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A decisão do governo de recrutar militares da reserva para repor mão de obra no INSS deflagrou uma onda de críticas entre servidores dentro e fora do órgão. Categorias cogitam ir à Justiça contra a medida e defendem que o Executivo contrate de forma temporária servidores do INSS já aposentados, além de fazer novos concursos para reforçar o corpo técnico de forma permanente.

A reação é uma mostra das resistências que serão levantadas à reforma administrativa que a equipe econômica pretende propor para enxugar o tamanho da máquina pública. Os servidores pretendem usar o anúncio do governo como uma admissão pública de que falta mão de obra na administração federal, contrariando o discurso de redução de cargos e limitação de novos concursos.

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O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, rechaçou na terça-feira, 14, essa conexão e disse que são "situações completamente distintas". "Temos convicção de que o Estado brasileiro precisa ser do tamanho que a sociedade pode suportar", afirmou na entrevista.

Marinho prometeu para esta semana um decreto para abrir caminho à contratação de sete mil militares da reserva, que serão remunerados com um adicional de 30%.

A Comissão Portos, entidade que representa empresas operadoras e usuárias dos terminais portuários, avalia mover uma ação direta de inconstitucionalidade contra o novo marco legal do setor, aprovado em 2013, por ferir o preceito do acesso universal ao trabalho.

A nova Lei dos Portos determina que todas as contratações de empregados sejam feitas por intermédio dos Órgãos Gestores de Mão de Obra (Ogmos), uma instância que recruta e aloca trabalhadores. Até então, os terminais davam preferência aos cadastrados nesses órgãos, mas também podiam recrutar no mercado.

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Mauro Salgado, presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), enxerga um potencial aumento de custo dos trabalhadores. Ele explica que, podendo contratar diretamente e mantendo um quadro estável, o terminal treina seus trabalhadores e ganha produtividade, o que significa menor preço.

Essa garantia, avalia, não existe se há uma intermediação e o uso de trabalhadores avulsos. "A contratação com carteira assinada é uma evolução natural e desejável", afirma Salgado. "É a desprecarização do trabalho." Outro problema é que deve aumentar a base de trabalhadores cadastrados nos Ogmos, diz a Fenop. E esses organismos garantem uma renda mínima aos integrantes de sua base. "Esse é um custo adicional que teremos de carregar", diz Salgado.

Questionada, a Secretaria de Portos não se manifestou. Dentro do governo, a avaliação é que esse debate só deverá avançar a partir de 2015, já sob o novo governo. As estimativas da Comissão Portos indicam que, em três anos, o contingente de trabalhadores contratados por intermédio dos Ogmos esteja em 31 mil, o mesmo nível de 1999. Atualmente, são 23 mil.

"O problema é que os Ogmos às vezes montam equipes superdimensionadas, que o operador não acha necessário", explica o presidente executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Teixeira Baldez. "Isso pode aumentar o custo." Por enquanto, porém, não houve impacto significativo nas tarifas, segundo ele.

Equilíbrio

"Os operadores querem contratar livremente, e com isso não vamos concordar", diz o presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), Eduardo Guterra. Ele avalia que a nova lei criou uma situação de equilíbrio entre empresas e trabalhadores. O principal avanço, segundo o sindicalista, é um programa de treinamento da mão de obra portuária que já está em andamento.

O sindicalista rebateu a afirmação de que o trabalhador portuário avulso tenha uma situação precária em comparação àquele com carteira assinada. "Ele paga Imposto de Renda, INSS, tudo", disse. "É como se o Ogmo tivesse assinado a carteira dele." O superdimensionamento de equipes tampouco existe, segundo Guterra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nos últimos quatro anos, o número de estrangeiros que receberam carteiras de trabalho para procurar emprego no Brasil mais que quintuplicou. O crescimento, no entanto, deve-se muito mais à chegada de refugiados do que de profissionais especializados segundo análise de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Entre 2009 e 2013, quase 60% dos estrangeiros habilitados para entrar no mercado de trabalho nacional vieram de países da América do Sul e do Haiti. Fatores macro e micro estruturais ajudam a entender os fluxos migratórios. No âmbito geral, os reflexos da crise internacional de 2008 no cenário externo e, internamente, a consistente criação de empregos nos últimos anos atraíram o interesse de trabalhadores estrangeiros.

