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O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, acusou nesta terça-feira (19) a Organização Mundial da Saúde (OMS) de "descaso" na aprovação de vacinas contra a covid-19, como a russa Sputnik V, que será produzida no país latino-americano.

“Estão há muito tempo nisso (...), digo que é mais um descaso”, afirmou o presidente em sua habitual coletiva de imprensa matinal. “Quando se trata de saúde, é, com todo o respeito, uma ineficiência”, acrescentou.

López Obrador lembrou que está há uma semana urgindo à OMS que aprove vacinas como a Sputnik V e a chinesa CanSino, esta última já em produção no México junto com a do laboratório sueco-britânico AstraZeneca.

Sem sua aprovação, os mexicanos que receberam esses imunizantes não poderão entrar nos Estados Unidos, que permite a entrada em seu território apenas àqueles que receberam vacinas autorizadas pela OMS.

Os Estados Unidos vão abrir sua fronteira com o México, de mais de 3.000 km, no dia 8 de novembro, após mantê-la fechada para viagens não essenciais desde março de 2020 devido à pandemia.

“O gargalo está na OMS”, declarou López Obrador, que disse ainda que em breve enviará uma carta à organização, na qual solicitará "formalmente" a aceleração dos processos de aprovação.

A OMS validou apenas, até o momento, as vacinas Pfizer/BioNTech, Moderna, Sinovac e Sinopharm, além de algumas versões da desenvolvida pela AstraZeneca.

A entidade informou na semana passada que em breve retomará as análises da Sputnik V, que foram suspensas no início do ano por falta de "alguns trâmites jurídicos".

O México assinou na última quinta-feira um acordo com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) para produzir a vacina russa.

O país latino-americano, que iniciou a vacinação contra a covid-19 em dezembro do ano passado, imunizou até o momento 69,1 milhões de pessoas, incluindo 11,9 milhões com doses da Sputnik V.

Com 126 milhões de habitantes, o México é o quarto país mais atingido no mundo pelo coronavírus em números absolutos, com 284.477 mortes e 3,7 milhões de casos acumulados, segundo dados oficiais.

O instituto Gamaleya de Moscou aprovou a produção da segunda dose da vacina Sputnik V contra a Covid-19 na Argentina, após um controle de qualidade bem-sucedido dos testes enviados pelo país sul-americano, informou nesta terça-feira (3) o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RDIF) em um comunicado conjunto com um laboratório argentino.

"A vacina Sputnik produzida na fábrica da empresa (argentina) Richmond estará disponível para vacinação na Argentina a partir da semana que vem após um bem-sucedido controle de qualidade de testes no instituto Gamaleya em 3 de agosto", diz o comunicado.

O anúncio ocorre após uma reclamação da Argentina por atrasos na entrega da segunda dose desse imunizante, que compreende duas injeções diferentes e não intercambiáveis.

"O laboratório Richmond planeja produzir mais de 3 milhões de doses do segundo componente da Sputnik V em agosto. Nesta semana, a empresa começará a fornecer ao governo da Argentina 150.000 doses do segundo componente da vacina Sputnik V produzida localmente", afirma o texto do RDIF e Richmond.

A Argentina fechou um acordo com a Rússia para o fornecimento de cerca de 30 milhões de doses da Sputnik V, das quais recebeu cerca de 11,86 milhões. Até agora, chegaram 9,37 milhões do primeiro componente, mas apenas 2,49 milhões do segundo componente da Sputnik V.

Nas últimas semanas, o governo argentino acelerou a campanha de vacinação para completar os esquemas de duas doses, devido ao medo das consequências da chegada da cepa Delta da covid-19, que foi detectada na semana passada pela primeira vez no país.

A Argentina registra 4,95 milhões de casos e mais de 105.000 mortes desde o início da pandemia.

A Argentina, um dos primeiros países a usar amplamente a vacina russa Sputnik V, aumentou a pressão sobre Moscou e ameaçou romper o contrato de compra por causa dos atrasos na chegada de segundas doses. Os atrasos começaram a comprometer sua campanha de imunização contra a Covid-19.

Em uma carta dirigida ao Fundo Russo de Investimento no dia 7 e divulgada ontem pelo jornal La Nación, o governo de Alberto Fernández reclama dos atrasos e faz a ameaça de rompimento de contrato. A informação foi confirmada pela assessora presidencial Cecilia Nicolini.

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O esquema da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya, compreende duas doses que são diferentes e não intercambiáveis, ao contrário da maior parte das outras vacinas contra a covid-19. Segundo o jornal britânico The Guardian, a Argentina está testando misturas de vacinas para substituir as segundas doses atrasadas da Sputnik.

"Nós entendemos a escassez e as dificuldades de produção de alguns meses atrás", continua a carta. "Mas agora, sete meses depois, ainda estamos muito atrás, enquanto começamos a receber doses de outros fornecedores regularmente, com cronogramas que são cumpridos."

A Argentina fechou um acordo com a Rússia de cerca de 30 milhões de doses da Sputnik V, mas, até agora, chegaram à Argentina 9,37 milhões da primeira dose, mas apenas 2,49 milhões do componente da segunda dose.

Nas últimas semanas, o governo acelerou a campanha de vacinação para completar os esquemas de duas doses, pelo receio de consequências da cepa Delta. Ainda não foi registrada a circulação comunitária desta variante no país.

