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O Ministério Público de Goiás (MP-GO) iniciou nesta terça-feira mais uma operação contra manipulação de resultados no futebol brasileiro. O MP-GO cumpriu mandados de busca e apreensão em oito cidades de cinco estados na investigação de sete partidas, uma delas envolvendo o Flamengo no Brasileirão do ano passado.

A chamada Operação Penalidade Máxima III foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), da Polícia Militar de Goiás, do Cyber Gaeco do Ministério Público de São Paulo e dos Gaecos dos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraíba e Rio de Janeiro, informou o MP-GO.

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No total, as ações desta terça, que são um desdobramento das Operações Penalidade Máxima I e II, cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em Goiânia (GO), Bataguassu (MS), Campina Grande (PB), Nilópolis (RJ), Santana do Parnaíba (SP), São Paulo (SP), Volta Redonda (RJ) e Votuporanga (SP).

Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Estadual dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens Direitos e Valores. A investigação apura possíveis condutas ilícitas que podem "configurar organização criminosa para fraudar resultados de partidas de futebol (crimes previstos na Lei nº 12.850/13 e nos arts. 198 e 199 da Lei Geral do Esporte)", explica o MP-GO.

O Ministério Público investiga grupo criminoso que tinha por objetivo aliciar jogadores para participar de esquema de manipulação de resultados em partidas do Brasileirão do ano passado e de Estaduais disputados neste ano. Os atletas receberiam pagamentos para levar cartão amarelo e/ou vermelho, fazer pênalti ou contribuir para o placar parcial ou total de uma partida, beneficiando apostadores que também faziam parte do esquema.

De acordo com o MP-GO, sete partidas estão sendo investidas nesta terceira etapa da operação. Uma delas é do Brasileirão do ano passado: Avaí x Flamengo. Há duas da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022: Náutico x Sampaio Corrêa e Náutico x Criciúma.

As demais são de Estaduais deste ano: Goiânia x Aparecidense, Goiás x Goiânia (ambos pelo Campeonato Goiano), Nacional x Auto Esporte e Sousa x Auto Esporte (Campeonato Paraibano).

O MP não revelou quais ações de cada jogo estão sendo apuradas, nem citou nome de jogadores supostamente envolvidos no esquema. Informou apenas que as partidas do Brasileirão e Série B foram disputados no segundo turno das respectivas competições.

Não foi só o técnico da seleção brasileira principal, Fernando Diniz, que precisou cortar um nome de última hora devido a uma investigação por suposto envolvimento em esquema de apostas. Pouco mais de uma hora depois de o treinador revelar que retirou o nome de Lucas Paquetá por causa de uma investigação que envolve o nome do atleta, o técnico Ramon Menezes, da seleção olímpica, teve que fazer o mesmo em relação a Luiz Henrique, atacante do Betis que seria convocado para dois amistosos com o Marrocos, na mesma data Fifa do próximo mês.

Para esses jogos, Ramon apresentou uma lista com apenas 22 jogadores, um a menos que o habitual. E confirmou que a falta de um nome se deveu à mesma investigação que envolve Lucas Paquetá.

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"O Diniz foi muito feliz na resposta que ele deu alguns minutos atrás, e eu também vou usar a verdade aqui: o Luiz Henrique era um atleta convocado. Vamos aguardar, vamos ver", afirmou o treinador. "Nas próximas horas vou passar para vocês um outro nome."

Segundo o GE, a aposta que levantou suspeitas sobre Lucas Paquetá chamou a atenção pelos valores envolvidos e pelo fato de ser casada: os autores só ganhariam se Paquetá levasse cartão amarelo contra o Aston Villa, e se o atacante Luiz Henrique, do Betis, também recebesse diante do Villarreal, no mesmo dia. Os dois jogadores ainda não se pronunciaram.

A informação sobre a investigação se tornou pública no início da tarde, cerca de uma hora antes do horário previsto para a divulgação da primeira lista de convocados de Fernando Diniz. Coincidência ou não, a convocação - que tradicionalmente acontece no horário marcado - iniciou com 21 minutos de atraso.

Para os dois amistosos do Brasil diante do Marrocos, no próximo mês, Ramon Menezes pôde convocar pela primeira vez todos os atletas que gostaria - com a exceção de Luiz Henrique. Isso porque os jogos serão realizados na data Fifa, quando não haverá jogos de clubes.

CONFIRA OS CONVOCADOS

Goleiros: Gabriel Grando (Grêmio); Matheus Cunha (Flamengo) e Mycael (Athletico-PR)

Laterais: Arthur (Bayer Leverkusen), Vinicius Tobias (Real Madrid), Abner (Real Betis) e Welington (São Paulo)

Zagueiros: Vitão (Internacional), Lucas Halter (Goiás), Robert Renan (Zenit) e Morato (Benfica).

Meio-campistas: João Gomes (Wolverhampton), Marlon Gomes (Vasco), Maurício (Internacional), Andrey (Chelsea) e Danilo (Nottingham Forest).

Atacantes: Lázaro (Almería), Marcos Leonardo (Santos), Vitor Roque (Athletico-PR), João Pedro (Brighton), Igor Paixão (Feynoord) e Paulinho (Atlético-MG).

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) anunciou nesta terça-feira a suspensão preventiva por 30 dias de 12 jogadores envolvidos em investigação de manipulação de resultados e esquema de apostas no futebol brasileiro. Cinco dias após se tornarem réus na Justiça, Alef Manga, Sidcley, Thonny Anderson, Pedrinho, Jesus Trindade, Dadá Belmonte e Igor Cariús não poderão entrar em campo até o julgamento do caso. A punição vale, ainda, para Bryan, Nino Paraíba, Diego Porfírio, Vitor Mendes e Sávio Alves.

"As violações e os prejuízos ao desporto, sua repercussão, são graves o suficiente para justificar a medida excepcional de suspensão preventiva dos denunciados", justificou o presidente em exercício do STJD, Felipe Bevilacqua, para impor a suspensão preventiva.

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Para chegar à decisão da suspensão preventiva, a denúncia da Procuradoria do STJD teve como base as provas colhidas pelo Ministério Público de Goiás na Operação Penalidade Máxima. Todos se tornaram réus na Justiça de Goiás faz duas semanas.

Principal nome da lista, Alef Manga chegou a ser reintegrado no Coritiba antes de ver seu nome novamente envolvido em negociações com apostadores. Ele teria recebido R$ 50 mil para levar um cartão amarelo. Acabou novamente afastado e, no fim de semana passado, o clube revelou seu empréstimo a time do Chipre.

Dos 12 jogadores que receberam a suspensão preventiva nesta terça-feira, sete estão convocados para prestar depoimento no STJD no dia 8 de agosto: Alef Manga, Nino Paraíba, Vitor Mendes, Diego Porfírio, Pedrinho, Bryan e Dadá Belmonte. O tribunal ainda ouvirá os xarás Nathan, do Grêmio, e do Avaí, e Richard, que foi para o futebol da Turquia.

O futebol brasileiro ficou estremecido recentemente com a divulgação de manipulação em jogos por causa de apostas. Jogadores foram condenados e até banidos por aceitarem propina para receber cartões ou cometerem pênaltis, entre outras acusações. Para esclarecer e conscientizar seus jogadores e colaboradores, o Cruzeiro promoveu palestras ao longo da última semana.

