80 anos que menores de 5 (800 milhões frente a 400), como propõe a pesquisa.

A população mundial deve começar a encolher na segunda metade do século 21, atingindo 8,8 bilhões em 2100, cerca de 2 bilhões a menos do que as projeções da ONU, segundo um estudo que será publicado na quarta-feira (15) pela revista The Lancet.

Pesquisadores do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) preveem um pico populacional a partir de 2064, com 9,7 bilhões de pessoas, antes de começar a declinar até 2100.

São "boas notícias para o meio ambiente (menos pressão sobre os sistemas de produção de alimentos e menos emissões de CO2)", disse à AFP Christopher Murray, diretor do respeitado Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) de Seattle, que realizou o estudo.

Isso será acompanhado por uma inversão da pirâmide etária que terá "profundas consequências" na economia e na organização de famílias, comunidades e sociedades, acrescenta.

Essas projeções, contudo, não são infalíveis e mudanças políticas podem modificar as trajetórias dos países.

De acordo com o último relatório das Nações Unidas sobre a população mundial, a Terra terá 9,7 bilhões de habitantes até 2050 e 10,9 bilhões em 2100, em comparação com os atuais 7,7 bilhões.

O novo estudo questiona esse crescimento contínuo ao longo do século XXI.

Pesquisadores do IHME, um organismo financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, uma referência por seus estudos globais em saúde pública, preveem um pico a partir de 2064, para 9,7 bilhões de pessoas, antes de começar a diminuir para 8,8 bilhões em 2100.

- Queda na Europa -

O declínio dependerá em grande parte do desenvolvimento da educação das meninas e do acesso ao controle de natalidade, o que reduzirá a taxa de fertilidade para 1,66 filho por mulher em 2100, em comparação aos atuais 2,37, de acordo com o estudo. Essa queda na fertilidade é muito mais rápida do que a prevista pela ONU.

Em 183 dos 195 países estudados, esse índice cairá em 2100 abaixo de 2,1 filhos por mulher, permitindo manter a população sem contribuição migratória.

Mas a evolução demográfica, que também integra mortalidade e migrações, variará de acordo com a região e o país, segundo pesquisadores que antecipam uma possível redistribuição de mapas econômicos e geopolíticos, embora o poder de um Estado não se reduza apenas ao tamanho da sua população.

A China pode perder cerca de metade de seus habitantes (1,4 bilhão atualmente para 730 milhões em 2100), com um declínio no número de pessoas em idade ativa, o que pode "impedir" seu crescimento econômico.

Os Estados Unidos, com sua posição de principal potência econômica do mundo em risco, poderão ultrapassar a China até o final do século se a imigração continuar a aliviar o declínio da fertilidade, segundo o estudo.

Ásia e Europa vão perder população. Essas duas regiões abrigam os 23 países que terão sua população reduzida em pelo menos metade: Japão (de 128 a 60 milhões), Tailândia (71 a 35), Espanha (46 a 23), Itália (61 a 31), Portugal (11 a 4,5), Coreia do Sul (53 a 27). No entanto, outros países, como a França, escaparão dessa tendência (65 a 67 milhões).

- Direitos da mulher -

Por outro lado, a África subsaariana poderá triplicar sua população de 1 bilhão para 3 bilhões, principalmente na Nigéria (206 a 790 milhões de habitantes), tornando-se em 2100 o segundo país mais populoso do mundo, atrás da Índia e à frente da China.

"Este será realmente um mundo novo, um mundo para o qual devemos nos preparar agora", disse o editor-chefe da Lancet, Richard Horton.

Neste mundo em que a população em idade ativa terá diminuído e onde as pessoas com mais de 80 anos serão seis vezes mais numerosas do que agora (de 141 para 866 milhões), será necessário "reavaliar a estrutura atual dos sistemas de assistência social e dos serviços de saúde ", adverte Christopher Murray.

"Responder a esse declínio populacional pode se tornar uma das maiores preocupações políticas em muitos países", diz seu colega Stein Emil Vollset no comunicado.