No início da campanha de vacinação, a Argentina priorizou a imunização da maior quantidade possível de pessoas com a primeira dose e decidiu aplicar as segundas doses em um prazo de três meses. Este esquema é semelhante ao usado pelo Reino Unido. Mas pessoas que receberam a Sputnik V ainda aguardam a segunda dose depois de mais de três meses. Em torno de 17,07 milhões de pessoas receberam uma primeira dose das diferentes vacinas (o país também aplica os fármacos da AstraZeneca e da Sinopharm), e 5,79 milhões, as duas injeções, em uma população de 45 milhões.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou no dia 4 de junho, mediante algumas condições, a importação excepcional da Sputnik V. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garantiu, nesta quarta-feira, 14, que o número de doses contratadas pelo Plano Nacional de Imunizações (PNI) será suficiente para vacinar toda a população brasileira acima de 18 anos com as duas doses contra a covid-19, até o fim deste ano. Como o volume total estimado já obteve aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seja para uso definitivo ou emergencial, o ministro disse que não há necessidade de incorporar ao PNI doses adicionais, como as da indiana Covaxin e da russa Sputnik V.

A informação foi dada pelo ministro em audiência na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. Queiroga destacou que o Brasil comprou um total de 600 milhões de doses, com 100 milhões disponibilizadas até agosto.

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Alvo de investigação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, a Covaxin, cujo uso foi descartado pelo ministro, teve o contrato de compra suspenso por "questão de conveniência e oportunidade". De acordo com Queiroga, o contrato com a Covaxin foi fechado antes de sua gestão. Ele ressaltou que exonerou Roberto Dias, diretor de Logística da pasta, acusado de pedir propina de US$ 1 por dose em troca da assinatura do contrato com a Covaxin.

"Portanto, o Ministério da Saúde não conta, dentro do PNI, com agentes imunizantes que não tenham obtido aval da Anvisa de maneira definitiva ou emergencial porque entendemos que o que temos de número de doses já é o suficiente para imunizar a população até o fim do ano", afirmou.

Atualmente, os esforços da Pasta, de acordo com o ministro, é buscar a antecipação de entrega de doses. Segundo Queiroga, o ministério conseguiu as antecipações de 1,8 milhão de doses da Janssen previstas para o último trimestre deste ano e de 7 milhões de doses da vacina da Pfizer para julho, "o que garante que nossa campanha vai avançar com efetividade".

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu autorização, por meio do Circuito Deliberativo nº 539/2021, para a importação excepcional da vacina Sputnik V pelos estados do Rio Grande do Norte, de Mato Grosso, Rondônia, do Pará, Amapá, da Paraíba e de Goiás.

Assim como deliberado no dia 4 de junho, na 9ª Reunião Extraordinária Pública da Diretoria Colegiada, a importação aprovada nessa terça-feira (15) também deverá ser realizada sob condições controladas. Para tanto, de acordo com a Anvisa, foram estabelecidas as mesmas responsabilidades e condicionantes aos requerentes.

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As principais condições preveem que a vacina deverá ser utilizada apenas na imunização de indivíduos adultos saudáveis e que todos os lotes dos imunizantes importados somente poderão ser destinados ao uso após liberação pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

Além disso, a Anvisa receberá relatórios periódicos de avaliação benefício-risco da vacina; o imunizante deverá ser utilizado em condições controladas com condução de estudo de efetividade, com delineamento acordado com a Agência e executado conforme Boas Práticas Clínicas; a Anvisa poderá, a qualquer momento, suspender a importação, distribuição e uso das vacinas importadas; dentre outros aspectos destacados no voto do relator.

Na deliberação, também foram autorizados quantitativos reduzidos de doses a serem importadas para vacinação de 1% da população de cada um dos estados, o que permitirá o adequado monitoramento e ação imediata da Agência, caso necessário: Rio Grande do Norte - 71.000 doses; Mato Grosso - 71.000 doses; Rondônia - 36.000 doses; Pará - 174.000 doses; Amapá - 17.000 doses; Paraíba - 81.000 doses; e Goiás - 142.000 doses.

*Com informações da Anvisa

Governadores do Nordeste comemoraram a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de autorizar na noite de sexta-feira a importação da vacina Sputnik V, em caráter excepcional e temporário. Parte das autoridades estaduais, no entanto, criticou o limite imposto pelo órgão de só poder usar o imunizante contra a covid-19 em até 1% da população. Os gestores estiveram reunidos de forma virtual neste sábado para tratar da vacinação.

A Sputnik V, desenvolvida na Rússia, teve a importação solicitada por Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí. Em abril, a Anvisa negou o pedido por faltarem dados de eficácia, segurança e qualidade do imunizante, mas os governos recorreram da decisão.

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Em nova análise, na sexta, a diretoria colegiada agência decidiu liberar a vacina, mas com uma série de restrições. Seguindo o voto do relator Alex Machado Campos, da Diretoria 5 da Anvisa, o quantitativo autorizado deve ser de no máximo 1% do público-alvo - o mesmo vale para o imunizante indiano Covaxin. Dessa forma, a Bahia pode importar o maior volume, de 300 mil doses, seguida por Pernambuco (192 mil), Ceará (183 mil), Maranhão (141 mil), Piauí (66 mil) e Sergipe (46 mil).

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), usou o Twitter para comemorar o aval do órgão regulador, mas reclamou do volume de doses autorizado. "É apenas o início, mas depois de muita luta conseguimos aprovação para importar e aplicar a Sputnik V", escreveu. "A quantidade autorizada pela Anvisa está muito abaixo da real necessidade. Agora, é batalhar para fazer chegar logo o que foi aprovado e vacinar nosso povo. Vacina salva vidas."

Presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias (PT) também comentou nas redes sociais a decisão da Anvisa. "Ainda que com uma pequena quantidade de doses liberadas, a aprovação da nossa agência reguladora destaca que a vacina é segura e eficaz", postou.

A reunião da diretoria colegiada da Anvisa, na verdade, não tratou de uso emergencial ou de registro do imunizante no Brasil. Embora a área técnica argumente que há "lacunas" em informações necessárias para esse tipo de autorização, a sugestão acatada foi de estabelecer uma série de condicionantes para "mitigar riscos".