O clube hospedou na Toca da Raposa a procuradora do TJD-SP, Mariana Chamelette, que também é vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, para ministrar as palestras para as categorias profissionais masculina e feminina, além dos elencos do Sub-20, Sub-17 e também para os colaboradores do Cruzeiro. Ela deu explicações de como tem funcionado o esquema de aliciamento aos atletas através de quadrilhas visando a manipulação de resultados.

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"Dentro dos propósitos firmados para a evolução do clube, o Cruzeiro vem intensificando a formação educacional de seus atletas e colaboradores enquanto cidadãos. Com este objetivo, promovemos na semana passada as palestras sobre apostas esportivas e manipulações de resultados, coordenadas pela Mariana Chamallette, profissional de referência no tema", disse Gabriel Lima, CEO do Cruzeiro SAF, explicando a iniciativa de proporcionar aos profissionais do clube o conhecimento e a conscientização a respeito do tema.

"Certamente, as conversas foram muito benéficas, pois todos os colaboradores e atletas do clube puderam sanar dúvidas e entender mais sobre o assunto, que é do interesse direto de todos os envolvidos com o esporte."

Mariana Chamelette também comentou sobre a iniciativa do clube. "A realização das palestras foi uma ótima oportunidade de apresentar as informações mais cruciais sobre os perigos e consequências das apostas ilegais e da manipulação de resultados", afirmou. "A ideia da realização foi conscientizar os atletas sobre a importância da integridade no esporte, incentivando-os a tomar decisões éticas e a recusar o envolvimento em práticas ilegais. As conversas realizadas foram bastante produtivas e tanto os atletas quanto os demais colaboradores do Cruzeiro foram muito participativos."

Além das palestras, o Cruzeiro adotou outras medidas visando a conduta ética no esporte. O clube elaborou uma cartilha de conduta interna que abrange a postura exigida pela instituição para todos os seus profissionais no que se refere ao mundo das apostas.

Ivan Toney, jogador do Brentford, foi suspenso pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) na última semana após infringir 232 vezes o código de conduta que proíbe atletas de apostarem, no período entre 25 de fevereiro de 2017 e 23 de janeiro de 2021 - cinco temporadas, no total. Nesta sexta-feira, a entidade divulgou a decisão de um comissão reguladora independente sobre o caso, no qual indica que o atacante apostou 13 vezes na derrota de seu próprio time.

Das 232 apostas que Toney admitiu terem sido realizadas, 126 aconteceram em competições que o time do jogador participou naquela temporada - Campeonato Inglês, Copa da Inglaterra e Copa da Liga Inglesa, por exemplo. Destas, 29 foram direcionadas para o clube que o atacante estava inscrito ou emprestado à época.

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Das 29 apostas no resultado do jogo, em 16 Toney apostou que seu time venceria. Ele veio a atuar em 11 destas partidas e esteve no banco de reservas em outra ocasião. O caso mais chocante são as 13 apostas restantes, no qual o atacante apostou na derrota do seu próprio time.

Segundo o relatório, Toney realizou 11 apostas em jogos do Newcastle, entre 2017 e 2018, quando ainda tinha vínculo com o clube, mas estava emprestado ao Wigan. Outras duas apostas, que totalizam as 13 que o atacante foi considerado culpado, ocorreram no duelo Wigan x Aston Villa, em 2017, pela segunda divisão do Inglês. A partida terminou com a vitória dos visitantes, resultado que favoreceu o atacante na aposta. Toney ficou fora desta partida.

Ainda há outras 21 apostas, realizadas por Toney, para que ele próprio ou outros jogadores marcassem gols nas partidas em questão. De acordo com a FA, estas, somadas às 29 em resultados dos duelos, foram as consideradas mais graves ao longo da investigação.

"O presente caso não envolve manipulação de resultados. Se fosse, as acusações teriam sido processadas sob disposições diferentes. Não há evidências de que o Sr. Toney tenha feito ou mesmo estivesse em posição de influenciar seu próprio time a perder quando ele fez apostas contra a vitória deles - ele não estava no time ou elegível para jogar no momento, conforme explicado", aponta a decisão da FA.

"A proibição de apostas no futebol pelos participantes (jogadores, treinadores e dirigentes) é necessária para proteger a integridade do jogo e manter a confiança do público no esporte. A percepção do impacto das apostas de futebol na integridade do jogo é uma consideração importante ao decidir sobre uma sanção", completou a entidade.

Nos depoimentos de Toney à FA, ele admitiu que utilizou contas de terceiros para realizar as apostas em plataformas na internet. No entanto, afirma que não tinha conhecimento da impossibilidade de apostar até 2018, quando defendia o Peterborough. "Vocês (FA) costumavam vir a Peterborough quando eu estava lá para dizer que não podemos apostar no futebol", disse o atacante.

"Eu me recordo de assistir a um vídeo e, naquele momento (no Brentford), eu passei a reconhecer que havia um prolema nas apostas que havia realizado nas partidas de futebol", apontou. Toney também admitiu que mentiu durante as investigações. Em outubro de 2022, afirmou que nunca havia realizado em apostas em partidas de futebol.

VÍCIO EM APOSTAS

Durante o julgamento, a FA chegou a considerar que Toney fosse suspenso por, no mínimo, 12 meses. Um dos pontos levados em consideração para a redução da pena, atualmente em oito meses de suspensão e multa de 50 mil libras (cerca de R$ 308 mil), foi o fato de que Toney foi diagnosticado com vício compulsivo em jogos de azar.

Philip Hopley, médico e consultor psiquiatra, foi ouvido pela FA e conversou com Toney em duas ocasiões nos últimos meses. Em conclusão, afirmou que o jogador tem um histórico de vício em apostas e é necessário que o atacante busque ajuda profissional para iniciar um tratamento. De acordo com o manifesto, Toney está a disposto a buscar auxílio.

O vício em jogos já é considerado como uma questão de saúde pública no Reino Unido. Recentemente, os clubes do Campeonato Inglês aceitaram retirar de seus uniformes qualquer menção a casas de apostas a partir da temporada 2026/2027.

James Grimes, de 33 anos, é o fundador do The Big Step, cuja finalidade é promover debates para o fim dos patrocínios de casas de apostas no futebol inglês. A ação já conta com o apoio de 30 clubes do futebol inglês. Ao Estadão, revelou que viveu um drama pessoal semelhante ao de Toney com vício em jogos.

"Supõe-se que este (o esporte) seja um lugar que forneça saúde, que fortaleça a comunidade, que forneça segurança, que proporcione diversão. Ele não deveria ser usado para promover algo que sabemos que destrói todas essas coisas", afirma. Na última temporada do Campeonato Inglês, 19 dos clubes tinham acordo com alguma casa de apostas. Oito destes, incluindo o Brentford, estampavam sua marca no patrocínio central do uniforme.

MANIFESTAÇÃO DE TONEY E DO BRENTFORD

Ivan Toney e Brentford se manifestaram nesta sexta-feira, após vir a público a decisão completa da FA. Ambos aceitaram a punição. Por meio de suas redes sociais, e o jogador apenas afirmou que "irá se pronunciar em breve, sem filtros". Já o clube teve uma postura de defender seu atleta, ao citar que, de acordo com a análise, Toney não impactou em nenhum dos eventos que apostou e espera receber o jogador de volta ao elenco ao fim da suspensão.