"Mas isso não deve comprometer os esforços para melhorar a saúde reprodutiva das mulheres ou o avanço dos direitos das mulheres", insiste.

Para modificar a trajetória demográfica, eles sugerem "políticas sociais" para ajudar as mulheres a trabalharem ao mesmo tempo em que possam ter todos os filhos que desejarem.

Eles também apontam para as "políticas liberais de imigração". "Acreditamos que, no final do século, os países que precisarem de trabalhadores migrantes terão que competir para atraí-los", e esses, sem dúvida, virão da África e do mundo árabe, prevê Christophe Murray.

O horizonte está escurecendo para os autores do estudo muito criticado sobre a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19: a prestigiosa revista médica "The Lancet", que o publicou, tomou distância ao reconhecer em um aviso formal que "questões importantes" pairam sobre ele.

"The Lancet" deseja, portanto, "alertar os leitores para o fato de que questões científicas sérias foram trazidas à (sua) atenção" em relação a este estudo, diz a revista.

O alerta foi divulgado na terça-feira à noite sob a forma de uma "expression of concern" ("expressão de preocupação"), uma declaração formal usada por periódicos científicos para indicar que um estudo é potencialmente problemático.

Se uma "expression of concern" não é tão carregada de consequências quanto uma retirada total, lança dúvidas sobre sua natureza.

O estudo em questão conclui que a hidroxicloroquina não é benéfica para pacientes com Covid-19 hospitalizados e pode até ser prejudicial.

Teve um impacto mundial e grandes repercussões, pressionando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a suspender os ensaios clínicos com hidroxicloroquina contra a Covid-19. Da mesma forma, a França decidiu proibir esse tratamento.

Publicado em 22 de maio no periódico "The Lancet, o estudo se baseia em dados de 96.000 pacientes hospitalizados entre dezembro e abril em 671 hospitais e compara a condição daqueles que receberam tratamento com os pacientes que não receberam.

Após a publicação, muitos pesquisadores expressaram dúvidas sobre o estudo, incluindo cientistas céticos sobre o benefício da hidroxicloroquina contra a Covid-19.

- Dados -

Em uma carta aberta publicada em 28 de maio, dezenas de cientistas em todo mundo observaram que uma análise minuciosa do estudo da Lancet levanta "preocupações metodológicas e sobre a integridade dos dados".

Eles elaboraram uma longa lista de pontos problemáticos, desde inconsistências nas doses administradas em certos países até questões éticas sobre a coleta de informações, incluindo a recusa dos autores a darem acesso a dados brutos.

Os dados são da Surgisphere, que se apresenta como uma empresa de análise de dados de saúde, com sede nos Estados Unidos.

Em seu comunicado à imprensa na terça-feira, "The Lancet" lembrou que "uma auditoria independente sobre a fonte e a validade dos dados foi solicitada por autores não afiliados ao Surgisphere e está em andamento, com resultados esperados em breve".

"Não basta, precisamos de uma avaliação independente real", reagiu no Twitter o pesquisador James Watson, um dos iniciadores da carta aberta.

"Existem dúvidas sobre a integridade do estudo da The Lancet. Em retrospecto, parece que os formuladores de políticas se apoiaram demais neste artigo", comentou o professor Stephen Evans, da London School of Hygiene and Tropical Medicine.

Antes da polêmica sobre o estudo, outros trabalhos em menor escala chegaram a uma mesma conclusão, sem que sua metodologia fosse criticada.

O estudo da "The Lancet" também foi atacado pelos defensores da hidroxicloroquina, geralmente com a palavra-chave #LancetGate nas redes sociais.

O principal deles é o pesquisador francês Didier Raoult.

"O castelo de cartas está em colapso", tuitou nesta quarta-feira sobre o alerta da revista, depois de já ter descrito o estudo como "confuso".

Os autores, dr. Mandeep Mehra e seus colegas, defendem seu estudo.

"Estamos orgulhosos de contribuir sobre a Covid-19" neste período de "incerteza", disse Sapan Desai, chefe da Surgisphere, à AFP em 29 de maio.