Entre as limitações, a agência estabeleceu que podem receber a vacina apenas adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade, exceto grávidas, puérperas e mulheres que desejam engravidar nos próximos 12 meses. Caso a Sputnik não seja reprovada por avaliação futura ou haja registro de fato adverso grave, a Anvisa pode suspender imediatamente a avaliação.

Após o aval com restrições, governadores e secretários do Consórcio Nordeste e do Consórcio da Amazônia Legal, com representantes do Norte e Centro-Oeste, se reuniram para tratar da importação.

"Nós temos lutado há muitos meses para que a vacinação avance rapidamente", afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), após a reunião. Segundo afirma, o Estado tem 4,5 milhões de doses compradas do imunizante. "Os governadores conversaram sobre os próximos passos, visando à execução desses contratos."

Governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) afirmou que "acelerar o ritmo da imunização é urgente". "Estamos analisando todos os aspectos relevantes para que a utilização de mais esse imunizante nos ajude a ampliar a vacinação da nossa população com segurança, eficácia e obedecendo todos os protocolos sanitários. Vacinas salvam vidas."

Próximos passos

Já o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), postou que o grupo marcará uma agenda com o Fundo Soberano russo, responsável pela Sputnik, para acompanhar os próximos passos. "Somente com a vacinação em massa conseguiremos superar esse momento difícil de pandemia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta sexta-feira (4) a importação das vacinas Sputnik V e Covaxin em caráter excepcional, mas também estabeleceu uma série de limitações para o uso desses imunizantes contra a Covid-19 no Brasil. Entre os critérios, o órgão regulador só autorizou aplicar doses em adultos, de 18 a 60 anos, sem comorbidade e ainda não vacinados, determinou monitoramento dos resultados e restringiu o público-alvo a no máximo 1% da população neste momento.

A Anvisa considera que ainda faltam informações sobre qualidade, eficácia e segurança dos dois imunizantes - motivo pelo qual o pedido inicial foi negado em março, no caso da indiana Covaxin, e em abril, para a russa Sputnik V. Entretanto, por votação de 4 a 1, a diretoria colegiada decidiu que o atual momento da pandemia no Brasil justificaria aprovar a importação "com condicionantes". A autorização com as recomendações para diminuir os riscos do uso havia sido sugerida pela área técnica da Anvisa.

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"Não há dúvida de que vivenciamos o pior momento da crise sanitária", afirmou o relator Alex Machado Campos, da Diretoria 5 da Anvisa. Em seu voto, argumentou que a média móvel de 1,8 mil mortes por dia é uma das mais altas do mundo. Também citou altas taxas de internação hospitalar e a presença de novas variantes do vírus, inclusive com a recente chegada da cepa indiana no Brasil. "Há quem fale em terceira onda e novo pico em 4 de julho, caso ocorra relaxamento de medidas não-farmacológicas e se mantenha o mesmo ritmo de vacinação no País."

Para Campos, mesmo diante de "lacunas de informação" sobre os imunizantes, seria preciso "enxergar o dramático quadro sanitário" e "lançar mão de todas as alternativas". "Não podemos desperdiçar opções vacinais. Pesa o receio de fulminar plataformas que podem vir a ser viáveis", disse o diretor.

O relator foi favorável a liberar a importação da Covaxin, por parte do Ministério da Saúde, e da Sputnik V, solicitada por seis Estados - Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí. Pela decisão, no entanto, a primeira compra fica limitada a um quantitativo que só poderia atender 1% da população. Para a Covaxin, a margem é de até 4 milhões de doses. Já para a Sputnik V, cerca de 950 mil doses.

Essa etapa de controle também restringiu a aquisição a lotes provenientes de plantas que já foram inspecionadas pela Anvisa. As doses precisam ter certificado de análise que demonstre ausência de vírus replicante e laudo de estabilidade microbiológica, segundo o órgão regulador.

Apenas adultos saudáveis podem receber a vacina. Exceto gestantes, lactantes e mulheres que pretendem engravidar nos próximos 12 meses, grupos que também foram excluídos da recomendação da Anvisa.

Os lotes terão, ainda, de passar por análise do Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde (INCQS), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O responsável pela importação fica obrigado a assinar termo de compromisso e divulgar relatório mensal dos resultados da vacina. Também tem de informar qualquer evento adverso ou novo alerta de segurança internacional sobre os imunizantes à Anvisa.

Caso o uso emergencial seja reprovado pelo órgão brasileiro ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os Estados devem suspender a importação, distribuição e uso dos imunizantes imediatamente.

Voz dissonante na votação, Cristiane Rose Jourdan Gomes, da 3 Diretoria da Anvisa, argumentou que os cuidados previstos não garantiriam a segurança para uso dos imunizantes. "Ainda que sejam estabelecidas condicionantes, penso que as incertezas observados neste momento superam quaisquer medidas para mitigar riscos", disse. "Tenho consciência do período extraordinário, contudo acredito que a relação risco-benefício ainda não permite uso amplo."

Discussão

O debate desta sexta-feira tratou de importação em caráter excepcional e temporário dos imunizantes, mas não discutiu o uso emergencial ou registro das vacinas no Brasil. No caso da Sputnik, os dados analisados foram fornecidos pelo Ministério da Saúde da Rússia. Segundo a pasta estrangeira, 100% dos voluntários teriam apresentado resposta imune estável após tomar o imunizante, com eficácia de 91,6% para casos graves.