Toney poderá voltar a treinar com Brentford nos últimos quatro meses de sua suspensão, que se encerra no dia 16 de janeiro de 2024. Ele não é o primeiro jogador de futebol proeminente a ser penalizado por violar as regras do jogo. Em 2017, o ex-meio-campista do Manchester City e do Newcastle, Joey Barton, foi punido por 18 meses em 2017 depois de admitir ter feito 1.260 apostas relacionadas ao futebol durante um período de mais de dez anos.

Nesta temporada, Toney disputou 36 jogos pelo time inglês, com 21 gols e cinco assistências. Ele chegou a ser convocado pela seleção inglesa para as Eliminatórias da Eurocopa, em março.

Goiás x Goiânia, pelo Campeonato Goiano deste ano, é o primeiro jogo em que apostadores agiram para manipular diretamente o resultado. Diálogos, comprovantes de apostas e de pagamentos e capturas de tela do WhatsApp apontam para o envolvimento de cinco jogadores do Goiânia, que deveria perder o primeiro tempo do clássico estadual, o que efetivamente aconteceu. Os registros constam da segunda fase da Operação Penalidade Máxima, em curso no Ministério Público de Goiás (MP-GO).

No dia 12 de fevereiro, Denner Barbosa, ex-jogador do Corinthians e, à época atleta do Operário-MT, em contato com Bruno Lopez Moura, conhecido como BL e apontado como um dos líderes da quadrilha de apostas, combinaram para que a partida fosse manipulada em seu fator mais crucial: o resultado.

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Nos diálogos, foi combinado que o Goiânia "entregaria" - este foi um dos termos utilizados - o primeiro tempo da partida para o Goiás. De acordo com Denner, "a linha de trás" estava combinada para o time sair derrotado nos 45 minutos iniciais, o que de fato aconteceu: 2 a 0, com gols de Lucas Halter, aos 6 minutos, e Vinicius Silva, aos 44 minutos. Segundo ele, em conversas com Bruno, cinco jogadores estariam envolvidos no esquema.

Diálogos, comprovantes de apostas e de pagamentos e capturas de tela do WhatsApp sugerem que os jogadores, que não tiveram seus nomes revelados, estavam cientes de que deveriam perder o primeiro tempo para o Goiás. Na ocasião, a zaga titular do Goiânia foi composta por Eduardo Leite, Gabriel Alves e Marcelo Xavier. Nenhum dos nomes está entre os citados no documento.

No dia 11 de fevereiro, um dia antes da partida, Denner contatou Bruno Lopez, informando que conseguiria "uma odd dois no Goiano de gol". Na linguagem das apostas, isso significa que a manipulação ocorreria no resultado da partida. "Eu tenho um time no Campeonato Goiano com a linha de trás todinha", complementou o jogador. "Perder primeiro tempo."

Confira trecho da conversa entre Bruno Lopez e Denner Barbosa:

Denner Barbosa: Mas eu tenho um time no Campeonato Goiano com a linha de trás todinha.

Bruno Lopez: Me manda o time do Goiano e eu já coto. Se ficar boa...

Denner Barbosa: Perder primeiro tempo.

Bruno Lopez: Vamos fechar essa parada então?

Denner Barbosa: Preciso saber quanto você paga, que aí eu corro atrás aqui na ligação com os caras.

Bruno Lopez: 10 cruzeiros (R$ 10 mil) para cada.

Thiago Chambó Andrade, conhecido como TCY e outro dos apostadores envolvido no esquema de manipulação, chega a ponderar em conversas como BL se o grupo, realmente, deveria entrar nesta aposta. "Não dá para garantir a operação o resultado pro Goiás no primeiro tempo. Ou os 'cara' que vai jogar contra o Goiás vai entregar", afirmou. Prontamente, BL reafirma que o resultado já está combinado. "Marcha", escreveu.

Antes da partida, Bruno Lopez realizou uma transferência bancária, na Conta de Denner, no valor de R$ 25 mil. Cada jogador receberia R$ 10 mil e, ao final do jogo, foi transferido R$ 100 mil à conta de Denner.

No dia do jogo, Bruno Lopez e Denner voltaram a conversar, antes e depois da partida. O apostador se certificou de que os atletas estariam dispostos a "entregar" o confronto, fato que Denner voltou a confirmar. "Sim, c****. Os 'moleques' é nosso", escreveu.

Depois do jogo, eles voltam a se falar pra comemorar o resultado.

Denner Barbosa: Os mlk é nosso.

Bruno Lopez: Boa papai. Coisa linda, hein.

Além da aposta no jogo entre Goiás e Goiânia, os apostadores manipularam, na mesma data, o número de escanteios na partida entre Luverdense e Operário, no Campeonato Mato-Grossense.

Após a partida, "os meninos", como são chamados os atletas ao longo do diálogo, insistiram para que Denner cobrasse o valor acordado na manipulação.

Em abril, o promotor Fernando Cesconetto, do Ministério Público de Goiás, já havia citado que Goiás x Goiânia era um dos jogos suspeitos de manipulação. Ele afirmou, na ocasião, que existia a suspeita de que atleta do Goiânia haviam tramado para perder o primeiro tempo, mas não citou nomes.

"O que tivemos era uma aposta de R$ 80 mil com parte de valores para que os jogadores do Goiânia assegurassem a derrota no primeiro tempo", dissera Cesconetto.

O Estadão tentou entrar em contato com as defesas de Bruno Lopez Moura e Denner Barbosa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

QUEM É DENNER BARBOSA?

Hoje com 29 anos, Denner iniciou sua carreira como lateral-esquerdo no Corinthians, em 2011. Ao todo, disputou apenas quatro partidas pelo clube, três destas no Campeonato Brasileiro de 2012. Desde então, iniciou uma cruzada pelo futebol brasileiro até aparecer como um dos aliciadores na manipulação de apostas.

Na última década, passou por Bragantino, Atlético-GO, RB Brasil, São Bento e Portuguesa. Atualmente defende o Operário-MT, onde se envolveu no esquema de manipulação em partidas dos Estaduais na região Centro-Oeste.

DETIDO

O empresário Bruno Lopez de Moura é um dos três presos na segunda fase da operação Penalidade Máxima. Considerado pelo Ministério Público de Goiás o líder de uma organização que supostamente manipulava resultados de jogos do Campeonato Brasileiro das Séries A e B para favorecer apostadores nos sites, ele foi preso duas vezes.

A primeira prisão, que foi temporária, ocorreu na operação anterior, em 14 de fevereiro. Na denúncia daquela detenção de Bruno, os promotores públicos informaram que ele era o "cabeça" da única gangue que foi desmantelada. Depois, o empresário de jogadores dono da BC Sport Management foi detido preventivamente, ou seja, sem previsão de soltura.

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) prevê que jogadores condenados no esquema de apostas investigado pelo Ministério Público de Goiás poderão sofrer punições duras na esfera esportiva. O STJD projeta suspensão de até dois anos, multa de R$ 100 mil e até o banimento nas competições esportivas.

"Com a identificação e comprovação da participação de atletas, os mesmos serão denunciados e punidos com penas de suspensão de 180 a 720 dias, cumulada com multa de até R$ 100 mil e, em casos de reincidência, a eliminação do atleta (penas previstas nos artigos 243 e 243-A. ambos do CBJD)", informou a Procuradoria do tribunal, em comunicado.