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No cenário micro, ao se estabelecerem no País, estrangeiros pioneiros abrem caminho para conhecidos e familiares, criando cadeias migratórias, com ou sem a atuação de atravessadores, explica o professor da Universidade de Brasília e Coordenador Científico do Observatório das Imigrações Internacionais, Leonardo Cavalcanti. Para ele, o movimento é natural.

A robustez do mercado de trabalho brasileiro nos últimos anos ajuda a explicar o salto de 427% na emissão de carteiras de trabalho para estrangeiros, de 8.115, em 2009, para 42.770, em 2013. O subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR), Ricardo Paes de Barros, no entanto, afirma que "o número de trabalhadores de outros países no Brasil ainda é completamente irrelevante no mercado de trabalho brasileiro". Em 2009, os estrangeiros representavam 0,40% das carteiras de trabalho no País - porcentual que passou para 1,51% neste ano.

Mas se de um lado o fluxo migratório em busca de trabalho no Brasil teve crescimento exponencial, de outro a mão-de-obra especializada convidada por empresas estabelecidas no País vem registrando queda nos últimos anos. Excluindo o efeito da desburocratização, que distorce os números e intensifica ainda mais o recuo, as autorizações no primeiro semestre de 2014 diminuíram 8,4% sobre o mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2012 a queda foi de 2,7% e em 2013, de 7,2%. Isso mostra que além de haver uma tendência de queda na chegada dos profissionais estrangeiros especializados ao Brasil, ela vem se acelerando.

Segundo o MTE, em mais de 90% dos casos as autorizações para esse tipo de profissional são temporárias. Na comparação com os seis primeiros meses de 2013, caiu o número de autorizações a estrangeiros de todos os dez países que mais enviaram profissionais para o Brasil entre janeiro e junho de 2014: Estados Unidos (-26,3%), Filipinas (-0,7%), Reino Unido (-26,9%) são os principais.

Mercado fechado

Os especialistas consideram importante a entrada desses profissionais para o desenvolvimento da economia brasileira, mas avaliam que o mercado de trabalho nacional ainda é muito fechado. Por isso mesmo, em maio de 2013, no esforço de desburocratizar processos e facilitar a entrada da mão-de-obra, o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) - órgão que reúne governo, centrais sindicais e confederações de empregadores - transferiu diretamente aos consulados a responsabilidade sobre autorizações para assistência técnica por até 90 dias, sem vínculo empregatício. Sem essa alteração, a queda na entrada de trabalhadores especializados no Brasil seria de 28% na comparação do primeiro semestre deste ano na comparação com 2013.

Segundo o presidente do CNIg, Paulo Sérgio de Almeida, essa mudança foi somente um primeiro passo e o governo continua empenhando em facilitar a entrada dos trabalhadores especializados. Porém admite que, mesmo com os avanços, as leis são obsoletas.

Políticas públicas

Na avaliação do subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR), Ricardo Paes de Barros e Almeida, "a sociedade ainda não colocou este assunto na lista de prioridades". Ele lembra, por exemplo, que a imigração não está entre os pontos discutidos na eleição.

Segundo Barros, ainda assim, bons projetos foram amplamente discutidos e um deles, exemplifica, depende de ações do Ministério da Justiça para avançar. "Ideias existem e nada impede o Congresso ou o Executivo de caminhar com a questão migratória", argumenta.

O professor Leonardo Cavalcanti defende a criação de políticas públicas para gerenciar os fluxos migratórios e transformar a imigração em um ativo de desenvolvimento para o País.

O economista e sócio-fundador da consultoria em mobilidade global Emdoc, João Marques da Fonseca Neto, cita dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para mostrar como outros países são mais receptivos a estrangeiros que o Brasil. "Por aqui, os imigrantes representam 0,3% da população. A média global é de 3,1%, dez vezes maior que a nossa", afirma. Ele destaca ainda que na América do Norte e na Oceania esse porcentual é da ordem de 15%, 50 vezes maior que a média brasileira.

