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Nesta véspera de eleição, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou um artigo no jornal francês Le Monde em que faz uma série de acenos caros à comunidade internacional. No texto, Lula se compromete a cuidar da Amazônia, a fortalecer relações multilaterais afetadas pelo governo Jair Bolsonaro (PL), e fazer "mais e melhor" pelo Brasil.

Em seu artigo, Lula diz que o Brasil vai às urnas amanhã após "quatro anos de ódio, mentiras, negacionismo e morte de um número insuportável de cidadãos durante a pandemia". "Homens e mulheres brasileiros devem agora escolher um governo que defenda a democracia, a paz, a unidade de nossa sociedade", diz o ex-presidente, que promete, se eleito, devolver o Brasil "ao cenário internacional".

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"A emergência climática, o aumento das desigualdades e as tensões geopolíticas revelam a gravidade da crise que afeta nosso planeta. Infelizmente, Jair Bolsonaro continuou a agravar essa situação", escreve Lula. "Essas características de seu governo fizeram do Brasil um novo pária no cenário internacional. Isso não pode continuar", acrescenta.

De acordo com o petista, um eventual governo seu reposicionaria o País no centro do investimento internacional. "Credibilidade, previsibilidade, estabilidade será o lema do meu governo", voltou a prometer Lula, desta vez aos olhos do mundo, com proposta, ainda, de reforçar o Mercosul, construir uma "parceria estratégica" com a União Europeia e "restabelecer" relações com o continente africano. A reformulação do Conselho de Segurança da ONU é citada, uma ideia antiga do ex-presidente.

"Desenvolveremos uma política externa soberana e ativa. Trabalharemos a favor da paz, do diálogo e da cooperação internacional. Cremos em um mundo multipolar, e contrariamente a certos membros do governo Bolsonaro, não pensamos que a Terra é plana e que a mudança climática não existe. Meu governo trabalhará, com outros países, para reconstruir o Fundo Amazônia e assim cuidar da floresta amazônica e a biodiversidade", escreve Lula.

O presidente da França, Emmanuel Macron, foi um dos líderes estrangeiros com o qual Bolsonaro mais se desentendeu ao longo do mandato em razão da alta no desmatamento da Amazônia. O candidato à reeleição chegou a dizer que Macron dava "pitaco" no Brasil sem conhecer a França. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou a esposa do presidente francês, Brigitte Macron, de "feia".

Considerada a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, a ação policial na favela do Jacarezinho, zona norte da capital fluminense, nessa quinta-feira (6), deixou 25 mortos e mais uma mancha no histórico de despreparo da segurança pública carioca. O caso, que segue enfrentando grande repercussão e críticas, chegou com força à mídia internacional, que não poupou palavras ao descrever e relembrar episódios de violência policial no Brasil.

No novo triste episódio, segundo a Polícia Civil, 24 suspeitos de integrar o crime organizado foram mortos durante o conflito com traficantes. As identidades ou circunstâncias das mortes ainda não foram reveladas, embora a corporação fale em baixas conflituais, o que entra em conflito com os relatos da população, que menciona execução e abuso policial.

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Também perdeu a vida durante o confronto o policial civil André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Outros dois agentes foram baleados e dois passageiros do metrô ficaram feridos após serem atingidos dentro de uma composição.

Repercussão internacional

O massacre na favela carioca teve repercussão imediata no exterior. Na mídia britânica, as manchetes que mais repercutiram foram do The Guardian e The Independent. Na Argentina, o La Nación também noticiou o ocorrido. Veículos franceses como o Le Monde Diplomatique ou catarianos, como o Al Jazeera, integraram a cobertura internacional sobre o caso. Em todas as publicações, classificações como “carnificina”, “violência policial”, “banho de sangue” dão o tom necropolítico que descreve a ação policial no Rio de Janeiro.

A publicação francesa se baseia em texto da agência de notícias AFP e fala em "banho de sangue", trecho em destaque na reportagem. O Le Monde cita depoimentos de moradores da região sobre corpos em poças de sangue no chão e outros sendo levados para veículos blindados das forças de segurança, assim como depoimentos que falam em execução.

“Moradores relataram ter visto cadáveres caídos na calçada em poças de sangue e vários corpos retirados de um veículo blindado da polícia, disse uma autoridade da comunidade local, pedindo por razões de segurança que seu nome não fosse publicado”, diz o texto.