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O STJD informou também que "está investigando e apurando todo os casos deflagrados na Operação Penalidade Máxima", em contato próximo com o Ministério Público de Goiás e a CBF, que tem parceria com a empresa Sportradar para identificar movimentações suspeitas nos sites de apostas em jogos dos campeonatos nacionais.

O tribunal deve começar a tomar decisões na próxima semana sobre os jogadores denunciados pelo MP. Alguns poderão sofrer suspensão provisória, de 30 dias. O STJD enfatizou que "não há nenhuma hipótese de paralisação de qualquer competição ou anulação das partidas" porque não há indícios de participação dos clubes e das casas de apostas no esquema.

"Atentos e preocupados com a manutenção da credibilidade do futebol brasileiro, a Procuradoria destaca que vem atuando através da troca de informações e a colaboração entre as instituições (Ministério Público de Goiás x STJD) agindo para que todos os envolvidos sejam denunciados e levados a julgamento com base no que prevê o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)", disse a Procuradoria, no comunicado.

Em sua segunda fase, a chamada Operação Penalidade Máxima aprofundou a investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e denunciou 14 jogadores à Justiça nesta semana. Outros atletas foram apenas citados em documento do MP, sem acusação formal. Alguns destes já foram afastados dos seus clubes nos últimos dias.

No total, 12 jogadores foram apartados das atividades cotidianas dos seus times: Vitor Mendes (Fluminense), Bryan Garcia e Pedrinho (Athletico-PR), Richard (Cruzeiro), Nino Paraiba (América-MG), Maurício (Internacional), Raphael Rodrigues (Avaí), Alef Manga e Jesus Trindade (Coritiba), Paulo Miranda (sem clube), Fernando Neto (São Bernardo) e Eduardo Bauermann (Santos).

O esquema de apostas, alvo de investigações no Brasil nos últimos meses, atravessou o continente e alcançou a América do Norte. Nesta quinta-feira, o Colorado Rapids, da MLS, o principal campeonato de futebol dos Estados Unidos, afastou o meia-atacante brasileiro Max Alves.

O jogador foi afastado do clube por suspeita de envolvimento no mesmo esquema de manipulação de resultados. "O jogador foi retirado de todas as atividades enquanto a MLS conduz uma investigação sobre o assunto", informou o Colorado Rapids, em comunicado, sem citar o nome do atleta.

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"Estamos cientes da investigação ligando um jogador do Colorado Rapids com jogos de azar e apostas esportivas. Encaramos assuntos desta natureza muito a sério e procuramos sempre proteger a integridade do jogo", completou o comunicado do time dos Estados Unidos.

Max Alves apareceu numa planilha de pagamentos obtida pelo jornal O Globo. Formado na base do Flamengo, o brasileiro teria recebido R$ 35 mil de sinal e deveria ganhar ainda mais R$ 25 mil. Para tanto, teria que levar cartão amarelo num jogo da MLS, em setembro do ano passado. Isso aconteceu na derrota da sua equipe para o LA Galaxy, por 4 a 1, naquele mês. Alves era reserva, mas entrou no decorrer da partida.

O jogador de 21 anos, da base do time rubro-negro, recebeu poucas oportunidades na equipe principal. Foram 14 partidas e um gol. Chegou a ser emprestado ao Cuiabá em 2021. E, no ano passado, foi negociado com o Colorado Rapids.

O Cruzeiro anunciou nesta quarta-feira que o volante Richard está "afastado preventivamente das atividades da equipe de futebol profissional". O jogador foi um dos citados em conversas obtidas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), no esquema de apostas investigado pela Operação Penalidade Máxima.

O volante de 29 anos aparece em diálogos com Romario Hugo dos Santos, o Romarinho, enquanto ainda defendia o Ceará, no último ano. O registro das conversas foi divulgado pela rádio Itatiaia e mostra que o atleta teria recebido um depósito de R$ 40 mil. Até o momento, o nome dele não está entre os denunciados do MP à Justiça de Goiás.

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O jogador teria sido aliciado para receber cartão amarelo na partida entre Ceará e Cuiabá, que terminou em 1 a 1, válida pelo Campeonato Brasileiro do ano passado. Este jogo está entre os denunciados do MP-GO pela participação de Igor Cárius, então no Cuiabá.

Nos registros, obtidos pelo MP, Richard afirma, em conversa com um dos apostadores, que outros grupos chegaram a tentar aliciá-lo, mas que rejeitou as ofertas. "Durante a semana veio uns três nego querendo fechar algo comigo e não fecho com ninguém a não ser você, sou papo reto, bagulho não é brincadeira (sic)", afirmou o atleta. "Tá pago aí, meu amigo. Marcha na carreta", escreveu o apostador.

Richard vinha sendo escalado pelo técnico Pepa nos últimos jogos. O Cruzeiro enfrenta, sem a presença do jogador, o Fluminense nesta quarta-feira, em partida válida pelo Brasileirão.

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) investiga um esquema de manipulação de apostas esportivas em partidas do Campeonato Brasileiro das Séries A e B de 2022 e partidas do Paulistão e do Campeonato Gaúcho deste ano. Jogadores cooptados por grupos criminosos recebiam até R$ 100 mil para provocar cartões amarelos e vermelhos ou realizar outras ações dentro de campo. Ao todo, sete jogadores estão na mira das autoridades.

Em abril, o MP, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), deflagrou a segunda fase da Operação Penalidade Máxima - a primeira etapa foi realizada em fevereiro e mirava apenas jogos da Série B.

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Três mandados de prisão, 16 de preventiva e 20 de busca e apreensão, foram cumpridos em 16 municípios de 20 Estados brasileiros diferentes, incluindo São Paulo e Rio.

Quais são os jogadores investigados?

EDUARDO BAUERMANN (SANTOS)

Santos x Avaí (Brasileirão, 05/11/2022): "Pagamento em montante ainda não precisado, porém certo que pelo menos R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) foram efetivamente entregues a Eduardo Bauermann antes mesmo da realização do jogo, para que Eduardo, jogador do Santos, fosse punido com cartão amarelo na partida (o que não ocorreu)".

Botafogo x Santos (Brasileirão, 10/11/2022): "Bauermann, apesar de ter aceitado valores na rodada anterior, não "cumpriu" sua parte no acordo ao não ser punido com cartão amarelo. Por isso, na rodada imediatamente seguinte e ainda com a posse da quantia recebida, novamente aceitou a promessa de valores indevidos para, agora, ser expulso na partida".

Bauermann e Romarinho, investigados pelo Ministério Público, conversam diretamente antes da partida contra o Botafogo, pelo Brasileirão de 2022.

KEVIN LOMONACO (RED BULL BRAGANTINO)

Red Bull Bragantino x América-MG (Brasileirão, 05/11/2022): "Promessa de pagamento de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), dos quais R$ 30.000,00 (trinta mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta fosse punido com um cartão amarelo durante a partida.

Red Bull Bragantino x Portuguesa (Campeonato Paulista, 21/01/2023): "Promessa de pagamento de R$ 200.000,00 para que o atleta cometesse uma penalidade máxima no primeiro tempo da partida. A proposta foi recusada.

MORAES JR. (JUVENTUDE)

Palmeiras x Juventude (Brasileirão, 10/09/2022): "Promessa de pagamento de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), dos quais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o jogador fosse punido com um cartão amarelo durante a partida."

Juventude x Fortaleza (Brasileirão, 17/09/2022): "A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 50.000,00 (trinta mil reais), dos quais R$ 20.000,00 (vinte mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o jogador fosse punido com um cartão amarelo."