Apesar das críticas à falta de políticas para estimular e administrar a entrada de trabalhadores especializados no País, Almeida, do CNIg, diz que um dos fatores que pesaram na queda da chegada desses profissionais nos últimos anos foi a redução dos investimentos. "De 2013 para 2014, o ciclo de grandes projetos deu uma reduzida e acabou afetando a vinda de estrangeiros para o País." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quase 80% das empresas que responderam a pesquisa da Fundação Dom Cabral reclamaram do custo da mão-de-obra no setor logístico. Atualmente, um dos maiores gargalos do País é a falta de motoristas de caminhão. Calcula-se que o déficit atinja 13% da frota das empresas (ou cerca de 100 mil motoristas). Mas a mão-de-obra para outros serviços logísticos, como operadores de máquinas na armazenagem, também tem sido escassa, diz o professor da Dom Cabral, Paulo Resende.

De olho nessa carência, a ID Logistics - uma operadora logística francesa, com presença em 14 países - decidiu apostar na formação de profissionais. Em 2005, a empresa fundou uma instituição de assistência a jovens carentes da Baixada Fluminense e Duque de Caxias (RJ), chamada Idebra. Até o início do ano, as atividades eram voltadas para o esporte e para a cultura.

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Mas, a partir de maio, a instituição resolveu auxiliar os jovens no primeiro emprego, oferecendo capacitação profissional na área de logística. O curso, de auxiliar de operações logísticas, tem grade e certificação do Senac. O primeiro módulo vai durar seis meses e tem 31 alunos da Comunidade Beira Mar, de Duque de Caxias. O segundo vai ocorrer no ano que vem e será um curso técnico. "Nosso objetivo é absorver essa mão de obra na ID Logistics", afirma o gerente executivo do Idebra, Eduardo Pane.

Ele explica que a escolha pelo curso de logística está associada ao negócio da ID, mas também por causa do processo de construção de galpões na Baixada Fluminense. "Do lado da ID já tem um galpão e estão construindo outro. A demanda por mão de obra é grande." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Índice Nacional de Custo da Construção - Mercado (INCC-M), apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou, ao passar de variação de 0,19% em agosto para 0,16% em setembro. O grupo Mão de Obra puxou o resultado, ao permanecer estável (0%) neste mês, depois de subir 0,23% no mês anterior.

Já o grupo Materiais, Equipamentos e Serviços acelerou para 0,34% em setembro, após registrar alta de 0,15% em agosto. Dentro deste índice, o item relativo a Materiais e Equipamentos subiu 0,37% neste mês, ante 0,16% no mês anterior, enquanto o referente a Serviços teve elevação de 0,22% em setembro, ante alta de 0,12% no mês anterior.

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Entre as maiores influências de baixa do INCC-M de setembro estão vergalhões e arames de aço ao carbono (de -0,20% para -0,39%), tubos e conexões de ferro e aço (de 0,03% para -0,28%), massa corrida para parede - PVA (de -0,09% para -0,39%), compensados (de -0,21% para -0,26%) e ferragens para esquadrias (apesar da diminuição do ritmo de queda de -0,69% para -0,09%).

Já entre as maiores influências de alta estão elevador (de 0,51% para 1,07%), cimento portland comum (de 0,22% para 0,81%), tubos e conexões de PVC (de -0,04% para 1,31%), argamassa (de 0,41% para 0,98%) e projetos (de 0,05% para 0,45%). O INCC-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

Assim que entrar em vigor a legislação que proibe o uso da queima da cana na região nordestina, cerca de 280 mil trabalhadores rurais poderão perder o emprego. É o que afirmou a União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) em audiência pública do Supremo Tribunal Federal ocorrida nesta semana. O prazo defendido pelos canavieiros é de, no mínimo, 15 anos para a lei passar a valer.

Segundo informações da assessoria da Unida, a eliminação das queimadas de canaviais localizados em pequenas propriedades e áreas com declividade superior a 12 graus aumentará o desemprego e inviabilizará grande parte das pequenas e médias propriedades. Ainda de acordo com a Unida, apenas 31% dos canaviais nordestinos apresentam área plana, o que torna a queimada indispensável nas demais áreas com declives médios.

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De acordo com o presidente da entidade, Alexandre Lima, embora seja responsável por 12% da produção de cana no Brasil, o Nordeste emprega 35% de toda a mão de obra nele ocupada. “É preciso sensibilidade para evitar um caos na região, principalmente, porque a maioria dos trabalhadores é analfabeta e terá dificuldade de ser reaproveitado em outros setores. Além do mais, a colheita mecanizada ainda está longe de se tornar uma realidade compatível com a topografia acidentada da região”, conclui Lima.

Com informações de assessoria







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