Esta empresa está no centro de todas as questões. Outra importante revista médica, "New England Journal of Medicine" (NEJM), também publicou na terça-feira (2) uma "expressão de preocupação" sobre um estudo da mesma equipe, realizado com bancos de dados da Surgisphere.

Este estudo não foi sobre hidroxicloroquina, mas sobre uma ligação entre a mortalidade por Covid-19 e doenças cardíacas.

Um especialista francês, o professor Gilbert Deray, vê na publicação desses avisos pela "The Lancet" e NEJM como um sinal de que os dois estudos estão "em processo de retração". Segundo ele, esse repúdio seria "um desastre", pois esses periódicos são "referências".

"Esses erros ilustram que o tempo científico deve ser desconectado do da mídia. A urgência da pandemia não justifica estudos ruins", afirmou ele no Twitter.

Uma em cada 12 mortes no período de cinco anos pode ser evitada com 30 minutos de exercício diário, uma rotina que pode ser composta de atividades simples, como fazer faxina ou caminhar até o trabalho cinco dias por semana, revela um estudo publicado nesta sexta-feira.

"Ser muito ativo (750 minutos por semana) está associado a uma redução ainda maior", segundo um estudo publicado na revista médica The Lancet.

A pesquisa que fez um acompanhamento de 130 mil pessoas em 17 países "confirma que em uma escala global a atividade física está relacionada a um menor risco de mortalidade e de doenças cardiovasculares", disseram os autores do estudo em um comunicado.

A relação se dava sem importar o país, o tipo de atividade ou se esta fazia parte de uma classe, uma rotina de transporte ou de trabalho doméstico.

A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos 150 minutos de exercícios de "intensidade moderada" ou 75 minutos de atividade aeróbica "intensa" a cada semana.

Segundo os autores do estudo, cerca de um quarto da população mundial não realiza estas rotinas.

O novo estudo revelou que "caminhar, ainda que seja 30 minutos na maioria dos dias da semana tem um benefício substantivo", indicou o diretor do estudo, Scott Lear, acadêmico da Universidade Simon Fraser do Canadá.

O estudo incluiu participantes com idades entre 34 e 70 anos de meios urbanos e rurais em países ricos e pobres.

Os indivíduos foram estudados durante quase sete anos.

Os cientistas compararam os dados das pessoas que sofreram ataques cardíacos, derrames e outras doenças com os níveis de atividade física que elas realizavam.

"Das 106.970 pessoas que seguiram as recomendações de atividade, 3,8% desenvolveram doenças cardiovasculares, em comparação com 5,1% das pessoas que não" seguiram as recomendações, afirmaram os autores.

"O risco de mortalidade também foi mais alto para pessoas que não fizeram o mínimo recomendado de atividade, com 6,4% contra 4,2%", disseram os cientistas.

A atividade realizada caminhando para transportes, efetuando um trabalho ou atividades domésticas foram as formas mais comuns de exercício, determinaram os pesquisadores.

"Em termos gerais, quanto maior o nível de atividade de uma pessoa, menor o risco de mortalidade e de sofrer de doenças cardiovasculares", concluíram.

O Brasil é o oitavo país no ranking elaborado pela revista científica The Lancet entre os que mais diminuíram o número de fumantes. Segundo o artigo, no período entre 1990 e 2015, a porcentagem de fumantes diários no País caiu 29% para 12% entre homens e 19% para 8% entre mulheres.

O estudo também constatou que, em 2015, aproximadamente um bilhão de pessoas no mundo inteiro fumavam diariamente: um em quatro homens e uma em 20 mulheres. A proporção é um pouco diferente da que foi registrada há 25 anos: em 1990, era um em cada três homens e uma em cada 12 mulheres.

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Já o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes (7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens), mas a redução coloca o país entre os campeões de quedas do volume de pessoas que consomem tabaco.

Por outro lado, de acordo com o estudo, países como Bangladesh, Indonésia e Filipinas não obtiveram mudanças significativas em 25 anos. Na Rússia, houve aumento no número de mulheres que fumam e tendências similares foram identificadas na África.

Para consultar a pesquisa realizada pela revista, acesse o site: http://thelancet.com/.

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