Goiás x Juventude (Brasileirão, 05/11/2022): "Promessa de pagamento de R$ 50.000,00 (trinta mil reais), dos quais R$ 20.000,00 (vinte mil reais) foram efetivamente entreguesantes mesmo da realização do jogo, para que o jogador fosse punido com um cartão amarelo durante a partida."

PAULO MIRANDA E GABRIEL TOTA (JUVENTUDE)

Juventude x Fortaleza (Brasileirão, 18/09/2022): "Promessa de pagamento de R$ 60.000,00(sessenta mil reais), dos quais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento na conta de GABRIEL (TOTA), jogador do JUVENTUDE, para posterior repasse ao atleta JONATHAN (PAULO MIRANDA), para que este, também jogador do JUVENTUDE,fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador."

Goiás x Juventude (Brasileirão, 05/11/2022): "Promessa de pagamento de R$ 50.000,00(cinquenta mil reais), dos quais R$ 10.000,00 (dez mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento providenciado por ROMARIO HUGO DOS SANTOS para a conta de GABRIEL (TOTA), para posterior repasse a JONATHAN (PAULO MIRANDA), para que este,também jogador do JUVENTUDE, fosse punido com cartão amarelo na partida, oque foi efetivamente providenciado pelo jogador."

IGOR CARIÚS (CUIABÁ)

Ceará x Cuiabá (Brasileirão, 16/10/2022): "Promessa de pagamento em montante total ainda não precisado, porém certo que R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues a Igor Aquino da Silva antes mesmo da realização do jogo, para que Igor, jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador".

Palmeiras x Cuiabá (Brasileirão, 06/11/2022): "Pagamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para que Igor Aquino da Silva (Igor Carius), jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida".

FERNANDO NETO (OPERÁRIO)

Sport x Operário (Série B, 28/10/2022): "Promessa de pagamento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), dos quais R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) foram efetivamente entregues a Fernando José da Cunha Neto antes mesmo da realização do jogo, para que Fernando, jogador do Operário, fosse punido com cartão vermelho".

VICTOR RAMOS (CHAPECOENSE)

Guarani x Portuguesa (Paulistão, 08/02/2023): "Promessa de pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que Victor Ramos Ferreira, jogador da Portuguesa, cometesse uma penalidade máxima. Posteriormente, em razão de Bruno, Ícaro e Zildo (três dos denunciados) aparentemente não terem encontrado outros jogadores para manipulação de resultado na mesma rodada, os denunciados não efetuaram pagamento antecipado ao atleta e posteriormente não fizeram a aposta na partida".

Outros jogadores investigados são Nikolas Farias, zagueiro do Novo Hamburgo-RS e Fernando Jarro Pedroso, atacante do Inter de Santa Maria-RS. Os jogadores receberam a promessa de pagamento de R$ 80 mil e R$ 70 mil, respectivamente, para cometerem pênaltis em partidas do Gauchão.

A investigação do Ministério Público de Goiás revelou como foram feitas as negociações, trato e distrato do esquema de manipulação de resultados que buscava afetar jogos das Séries A e B do Campeonato Brasileiro e partidas do Paulistão e do Campeonato Gaúcho deste ano. Na denúncia, a que o Estadão teve acesso, os apostadores mostram como audácia e ameaças permearam a relação dos apostadores com os jogadores de futebol cooptados pela quadrilha.

O caso envolvendo o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, afastado pelo clube nesta terça, foi marcado pelo insucesso dos apostadores em obter centenas de milhares de reais em apostas casadas envolvendo uma advertência com cartão amarelo durante partida com o Avaí, em 5 de novembro de 2022, em jogo válido pelo Brasileirão, o principal campeonato do País.

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Ficou acordado que o jogador santista receberia ao menos R$ 50 mil para provocar a punição, mas Bauermann não recebeu cartão. O "descumprimento" do combinado deixou o empresário Romarinho, um dos integrantes do grupo de apostadores, muito irritado. "Você vai pagar todo o meu prejuízo", escreveu em uma mensagem para o zagueiro.

REAÇÃO

O fato de Bauermann não receber o cartão amarelo combinado causou problemas para o grupo de manipuladores que também já havia acertado com o argentino Kevin Lomónaco, do Red Bull Bragantino, para receber um cartão amarelo no jogo com o América-MG no mesmo dia. Luís Felipe Rodrigues de Castro, um dos envolvidos com a quadrilha de manipulação e apostas, havia prometido o pagamento de R$ 70 mil ao argentino, sendo R$ 30 mil adiantados.

Mas, pelas conversas interceptadas pelo MP, ele tenta alertar Lomónaco que não precisaria mais levar o cartão, uma vez que a aposta casada teria se desfeito após Bauermann não fazer a sua parte. No entanto, o jogador não viu a mensagem, fez o combinado e forçou o amarelo, e depois cobrou que fosse feito o pagamento integral. Diante da recusa dos criminosos, negou uma segunda oferta para cometer um pênalti em jogo do Paulistão diante da Portuguesa.

De acordo com as conversas reveladas pelo MP, Bauermann acionou seu empresário Luiz Taveira para ajudar a resolver a situação. As mensagens seguintes mostram que o problema teria sido contornado. Então, na véspera do duelo com o Botafogo, o empresário Romarinho realizou uma videochamada com Bauermann, em 9 de novembro, para tramarem o que, nas palavras dele, seria uma "coisa boa". Romarinho e Bauermann efetuam a chamada de vídeo para acertar detalhes da armação. O encontro virtual está registrado em um print tirado durante a conversa.

No duelo com o Botafogo, Bauermann cumpre o novo acordo e recebe um cartão vermelho após o apito final, por reclamação. Porém, o zagueiro desconhecia uma regra das casas de apostas que invalidam advertências recebidas após o término da partida. Ou seja, deu errado de novo. "Você vai me pagar tudo. Eu te pedi. Eu confiei em você, mano. E você me desonrou. De novo, mano", escreveu Romarinho, em tom ameaçador ao jogador do Santos.

"Mano, de coração, não foi porque não quis eu te juro! Senão não tinha tomado nem no final e teria inventado uma desculpa para você", escreveu Bauermann em resposta. "O barato vai ficar louco pra você", retrucou Ramarinho. O empresário, então, cobra que o zagueiro devolva os R$ 50 mil pagos antecipadamente. Bauermann diz que está "correndo atrás para conseguir pagar esses R$ 800 mil (valor que arrecadaria caso a aposta fosse validada) que você falou."

As investigações do MP ainda mostram que no celular de Romarinho havia, no bloco de notas, um registro indicando que Bauermann teria pago parcelas datadas dos dias 15 de dezembro e 15 de janeiro, supostamente relacionadas à devolução do dinheiro não auferido com a aposta tramadas.

COMEMORAÇÃO

Após o jogador Paulo Miranda receber, na partida com o Fortaleza, um cartão amarelo previamente combinado com o grupo de apostadores criminosos, com intermédio do também atleta do Juventude Gabriel Tota, os atletas fizeram uma videochamada diretamente do vestiário da equipe de Caxias do Sul para comemorar a aplicação da punição durante o jogo. Eles atuavam pelo Juventude.