O The Guardian foi o primeiro veículo internacional a noticiar o massacre. Com tom altamente crítico, o britânico menciona “comemorações” da Polícia Civil e chama de “carnificina” o ocorrido, citando falas polêmicas de figuras brasileiras sobre a operação.

“Policiais e suas animadoras de torcida nos tabloides cariocas celebraram a missão como um ataque essencial às gangues de traficantes que há décadas usam as favelas como suas bases. “Seria ótimo se a polícia pudesse lançar duas operações como essa todos os dias para libertar o Rio de Janeiro dos traficantes, ou pelo menos reduzir seu poder”, disse o apresentador do Balanço Geral, um popular programa policial de televisão, aos telespectadores saudando o que ele chamado de ataque ‘cirúrgico’”, escreveu o jornal.

Na rede de notícias Al Jazeera, do Catar, a reportagem traz o termo “carnificina” no título (foto de capa). "A mídia brasileira aplaudiu amplamente a operação, dizendo que foi uma repressão justificada ao tráfico de drogas e outros crimes violentos na comunidade."

Após diversas publicações sobre o assunto, o espanhol La Nación dedicou um dos textos para falar dos relatos de abuso policial durante a operação. Na foto, se destaca o registro da fotógrafa Silvia Izquierdo, da AP, que mostra uma jovem do Jacarezinho gritando em direção aos policiais durante o conflito.

“Ecos de um tiroteio sangrento de várias horas em uma favela do Rio de Janeiro duraram até sexta-feira: as autoridades disseram que a operação policial matou com sucesso duas dúzias de criminosos, e moradores e ativistas denunciaram abusos dos direitos humanos. Pouco depois do amanhecer de quinta-feira, dezenas de policiais civis do estado invadiram o Jacarezinho. Eles procuravam traficantes de drogas de uma das organizações criminosas mais conhecidas do país, o Comando Vermelho, e os corpos se amontoaram rapidamente”, relatou o veículo.

De volta ao cenário político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ser destaque na imprensa internacional nesta sexta-feira, 19. Em entrevista ao jornal francês Le Monde, Lula afirmou "não ver problema" em concorrer novamente ao Palácio do Planalto em 2022. Segundo o ex-presidente, porém, o principal objetivo do pleito é impedir uma reeleição de Jair Bolsonaro.

Questionado se seria candidato em 2022, Lula disse ainda não saber. O petista argumentou que terá 77 anos nas próximas eleições, e condicionou encabeçar uma nova corrida eleitoral a seu estado físico e a um consenso de lideranças progressistas sobre a indicação de seu nome.

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"Eu tenho 75 anos. Em 2022, na época das eleições, terei 77. Se eu ainda estiver em plena forma, e for estabelecido um consenso entre os partidos progressistas deste país para que eu seja candidato, bem, não verei nenhum problema em ser. Mas já fui candidato antes, fui presidente e servi por dois mandatos. Também posso apoiar alguém em boa posição. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro governar mais este país", afirmou à publicação francesa.

Lula também voltou a falar sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que anulou suas condenações por casos relacionados à operação Lava Jato. Apesar de afirmar que a decisão chegou com cinco anos de atraso, o petista afirmou que a verdade foi exposta e se referiu ao ex-juiz Sérgio Moro e aos procuradores da força-tarefa como "gângsters".

"Por anos 210 milhões de brasileiros foram enganados, forçados a acreditar nas mentiras dos promotores da Lava Jato e do juiz Sergio Moro, que se comportaram como verdadeiros gângsters. A verdade agora está na mesa do público. Isso é tudo que eu queria."

Outro alvo das críticas de Lula foi Jair Bolsonaro. O ex-presidente criticou as tomadas de decisão do Executivo durante a pandemia, afirmou que o Brasil "merece coisa melhor" que o atual governo e chamou Bolsonaro de genocida. "Comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje. Pessoas morrendo nos portões dos hospitais, a fome voltou. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo ao invés de livros e vacinas. O Brasil é chefiado por um presidente genocida. É muito, muito triste".

As declarações de Lula à imprensa internacional vem seguindo uma mesma linha desde a decisão de Fachin. Na quarta-feira, 17, o ex-presidente já havia declarado à CNN americana que poderia concorrer em 2022. "Quando chegar o momento de concorrer às eleições, se o meu partido e os partidos aliados entenderem que eu posso ser o candidato, se eu estiver bem, com a saúde e energia que eu tenho hoje, eu posso reassegurar que eu não vou negar essa convocação, mas eu não quero falar sobre isso", disse.