Segundo Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, há dados incompletos e há preocupação com a presença de adenovírus replicante e, por isso, os lotes serão avaliados. "Os lotes têm de ser aprovados pelo INCQS por meio de análise laboratorial que demonstre a ausência de adenovírus replicante, controle de agentes adventícios e qualidade. É preciso ter certeza da qualidade da vacina que está vindo para cá."

Sobre o desenvolvimento farmacêutico, por exemplo, a Anvisa também detectou que o relatório apresentado "não aponta questões críticas do desenvolvimento, como: caracterização de parâmetros de qualidade, impacto das diferenças entre os processos produtivos, avaliação da comparabilidade, mudanças nas metodologias analíticas, mudanças nas especificações e seus respectivos limites". Outra questão que não foi apresentada foi a frequência das reações adversas relatadas - raras, incomuns, comuns, muito comuns.

A indicação de impor condicionantes também foi dada pelas áreas de Inspeção e Fiscalização e de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária. "A autoridade sanitária russa declara que segue os requisitos da OMS, mas a Anvisa inspecionou as plantas fabris e detectou a necessidade de correção para o adequado atendimento aos padrões. Neste momento, a gente não consegue concluir pelo atendimento pleno dos requisitos de qualidade preconizados pela OMS", afirmou Ana Carolina Moreira Marino Araújo, a gerente-geral do setor. Profissionais da Anvisa não puderam visitar o Instituto Gamaleya, responsável pela vacina.

Já os dados sobre a Covaxin ainda estão incompletos e o estudo de fase 3 ainda não foi concluído, mas sua continuação deve ser realizada no Brasil. Segundo a agência, a avaliação de imunogenicidade está prevista para ser entregue no próximo dia 15 e a avaliação estatística de 25,8 mil participantes, no fim deste mês.

Existe a preocupação com um dos componentes da vacina, embora os dados apresentados tenham apontado 96% de eventos não graves, como febre, dor no local da injeção e dor de cabeça. "É uma vacina de vírus inativado, mas temos uma preocupação com segurança, porque o adjuvante pode desencadear reações autoimunes. O estudo de fase 3 não foi concluído, mas há a solicitação e ele será feito no Brasil como continuação do estudo indiano", detalha Mendes.

A gerência-geral de Inspeção e Fiscalização tinha encontrado inconformidades na avaliação anterior. "A empresa corrigiu a maioria das não conformidades apontadas pela equipe técnica", afirma Ana Carolina Moreira Marino Araújo.

O trabalho para atender as recomendações da agência foi destacado pelo diretor relator Alex Machado Campos. "No caso da Covaxin, a empresa se esmerou. O aspecto das boas práticas foi vencido etapa por etapa, fazendo com que a empresa protocolasse um novo pedido de boas práticas. E tem o pedido de estudos clínicos que tem a anuência do (Albert) Einstein."

A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avaliará nesta sexta-feira (4) em reunião extraordinária às 14 horas (de Brasília), os pedidos de importação das vacinas contra Covid-19 Sputnik V e Covaxin. Em março, a agência rejeitou a solicitação do Ministério da Saúde para autorização excepcional e temporária para importação e distribuição da vacina indiana Covaxin (BBV152).

Na época, a direção da Anvisa informou que os dados apresentados não cumpriram os requisitos de lei para atestar a qualidade e eficácia da vacina indiana. O Ministério da Saúde tem contrato para compra do imunizante, produzido pela Bharat Biotech, da Índia.

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Já o imunizante russo Sputnik V teve a importação negada em abril pela Anvisa por falta de dados básicos para análise do produto e em falhas identificadas pela área técnica da agência que podem comprometer eficácia, segurança e qualidade do imunizante.

Segundo a legislação, Estados, municípios e o Distrito Federal ficam autorizados a adquirir, a distribuir e a aplicar as vacinas contra a covid-19 registradas, autorizadas para uso emergencial ou autorizadas excepcionalmente para importação caso a União não realize as aquisições e a distribuição tempestiva de doses suficientes para a vacinação dos grupos previstos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação.

Histórico da Sputnik V

A pressão sobre a Anvisa para uma autorização para importação excepcional da Sputnik se apoiou na lei 14.124/2021. A norma prevê que Estados e municípios podem importar e utilizar vacinas em caráter excepcional contanto que o imunizante tenha recebido aprovação dos órgãos regulatórios de um dos seguintes países/regiões: EUA, União Europeia, Japão, China, Reino Unido, Rússia, Índia, Coreia, Canadá, Austrália e Argentina.

Pela norma, a Anvisa tem 30 dias para se posicionar sobre a importação. Caso não o faça, a autorização é automática.

A partir de um pedido do governo do Maranhão para importação de doses, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, confirmou esse prazo de 30 dias, que venceria no final de abril. A Anvisa chegou a entrar com recurso dia 20 de abril, pedindo a suspensão do prazo sob a alegação de que faltam dados que atestem a segurança e eficácia do imunizante, mas Lewandovski negou o pedido.

Na avaliação do ministro, não cabia prorrogação, uma vez que a lei em questão foi desenhada justamente para acelerar os procedimentos de aprovação das vacinas no contexto da "gravíssima" pandemia.

A pressão sobre a Anvisa pela aprovação do imunizante foi intensa também por parte do Congresso. Em fevereiro, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que iria "enquadrar" a Anvisa, numa declaração que foi entendida por integrantes da agência como pressão política no órgão técnico.

No mesmo dia, o Congresso chegou a aprovar projeto de lei para que a agência autorizasse, em cinco dias, o uso emergencial de vacinas já aprovadas em outros países, como Rússia e Argentina. O trecho que estabelecia o prazo foi vetado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

O lobby no Congresso teve como um dos líderes o ex-deputado federal Rogério Rosso, ex-líder do Centrão na Câmara que se tornou em 2019 diretor de negócios da farmacêutica União Química, parceira do governo russo na produção do imunizante no Brasil.