Em uma conversa, Bruno Lopez de Moura, um dos líderes do grupo de manipuladores, envia o print da videochamada realizada com os jogadores do Juventude e se mostra surpreso com o cenário em que a conversa foi promovida. "Tota foi até o vídeo e mostrou o Paulo Miranda. Falou 'Paulo Mirando, olha aí', Paulo Miranda eu conheço também. 'Olha, o homem que dá dinheiro para nós tá aqui'. Os caras deram risada e tal, foram até o Pará e eu falei: 'Meu filho, já deu, já bateu o nosso, o terceiro vai bater agora, já dá carrinho de cabeça lá'. Ele já deu risada e falou: 'Demorou, deixa comigo'. Mano, no vestiário, os caras malucos, o vestiário no vídeo."

A conversa cheia de gíria indica que os atletas se atreveram em fazer a ligação e festejar o sucesso da operação dentro do vestiário do time, sem medo. Os valores ganhos nas apostas não foram revelados.

A Justiça de Goiás acatou, na tarde desta terça-feira, a segunda denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO) contra um grupo criminoso que manipulava o resultado de jogos de futebol das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Os 16 denunciados nesta segunda fase da operação Penalidade Máxima II são acusados de manipulação de oito jogos da Série A realizados em 2022, um jogo da Série B também realizado em 2022 e quatro jogos de campeonatos estaduais de 2023, incluindo Campeonatos Paulista e Gaúcho.

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Para tanto, os jogadores envolvidos no esquema receberiam valores que, de acordo com o MP-GO, variavam entre R$ 50 mil a R$ 500 mil para provocarem eventos específicos em jogos previamente selecionados, como cometimento de pênaltis, cartões amarelos ou vermelhos em determinada etapa da partida, diferença de gols no primeiro tempo, entre outros.

Os acusados nessa fase da investigação são Bruno Lopez de Moura, Thiago Chambó Andrade, Romário Hugo dos Santos, que se encontram presos desde o dia 18 de abril, Ícaro Fernando Calixto de Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro, Victor Yamasaki Fernandes, Zildo Peixoto Neto, Thiago Chambó Andrade, Romário Hugo Dos Santos, William De Oliveira Souza, Eduardo Gabriel dos Santos Bauermann, Gabriel Ferreira Neris, Victor Ramos Ferreira, Igor Aquino Da Silva, Jonathan Doin, Pedro Gama dos Santos Júnior, Fernando José da Cunha Neto e Matheus Phillipe Coutinho Gomes.

Em sua decisão, o juiz Alessandro Pereira Pacheco, da 2ª Vara Estadual de Repressão ao Crime Organizado e à Lavagem de Capitais, autorizou o compartilhamento de todas as provas produzidas durante a investigação com órgãos de fiscalização, investigação ou disciplinar e o encaminhamento de cópia do processo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

Sobre a participação de Bruno Lopez, o juiz destacou na decisão que, após a primeira fase de operação Penalidade Máxima, que teve início em novembro do ano passado, o MP -GO apontou indícios de corrupção em, pelo menos, outros nove jogos recentes, realizados entre novembro de 2022 a fevereiro de 2023. As manipulações que tratam essa segunda denúncia ocorreram nos seguintes jogos:

JOGOS SOB SUSPEITA DE MANIPULAÇÃO

PALMEIRAS x JUVENTUDE - Brasileirão

JUVENTUDE x FORTALEZA - Brasileirão

GOIÁS x JUVENTUDE - Brasileirão

CEARÁ x CUIABÁ - Brasileirão

RED BULL BRAGANTINO x AMÉRICA- MG - Brasileirão

SANTOS x AVAÍ - Brasileirão

PALMEIRAS x CUIABÁ - Brasileirão

BOTAFOGO x SANTOS - Brasileirão

SPORT RECIFE x OPERÁRIO DE PONTA GROSSA - Série B

GUARANI x PORTUGUESA - Paulistão

RED BULL BRAGANTINO x PORTUGUESA - Paulistão

ESPORTIVO BENTO GONÇALVES x NOVO HAMBURGO - Gauchão

CAXIAS x SÃO LUIZ - Gauchão

Em meio às investigações do Ministério Público de Goiás (MP-GO) na segunda fase da Operação Penalidade Máxima, sobre esquema de manipulação de resultados em jogos de futebol envolvendo apostas esportivas, Moraes Jr., ex-lateral do Juventude e atualmente no Atlético-GO, deixa de ser investigado no processo e passa a ser testemunha. Nesta terça-feira, a defesa do atleta, inicialmente investigado em jogo do Juventude, informou a atualização na Justiça por meio de nota.

Dos jogos que são alvo de investigação do MP, Moraes Jr. foi aliciado pelo grupo de apostadores em três destes, todos no Brasileirão do último ano, em passagem pelo Juventude: nas partidas contra Palmeiras, Fortaleza e Goiás. As promessas de pagamento, para que o lateral fosse advertido com cartão amarelo pela arbitragem variaram de R$ 30 a R$ 60 mil.

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"O atleta foi ouvido pelo promotor de justiça no dia 28 de abril de 2023, data em que foi assinado o Acordo de Não Persecução Penal, esse instrumento jurídico pode ser definido como uma espécie de colaboração jurídica entre o atleta e o Ministério Público", informou a defesa do atleta.

Com isso, ele promete ajudar na investigação do MP-GO. "A defesa reforça o compromisso de Moraes com a verdade, haja visto que o mesmo segue colaborando com as investigações, ficando à disposição do Ministério Público e da justiça para todo e qualquer momento ser ouvido."

Além dele, outros dois jogadores, que eram do Juventude no último ano e participaram do esquema de apostas, são investigados. Paulo Miranda e Gabriel Tota não defendem mais as cores do time gaúcho.

O time também prometeu colaborar nas investigações. "Em face das recentes publicações divulgadas na imprensa relacionadas à Operação Penalidade Máxima, citando nominalmente três atletas que atuaram pelo clube em 2022, e que atualmente estão vinculados a outras agremiações, como investigados na referida operação, reitera o seu firme posicionamento de colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, para que os fatos sejam regularmente apurados e os responsáveis identificados e responsabilizados na forma e no rigor da lei".

No mesmo comunicado, o clube de Caxias do Sul reiterou seu compromisso com a ética e "absoluta intransigência em relação a qualquer comportamento que fira a lisura e a transparência que devem nortear a prática e as competições esportivas em todos os níveis".

Apesar de o Ministério Público de Goiás (MP-GO) ver indícios de que pelo menos seis partidas da Série A do Campeonato Brasileiro do ano passado tenham tido algum tipo de manipulação, a CBF não cogita cancelar ou rever os resultados das partidas sob suspeita. Além dos casos apresentados pelo MP-GO na terça-feira, quando foi deflagrada a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, três partidas da Série B de 2022 também tiveram seus resultados colocados em xeque. A manipulação nesses jogos foi apontada na primeira fase da operação.

O cancelamento das partidas, contudo, é rejeitado pela CBF. O Estadão apurou que a entidade vê como inviável qualquer medida nesse sentido, uma vez que os resultados das duas séries já foram homologados, as premiações já foram distribuídas e a edição de 2023 já começou. Além disso, as investigações do MP-GO demonstraram até agora "apenas" o envolvimento de alguns atletas, e em ações específicas dentro das partidas. Não há qualquer indício da participação de clubes.

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Em nota, a CBF afirmou que "não existe essa possibilidade (de cancelar os jogos)", mas ressaltou que "apoia toda e qualquer ação legal que traga transparência e lisura aos campeonatos que organiza e a todo o esporte brasileiro".