Na entrevista, Lula adotou uma postura de protagonista na política nacional e chegou a pedir medidas do presidente americano, Joe Biden, para ajudar na vacinação de países mais pobres do continente. "Uma sugestão que eu gostaria de fazer ao presidente Biden através do seu programa é: É muito importante convocar uma reunião do G-20 urgentemente", disse. E completou: "eu sei que os Estados Unidos possuem vacinas em excesso e que não serão usadas todas essas vacinas. E talvez essa vacina, quem sabe, possa ser doada ao Brasil ou a outros países, até mais pobres do que o Brasil, que não podem pagar por essa vacina".

"O presidente Jair Bolsonaro não faz nada. Ele destrói", afirma o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018, em uma entrevista publicada nesta quinta-feira (12) no jornal francês "Le Monde".

"É um governo de destruição, sem nenhuma visão de futuro, sem programa, que não é qualificado para o poder", denuncia Lula, condenado a oito anos e dez meses de prisão por corrupção.

Lula cita, especialmente, a educação, os direitos dos trabalhadores, a indústria e as privatizações, assim como a ausência de uma política ambiental no governo de Jair Bolsonaro.

Em relação à Amazônia, devastada pela violência dos incêndios e pelo avanço do desmatamento, o petista afirma que "o povo deve reagir".

"É preciso que os brasileiros se mobilizem", insiste.

Ele se opõe, porém, à ideia de um status internacional para a maior floresta tropical do planeta, conforme sugerido pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

"A Amazônia é propriedade do Brasil. Faz parte do patrimônio brasileiro. E é o Brasil que deve cuidar dela", defendeu.

Em relação a seu próprio destino, Lula, que foi entrevistado na sede da Polícia Federal em Curitiba, diz que "não pede nenhum favor, nenhuma redução de pena". "Apenas justiça! Minha casa não é uma prisão. E as tornozeleiras eletrônicas são boas para os pombos-correio", brinca.

"Tudo que eu quero é que reconheçam minha inocência", completou o ex-presidente.

Jornais da Europa destacam na manhã desta sexta-feira, 6, a possibilidade da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o impacto esperado nas eleições brasileiras. O espanhol "El Pais" destacou que Lula poderá se tornar presidiário pela segunda vez na vida.

O periódico lembrou o encarceramento do ex-presidente durante o período da Ditadura Militar no Brasil. "O herói sindical, o presidente mais popular que o Brasil já teve dentro e fora de suas fronteiras, entrará agora na prisão por uma acusação vergonhosa", diz a reportagem.

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A popularidade de Lula durante seus anos de governo também foi lembrada pelo jornal francês "Le Monde". O periódico traçou a cronologia de "ascensão e queda" do ex-presidente brasileiro, recapitulando a historia dele como sindicalista, presidente e, mais tarde, como investigado e condenado por corrupção na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Já o britânico "Financial Times" destacou o impacto nas eleições presidenciais brasileiras de 2018. Para o jornal, a ordem de prisão de Lula "abre o cenário das eleições", uma vez que ele vinha liderando as pesquisas de intenção de voto no País. Para o jornal, o pleito brasileiro deve ser "o mais imprevisível dos últimos tempos".

O jornal francês Le Monde protestou nesta quinta-feira (1°) contra a expulsão de sua enviada especial à Venezuela e de outros jornalistas que cobririam a grande manifestação da oposição contra o presidente Nicolás Maduro.

Marie-Eve Deltoeuf, que escreve sob o pseudônimo de Marie Delcas e é correspondente do jornal na Colômbia, foi expulsa na quarta-feira pelas autoridades venezuelanas no aeroporto de Caracas, uma medida considerada intolerável pelo diretor do jornal, Jérôme Fenoglio.

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John Otis, da rádio americana NPR, e César Moreno, da rádio colombiana Caracol, tiveram o mesmo problema. "Foram obrigados a assinar um documento no qual declaram sua entrada não admissível, já que não estaria conforme as disposições da regulamentação migratória", explica Le Monde.

