Eles são os maiores fornecedores de atletas olímpicos. Não é de se espantar que estejam sempre revezando as primeiras posições durante os Jogos Olímpicos de Verão. China e Estados Unidos são donos das maiores economias do mundo e investem em estrutura e formação de futuros desportistas para colher os frutos em cada medalha de ouro acrescentada ao já recheado histórico. Quando tais esforços são relocados para o futebol, o bretão, e não o americano, é de se esperar que a modalidade ganhe corpo. É assim que os países estão avançando para ter as ligas e seleções nacionais mais fortes. Entenda porque americanos e asiáticos podem passar de coadjuvantes a candidatos ao título em Copas do Mundo em um futuro não tão distante.
China: Se o presidente aprova, o empresariado compra
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Superliga Chinesa ainda engatinha no futebol, mas as projeções não poderiam ser melhores (Reprodução/CSL-China)
Fã declarado de futebol, o presidente chinês Xi Jinping o tornou uma das prioridades de seu governo. Com uma economia reduzindo o ritmo de expansão, os chineses estão buscando novas fontes de renda e a indústria do esporte tem no futebol uma opção viável para serviços, tecnologia e inovação, setores que despertam o maior interesse dos asiáticos. Os empresários enxergam no incentivo do Governo uma oportunidade de faturar alto, e entre 2015 e o começo de 2017 já foram gastos quase R$ 7 bilhões para comprar partes de gigantes europeus da Itália e Inglaterra. Além de milhões investidos em atletas renomados do futebol mundial como Lavezzi, Oscar, Hulk, Paulinho e Graziano Pellé, entre outros.
Já existe um plano para colocar a Liga Chinesa entre as melhores do mundo até 2050, algo bem distante do atual 78º lugar. A expectativa também é boa para o empresariado, já que a indústria do esporte deve alcançar quase R$ 1,5 trilhão, o que equivale a 1% do Produto Interno Bruto do país até 2020. Entretanto, não basta apenas contratar craques de outras ligas e clubes europeus se o objetivo é fortalecer também a seleção nacional. É preciso criar uma cultura de futebol em um país onde não há identificação com a modalidade. Sabendo disso, o Governo estima que nos próximos quatro anos haverá 50 milhões de chineses praticando em mais de 20 mil centros de treinamento e 70 mil campos espalhados pelo território.
Buscando implantar esse pensamento de 'respirar' o futebol, são implantadas milhares de escolas com tutores brasileiros visando engajar os jovens que, até então, não tinham o menor interesse no esporte bretão. Mesmo que a Superliga Chinesa esteja mais próxima de seu objetivo, ainda deve levar alguns anos antes de despontar como a potência que os asiáticos tanto esperam: especialistas estimam em uma década ao menos. Para a seleção, a previsão é ainda mais demorada. Como a atual geração ainda não entrou na onda, é algo que deve acontecer com mais 20 anos. Não é absurdo falar que as crianças de hoje podem crescer assistindo aos craques chineses atuando em gigantes europeus.
Estados Unidos: A liga nunca recebeu tanta atenção
Estádio lotados são cenas comuns em partidas no futebol dos Estados Unidos (Reprodução/MLS)
O 'soccer' já é uma realidade nos Estados Unidos. Ávidos consumidores de esporte e grandes eventos, os americanos tomam as arenas para assistir as partidas da Major League Soccer, a liga nacional. Importar craques como Kaká, Pirlo, Lampard e Gerrard elevou o nível do campeonato e atraiu o público. A média de espectadores é entre 18 e 20 mil pessoas por jogo, o que, por si só, colocaria a MLS como a 9ª maior do mundo. Mesmo assim, o desporto ainda está em fase de amadurecimento na terra do Tio Sam. Maior economia mundial, o segredo para voltar a crescer, depois de um marasmo causado pelo fracassado modelo, que remete ao Brasileirão, está na gestão. Os EUA voltam com tudo e atraem olhares pelas cifras.
Na década 1970, a mudança de liga para MSL foi o primeiro passo no sentido de emplacar o futebol em terras norte-americanas. Contratações como Pelé e Beckenbauer eram eventos grandiosos, porém a gestão dos clubes era precário, criando grandes dívidas com folhas salariais superiores à arrecadação, o que é bem parecido com a atual situação dos clubes brasileiros. A solução encontrada foi tratar o esporte como negócio. A divisão igualitárias das cotas e valores de patrocínio é algo que a própria liga garante aos clubes, tendo, em contrapartida, a imposição de teto salarial e orçamentário que deve ser respeitado pelos mesmos. A unidadade deu corpo ao torneio: financeiramente, ele é mais equilibrado do que a Premier League (Inglaterra), atualmente, a maior do planeta.
De acordo com a revista Forbes, o faturamento dos clubes, entre 2008 e 2012, passou de R$ 1,312 bilhão para mais de US$ 3,3 bilhões. Resultado direto do talento natural americano em realizar grandes eventos que incluem apresentações de grandes craques, como foi nos casos de David Beckham e Thierry Henry, hoje já aposentados dos gramados. Somando isso ao pensamento de formar jovens universitários em futuros atletas, importando de países da América Latina, muitos brasileiros, é de se esperar que a ascenção para o posto das grandes ligas seja mais rápido que na China, onde é preciso criar uma cultura 'do zero'.
Para os responsáveis, a MLS deve levar cinco anos para emplacar o alto nível técnico que as gigantes ligas européias como Alemanha, Espanha e Inglaterra. Com tanto dinheiro, cultura do desporto em expansão, e investimentos na formação de atletas, é de se esperar que a seleção nacional também ganhe corpo. Com maior tradição em Copas do Mundo, o caminho para os americanos é mais curto que o dos asiáticos, entretanto, também exige algumas décadas antes de aparecer levantando o troféu mais cobiçado do futebol mundial.