Apesar da pressão, a Sputnik vem despertando desconfiança e insegurança em outras agências regulatórias. Na segunda-feira, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, declarou que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ainda não recebeu dados suficientes dos estudos da vacina que permitam uma aprovação do produto no continente.

Histórico da Covaxin

O governo federal comprou 20 milhões de doses da Covaxin, por cerca de US$ 14 cada unidade. No total, o negócio é de R$ 1,6 bilhão, mas o pagamento só será feito após a Anvisa liberar o uso do produto, segundo a Saúde. Trata-se de valor superior ao de cada dose da vacina de Oxford/AstraZeneca, fabricada na Índia (US$ 5,25 por unidade), e os US$ 10 pagos pela Coronavac.

A expectativa do ministério era de que 8 milhões de unidades desembarcassem no País ainda em março. No mês seguinte, o mesmo volume.

Em maio, outras 4 milhões de doses. Na época, a Anvisa afirmou que os lotes já feitos desta vacina poderiam estar comprometidos, pois "não teriam a garantia de reprodutibilidade com os lotes clínicos e da segurança do produto".

Em fevereiro, o deputado Ricardo Barros também apresentou emenda à Medida Provisória 1.026/2021 para que a Anvisa liberasse imunizantes aprovados na Índia, ação que facilitava a entrada da Covaxin.

 

DOSES DA SPUTNIK NEGOCIADAS NO PAÍS

Ministério da Saúde - 10 milhões

Consórcio Nordeste - 37 milhões

Consórcio Brasil Central (GO, MS, MT, DF, TO, MA E RO) - 28 milhões

Niterói (RJ) - 800 mil

Maricá (RJ) - 500 mil

TOTAL: 76,3 milhões

A vacina Sputnik V tem alta eficácia contra a variante brasileira do coronavírus, identificada inicialmente em Manaus, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Virologia da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pelo Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês), que financia o desenvolvimento do imunizante.

Segundo o estudo, 99,65% dos participantes dos testes clínicos desenvolveram anticorpos para a cepa brasileira do vírus no 42º dia após a aplicação da segunda dose da vacina. Além disso, 85,5% dos indivíduos adquiriram a proteção no 14º dia depois da primeira dose.

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"A Argentina foi o primeiro país da América Latina a usar a 'Sputnik V' para vacinar a população. Agora vemos que o uso do medicamento ajuda a proteger a população não só contra as conhecidas, mas também contra novas variantes do vírus, inclusive a brasileira", afirmou o CEO do RDIF, Kirill Dmitriev, em comunicado.

Na semana passada, a farmacêutica União Química desistiu de realizar estudos clínicos da Sputnik V no Brasil. A empresa já tentou obter a aprovação para o uso emergencial do imunizante no País, mas teve o pedido negado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Em abril, a Anvisa também negou a autorização para a importação da vacina por 10 estados brasileiros. A diretoria colegiada da agência alegou que houve falhas identificadas pela área técnica que poderiam comprometer a eficácia, a segurança e a qualidade do produto, além da falta de dados básicos para a análise.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou nesta sexta-feira, 21 o recebimento de um novo documento referente à vacina russa contra a covid-19 Sputnik V, proveniente dos Estados da Bahia e do Maranhão

Segundo a Anvisa, esse documento será "apensada ao processo de solicitação de importação da vacina e ainda será avaliada pela Anvisa como parte do novo pedido de importação".

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A agência esclarece que as solicitações apresentadas pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central e pelos Estados Bahia, Maranhão, Ceará, Sergipe e Pernambuco já estão sendo analisados.

Na quinta-feira, 20, a farmacêutica União Química, representante brasileira do Instituto Gamaleya, responsável pelo desenvolvimento da vacina, desistiu de realizar estudos clínicos da Sputnik V no Brasil. O pedido de desistência foi encaminhado à Anvisa após a empresa não apresentar todas as exigências para dar início aos testes no País. Segundo a agência, a desistência não afeta o pedido de uso emergencial do fármaco.

O Instituto Gamaleya, da Rússia, anunciou que foi concluída nesta quinta-feira, 20, a produção do primeiro lote da vacina contra a covid-19 Sputnik V no Brasil. Fabricadas em planta da União Química em São Paulo, as doses serão exportadas a países da América Latina que já aprovaram o uso do imunizante, como Argentina e México. Em publicação no perfil oficial da Sputnik V no Twitter, o Instituto informou que as vacinas deverão passar por controle de qualidade antes da exportação.

A vacina russa ainda aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para seu uso no Brasil. Negado em um primeiro momento, o pedido para a administração em caráter emergencial foi questionado por técnicos do órgão, que alegaram dados insuficientes para a aprovação. Os desenvolvedores do imunizante negam qualquer problema na segurança da vacina.

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski deu nesta segunda-feira (10) prazo de 48 horas para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informe quais documentos estão faltando para análise definitiva do pedido de autorização para importação e aplicação da vacina Sputnik V, usada na imunização contra a covid-19. O imunizante é produzido pelo Instituto Gamaleya, da Rússia.

A decisão foi tomada a partir de uma petição protocolada pelo governo do Maranhão, que, em conjunto com outros estados, aguarda autorização da Anvisa para aplicação dos imunizantes.

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“Preliminarmente, informe a Anvisa, em 48 horas, de maneira pormenorizada, quais os documentos faltantes para uma análise definitiva do pedido de autorização excepcional e temporária de importação e distribuição da vacina Sputnik V, subscrito pelo estado do Maranhão, sem prejuízo de franquear-lhe, de imediato, o pleno acesso aos autos do Processo SEI no 25351.908872/2021-00, o qual, segundo alega, tem sido obstado pela agência”, decidiu.

