A temporada de 2020 da Major League Soccer (MLS), liga de futebol dos Estados Unidos, começa neste final de semana após altos investimentos feitos pelos clubes em jogadores brasileiros. São 20 atletas espalhados em 14 clubes. O Brasil fica atrás somente de Canadá (44) e Argentina (33) em quantidade de jogadores de fora dos EUA na MLS.
Boa parte dos maiores negócios feitos na janela de transferências envolveu atletas brasileiros que deixaram grandes clubes do País para atuar nos Estados Unidos. O Orlando City, por exemplo, tirou o zagueiro Antônio Carlos do Palmeiras e o volante Júnior Urso do Corinthians, enquanto que o Seattle Sounders contratou o meia João Paulo, ex-Botafogo. O volante Matheus Rossetto foi vendido pelo Athletico-PR ao Atlanta United e o também volante Thiago Santos trocou o Palmeiras pelo FC Dallas. Estima-se que os clubes gastaram quase R$ 20 milhões com esses atletas.
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Essas transações mostram uma mudança de perfil nas contratações feitas pelos clubes norte-americanos. Antes, as equipes preferiam apostar em garotos formados nas universidades ou em estrelas em final de carreira como o brasileiro Kaká, o inglês Beckham, o colombiano Valderrama, o espanhol Raúl ou o sueco Ibrahimovic.
Além de buscar jogadores no Brasil, clubes dos Estados Unidos seguraram atletas do País que se destacaram na última temporada. Foi o caso do volante Judson, que ampliou o seu vínculo com o San Jose Earthquakes até o final de 2021. O time terminou o campeonato fora dos playoffs e agora faz planos para tentar surpreender os favoritos.
"Acho que demoramos um pouco a engrenar no último ano, não conseguimos regularidade. Mas surpreendemos muita gente, que não apontava nossa equipe como favorita. Fizemos uma boa campanha. Esse ano queremos mais, vejo o clube ainda mais forte", disse Judson, ex-Avaí e América de Natal.
Esse ano será a 25.ª temporada do MLS e os proprietários e executivos de clubes estão otimistas com o futuro da liga. Larry Berg, dono do Los Angeles FC, prevê que a MLS dará um salto popularidade nos próximos 10 anos, impulsionado pela Copa do Mundo de 2026, que será realizada nos Estados Unidos em conjunto com México e Canadá.
"Temos a demografia a nosso favor, tanto em termos de juventude quanto em diversidade. Então, acho que passaremos o beisebol e o hóquei e seremos o esporte número três nos Estados Unidos, atrás somente do futebol americano e do basquete", disse Berg durante o evento de lançamento do campeonato.
Pesquisa da companhia de informação e dados Nielsen mostrou que o interesse na MLS cresceu 27% entre 2012 e 2018. E outra pesquisa, da Gallup, mostrou que, entre os fãs de 18 a 34 anos, o futebol estava empatado em popularidade com o basquete, atrás do futebol americano.
Berg também destaca o poder que os clubes têm para atrair atletas de todo o mundo. "A boa notícia é que os jogadores querem jogar aqui. As pessoas querem morar nos Estados Unidos. A infraestrutura dos clubes é fantástica".
A MLS expandiu para 26 o número de equipes nesta temporada. As novidades são o Nashville SC e o Inter Miami CF, clube do ex-jogador David Beckham. O inglês, inclusive, engrossa o coro daqueles que estão otimistas com o futuro da liga. "Penso que, nos próximos dez anos, será possível desafiar as ligas europeias. É onde todos nós esperamos chegar. A MLS nunca deve ser uma liga em que jogadores da Europa buscam se aposentar", disse Beckham.
De fato, a MLS vive um processo de franca expansão e com cifras cada vez mais elevadas. Já está certo que times de Austin, Charlotte, St. Louis e Sacramento entrarão na liga nas próximas temporadas. Se em 1996 as equipes pagaram US$ 5 milhões (R$ 22,4 milhões) cada para entrar no campeonato, em dezembro do ano passado Charlotte concordou com a taxa de US$ 325 milhões (R$ 1,4 bilhão).