"A CBF investe uma quantia importante e vultosa no rastreamento e monitoramento de partidas, através da Sport Radar, empresa que atua também para a Fifa e a Conmebol e é mundialmente conhecida por sua expertise neste tipo de trabalho. Isso não acontece somente nas competições que a CBF realiza. A entidade também custeia o mesmo serviço para todas as federações do Brasil", informou a confederação.

"Interferências externas em resultados ou em situações de jogo são uma epidemia global que, para ser solucionada, precisa punir de forma exemplar e urgente, os responsáveis por essa prática nefasta", sustentou a CBF.

A menção a federações estaduais remete, ainda que indiretamente, ao fato de jogos de campeonatos regionais também estarem na mira do Ministério Público goiano. Partidas dos campeonatos Paulista, Gaúcho, Goiano e Matogrossense estão na mira no órgão.

No último fim de semana, 187 gols foram marcados em apenas duas partidas da segunda divisão do Campeonato de Serra Leoa: 95 a 0 do Kahula Rangers sobre o Lumbenbu United e 91 a 1 do Gulf FC diante do Koquima Lebanon. Após os confrontos, a Federação de Futebol de Serra Leoa (SLFA) comunicou ao público a abertura de investigações a respeito de placares suspeitos.

Segundo a nota divulgada pela entidade, as partidas foram realizadas pela "Super 10 Eastern Regional", que será investigada junto com os árbitros envolvidos nos dois jogos, todos os jogadores e as respectivas comissões técnicas.

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A SLFA reforçou sua tolerância zero diante manipulação de partidas ou resultados. "A SLFA gostaria de informar o público geral que abriu uma investigação oficial sobre o resultado das referidas partidas. Em conformidade com as regras da Fifa e da CAF contra manipulação de partidas ou qualquer coisa do tipo, a SLFA reforça sua tolerância zero diante do tema. O público em geral está, portanto, assegurado de que o referido assunto será completamente investigado e qualquer pessoa considerada culpada enfrentará toda a força da lei", afirma a entidade.

As equipes que venceram seus jogos brigavam pelo acesso e estavam com o mesmo número de pontos chegando para a rodada. Para garantir a classificação para a próxima fase da competição, precisavam se superar no saldo de gols.

Apenas uma goleada maior foi registrada na história do futebol, além dos dois placares deste fim de semana. Em 2002, em Madagascar, o AS Adema venceu o Olympique l'Emyrne por 149 a 0. Na ocasião, o placar foi possível por conta de um protesto do técnico da equipe perdedora, que mandou seus jogadores marcarem gols contra em seguida, devido a sua revolta com a arbitragem.

Várias lutas de boxe em disputa por medalhas na Olimpíada do Rio de 2016 foram manipuladas por árbitros e jurados "cúmplices e complacentes", revelou uma investigação independente encomendada pela Associação Internacional de Boxe (Aiba). A constatação é um duro golpe para a modalidade e ameaça ainda mais sua permanência nos Jogos. Existe forte pressão para que o boxe seja retirado e o próprio presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, já se mostrou favorável a isso.

Richard McLaren, chefe do trabalho feito a pedido da Aiba, disse em relatório que a primeira das três fases da investigação analisou a arbitragem e o julgamento no Rio, onde ocorreram decisões polêmicas em várias lutas. Mas respinga em Londres-2012. "As sementes disso foram plantadas anos antes, começando pelo menos desde os Jogos Olímpicos de 2000 até os eventos em torno de 2011 e Londres-2012", disse McLaren, em entrevista em Lausanne, na Suíça.

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Não há um número final de quantas lutas poderiam ter sido afetadas. A investigação identificou "cerca de 11, talvez menos, e isso contando aqueles que sabemos que foram manipuladas, lutas problemáticas ou lutas suspeitas", disse McLaren, referindo-se à disputa por um lugar no pódio.

O relatório acrescentou que oficiais seniores da Aiba usaram seu poder para selecionar árbitros e juízes e transformaram a comissão, que deveria garantir que eles fossem designados de forma justa, em "um mero carimbo de borracha."

Segundo McLaren, os árbitros e jurados selecionados geralmente "sabiam o que estava acontecendo" ou então eram "incompetentes" e estavam dispostos a ignorar os sinais de manipulação, e os eventos classificatórios para a Olimpíada do Rio foram usados para filtrar árbitros e juízes honestos.

Árbitros e jurados foram informados sobre quem deveria vencer uma luta pela manhã antes de um dia de lutas na Olimpíada, inclusive em uma área "protegida de olhares indiscretos", continuou McLaren.

Durante a Olimpíada de 2016, dois resultados se destacaram: a derrota do irlandês Michael Conlan para o russo Vladimir Nikitin e a vitória do francês Tony Yoka sobre o britânico Joe Joyce. Depois que os juízes concederam a luta a Nikitin, Conlan mostrou-lhes o dedo médio e acusou a Rússia e a Aiba de corrupção.

A Aiba foi suspensa como órgão regulador olímpico do boxe em maio de 2019. A qualificação e a realização do torneio nos Jogos de Tóquio no verão foram organizadas por uma força-tarefa do Comitê Olímpico Internacional (COI).

A Aiba é liderada pelo empresário russo Umar Kremlev desde dezembro e diz que reformou a forma como as lutas são julgadas desde 2016, quando o ex-presidente Wu Ching-Kuo estava no comando. "A Aiba contratou o professor McLaren porque não temos nada a esconder", disse Kremlev em um comunicado. "Devemos agora examinar cuidadosamente o relatório e ver quais medidas são necessárias para garantir a justiça."

Nenhum dos árbitros ou jurados de 2016 estava em seus cargos para a Olimpíada deste ano em Tóquio, após todos terem sido suspensos pela Aiba.

AMEAÇA - Em fevereiro de 2018, Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, ameaçou retirar o boxe dos Jogos Olímpicos. Motivo: a indicação para que o casaque Gafur Rakhimov assumisse a presidência da Aiba interinamente, após Wu ter sido afastado em dezembro de 2017 por má gestão financeira.

Apesar de nunca ter sido processado, Rakhimov é apontado como o líder de uma organização criminosa chamada de "Os Ladrões". Ele também tem seu nome em investigações por roubo, lavagem de dinheiro, extorsão, suborno e tráfico de armas.

HISTÓRICO - Os problemas envolvendo resultados em lutas de boxe no mundo olímpico são antigos. Em 1988, o norte-americano Roy Jones Jr. perdeu o ouro em Seul para sul-coreano Park Si-Hun por decisão dividida dos jurados: 3 a 2. Na contagem dos golpes após os três rounds, o americano somou 86 contra 32 do asiático, que, constrangido após o resultado, chegou a levantar o braço de Jones no pódio.

Em 1999, em Houston, Estados Unidos, o peso pesado cubano Felix Savón se recusou a disputar a final do Mundial por não concordar com vários veredictos em lutas anteriores de seus compatriotas. O tricampeão olímpico se dirigiu ao ringue, com a bandeira de seu país, mas apenas deu uma volta, cantando o hino cubano e deixou o ginásio.