No dia 26 de abril, a Anvisa negou a autorização para a importação e o uso emergencial do imunizante russo. Ao analisar os documentos recebidos, a agência apontou uma série de problemas, entre eles, a falta de alguns documentos e a presença de adenovírus com capacidade de replicação no corpo dos pacientes que receberem doses da vacina.

A reportagem entrou em contato com a agência e aguarda retorno.

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rebateu nesta quinta-feira, 29, em um comunicado, as críticas recebidas por não ter aprovado o pedido de importação da vacina contra covid-19 Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. Na segunda-feira o pedido foi rejeitado pela diretoria colegiada do órgão regulador.

"Fizemos um comunicado com o objetivo de refutar grave acusação que impacta na confiança e credibilidade da autoridade do Estado Brasileiro. A Anvisa foi acusada de mentir e atuar de maneira antiética e de produzir fake news sobre a presença do adenovírus replicante", avisou Antonio Barra Torres, presidente da agência. "A Diretoria Colegiada da Anvisa, atendendo estritamente ao interesse público, esclarece que as informações sobre a presença do adenovírus replicante constam no documento entregue pelo próprio desenvolvedor", continuou.

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Segundo Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos, a empresa russa atesta em seu dossiê que o processo de fabricação das partículas rAd5-SCov2 pode produzir adenovírus replicante. "Nossa avaliação foi feita por especialistas experientes. O que norteia a análise técnica é que as vacinas precisam ser seguras, não podem causar qualquer dano às pessoas", disse o especialista.

Ele ressaltou que documentos mostram com detalhes essa questão e no ensaio de segurança há a presença do adenovírus replicante. "Frente a esses dados foi que nos reunimos com representantes dos desenvolvedores. Enviamos uma lista de exigências, que não foram respondidas até o momento. Estamos abertos para discutir, sabemos como funciona a ciência. E no que diz respeito a esse assunto, temos um dossiê de mais de 600 páginas que contempla esse tópico do adenovírus replicante", avisou.

Por causa do veto da Anvisa, os desenvolvedores da Sputnik V avisaram que iriam processar a Anvisa por difamação. "Após o reconhecimento do regulador brasileiro Anvisa de que não testou a vacina, a Sputnik V está tomando uma ação legal por difamação no Brasil contra a Anvisa por deliberadamente disseminar informações falsas e imprecisas", afirmou em sua conta no Twitter. "A Anvisa fez declarações incorretas e enganosas sem ter testado a vacina Sputnik V."

A Anvisa rejeitou o pedido de importação da vacina russa depois que sua área técnica alertou sobre falhas no desenvolvimento do imunizante, além de dados incompletos sobre a segurança e a eficácia da vacina. Uma questão crucial apontada pela Anvisa foi o risco de outros vírus usados na vacina para induzir uma resposta imune se reproduzirem nos pacientes, o que a agência classificou de um defeito grave.

Para Barra Torres, a decisão foi técnica e não política. "Não há nenhuma pessoa nesta agência que tenha qualquer interesse em negar a importação de qualquer vacina. É de absoluta normalidade as necessidades de ajustes. Portanto a Anvisa está sempre receptiva para avaliar novos estudos e pedidos", disse, complementando. "Os resultados da avaliação da Anvisa foram enviados para a OMS e para outras autoridades regulatórias estrangeiras.

O laboratório russo Instituto Gamaleya, que produz a vacina Sputnik V, informou, nesta quinta-feira (29), que deve processar por difamação a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a empresa, a agência espalhou “informações falsas e imprecisas” contra o laboratório antes mesmo de ter testado a vacina.

A reguladora brasileira afirmou, no último dia 26, que o imunizante europeu possui vírus replicante, também conhecido como RCA. O comunicado do Gamaleya Inst. veio através do site e das redes sociais oficiais da fabricante.

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“Anvisa fez declarações incorretas e enganosas sem ter testado a vacina Sputnik V real. E desconsiderando ofício de Gamaleya Inst. que nenhum RCA está presente, e apenas vetores não replicantes são usados ​​com E1 deletado. Nossa equipe jurídica entrará em contato”, diz o laboratório em primeira mensagem pública.

A organização diz ainda ter procurado o representante de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes. O gestor teria confirmado que não foram realizados testes com a vacina. A empresa alega que chegou a enviar à Anvisa um ofício sobre a presença de RCA na composição do imunizante, mas que o documento foi rejeitado. O Gamaleya ainda cita, diretamente, uma suposta fala de Mendes.

“Anvisa admite erro. Gustavo Mendes, gerente de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa: "Não recebemos amostras da vacina para teste... Então, precisa ficar claro, não fizemos teste para adenovírus replicado", escreveu o instituto nas redes sociais.

Com a confirmação do porta-voz da Anvisa, o laboratório confirmou a sua intenção em processar a agência brasileira. Nos canais do Instituto Gamaleya, a equipe tornou públicas as informações e evidências, e o assunto segue liderando as páginas principais.

“Após a admissão do regulador brasileiro Anvisa de que não testou a vacina Sputnik V, a Sputnik V está iniciando um processo judicial de difamação no Brasil contra a Anvisa por espalhar informações falsas e imprecisas intencionalmente”, finalizou, em comunicado oficial.

Cientistas apoiaram a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de interromper a importação da vacina russa Sputnik V contra a covid-19, após o órgão informar que os lotes testados carregavam uma versão ativa do vírus causador de resfriados.

A virologista Angela Rasmussen disse à AFP que a descoberta "levanta questões sobre a integridade dos processos de fabricação" e pode ser um problema de segurança para pessoas com sistema imunológico mais fraco, se o problema for generalizado.