Apenas Keyal Vyas, correspondente do Wall Street Journal em Caracas desde 2011 e que dispõe de um visto de residente, foi autorizado a entrar no país. Um correspondente do Miami Herald e a jornalista colombiana Dora Glottman também foram expulsos na noite de quarta. Na terça-feira, a equipe do canal Al Jazeera teve o mesmo destino.

Jérôme Fenoglio, de 49, foi eleito nesta terça-feira novo diretor do jornal francês "Le Monde", com 68,4% dos votos da redação, um percentual bastante superior ao mínimo estabelecido de 60%.

Atual número dois do jornal, Fenoglio fez sua carreira no "Monde". Agora, tem um mandato de seis anos como diretor do veículo.

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Ele será o sexto no posto desde que o jornal foi comprado, em 2010, pelos empresários Pierre Bergé, Xavier Niel e Matthieu Pigasse.

Jérôme Fenoglio sucede à última diretora eleita, Natalie Nougayrède, que obteve 79,4% dos votos em 2013 e se tornou a primeira mulher a dirigir o influente jornal francês.

Ele já havia apresentado sua candidatura em 13 de maio, mas, nessa votação, obteve apenas 55% dos votos. O percentual refletiu a surpresa com o anúncio e o fato de se apresentar a pedido e apoiado pelos acionistas.

Uma parte da redação reclamou do processo de nomeação, considerando que o projeto de Fenoglio é excessivamente digital, e sua equipe, muito fechada. A rejeição à sua candidatura reavivou o mal-estar sobre a direção do jornal, depois da demissão de Natalie, no cargo por um ano.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, disse em entrevista ao jornal francês Le Monde que não aceitará a corrupção no seu governo e que as acusações de que seu predecessor Luiz Inácio Lula da Silva teria participado do esquema do mensalão são lamentáveis. "Eu não vou tolerar a corrupção, e meu governo também não", declarou Dilma, acrescentando que todos aqueles que utilizam dinheiro público devem prestar contas. "Caso contrário, a corrupção se espalha."

Ela afirmou que "o Ministério Público é independente, a Polícia Federal investiga, prende e pune." E falou que quem começou esta nova fase de governança foi o ex-presidente Lula. Sobre as acusações do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza de que o ex-presidente chefiou o esquema de desvio de recursos públicos do mensalão, Dilma afirmou: "Eu rejeito todas as tentativas, ele não é o primeiro a manchar o imenso respeito que o povo do Brasil tem pelo presidente Lula".

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Dilma disse também que, "se houver suspeitas confirmadas, a pessoa deve sair. Claro que não se deve confundir as investigações com a caça às bruxas próprias dos regimes autoritários ou de exceção. Para ser candidato à eleição, os brasileiros devem cumprir a lei de registro criminal (Ficha Limpa), eles não podem ter sido condenados."

Na entrevista, Dilma afirmou também que o fraco crescimento econômico apresentado pelo País é resultado de uma fase de transição vivida pelo Brasil. "Nós estamos em uma fase de transição. A crise internacional provocou uma desaceleração da economia brasileira em junho de 2011. Nós tivemos de adotar medidas estruturais, como a redução da taxa de juro. Pela primeira vez em décadas, elas estão próximas das taxas do mercado internacional", disse ela ao jornal francês, observando que é a primeira vez em décadas que as taxas de juros do Brasil estão próximas das observadas nos mercados internacionais. Ela destacou, no entanto, que "isso levou a mudanças na rentabilidade. O aumento do investimento produtivo ainda não substituiu os investimentos em declínio. E a desvalorização artificial das moedas de países desenvolvidos resultou em uma valorização do real, que tem sido prejudicial".

Perguntada se o Brasil é o país do futuro, Dilma respondeu que "os empresários europeus sabem que esse será o caso se nós investirmos nas indústrias de manufatura, infraestrutura e transformação". Segundo ela, o desafio que o País enfrenta é a competitividade, que não é um fim em si mesmo. "Se não aumentarmos a taxa de investimento, não vamos atingir um crescimento acelerado, capaz de buscar a inclusão social e a expansão do mercado".

A presidente destacou na entrevista que a dimensão do mercado brasileiro, as oportunidades em infraestrutura e a força da indústria explicam porque o Brasil se tornou um dos principais destinos de investimento direto estrangeiro, que totalizou US$ 66 bilhões em 2011 e 63 bilhões nos primeiros nove meses deste ano. "Nós prevemos um crescimento de pelo menos 4% em 2013", disse Dilma ao Le Monde.

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