Essas polêmicas fizeram a Aiba mudar várias vezes a forma de indicar um vencedor por pontos. No início, o sistema era o mesmo do profissional: dez pontos para o vencedor do round e nove ou menos para o perdedor. Depois, passaram a contar os golpes que efetivamente atingissem o adversário, mas o sistema também não agradou. Em Londres-2012, as notas dos jurados passaram a ser apresentadas ao final de cada round. Já em Tóquio, voltou a ser utilizado o sistema de dez pontos para o vencedor o assalto.

Duas partidas do Torneio de Wimbledon viraram alvo de investigação por conta de supostas manipulações de resultados, segundo a Agência Internacional de Integridade do Tênis (ITIA, na sigla em inglês). Em questão, estão um jogo de simples realizado no início da competição e um duelo de duplas masculino.

No primeiro caso, uma quantia de cinco dígitos teria sido apostada no final do segundo set para adivinhar o resultado exato do terceiro. Além disso, outra aposta foi feita sobre o número de games de saque. Ambas foram bem-sucedidas. O jornal Die Welt informou que um jogador alemão estava envolvido na partida de simples, mas não fazia parte da investigação.

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Já no outro havia altas apostas contra os favoritos em horas irregulares. Isso porque após ganharem o primeiro set, as "odds", termo usado para explicar a chance de algo acontecer, da derrota da dupla aumentaram. Foi nesse exato momento que as apostas foram feitas, gerando um lucro muito maior.

"É importante observar que um alerta por si só não é evidência de manipulação de resultados. Quando a análise de um alerta de correspondência sugere atividade corrupta, a ITIA conduz uma investigação completa e confidencial", disse um porta-voz da agência à BBC. Ele ainda adicionou que "dois alertas foram providenciados a nós da indústria de apostas indicando possíveis padrões de apostas irregulares".

O tenista argentino Franco Feitt foi banido para sempre do esporte pela instituição após admitir, em abril, que manipulou nove jogos entre 2014 e 2018. Dois meses depois, a tenista russa Yana Sizikowa foi presa por supostamente manipular uma partida durante a edição de Roland Garros do ano passado. A atleta nega qualquer ação irregular.

Casos como esses são investigados pela ITIA, entidade criada no início deste ano para substituir a Unidade de Integridade do Tênis (TIU, na sigla em inglês), fundada em 2008 e que ganhou corpo a ponto de conquistar maior estrutura e mudar de nome. Nos dois casos, têm o apoio da Federação Internacional de Tênis (ITF), ATP, WTA e dos quatro torneios de Grand Slam do circuito.

A manipulação de resultados é muito comum principalmente nos torneios menores do circuito. As premiações são muito mais baixas e os jogadores geralmente não possuem patrocinadores. Por isso, ter um incentivo financeiro para perder uma partida às vezes vale mais do que competir pelo prêmio maior, até para quem participa dos torneios principais. Por exemplo, quem perde na primeira rodada de Wimbledon recebe 65 mil euros (cerca de R$ 390 mil). O campeão leva para casa 2,3 milhões de euros (aproximadamente R$ 14 milhões).

Afastado do tênis profissional desde dezembro, o brasileiro Diego Matos foi banido nesta segunda-feira pela Unidade de Integridade do Tênis (TIU, na sigla em inglês). O especialista em duplas foi condenado por manipulação de resultados e também por não colaborar com as investigações.

Além disso, ele foi multado em US$ 125 mil (cerca de R$ 507 mil) e terá de devolver US$ 12 mil (R$ 48 mil) relacionados a ganhos ilícitos em torneios disputados no Equador. Matos, de 31 anos, também foi condenado por ter participado de jogos manipulados no Brasil, Sri Lanka, Portugal e Espanha.

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De acordo com o professor Richard McLaren (o mesmo que investiu nos últimos anos os casos de doping na Rússia), o brasileiro manipulou dez partidas disputadas em 2018 em competições de nível ITF naqueles países. Ele estava suspenso de forma provisória desde dezembro do ano passado.

Matos, atual 1.135º do ranking de simples da ATP, foi condenado também por não ter colaborado com as investigações. Segundo a TIU, ele se recusou a permitir o acesso ao seu telefone celular em três entrevistas realizadas com os investigadores da entidade. Também deixou de fornecer informações sobre seus registros financeiros.

Com a decisão da TIU, o atleta brasileiro ficará permanentemente impedido a partir de agora de participar de qualquer competição profissional de tênis.

Matos, desconhecido da maior parte dos fãs de tênis, ocupa atualmente a 373ª posição no ranking de duplas, para as quais se dedicou durante a maior parte de sua carreira. Por isso, chegou a figurar em 241º da mesma lista, no fim do ano passado. Em simples, atingiu a 580ª colocação em abril de 2012.

A Guarda Civil Espanhola fez prisões generalizadas nesta quinta-feira após uma investigação sobre a manipulação de resultados no tênis por uma gangue criminosa armênia.

Onze buscas domiciliares foram realizadas na Espanha e 167 mil euros (cerca de R$ 710 mil) em dinheiro foram apreendidos, juntamente com uma espingarda, mais de 50 dispositivos eletrônicos, cartões de crédito, cinco veículos de luxo e documentação relacionada ao caso. Quarenta e duas contas bancárias e seus saldos foram congelados.

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A Guarda Civil disse em um comunicado que 15 pessoas foram presas, incluindo os líderes da organização criminosa, enquanto outras 68 pessoas estão sendo investigadas.

Das 83 pessoas envolvidas no caso, 28 são jogadores de tênis profissionais, atuando em torneios de nível futures e challenger. Um jogador, que competiu na edição 2018 do US Open também está envolvido, mas sua identidade não foi revelada.

"Nossos diretores provaram que o grupo estava operando desde fevereiro de 2017 e estima que eles ganharam milhões de euros através da operação", informou a Guarda Civil, em comunicado.

Notícias das prisões foram reveladas um dia depois da Unidade de Integridade do Tênis (TIU, sigla em inglês) ter divulgado que, em 2018, mais tenistas foram acusados de violar as regras anticorrupção.

Vinte e um indivíduos violaram as regras de corrupção com a maioria sancionada por crimes de manipulação de resultados ou de apostas. Oito pessoas foram banidas do esporte, como o italiano Daniele Bracciali, que chegou a ocupar a posição 49 do ranking.

Dois tenistas italianos, que chegaram a ser ranqueados entre os 50 melhores do mundo, foram punidos nesta quarta-feira por manipulação de resultados em um evento da ATP em Barcelona, na Espanha, em 2011. Daniele Bracciali, que ainda está em atividade, foi expulso por toda a vida e multado em US$ 250 mil (R$ 947,5 mil), enquanto que Potito Starace, que já se aposentou, está proibido de qualquer envolvimento com o esporte nos próximo 10 anos, além de ter de pagar uma multa de US$ 100 mil (R$ 379 mil).

A Unidade de Integridade do Tênis (TIU, sigla em inglês) anunciou as sanções nesta quarta-feira, após audiência disciplinar realizada em setembro.

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A TIU diz que ambos os jogadores foram considerados culpados em duas violações da lei anticorrupção. Um se relaciona com a resolução do resultado das partidas e o outro está relacionado para facilitar as apostas em jogo.

Bracciali, de 40 anos, está atualmente no 100.º lugar em duplas e chegou a ocupar, em 2006, o 49.º posto no ranking de simples, o melhor de sua carreira. Starace, de 37, atingiu a posição de número 27 no mundo, em 2007.

Os dois tenistas italianos, atuando na chave de duplas, chegaram às semifinais em Roland Garros, na França, em 2012.

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