O Instituto Gamaleya, da Rússia, que desenvolveu a vacina, negou as alegações.

A questão gira em torno de um "vetor de adenovírus" - um vírus que normalmente causa uma doença respiratória leve, mas nas vacinas é geneticamente modificado para que não possa se replicar e editado para transportar as instruções de DNA para que células humanas desenvolvam a proteína espícula do coronavírus.

Dessa forma, o organismo humano é treinado para estar preparado caso encontre o coronavírus real.

A vacina Sputnik V usa dois adenovírus diferentes como vetores para realizar essa tarefa: o adenovírus tipo 26 (Ad26) para a primeira dose e o adenovírus tipo 5 (Ad5) para a segunda.

Segundo uma apresentação de slides publicada na internet, cientistas da Anvisa testaram amostras da injeção de reforço e descobriram que ela era "competente para replicação", o que significa que uma vez dentro do corpo, o adenovírus pode continuar a se multiplicar.

Eles acrescentaram que isso provavelmente ocorreu por causa de um problema de fabricação chamado "recombinação", em que o adenovírus modificado ganhou de volta os genes de que precisava para se replicar enquanto estava sendo replicado dentro de células humanas alteradas em laboratório.

A primeira dose não chegou a ser avaliada pela agência reguladora.

Porém, na segunda-feira, a Anvisa negou o pedido de vários estados do Nordeste para adquirir mais de 30 milhões de doses da Sputnik V. O governo federal também encomendou 10 milhões de doses.

- Problema de controle de qualidade -

Rasmussen, uma pesquisadora da Organização de Doenças Infecciosas e Vacinas do Canadá, descreveu o problema como uma questão de controle de qualidade, em vez de um problema inerente à tecnologia da vacina.

Se os lotes usados no mundo real estiverem contaminados, "para a maioria das pessoas isso provavelmente não será um grande problema, porque os adenovírus geralmente não são considerados patógenos humanos muito importantes", explicou ela.

"Mas em pessoas com imunidade comprometida, pode haver uma taxa maior de efeitos adversos por causa disso, incluindo alguns potencialmente graves", acrescentou.

O maior problema, disse ela, foi o infeliz impacto sobre a confiança em relação a uma vacina que um estudo na revista científica The Lancet mostrou ser segura e mais de 90% eficaz.

Se as pessoas não têm certeza de que a vacina que estão recebendo é a mesma que foi estudada nos testes, "posso imaginar que algumas possam ter suas reservas sobre receber essa vacina", disse Rasmussen.

Outra incógnita é se o problema de produção que levou ao vetor de adenovírus ser capaz de se replicar também destruiu o código de DNA para a proteína espícula, tornando a vacina ineficaz contra o coronavírus.

Denis Logunov, vice-diretor do Instituto Gamaleya, respondeu dizendo "as declarações que li na imprensa nada têm a ver com a realidade" e que o vetor de adenovírus não foi capaz de se replicar.

Não é a primeira vez que esse problema ocorre. No início do mês, a Eslováquia também expressou preocupações sobre a composição das vacinas russas que importou, dizendo que elas não correspondiam às amostras usadas em estudos clínicos.

Em uma postagem no blog da Science Magazine, o químico americano Derek Lowe escreveu: "Esse tipo de coisa coloca em dúvida todo o processo de fabricação e controle de qualidade, e posso ver por que os reguladores brasileiros estão preocupados".

Ele afirmou, ainda, que a resposta dos produtores da Sputnik V não foi adequada. "Assumam e ajam como desenvolvedores de medicamentos responsáveis: lidem com os problemas diretamente, com transparência, e trabalhem para encontrar uma solução", disse Lowe.

Os governadores do Ceará, Maranhão e Pernambuco se manifestaram contra a negativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a liberação da vacina russa Sputnik V. Nessa segunda-feira (26), a agência reguladora negou, por unanimidade de seus diretores, a autorização da importação do imunizante por dez Estados por falta de dados básicos para análise do produto e por falhas identificadas pela área técnica.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), declarou que respeita o veto da Anvisa, mas afirmou que não podia deixar de expressar "decepção e estranheza". Santana apontou que o produto tem eficácia comprovada e é utilizado em dezenas de países, tendo inclusive aval do Comitê Científico do Nordeste. Segundo ele, o Estado continuará na busca pela autorização, "principalmente diante da lentidão do Governo Federal no repasse de vacinas". "O que não aceitarei jamais é que haja qualquer tipo de politização desse processo", declarou no Twitter.

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O discurso do gestor de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também seguiu na linha de Santana, que destacou que vai continuar na busca pela autorização do imunizante. Já Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, declarou, na rede social, que irá "aguardar manifestação técnica de cientistas brasileiros e russos".

Relatórios

Na manhã desta terça-feira (27), governadores participam de uma reunião com o Fundo Soberano da Rússia para fornecer mais relatórios e documentos técnicos do imunizante para possibilitar a revisão da decisão da Anvisa. Segundo Dino, o encontro virtual será para avaliar fundamentos técnicos da vacina, a serem apresentados ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à própria agência reguladora para a liberação da vacina.

Os fabricantes da vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V, criticaram, nesta terça-feira (27), a decisão do governo brasileiro, que consideram "política", de não autorizar a importação do fármaco.

"Os atrasos da Anvisa na aprovação da Sputnik V são, infelizmente, de natureza política e não têm nada a ver com acesso à informação ou ciência", afirma a conta no Twitter da vacina russa.

"O Departamento de Saúde dos Estados Unidos, em seu relatório anual de 2020 há vários meses, declarou publicamente que o adido de saúde dos Estados Unidos 'persuadiu o Brasil a rejeitar a vacina russa'", completa.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou na segunda-feira um pedido de vários estados brasileiros para importar a vacina russa Sputnik V por considerar que faltam dados técnicos para verificar sua segurança e eficácia.

Os cinco diretores da Anvisa seguiram as recomendações da área técnica da agência, que identificou diversas "incertezas" em relação à segurança e eficácia do imunizante, que ainda não foi aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ou pelo FDA (Administração Federal de Alimentos e Medicamentos) dos Estados Unidos.

"Seguiremos adiante com nossos contatos. Se falta informação, será fornecida. Não deveria existir nenhuma dúvida a respeito", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

A vacina Sputnik V está sendo aplicada em vários países além da Rússia, como Argentina, México e Venezuela.

De acordo com o instituto russo Gamaleya, que desenvolveu a vacina, o fármaco foi autorizado em mais de 60 países.

Em fevereiro, a prestigiosa revista médica The Lancet informou que a eficácia da Sputnik V era de 91,6%, um dado que dissipou as dúvidas sobre sua confiabilidade.

Em uma tentativa de agilizar os planos de vacinação, uma dezena de estados do Norte e Nordeste do Brasil assinaram contratos com o Fundo Soberano da Rússia (RDIF), que financiou o desenvolvimento da Sputnik V, para a compra de mais de 30 milhões de doses.

O governo federal brasileiro adquiriu outros 10 milhões.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou requisitos de biossegurança da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto russo Gamaleya em parceria com a farmacêutica brasileira União Química.

A aprovação da CTNBio é condição para a inserção de qualquer organismo geneticamente modificado no mercado brasileiro, a exemplo de vacinas como a Sputinik V. Contudo, o uso do imunizante depende de aprovação também da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A análise da Agência teve início na tarde desta segunda-feira (26).

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Segundo a CTNBIo, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a análise das informações teve início na semana passada. Foram solicitados documentos adicionais à União Química, como informações sobre o método de obtenção de linhagens de adenovírus.

A União Química entregou à CTNBio a documentação exigida. Os integrantes da Comissão entenderam que os dados complementares atenderam às exigências necessárias para a aprovação.

De acordo com a comissão, a aprovação dos aspectos de biossegurança é passo importante para o processo de avaliação e eventual permissão da importação e ou do registro definitivo da vacina.

Importação

A Diretoria Colegiada da Anvisa delibera na noite desta segunda-feira o pedido de governadores para a importação em caráter especial de doses da Sputnik V. Essa solicitação não consiste no registro completo e definitivo, mas se baseia na legislação atual voltada para medidas de combate à pandemia, que abre a possibilidade da importação de imunizantes autorizados por órgãos sanitários de uma série de países.

Já a aprovação da CTNBio faz parte das exigências feitas para imunizantes que lidem com organismos geneticamente modificados. Mas a aprovação da CTNBio não é suficiente para a viabilização da importação, do registro em caráter emergencial ou do registro definitivo.

 

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta segunda-feira, 26, um pedido da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para suspender a contagem do prazo de 30 dias fixado para análise dos requerimentos de importação da vacina russa Sputnik V. Sob pressão, a diretoria colegiada da agência se reúne no fim da tarde desta segunda para decidir se autoriza ou não a compra do imunizante, negociado pelo governo federal e por Estados do Norte e do Nordeste.

Em recurso ao Tribunal, a Anvisa alegava que, por lei, teria o direito de pedir a interrupção dos prazos fixados para a análise das vacinas, enquanto aguarda informações complementares sobre dados de qualidade, eficácia e segurança dos imunizantes. No entanto, na avaliação do ministro, não cabe prorrogação, uma vez que a lei em questão foi desenhada justamente para acelerar os procedimentos de aprovação das vacinas no contexto da "gravíssima" pandemia.

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"Decorrido o prazo assinalado pela Lei, não poderá mais a Anvisa, simplesmente, invocar a falta ou insuficiência de documentos para deixar de analisar o pedido de aprovação de uma vacina já em uso noutros países, pois estará diante de uma presunção juris tantum no tocante à sua qualidade, segurança e eficácia, a qual só poderá ser ilidida por meio de prova inequívoca em contrário", escreveu.

O próprio Lewandowski determinou que a Anvisa decida sobre a "importação excepcional e temporária" de doses da vacina Sputnik V até o final de abril. O ministro tomou a decisão em uma ação movida pelo governo do Maranhão, que diz ter negociado 4,5 milhões de doses do imunizante produzido pelo Instituto Gamaleya. A Anvisa pediu na terça-feira passada, dia 20, que o prazo fosse suspenso.

Diante da negativa, a reunião prevista extraordinária dos diretores da agência está mantida para começar no final da tarde desta segunda. Técnicos da Anvisa fizeram visitas de inspeção nas empresas Generium e UfaVita, que participam da produção da Sputnik V. O relatório com as informações coletadas deve subsidiar a decisão.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) marcou para esta segunda-feira (26), às 18h, uma reunião extraordinária da diretoria colegiada para avaliar os pedidos de estados e municípios para importação da vacina Sputnik V, usada na imunização contra a Covid-19. O imunizante é produzido pelo Instituto Gamaleya, da Rússia.

A reunião de deliberação foi marcada dentro do prazo estipulado pela lei e de acordo com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que determinou a análise da questão dentro do prazo de 30 dias.

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Nesta terça (27), a Anvisa deve analisar o pedido de uso emergencial da combinação dos medicamentos banlanivimabe e etesevimabe para o tratamento da Covid-19. Os remédios são produzidos pela farmacêutica Eli Lilly do Brasil. O pedido foi protocolado no dia 30 de março.  

Já na quinta-feira (29), a diretoria colegiada também vai se reunir para a 8ª reunião ordinária, na qual serão discutidas pautas relacionadas às áreas de regulação da agência. 

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